Manhã pouco ensolarada, chuvosa, flores coloridas no jardim, o vento que entrava pelas frestas da porta da sacada do meu quarto trazia uma mensagem de carinho, mas, eu mal poderia saber que as palavras, as pessoas e os sinais se perderiam num redemoinho. Hoje é o meu aniversário de treze anos e ainda estou com uma preguiça de acordar, levantar da minha cama quentinha e deixar o ursinho fofo que eu ganhei da Lud aqui sozinho debaixo do meu edredom...
‘Bom Dia!’Talvez o segredo pra um aniversário feliz depois de tentar esquecer aqueles sonhos antigos que eu sempre quis?
Ser a garota mais popular da escola, escrever um livro de memórias, ter mais de cinco amigas a minha volta, inclusive todas andando comigo para todos os lugares badalados da cidade, como se fossem minhas bobas da corte? E mesmo assim, duas delas seriam amigas de verdade, amigas para a vida inteira! Seriam as amigas que sempre entrariam em atrito comigo, as quais eu contaria todos os meus segredos, e também saberia os delas, enfim, como se fossemos uma sociedade secreta três amigas em uma, que sempre estariam juntas pro que der e vier, mesmo que coisas horríveis pudessem acontecer ao longo desse caminho...
Olhar para as garotas de dezesseis anos quando se tem apenas treze, é algo desesperador porque você ainda não deixou o seu corpo de criança e nem é uma mulher, é o começo do que vão denominar adolescência e isso é sinônimo de; ‘a patinha feia’...
Mesmo que você não saiba que é quase certeza que aquela menina da escola que era a mais bonita, talvez daqui a uns três anos, se torne a mais feia enquanto você ao colocar um biquíni e desfilar na praia no festival de verão da sua turma, seja considerada uma sereia!
Sabe de uma coisa?
Meu aniversário de treze anos será o mais feliz de toda história de um livro aberto...
Quem será a Menina mais com mais sorte do que eu a comemorar seus treze anos três dias seguidos?
Muito legal, muito divertido, e talvez não fosse por acaso esbanjar por aí um bom humor e o ar da minha graça ao fazer treze anos e comemora-los com as minhas grandes amigas?!
Na sexta-feira fomos ao cinema de tarde logo após uma prova enorme na escola. Foi uma tarde super bacana, almoçamos no Mac Donalds e assistimos a um filme muito interessante que se chama; Dez coisas que eu odeio em você!
Imaginem que pela manhã na escola foi uma farra só, minhas amigas muito empenhadas em me fazerem feliz assim como eu me esforçaria e empolgaria se hoje o aniversário fosse de uma delas e considerando que eu sou libriana com ascendente em leão, eu gostei muito e até me emocionei com os parabéns no meio da quadra da escola que aglomerou todos os gatinhos do segundo grau e outras pessoas que eu não conhecia, mas, que fizeram amizade para serem convidadas para a festinha que eu daria a noite em minha casa.
Não posso nem por um impulso negar o quanto fiquei tímida quando minhas amigas cantaram o famoso; ‘com quem será?’, e minha amiga-irmã a Lud no meio daquela confusão errou o nome do menino, individuo que nem estava vivo e presente no minuto de aflição, porque eu não sei explicar, mas parece que a voz da Lud se sobressaiu entre as demais e quem estava perto olhou com um olhar de espanto como se pensasse; ‘mas eu pensei que fosse gostasse do ...’, é pensou errado ou certo demais, eu nem sei contar como que poderia ser isso, o fato é que seja quem for, eu literalmente senti vontade de sair correndo e me esconder atrás da árvore e ainda assim não poderia porque o menino mais gatinho da escola não saía de lá e então, eu não poderia abusar da minha data de aniversário para tirar uma casquinha da árvore, ou melhor, do menino mais gatinho...
No entanto o lado ‘pop’ de toda essa timidez confundida com vergonha e estampada nas minhas bochechas vermelhas e me deixou bem alegre, e arrebitou o meu nariz além de deixar os meus olhos brilhando como se isso fosse assinar o nome nas estrelas de cimento de Hollywood!
Quando o sinal do recreio tocou, o menino mais gatinho da escola veio falar comigo e eu muito encantada com ele deixei o meu coração pulsar, mas pouco eu poderia saber aos meus treze anos de idade que ele era um menino frio e que nunca saberia em amar?
O menino me deu um beijinho no canto esquerdo do meu rosto e eu fiquei tão sem graça, e mais ainda quando ele decidiu quebrar as regras e me levar até a minha sala de aula, de modo que todas as meninas me vissem com ele no corredor da escola, no entanto, eu não sei explicar por qual razão pra minha festinha eu nem lembrei de convidar...
Agradecida por toda a gentileza eu me despedi e como se alguma coisa faltasse no ar, claro que era o convite pra minha festa e não beijo estilo selinho que eu esperei muito, mas ele não passou nem perto de me dar, então, entrei para a sala e a prova enorme já tinha sido entregue! A professora com ar de quem queria muito fazer uma piada sem graça sobre o acontecido apenas sorriu e disse meus parabéns, no minuto que peguei a minha prova, meu lápis e minha caneta, guardei o meu estojo e fiquei matutando uns vinte minutos antes de começar a escrever alguma coisa, se os parabéns não eram apenas pelo meu aniversário, enfim, optei por acreditar em ironias para que eu pudesse mesmo ter uma boa estima e fazer uma prova feliz. Em momentos de tanta tensão, se iludir um pouquinho e se sentir a própria Hilary Duff nunca fez mal a ninguém...
Simples porem importante é lembrar de como é divertido ganhar cartas no dia do seu aniversário e a que eu mais gostei foi a da minha prima Liza!Curiosos vocês não? Tudo bem, eu vou contar por que...
Sabe aquele menino que a Lud disse o nome no meio do com quem será mais bobo da minha vida? É ele ia estar numa festinha no sábado e a minha querida prima do meu coração me deu um convite!
Diz uma coisa? Vocês repararam que somente a Lud e mais duas amigas sabiam do segredinho não é? Então, tudo faz tanto sentido, eu tinha uma enorme admiração pelo menino que via poucas vezes ou em situações de perigo quando eu me perdia no shopping entende ou mesmo na praia...
Enquanto isso o menino mais bonito da escola era apenas algo do meu ego interno que eu queria como todas as outras meninas que concorriam a ser a menina mais bonita da escola, queriam, mas tudo bem, o gatinho de belos olhos azuis deu moral foi pra mim!
Muito normal toda essa confusão no dia do aniversário de treze anos de uma menina!
Disfarcei toda a minha empolgação quanto a festinha quando a Liza me entregou o convite, mas por algum motivo ela olhou nos meu olhos e deu a risadinha de sempre e disse;’ eu sei o que você está pensando...’ Talvez, ela soubesse mesmo e eu fosse a única pessoa que não tinha me dado conta de como isso era colorido dentro de mim, enquanto eu perdia num mundo cor-de-rosa que cada vez mais tinha a pretensão de se tornar mais rosa?
Nada respondi a aminha prima querida, apenas agradeci e logo confirmei a minha presença na festa e com ar de ironia como se me espetasse com espinhos de rosas para que eu gritasse o que eu pensava lá no esconderijo mais abstrato da minha mente, Liza novamente deu aquela risadinha e disse; ‘ mas você nem vai esperar pra ver se a Fran vai à festa também? Porque a Tatá não sabe se vai ainda...’ e eu respondi com carinha de menina triste e bobona; ‘ pensei que você estivesse me convidando pra que eu pudesse me divertir, um presente de aniversário!’ Liza respondeu com um olhar irônico e debochado; ‘ sei disso, mas é que você sempre vai se a Fran for...’ e eu tentando soprar as peças do quebra-cabeça ao ventilador sorri e falei; ‘ ah, prima! Sabe o que é? Eu quero muito ir com você!’ Isso não foi uma boa resposta, apenas serviu como uma piada para daqui alguns anos, mas, o importante é que tanto o meu aniversário na sexta-feira como esta festa estranha do sábado, foram super divertidas!
Não pude me aproximar do menino que eu não contava o nome pra ninguém, embora eu e a Lud tivéssemos um caderno-diário que já foi pra diretoria da escola e ao diretor eu implorei por um pouco de consideração ao que eu chamei de amor, contando uma historia muito mal contada sobre os ingressos que estavam na capa do caderno e querendo comover o diretor de que um dia ele teve um primeiro amor?
Não que eu tenha o convencido, mas ele observou o meu boletim e percebeu que eu era uma excelente aluna a qual não poderia ser chamada de ‘nerd’ apenas porque odiava leite, e por isso não o bebia todos os dias no recreio e nem mesmo usava óculos com fundo de garrafa, embora tivesse aquele aparelho horrível na parte inferior da boca onde trocava as borrachinhas toda a semana e era um tédio ir ao dentista!
No domingo, almocei na casa da minha prima com toda a minha família porque era aniversário de um Tio nosso, e claro, mimando a minha pessoa feliz, eles cantaram parabéns pra mim e a Liza teve a brilhante idéia de soltar um nome, a quem mais tarde eu encontrei na fila do cinema quando fui assistir outra vez ‘dez coisas que eu odeio em você’...
Sinceramente eu nunca acreditei em coincidências, mas nesse dia antes da sessão começar, a Fran que não poderia faltar no meio dessa confusão e a Lud também, elas levaram eu até a Alemdalenda, e me deram uma ficha pra máquina que fazia adivinhações sobre o amor. Olhei meio desconfiada para as meninas e dei uma risada bem sem graça, depois coloquei a ficha e ao ler a cartinha os meus olhos grudaram naquilo como se eu tivesse lido uma profecia sobre a minha vida num futuro não muito distante... Mas logo eu dei outra risada e ainda perguntei as meninas se era mesmo possível toda aquela bobagem ser verdade!
Assistimos ao filme e o menino não estava na mesma sessão...
Critiquei a tal carta o tempo inteiro, mas, alguns anos depois eu descobri que quando se tem treze anos pouco se sabe sobre a vida e isso é normal, é uma fase de descobrimento onde tudo é novo e cada minuto é importante com as suas melhores amigas e não com o que você realmente quer ser e passar ao mundo...
Mas aos poucos você aprende a ter e resgatar ao mundo sua própria individualidade e então deixa de lado sua cor preferida no seu estilo de vida e passa a colorir o seu dia com todas as cores de uma aquarela de sorte e felicidade que um dia lhe mostrará um mundo com a sua cor preferida, no entanto, perdido no meio de outras cores que correspondem as suas conquistas e valores aprendidos ao longo do tempo e você aprenderá que sua cor escolhida realça muito mais...
E não é curioso demais dizer que você talvez não tenha treze anos outra vez para voltar a trás e reparar o que na verdade não era erro e sim uma das formas em que você começou a se relacionar com a razão e o coração e o mundo e as pessoas e o tempo e o tudo que hoje lhe mostra quem você é!
Mas é curioso dizer; que tentar não cometer o mesmo erro de uma menina de treze anos, pode ser uma aventura muito emocionante porque a insegurança é o medo de amar em qualquer idade...
Amanhã, vou completar vinte anos e nesse dia eu quero apenas agradecer por ter aprendido a ter coragem de deixar fluir todos os meus sentimentos sem medo de dizer que eu ainda sinto saudades do meu tempo de menina, mas que tudo eu aprendi com as lições que o tempo nos ensina, e então brindar o meu; Feliz Aniversário!