Saturday, August 4, 2007

“Buttons in the Jacket”...



Qualquer dia de pouco sol e vento frio na última primavera era um motivo para acordar sorrindo mesmo que sozinho numa manhã de sábado...
O coração permanecesse dormindo para a vida que era feita de incertezas, as quais a razão desconhecia, pois, já tinha todos os planos perfeitos para conquistar a menina mais linda que já conheceu, mas faltava vontade de viver e nesses planos crer pra ver algo acontecer!
Abriu um olho, e até parecia um pirata caolho, ali no seu leito de solidão, esticado debaixo dos lençóis, deitado, com um jeito meio morto, e a luz que entrava pelas frestas da janela, não eram suficientes para que o Menino tivesse coragem de ir atrás da Menina mais bela?
Tocou o telefone e ele teve medo de atender, ela teve medo de ligar, chamou duas vezes e o telefone parou de tocar...
Pensativo embora tão indeciso, com medo mesmo de se magoar, de levar um fora ou de se precipitar? Mas o que o Menino não sabia ou não queria entender por medo de uma ilusão ser, era que a Menina estava ali um pouco irredutível, insegura, complicada, orgulhosa, era muito teimosa e insistia em esperar, mas o que mais vermelhava suas bochechas rosadas era o Menino meio morto e meio caolho que ainda estava deitado no leitão de solidão, e por ele, por que não estar apaixonada?
Silenciou outra vez o quarto do Menino e o telefone ali parado na estante não tocava, não vibrava, nem mesmo piscava, foi quando o Menino fechou por um minuto os dois olhinhos e se aprofundou nos pensamentos até saber a raiz de todo aquele medinho que não o deixava reagir quando a Menina estava apenas à espera dele a fazer sorrir?
Coragem foi o que o Menino pôde mentalizar e fez um “mantra” nos pensamentos, depois saiu debaixo dos lençóis e da manta, abriu os braços para a vida, a janela e gritou que aquele seria o grande dia...
Do outro lado a Menina no seu quarto cor-de-rosa e lilás, olhava da sacada para o jardim, imaginando quantas borboletas podiam numa vida voar sobre jasmins?
E passou alguns minutos observando quais as cores que as flores coloriam aquela manhã de sábado meio triste, que ela tentou ligar, mas, o Menino ao menos não atendeu e então a Menina teve coragem para desistir de ficar ali parada esperando, ela foi tentar viver o que a vida lhe tinha a oferecer, pois, cedo ou tarde uma das borboletas pousaria no seu ombro para anunciar as boas novas que o vento sempre traz...
Menina linda nos sonhos de um simples Romeu, era a Julieta na vida real que Shakespeare disse que escreveu e ninguém nunca leu...
Então, ela tomou uma ducha fria, soltou bolhas de sabão com cheiro de maracujá ao ar, e nem mesmo a essência poderia o seu coração acalmar...
Menina com os olhos tristes, tentou disfarçar com um lápis meio borrado e uma sombra levemente brilhante, toda aquela solidão que fazia um jogo de quebra-cabeça no seu coração embora sempre estivesse tentando sobreviver com a emoção ligada apenas a razão...
Abriu guarda-roupas de super star, depois pegou várias das peças para colocar em frente ao espelho e tentar um pouco se animar, no entanto, muita bagunça fez e de nada adiantou, a Menina vestiu aquela roupa que estava quando viu o Menino pela primeira vez.
Sorrido de orelha a orelha, seria mesmo que era tão inconsciente a escolha feita?
Menina cor de rosa, magra, baixinha, longos cabelos ao vento sem secador e sem apliques, era liso porque tinha boa natureza, era dela, toda essa beleza...
Saiu de casa ás nove e pegou suas melhores amigas, lotou o seu conversível carro amarelo e ao vento foram brincar de rir, gritar, cantar, e por que não com keep cooler um bom motivo brindar?
Não importa se era de manhã, a que horas vão dormir amanhã e o que terão que fazer na escola depois, o importante era viver o minuto agora enquanto um sonho só era apenas utopia a dois?
Um brinde as melhores amigas, felizes, guerreiras e pontes e cordas quando você sempre cai ao fundo do poço e chora até se afogar sem bóias por causa do coração daquele moço?
Sem dúvidas não se pode controlar o que o amor dentro do peito vem a despertar, mas o que fazer se o minuto é necessariamente mais importante viver por que você ao menos não tem como saber se ele ainda se lembra ou gosta de você?
Suposições sejam feitas, pois, o que lhe consta segundo as vozes dos inocentes amigos que nunca o traíram e dizem ser os seus amigos, é que coitadinho ele anda tão sozinho, e você deveria tentar outra vez algumas ligações!
Dúvidas! Um brinde as dúvidas no mais badalado café de São Paulo, a Menina e suas amigas, discutiram as suposições e decidiram que não estaria em liquidação a inteligência dos seus corações...
Uhm! Ainda me lembro de um momento em que ele olhou e pediu por uma chance, quando pela rua devagar passou de carona com um amigo do peito que certa vez me contou que qualquer dia eu deveria telefonar pro amigo dele já que todo aquele amor já despertou...
Eu, Menina ainda brindo os dias que escrevo no meu diário, ás vezes antes de dormir, quando rezo por coragem para que o Menino possa insistir em tudo o que sinto e no que ele sempre me fará sorrir, mas telefonar outra vez já seria muito, por que sozinha ele me deixou aqui nesse escuro e então porque não estar certa de que ele deve acender a luz e me contar mil poesias ao ouvido com bons sussurros?
Brindo com as minhas amigas todos os dias de alegrias, brindo a amizade que me ajuda a não morrer atolada em tanta saudade, e talvez não seja mesmo suficiente para eu apenas saber que ele não me esqueceu, neste minuto que ele simplesmente desapareceu?
As amigas sempre são escudos para os gritos desse meu coração que orgulhosamente fica mudo, elas me protegem de uma solidão durante os dias que parecem passar em vão e enfeitam a vida para que eu não fique o tempo todo à espera das borboletas coloridas...
Menina, eu, aqui sozinha com meu lápis e meu diário, não vou dizer que estou esperando um depoimento na rádio, e nem olhando pro relógio pra saber qual o horário que vamos ao cinema se divertir e juntos falar de todos esses medos e frustrações nesse tempo que se passa e nossos corações não podem rir?
Não devo estar esperando nada não, nem mesmo o que Shakespeare numa derradeira bebedeira numa taverna qualquer disse que escreveu e ninguém nunca leu e talvez todo esse mistério não seja meu, embora o minuto mais verdadeiro do meu coração, o seu, não esqueceu...
São vinte e três horas, por isso deixe me ir, sem você não posso ser tão forte, mas, fraca e apaixonada abraçada ao meu travesseiro para acordar no outro dia com a cara toda amassada eu não posso continuar...
Todos os dias são assim, e algo em mim precisa ter coragem pra seguir em frente dentro de mim, hoje, vou tomar uma ducha fria e vestir algo diferente para sair com as minhas melhores amigas, não será uma noite perfeita de alegrias e não será melhor do que amanhecer triste no outro dia.
Penso que é quase meia-noite, e sei que não tenho chances de quebrar a mágica da Cinderela, nem carruagem de abóboras eu tenho, nem sapatinho de cristal para deixar pelas escadas, sou apenas uma simples Menina que usa all star cor-de-rosa e uma jaqueta de buttons, eu? Sou uma Menina apaixonada que não sabe dizer; ‘eu te amo’ e mesmo que você merecesse ouvir, eu só lhe diria, se o seu machismo prometesse não rir!
Hoje, coloquei o vestido mais bonito, o que mais chama a atenção, eu usei a maquiagem mais brilhante, prendi meus cabelos bem alto e coloquei uma coroa com pedrinhas, calcei os sapatos mais altos com os saltos mais finos e antes que eu me esquecesse peguei meu casaco de pelúcia cor vinho.
Esperei minha melhor amiga e ela veio com um primo super gato, pena, que eu conheço desde a minha infância e era você que eu queria ao meu lado, e embora ele fosse muito educado e me presenteado com uma rosa branca, nesta noite não formariam pares e ele foi buscar outras três damas, nossas grandes amigas desde criança...
A noite passou devagar e os drinks decorados foram brindados pra uma felicidade singular, que por alguns minutos me fez muito feliz e agora apenas sinto todo o vazio dos sonhos que à gente um dia quis...
Aprendi que não vale a pena morrer por um amor que o coração insiste em sofrer, não vale o minuto a debruçar na janela enquanto lá fora a vida sempre será mais bela e nem mesmo tentar cortar os pulsos porque se você morrer isso será pra sempre a alma um grande insulto...
Lembro de ouvir alguém contar que anos atrás uma bela jovem por amor foi se envenenar?
E todos lamentaram a sua morte, mas fugir do caminho que estava cheio de pedras não a transformou numa menina de sorte...
E por outro motivo um li um lindo romance, que o veneno era apenas a utopia de mais uma chance?
Talvez seja por isso que Shakespeare numa derradeira bebedeira insistiu em dizer para alguém que um dia escreveu uma utopia real de uma Julieta e de um Romeu, alguém que já deve estar passeando pelo além e contou à história que ninguém nunca leu...
Existem coisas impossíveis de se explicar assim como o que faz dois jovens subirem a um altar?
E se eu procurar todas as respostas para o amor, posso estar certa que apenas vou ter a chance de brincar numa enorme ciranda de cânticos de dor!
Assim o tempo passa muito devagar se eu continuar aqui parada olhando os ponteiros a rodar, e no meu coração sempre existirá uma porta, hoje está aberta se você ligar e pedir para voltar, mas talvez o mundo gire e eu tente brincar com bombas de tinta e aquarela e pra isso vou a porta fechar, sabe como é não queria mesmo colorir todos os cômodos da casa que construí pros nossos sonhos dentro do meu coração e mesmo que isso não possa ser muito bem explicado pela razão, eis um refúgio se um dia eu sentir alguma emoção?
Emocionante foi o dia que eu disse não querendo dizer sim e os meus joelhos tremiam tanto e eu não sabia que o contrário do amor era medo. Alguns dias depois numa derradeira overdose de literatura numa noite de solidão no vazio do meu quarto, eu li e percebi que a inteligência do amor é simplesmente esquecer da própria razão...
Foi quando a Menina, eu empolguei com um pouco de adrenalina ao ouvir as batidas do meu coração e telefonei, chamou duas vezes e desliguei e talvez se eu esperasse você atender teria sido o orgulho das meninas. Nesse dia minhas amigas me fizeram companhia, e nenhuma de nós brindamos coca-cola por alegria, então resolvemos dar uma volta na cidade pra fugir do que nos fazíamos correr atrás da felicidade...
Meninas, amigas, loucas, apaixonadas, sempre unidas e o mais importante? Não dariam o braço a torcer e nenhuma de nós iria ligar pra você embora a vontade fosse tão grande, gigante, mas provaríamos que a diversão entre meninas era mais importante.
Tinha uma festa não muito divulgada num bar lá no meio da floresta numa cidade próxima, e foi pra lá que a diversão levou o carro, com o vento batendo em nossas faces e todas felizes pedindo você sabe o que pra estrela cadente naquele lindo céu estrelado...
Mais um brinde com keep cooler e corremos todas animadas uma pra cada lado, fomos jogar uma moeda nas diversas fontes dos desejos que se espalharam por aquele incrível gramado, iluminado com várias tochas, depois nos reunimos a noite inteira perto da banda numa mesa sobre rochas.
Ventava frio, estava muito frio e eu tinha esquecido o meu casaco vinho, aos poucos eu arrepiei e estremeci, senti as borboletas voarem no meu estômago em alta velocidade e de repente por um minuto inteiro eu sorri?
Sorri, eu era a menina mais boba da mesa, e sabe a história que ninguém nunca leu?
Uma borboleta pousou em meus ombros e disse que eu encontrei a felicidade sem saber, fiquei meio zonza e tentei a borboleta entender, e ela voou gritando que a utópica história da vida real que Shakespeare escreveu era o atalho no meu destino que eu escolhi sem querer...
Fechei e abri os olhos por que pensei que eu tivesse cochilado e então eu poderia estar sonhando e foi quando brindamos o amor sem razão e você apareceu do meu lado, me vestiu com a sua jaqueta cheia de buttons e meu coração começou a bater mais forte, senti as borboletas no estômago e meus joelhos tremiam e eu sorria atônita quando descobri que era tudo real, eu não tinha apenas sonhado...
As meninas se levantaram e numa roda gigante aplaudiram enquanto os buttons num passe de mágica piscavam dizendo; “O amor é como as borboletas, quando você menos esperar pousa ao seu lado...” S2