Wednesday, August 8, 2007

Voando

Voando por todo Sol,
no presente existe a vida,
no passado existe um museu,
no futuro um labirinto com saídas...
Voando por todo canto,
com minha super amiga,
O sapo não perdeu o encanto,
Nós não fugimos das 'intrigas'...
Voando baixo em superfícies,
conhecendo todas as histórias
sorrindo em momentos difíceis,
e bagunçando o baú de sua memória!
Voando alto pela Thailandia,
sem saber sobre pensamentos insanos,
Deixamos rastros para estranhos?
Não!Talvez fosse seu sonho de Disneylândia!
Voando em curvas e redemoinhos,
por todos os tempos e caminhos,
por todas as festas e paletras,
entre todas as magias da floresta!
Voando e cantando, sem direção,
entre idas e vindas e muita emoção!
Há caridade e e alegrias,'all is fine',
Se você tiver uma super Mila air-line!

Monday, August 6, 2007

Humilhação!


Será só humilhação ou a Menina poderia percorrer por longas milhas de toda a sua imaginação quando você lhe disse não?
Na velha biblioteca da memória, em algum lugar no alto de qualquer estante, ela guardou em ordem de emoções um livro, um que ficou entre o fundo do poço no seu delírio mais triste e a aquela sensação de uma luz bem longe, e sem lanternas foi muito difícil encontrar as molas naquele buraco escuro...
O livro era como àquela melhor amiga verdadeira, amiga que não enxuga suas lágrimas e ainda diz; ‘ chora mais, você precisa muito colocar tudo isso para fora’...
Ao sentar debaixo de uma árvore no cantinho da escola, a Menina leu as primeiras páginas muito assustada e começou observar ao seu redor todas as verdades que estavam próximas...
Logo ali na cantina, tinha um menino de óculos, com um pouco de sardas pelo rosto, nariz um pouco grande, cabelos lisos e louros, ele estava tão só e comendo o seu lanche com certo receio de que...
O time dos garotos gordos da escola que próximo ao Menino jogava futebol, desse uma pausa e começasse a caçoar do garoto de óculos e sardas, solitário e que ganhava todas as medalhas no primeiro lugar na feira de ciências...
Faminto o Menino comia um sanduíche natural e bebia uma caixinha de leite, de repente, tudo o que a Menina viu, foi o lanche do Menino voar...
Continuou lendo mais algumas páginas daquele livro que falava sobre a humilhação e observou ainda sua amiga de classe que era meio gordinha, tinha o cabelo um pouco cacheado, um nariz de porquinho e gostava muito de um Menino ruivinho que era considerado o mais lindo de toda a escola... Ela pediu para outras amigas entregarem uma cartinha de amor, mas o time de menininhas louras, magras e de olhos claros apenas ria junto ao garoto ruivinho, enquanto, aquela Menina gordinha e com nariz de porquinho, observava de longe com os olhos cheios de lágrimas...
E sem poder fazer nada, a Menina continuou a sua leitura até bater o sinal e subirem para as salas de aula, quando ao entrar na sala...
Ela viu alguns colegas rabiscando o quadro com giz, e desenhando caricaturas ofensivas da professora de artes que tinha aparelhos nos dentes e um lado da boca repuxado. Era a melhor professora que a turma poderia ter e era a mais boazinha, a mais atenciosa, era uma pessoa inteligentíssima, e alguns alunos nunca prestaram atenção nisso até que ela entrasse na sala e se sentisse muito humilhada, mas, eles foram ao ponto fraco dela... Algumas semanas depois, a professora de aparelhos nos dentes e com a boca repuxada foi embora da escola e no seu lugar entrou um professor bem carrancudo e sem graça que mal sabia explicar o conteúdo, nesse dia, aquelas pessoas sentiram falta...
Duas semanas depois, a Menina terminou de ler o livro, e antes que fechasse a última página ficou observando a gravura de um menino no fundo do poço sem lanternas, procurando as molas e aquela luz bem ao longe...
Incrível! Foi bem assim que ela tinha se sentido quando começou a ler o livro e perceber que ao seu redor o mundo humilhava constantemente muitas outras pessoas, e será que humilhações são coisas tão ruins assim?
Pense se fossem tão ruins, por que existiria uma luz mesmo que longe naquele poço?
Foi o que a Menina ficou pensando algumas noites em claro, e viu dentro de sua própria casa o Pai reclamando do Chefe e a Mãe reclamando por ter perdido um concurso interno no emprego, ambos, sentiam se tão humilhados, no entanto, ela pôde perceber que todo aquele sentimento ruim logo foi se tornando algo positivo, pois, alguns dias depois o seu Pai após refletir as reclamações tinha sido promovido e a sua mãe tinha feito outros concursos melhores, maiores e tinha passado com grande sucesso.
Alguns anos se passaram e veio o seu primeiro namorado, e tudo era bonito, os dias que passaram juntos foram os mais coloridos e até a música que passava na rádio tocada pela mais desconhecida bandinha de rock, era muito legal, era a música mais especial e nunca ninguém tinha ouvido falar daquela letra, até mesmo parecia que era a última canção de um velho disco...
E numa quinta-feira nublada, cinza, a Menina acordou com o coração doente, triste, carente, cheio de saudades e várias borboletas no estômago, este foi o fatídico dia em que o namoro terminou.
A primeira sensação era que o teto estava abaixando devagar sob a sua cabeça e que talvez fosse muito bom se ela pudesse enfiar a sua cabeça no vaso sanitário, apertar uma vez a descarga e ouvir o despertador tocar, como se aquilo tudo fosse apenas um sonho ruim do qual ela estava apenas despertando na manhã cinza...
No entanto não era bem assim, a Menina se viu no espelho com os olhos refletindo a alma e ela começou a se sentir tão humilhada e a cada minuto que se passava ela se perguntava o que tinha de errado e sabe qual a resposta?
Nada, não tinha nada de errado, assim como não tinha nada de errado com o seu amiguinho da escola que bebia leite e era o mais inteligente da turma.
Ploft! Ela caiu deitada na sua cama e começou a olhar o teto e percebeu que ele rodava tanto, tanto, os seus pensamentos e as suas emoções...
Chorou, chorou muito até soluçar e telefonou para a sua melhor amiga que apenas disse para tomar um banho frio e chorar um pouco mais debaixo do chuveiro porque isso lhe faria muito bem.
Sem dizer uma só palavra depois de ouvir isso, a Menina deu um último soluço e desligou o telefone, aos poucos tirou sua blusa de frio, depois as suas meias, o seu short e a ‘cirola de bolinhas’, e entrou na ducha fria, sentou no cantinho do banheiro com a água refrescando o moinho de ventos dos seus pensamentos; a Menina passou mais ou menos uma hora chorando e depois se levantou, desligou o chuveiro, pegou uma toalha quentinha e encarou com um sorriso o seu enorme espelho que muito lhe parecia ameaçador...
Secou suas madeixas naturais, subiu na balança e não muito contente vestiu um vestidinho preto básico para dar uma volta sozinha pela cidade.
Pensou em tudo que ela tinha aprendido com aquele livro antigo, escondido na biblioteca das emoções e percebeu que não era vitima das humilhações afinal ela não tinha do que se arrepender e o mundo não poderia explodir só por que um namoro não deu certo ou no primeiro emprego não teve muito sucesso.
Ali a sua volta existiam valores maiores que nenhum dinheiro e nenhum retrato no mural do quarto podiam valer, a sua volta existiam pessoas que passavam por tantas humilhações, e que na verdade não era bem isso, não era algo ruim, eram apenas momentos para que essas pessoas pudessem imaginar milhares de novas ações para as suas vidas...
Naquela quinta-feira cinza, sem ter o que colorir a Menina entendeu o verdadeiro sentido de existir; e aprendeu que a humilhação é apenas o reflexo inverso de milhas percorridas dentro da nossa imaginação até termos coragem de viver uma nova ação!

Pra onde eu vou?


Menina dos olhos tristes, desenganada, deixou cair algumas lágrimas depois de passar a manhã inteira pensando em como seria a sua vida tropeçando e jogando as pedras para os cantos.
Família, professores, destino, concursos, mundo, capitalismo, cinema, arte, teatro, morar debaixo da ponte, desemprego, mundo, viajar, dinheiro, independência?
Talvez tudo isso fosse apenas peças de um quebra-cabeça feito por toda a sua demência...
Um dia lhe falaram para parar de pintar um quadro com aquarelas, pegar um livro de receitas culinárias e aprender a cozinhar, mas a vida todos os dias de manhã em frente ao fogão e enfeitando pratos que logo seriam devorados sem que ninguém admirasse ou ao menos pensasse; ’nossa, que bonito!’, e então se isso fosse acontecer todas as manhãs assim até envelhecer seria o mesmo que chegar ao último dia de vida vegetando e se perguntar; ‘ como é que eu vou morrer mesmo?’, e seria uma pergunta em vão, pois, a Menina por nenhum dia teria vivido...
Foi quando ela esfregou os olhos e deixou a última lágrima cair bem devagar, ela olhou sua imagem desmanchada no espelho, sua figura sem graça, sem ânimo, sem vida, um destino sendo traçado por tantos e por ela apenas as pedras eram jogadas para os cantos ao invés de retirá-las do caminho e guardá-las para construir seu castelo ou mesmo uma ruína lá na frente, mas algo que fosse seu...
Naquela manhã de pouco sol e sem nenhum destino guiado ao longe pela luz de um farol, a Menina sorriu e pela primeira vez sentiu uma coragem que era a sua mais nova amiga, nesse dia ela se concentrou e começou a viver...
No começo seria muito difícil, mas como seria entender essa vida que nunca será tão tranqüila sem ter uma mala pronta pra viagem?
Desistir é para muitos, mas insistir sempre será para poucos, por que enquanto as pessoas se acomodam com qualquer coisa, outras, pescam seus sonhos devagar e um dia tudo isso brilha ao se realizar.
O fim do avental sujo, as mangas limpas e os pratos decorados, não poderia ser o fim do mundo para a Menina que ainda era tão jovem, talentosa e tinha a vida inteira pra correr atrás dos melhores minutos que compõe o tempo desta história...
Hoje, talvez a vida esteja mais fácil para tantas pessoas a sua volta, mas o que isso lhe importa?
Água de coco, piscina, praia, coqueiros, conta bancária gorda, tudo isso são peças de um quebra-cabeça que a maioria das pessoas passa o tempo inteiro tentando montar, mas, e quando algumas peças são difíceis de encaixar e com amor, alegria, aventura e talento não se podem jogar? O que essas pessoas podem fazer?
Talvez, completar o restinho de suas vidas desfazendo a mala que deveria estar pronta para viagem, e guardar os sonhos no armário, colocar nas gavetas todos os conselhos que outras pessoas lhe deram tanto tempo atrás, talvez eles sejam úteis algum dia quando pela janela essas pessoas observarem outras pessoas mais jovens com uma coragem de tentar viver todos aqueles sonhos que elas deixaram passar e que hoje apenas estão dentro do armário, um pouco fora de moda eu diria...
Mórbida vida? Foi assim que essas pessoas escolheram a velhice, passaram o tempo inteiro se preocupando com o que os outros queriam que elas fizessem, e se esqueceram de se olharem no espelho e se perguntar; ‘pra onde eu vou?’
Com certeza, só esta pergunta seria o suficiente para que essas pessoas pudessem refletir e ter coragem de colocar todos os sonhos dentro da mala de viagem e mesmo que ainda fossem obrigadas por tantas circunstâncias a retirar pedras dos seus caminhos, elas não ás chutariam para o canto, elas construiriam um castelo ou uma ruína que seria o lugar mágico em que seus sonhos, talentos, coragem e insistência poderiam descansar com toda a pompa de um só encanto...
Menina dos olhos alegres, brilhantes, cheios de coragem, esqueceu que por algum minuto foi triste e traçou caminhos pelos quais sonhar, viver, ela sempre insiste...
Um dia, não sei quando e em que calendário o destino fará um x, mas um dia, a Menina vai acordar um pouco mais feliz por ter conseguido alcançar todos os sonhos que se quis ter com o todo o talento de ser a aprendiz que nunca desistiu de ouvir o seu coração mesmo que a razão lhe pedisse para ser um outro alguém...
E quando a velhice chegar, talvez com um velho rabugento amado ela possa na varanda conversar, rodeada de tantos netinhos que pelo jardim estarão a brincar; nesse dia ela completará o quebra-cabeça da vida e quando outra vez se perguntar; ‘pra onde eu vou’, seu coração responderá; ‘viver um sonho feliz que a vida lhe fez aprendiz e que dinheiro nenhum comprou, foi pelo seu esforço e coragem que o sonho se realizou...’

Sunday, August 5, 2007

Desculpa, eu não preciso de silicone!


Sexta-feira, vinte e um de setembro, as luzes da sala de jantar se apagaram, a galera se escondeu atrás do sofá e de repente quando Babi mexeu no interruptor e; “parabéns pra você...”
Balões coloridos foram soltos e voaram pela sacada que estava aberta, enquanto as luzes coloridas piscavam nas velinhas do seu enorme bolo de chocolate e morangos; o bolo de aniversário...
O número vinte e um era só mais um toque mágico da idade e do dia, talvez a numerologia tivesse acertado no ano de identidade que acabou de começar.
Babi não podia imaginar que era tão amada assim por tantos amigos e amigas, e até trilha sonora feita especialmente para sua festa ela ganhou, além de um beijo escondido atrás da cortina da sala no final da festa...
Beijo que foi interrompido pelo seu melhor amigo que tinha bebido um pouco mais e insistia para que ela, Jim e ele sentassem no sofá para verem as fotos que o pessoal tirou durante a festa com uma Polaroid antiga que ela tinha...
Jim olhou sem querer para a primeira foto do montinho que o melhor amigo segurava como se fosse o último tesouro escondido pelos Piratas do Caribe, e ficou sem palavras...
Assustada, Babi olhou para a foto sem entender o que a sua fotografia soprando as velinhas do bolo de aniversário poderia ter causado tanto espanto e alegria ao mesmo tempo em Jim.
Seu melhor amigo abriu um sorriso de orelha a orelha e rindo muito de Babi apontou-lhe um dedo a sua cara e saiu rindo e dizendo alto; “é vinte e um anos e cento e vinte e um centímetros amiga?” Ele balançando as pernas e com uma garrafa de cerveja na mão saiu muito feliz e orgulhoso.
Babi, ainda sem entender o que estava acontecendo, pegou a fotografia e uma lupa que estava em cima das revistas na mesinha de centro da sala de estar, e acomodou seu traseiro pequeno no sofá para calmamente analisar o que tinha de errado com a sua fotografia, será uma mancha? Será uma mosca no bolo? Por que essa história de vinte e um centímetros era conversa de melhor amigo bêbado e talvez algum amigo que saiu no retrato ao seu lado estivesse sem cuecas com a braguilha aberta?
Cuidadosamente ela observou aquela fotografia e nada encontrou...
Jim disse para Babi, que ela estava deslumbrante e que ele não imaginava com todo o respeito que ela ficasse tão linda em apenas um ano...
Ela sorriu e olhou para o decote do vestidinho preto que ela usava, depois levantou o olhar e respirou fundo e disse; ”é isso”?
Jim pegou uma rosa vermelha do arranjo da mesa de aniversário, ajoelhou a frente de Babi e segurou forte a sua mão, olhando dentro de seus olhos e dizendo que ela era a menina mais especial que ele conheceu na vida. Depois ele se levantou e a abraçou forte e juntos caíram naquele sofá macio cheio de almofadas, de onde podiam ver as estrelas pela sacada que estava aberta e no silêncio daquela noite descobrir, grandes segredos...
Mas, Babi se levantou e foi até a cozinha buscar uma garrafa de vinho tinto e aproveitou para fechar a porta da sala que seu melhor amigo, o último convidado da festinha surpresa a sair, deixou aberta...
E na falta de encontrarem taças limpas, por que a secretária só viria pela manhã e não tinha mais ninguém em casa, beberam em goles o vinho no gargalo da garrafa, algo simples, algum prazer no ar e no vinho que sem querer derramou devagar no decote do vestido da Menina que completava vinte e um anos na sexta-feira vinte e um de setembro...
Um ventinho entrava pela sacada, mas, ainda estava muito calor, então, por que não pular na banheira do quarto das visitas?
Na falta de uma piscina, que mal tinha se dois grandes amigos coloridos improvisassem uma?
Babi pediu para Jim esperar alguns minutinhos, o tempo que ela levaria para tirar o vestidinho preto e colocar um biquíni legal para brincarem na piscina improvisada...
Treze minutinhos depois, ela volta com outra garrafa de vinho bem gelada e uma caixa de bombons e ele pega a garrafa e os bombons e os deixam em cima da mesinha, depois, carrega Babi até a banheira onde a joga na água morna e começa a lhe fazer cócegas, ela apenas ri muito...
Ele tira toda a roupa e antes que ela faça algumas restrições como, por exemplo; coloque a sua cueca do mickey outra vez, ela pede para que ele desça e busque o vinho e os chocolates, Jim obedece e isso é tudo.
Babi fica na banheira de hidromassagem soltando bolhas de sabão e rindo, enquanto ouve os passinhos dele descer as escadas até a mesinha onde deixou o vinho e os chocolates...
De repente, as luzes se pagam e a hidromassagem para de funcionar, o que não poderia acontecer é fato; acabou a energia...
Babi nada faz, permanece dentro da banheira fria enquanto Jim sobe devagar as escadas para não escorregar e ilumina o banheiro com o seu celular...
Ele pergunta se ela não ficou com medo do escuro e ela apenas responde que não por que não tinha nenhum motivo para sentir que estava num lugar inseguro e então, ele deixa o vinho e os chocolates ao lado da banheira, entra e juntos sopram bolhas de sabão que saem pela janela iluminada pelas estrelas que brilhavam no céu daquela sexta-feira...
De repente, Babi acorda e olha para o despertador que pisca sem parar, ela estava atrasada para a aula, e hoje era sexta-feira vinte e um de setembro, o dia do seu aniversário de vinte e um anos; então, ela respirou profundamente e decidiu não ir a aula para poder passar a manhã relaxando com suas máscaras de mel e de argila, um delicioso café da manhã, uma longa conversa com o espelho e quem sabe por que não uma volta ao shopping mais tarde?
Ela olhou para seu ursinho de pelúcia jogado no chão ao lado de sua cama, pegou e abraçou o bem forte, lembrando do sonho bom que ela teve e de como seria legal se ela tivesse de verdade uma festinha surpresa hoje...
E para quebrar o silencio dos seus pensamentos e dos pássaros que não vieram a sua janela cantar nesta manhã e lhe dar os parabéns, ela ligou o som, colocou o seu cd preferido e foi tomar uma ducha...
Babi saiu do banho muito molhada e correndo para atender ao telefone quem sabe era o seu primeiro parabéns do dia?
Pouco adiantou quase escorregar no tapete do banheiro, era apenas um engano...
Então ela passou um tempo olhando para o espelhou e viu que não precisaria mais de colocar silicones, e naturalmente compreendeu a magia natural das coisas e do seu corpo...
Talvez fosse por isso que Babi, não passou o dia todo, incomodada, por ninguém lhe dar os parabéns. Ela saiu da aula de yoga, tomou uma ducha na academia e vestiu seu velho jeans, uma blusa de listras e seu all star, e ela se maquiou e coloriu com brilho sua face, afinal de contas hoje era seu aniversário, foi ao cinema sozinha assistir à um filme qualquer e por volta as nove horas voltou para casa, se deparou com um buquê de rosas vermelhas no tapete da porta e um cartão dizendo;” você é a menina mais especial que eu já conheci na minha vida...”
Babi abriu a porta, acendeu as luzes e viu os balões coloridos voando pela sacada que estava aberta, naquela sexta-feira mágica com o céu prateado pela noite toda estrelada...

"Teatro Fantasma; Só Para LoUcOs "

Um raio caiu lá fora no canteiro de jasmins, e Carol e suas amigas do teatro, observavam pela janela do camarim...
Olharam sem desespero algum umas para as outra e se espalharam para passarem o roteiro da peça que apresentariam no Festival de Inverno num lugar distante de São Paulo, lá no interior de Goiás, numa cidadezinha mágica; Pirenópolis.
"Teatro Fantasma; só para loucos", era uma peça escrita por uma adolescente de dezoito anos, uma menina apaixonada pelo teatro, pelas artes, pelo o mistério da idealização a banalização do amor. A garota coloca como desafio como uma menina pode lidar com o mundo contemporâneo quando os valores de seu coração não podem ser envenenados e quando o mundo insiste em te colocar como peça chave de um quebra-cabeça gigante e maluco onde a paisagem não menos pitoresca é um casal de mãos dadas num jardim e eles brindam com suas taças de vinho ou seriam de sangue?
A peça falava sobre dois jovens que se conheceram muito cedo, no colegial e se apaixonaram um pelo outro embora sempre se embriagassem com uma overdose de orgulho e pensamentos que não os levaram a nada além da distância de seus corações...
Carol aproveitou o temporal antes que o professor chegasse ao anfiteatro para contar as amigas a história de amor só para loucos que se passaria no teatro fantasma e lá o clima ficou um pouco tenso...
---"Há tempos numa cidade no interior do Rio Grande do Sul, lá perto da Lagoa dos Patos, o Giorgio e Rachel faziam o colegial, eram grandes amigos e ela a melhor amiga da irmã dele.
Certa vez num feriado, bons amigos foram para casa de Rachel assistir alguns vídeos e Lee a irmã de Giorgio conheceu o Jim primo da Rachel que era um pouco mais velho, já estava no primeiro ano da universidade e tinha ido a cidade passar uns dias pois a UFG estava em greve...
Conversa vai e vem, chovia muito e ventava frio lá fora, resolveram então telefonar e pedir uma pizza gigante e uma coca-cola para passarem o tempo assistindo alguns vídeos...
Jim contou para Lee sobre o curso que ele fazia de Rádio e Tevê e eles começaram a perceber que eram um pouco diferentes, pois, ela queria estudar medicina.
Rachel e Giorgio por um minuto começaram a olhar com um ar de mistério um para o outro...
Foi quando a campainha tocou e claro todos pensaram que seria o entregador de pizza.
Rachel foi abrir a porta e assustada ficou quando viu Rayssa e Lara com um sorriso muito falso perguntando se podiam entrar porque a chuva estava muito forte lá fora e elas ainda estavam longe de casa, estavam voltando do shopping que eram três quarteirões dali e de repente elas pensaram que a Rachel não se encomodaria.
Certa vez na sua infância Rachel ouviu o seu pai dizer; " dou um boi para não entrar numa briga, e uma fazenda com a porteira fechada para não sair dela", então, ela sorriu e disse para as meninas entrarem, embora , nada foi dito sobre ficarem a vontade...
Lee achou muito estranho tudo aquilo e para distrair o ambiente, sugeriu que pedissem mais pizzas, foi o que Giorgio fez pelo telefone enquanto Rachel sentou no sofá entre Giorgio e Rayssa e ele a abraçou e a beijou ao desligar o telefone.
Lara atônita olhou para Rayssa que sorriu e falou; " não sabia que vocês estavam namorando".
Rachel muito sem graça logo ia responder que não, que aquilo era só um beijo e que tudo tinha começado sem ao menos ele pedir nada, mas, Giorgio foi mais esperto e disse que estavam namorando sim e que ele era apaixonado pela Rachel, ela, apenas sorriu e as outras meninas xeretas inventaram que tinham esquecido de um compromisso e se despediram...
Jim muito gentil foi abrir a porta para as meninas e o entregador de pizza estava lá, então, ele sugeriu que elas esperassem alguns minutos para comer um pedaço de pizza, afinal tinham pedido mais por causa delas.
Rachel e Lee, se olharam com um ar de quem queria rir demais de toda aquela situação digna de uma comédia americana.
Lara e Rayssa, muito irritadas aceitaram o convite e ficaram para a pausa do lanchinho...
E Lee propôs um brinde ao novo casal do ano, seu irmão e a sua melhor amiga!
Vinte minutos se passaram e Rachel olhou para o relógio ironicamente e disse muito gentil; " Lara, você estava com tanta pressa, já se passaram os vinte minutinhos, eu vou colocar mais alguns pedaços de pizza na vasilha e você até pode ficar com ela, para que não se atrase. Vejo que deve ser um compromisso muito importante por que nem quis terminar de ver o vídeo com a gente e então será que podemos saber o que é? Aposto que é um novo gatinho.
Ploft! Rayssa deixou cair sem querer o copo de coca-cola e Lara atônita não sabia se voava no pescoço da Rachel ou se inventava alguma desculpa e ia embora...
Tenso, a cada minuto mais tenso ficou o 'momento pizza com xeretas' lá na sala de jantar da casa de Rachel...
E Giorgio muito inocente ou talvez fosse melhor dizer; 'irônico'? Ele convidou as meninas para ficarem mais um pouco e assistirem ao filme com a Rachel.
Um jogo de apostas e desafios só para saber se ela sentia alguma coisa por ele se sentiria incomodada com a presença de sua ex-namorada de verão a Lara.
No entanto, apesar de serem as garotas mais 'encrenqueiras da escola', Lara e Rayssa, foram embora sem levar a tal pizza e pelo caminho de volta debaixo do temporal foram pensando em como se vingariam...
Um ano depois, Lara confessou a Rachel que o Giorgio não prestava, ele era um playboy sem coração e depois todo um dramalhão ela lhe contou que ele a obrigou a abortar depois de terminarem o namorinho de verão.
Pasma, ela não pôde acreditar nas palavras da coleguinha de escola e não disse nenhuma palavra, apenas saiu correndo e foi para casa pensar...
Rachel passou a tarde inteira no seu quarto vendo um vídeo que ela tinha ajudado o seu primo Jim fazer na temporada que ele passou na sua cidade e então ficaram muito amigos, e, talvez seja por isso que ela resolveu ligar e desabafar com o primo...
Jim lhe contou que Lee tinha falado sobre esse assunto e que isso era uma verdade, mas, ele também fez a prima pensar que isso não era um problema dela e então por que se preocupar com a insanidade alheia?
Desligou o telefone e olhou para o espelho, por um minuto ela não teve raiva de Lara e ficou por horas pensando se aquilo fosse com ela...
Trovões e raios decoravam o mundo lá fora no quintal, nas ruas, na cidade, na Lagoa, e Rachel mesmo assim pegou a sua capa de chuva e sua bicicleta e foi até a casa de Giorgio...
Lee abriu a porta e tentou impedir que Rachel tocasse neste assunto com o irmão, mas Giorgio logo veio falar com os olhos cheios de lágrimas com ela e ao entrar, Rachel se deparou com o desespero da mais terrível cena no final do corredor, os pais de Lee e Giorgio na sala e a Lara com alguns exames que comprovavam o fato.
Sem dizer uma palavra qualquer, Rachel fechou os olhos por alguns segundos e depois foi embora sem saber o que fazer e era o fim do seu namoro...
A Garota pedalou por longas ruas escuras e nada era tão inseguro quanto acreditar no amor e nas promessas singulares de um sonho perfeito na sua primeira vez, como aconteciam nos filmes assistidos em dias de temporais ...
No parque onde ela tinha riscado as iniciais do seu nome e de Giorgio e desenhado coração no tronco da árvore mais alta, lá debaixo Rachel sentou no chão e colocou a cabeça sobre os joelhos para chorar, enquanto, o mundo desabava em chuva, raios e trovões...
Foi quando algumas horas depois, Rayssa passava pelo parque e viu Rachel desesperada, sozinha, isolada, chorando, triste, magoada, e ela olhou para o coração na árvore, lembrou das aulas de literatura em que o professor falava sobre o amor verdadeiro, e por um minuto pensou que poderia ser ela no lugar de Rachel, sofrendo por uma grande mentira, já que Lara tinha inventado toda aquela história de aborto, exames falsos, e tudo que pudesse fazer com que Giorgio se sentisse culpado e aos poucos o namoro dele com Rachel seriam mais uma gota de água da chuva que caía lá fora...
Tudo bem que seria uma grande traição com a sua melhor a amiga a Lara, mas, Rayssa pela primeira vez na vida sentiu algo em seu coração; ela pensou no amor, e respirou fundo, depois ela contou toda a verdade a Rachel mas talvez fosse tarde demais...
Rachel sorriu e agradeceu, toda suja de lama, e com febre, pegou sua bicicleta e voltou para casa.
A mãe de Rachel avisou a escola no dia seguinte que a filha tinha sido internada com uma forte pneumonia, e que todos estavam muito preocupados porque ela estava tão triste e ninguém sabia o motivo...
Lee olhou para o irmão gêmeo desesperada, sentindo um vazio dentro do coração e chorou...
Giorgio abraçou a irmã no meio da aula de geografia e pediu para a professora deixar que eles fossem ao hospital visitar Rachel.
A professora não autorizou a saída, afinal, já era a última aula daquela manhã de sexta-feira...
Quando o sinal tocou, Giorgio correu com sua bicicleta colorida até o hospital e ficou olhando Rachel pelo vidro da U.T.I, enquanto Rayssa colocou a mão no seu ombro e disse; 'talvez seja tarde demais, mas eu contei toda a verdade esta manhã para os seus pais e para a Lee. Ah, e ontem, eu encontrei a Rachel no parque naquele temporal sem capa de chuva e disse o mesmo.'
Giorgio com os olhos cheios de lágrima olhou para Rayssa e perguntou qual verdade era essa; e antes que ela respondesse o médico de Rachel sugeriu que ele vestisse um jaleco e fosse conversar com ela na U.T.I ...
Lee abraçou Rayssa e a perduou por ter sido cúmplice de Lara, e elas se abraçaram forte chorando e rezando para que a Rachel ficasse bem...
Giorgio ouviu toda a verdade de Rachel, e ele chorou dizendo que a única menina que ele amou na vida era ela e que ele se sentia culpado por ela estar assim...
Rachel fez ele prometer que não se sentiria culpado, contou que escreveu o nome deles numa árvore no parque e que pediu para que ele a perdoasse por ignorá-lo, e não acreditar no amor que eles tinham quando o primeiro imprevisto surgiu...
As meninas entraram na U.T.I e Rachel com o sorriso mais lindo que já teve se agradeceu Lee por ter sido a sua melhor amiga e pediu para Rayssa ser uma boa amiga para Lee, pois, seu coração era bom, então, ela jogou um beijinho carinhoso para seu primo Jim que a observava pelo vidro, ele tinha vindo as pressas, e segurou forte a mão de Giorgio levando a até o seu peito que estava muito quente ardendo em febre , se inclinou e beijou os seus lábios, ele ainda de olhos fechados segurou firme os seios de Rachel e ao abrir os olhos ela lhe deu uma rosa vermelha que seu pai tinha deixado num vaso ao lado de sua cama naquela manhã mórbida, e Giorgio fez um carinho no seu rosto da sua primeira garota, no minuto que devagar Rachel fechou os olhos para um sono infinito onde o sonho mais real eram dois jovens no jardim brindando vinho tinto numa chuva de rosas vermelhas..."
---Carol quem escreveu? _ perguntou, Clá chorando...
--- Uma menina de dezoito anos, e a propósito onde você encontrou essa história ou melhor dizendo, roteiro, Carol? _ indagou o professor de teatro...
---Pensei que fosse apenas papéis velhos na gaveta da mesinha aqui do camarim...
---Desculpem meninas, eu me atrasei muito por que o meu carro furou um pneu, no entanto, por sorte eu vejo que a Carol achou o roteiro da nossa peça e leu para vocês. Então o que vocês pensam sobre a idéia dela ser a nossa aprensentação no Festival de Inverno?
Todo o grupo de teatro se levantou, fez um circulo em volta do professor e se abraçaram comemorando a peça de poucos personagens, mas, que seria um grande sucesso...
Hoje, ninguém ficou triste por que não foi o personagem principal, todos simplesmente estavam felizes por fazerem de tudo um pouco, por estarem dentro de um teatro fantasma onde os valores reconhecidos através da morte, talvez, pudessem ser coloridos em cada minuto que se passa todos os dias, nesse tempo real e essa era a mensagem da peça; amar tudo aquilo que se tem, sente e acredita; por que mentir é para muitos e viver é cada minuto é para poucos...
No Festival de Inverno, todos aplaudiram a peça;'' O Teatro Fantasma; só para loucos", todos aqueles capazes de não banalizar o amor...

Why Does My Heart Feel So Bad?

São Paulo foi o cenário para o meu aquário de pensamentos numa sexta-feira nublada, chuvas rápidas, céu cinza e a bandeira arco-íris colorindo a Avenida Paulista.
Depois de não dormir muito bem por passar a noite numa balada gay, percebi que a amizade está alem de uma identidade sexual, então esqueci que era uma heterossexual preconceituosa e na última quinta-
feira eu apenas fui uma pessoa normal, não beijei homens e nem mulheres, não tentei ser bipolar sexual, eu apenas era uma Menina que passeava num Congresso super divertido e que por um acaso caiu de pára-quedas em meio a “Pride” de Sampa, a segunda maior Parada Gay do Planeta...
Conhecer acessões culturais diferentes é o que há, o mundo de regras bobas é para muitos e o sem regras, de paz e amor é pra poucos...
Yeah, por que não colorir um pouco do cinza do céu e fazer um pedido para os arranha-céus que cutucavam as estrelas cadentes ao cair da noite?
Bem-vinda a São Paulo, era junho, o dia dos namorados tinha passado e eu? Joguei ao vento a chance de ter alguém do meu lado...

No entanto eu não perdi os mais lindos sonhos que sonhei e nem mesmo as ilusões que nas horas tristes eu imaginei, a vida era muito mais do que um simples; ‘ eu te amo’ e ‘ vamos fazer alguma coisa juntos?’, viver era um aquário de experiências onde o peixe mais solitário e dourado era eu, e sabe por quê? Hoje eu não me lembro mesmo do que eu acabei de fazer á um minuto atrás...
Cochilei e acordei, minha amiga de infância e
companheira de viagem me acordou com uma derradeira gritaria e alegria, mas, eu queria muito abraçar o meu travesseiro e dormir um pouco mais embora eu soubesse que os minutos ali eram preciosos e não podiam ser deixados para trás?
Foi quando eu acordei, disse pra Lylys ir tomando o café da
manhã em paz, eu ia tomar uma ducha morna no frio daquela manhã paulista, vestiria minha saia xadrez e logo colocaria umas bolachinhas de chocolate na bolsa se mais tarde meu estomago desse um sinal de vida, então, ela poderia descer para o café e assim não nos atrasaríamos para uma aventura pela cidade que não conhecíamos muito bem, mas ainda tínhamos voz e mapas e isso era simplesmente tudo...
Frio, era tudo o que eu sentia, e não apenas o meu estômago arrepiando quando as borboletas voavam e eu lembrava do que eu mais queria esquecer porque aquilo tudo não daria certo, eu não queria sofrer mais ainda, eu queria apenas viver com um sorriso no coração que se sentia tão mal...
O meu banho estava muito quente e o ventinho frio que passava pela fechadura da porta arrepiava tudo, seria apenas o vento?
São Paulo, alguma coisa me dizia que esta cidade não seria apenas um cartão postal, e eu ainda não descobri o porquê dela tanto me lembrava o natal? Talvez um dia eu possa entender a semelhança entre o pinheiro de São Paulo e a avenida paulista iluminada numa bela madrugada...
Enrolei na toalha cheia quentinha, olhei para o espelho por alguns minutos e fiquei pescando idéias do meu aquário, imaginei como poderia ser se eu não estivesse sozinha nessa aventura e se acaso eu tivesse dito sim em vez de um não, se talvez meu namorado estivesse ao meu lado? Ops! Eu quis dizer que se em vez de estar sozinha, o Menino que poderia sim ser o
meu namorado, estivesse ao meu lado?
Chato! Não gostei do espelho não, ele não conversa comigo, não me respondia nada e a minha cara de sono nem mesmo mudava? Melhor seria se disso eu não tivesse reclamado naquele minuto e ficado olhando irritada pro espelho por uns segundos, foi quando percebi a baratinha sinistra que caminhava rumo a porta e quem estava do lado da porta? Eu!
Gritos, mais gritos, gritos e gritos e subi em cima da cama
e comecei a vestir a minha roupa e sem coragem pra fechar a minha mala e descer, agarrei meu ursinho de pelúcia, não ria de mim, eu sempre viajo e levo o Junior, o meu ursinho de pelúcia, e porque se chama Junior? Seria algo óbvio se eu lhe dissesse que ele é órfão de pai e mãe e talvez um dia eu o adote se eu talvez um dia fizer a loucura de me casar com sei lá quem? E se isso não acontecer, eu e meu ursinho saberemos do mesmo jeito qual a semelhança entre São Paulo e a noite de natal.
Lylys logo voltou do café da manhã, matou a sinistra e riu muito da minha cara, isso era fato. E antes que o imprevisto da barata tivesse nos atrasado, pegamos nossas bolsas, nossos milhões de dólares e
fomos feito turistas passear pela cidade a fora onde éramos tão loucas que o lobo mau não poderia mesmo tentar nos entender ou então ele seria interditado em qualquer sanatório mais próximo...
Do Hostel, saímos a pé, fomos até a Estação da Luz, visitamos o Museu da Língua Portuguesa, existe um segredo entre eu, o museu e a Lylys, o qual será contado nem no próximo capítulo de uma viagem a Sampa. Depois visitamos a Pinacoteca, passeamos pelo parque que também era muito lindo, fizemos amizades instantâneas com uns meninos de lá e como se fossemos duas “estrangeiras”, sentamos no Pub da Pinacoteca
e conversamos em inglês por um tempo, e quem é que nunca brincou de“ ah, eu não sou do Brasil!?”, e foi muito divertido, talvez alguém ache ridículo mas o que nos importa? Nada, simplesmente foi legal e isso é o que valeu!
Sem rumo e sem sentido, não sei dizer como perdemos os mapas, mas pedir informações e andar em círculos pode ser algo divertido se você realmente não souber onde está.
Conhecemos muitos lugares e como éramos milionárias turistas andamos a pé, de metrô e na volta para casa só pegamos um táxi porque estava muito escuro e de repente isso nos fez sentir uma sensação de estar em um lugar inseguro.
Mas, foi um dia super legal, fomos a Galeria do Rock
e nem sabíamos que era dia dos ‘emos’ se encontrarem, bom, eu achei o máximo, adorava ver os modelinhos extravagantes das meninas e os meninos com estilo ‘The Strokes’, mas o mais bacana foi passar uma hora na loja de cds onde o vendedor era muito gato, penso eu que o primeiro cabeludo que eu achei lindo na face da Terra, mas, tudo bem, estava tudo sobre controle até a Lylys extravasar com as palavras e pedir implorando para ir embora porque ela preferia os morenos e o cara gato era louro e enfim, embora aquilo tudo fosse só pra zoar, porque ninguém ia pegar ninguém, nem trocar telefones, nem mesmo voltar a se ver um dia qualquer, eu dei uma risada, comprei um cd e a Lylys teve que esperar mais vinte minutinhos...
Surtos? Minha querida amiga teve alguns, e puxou meu braço desesperadamente e me arrastou para fora da galeria dos ‘emos’ que a sufocavam com tamanha dimensão de profundidade de caráter emocional.
Por um minuto o sonho de Lylys era voltar para o Hostel, mas, eu queria muito ir ao Shopping! Perfeito não é mesmo?
UHm, pegamos um metrô e caímos na Paulista, aonde vamos? Shopping Paulista a lá vista baby!
O mais engraçado começa aqui, eu carregava uma sacola enorme preta que mais parecia um saco de lixo daqueles de lixões de rua sabe?
Ao entrar no shopping logo tinha uma área de fumantes no final de um corredor, uma espécie de varanda sabe?
Lylys em seu vício fadigado pelo cansaço de andar comigo o dia inteiro sem nenhuma trégua, acendeu um cigarro de mentolado e disse para eu ir fazer as minhas comprinhas básicas enquanto ela segurava o saco preto e fumava tranquilamente e também descansava os seus exaustos pés...
Individualista eu, não queria incomodá-la deixando Lylys ali para olhar o saco preto e como não estava nem um pouco pesado, eu disse que eu o levaria comigo...
Louca? Foi só o que eu ouvi com um ar de pavor, e minha amiga disse;’ Você perdeu o real sentido das coisas? Você imagina mesmo que alguém desse shopping vai querer atender você com esse saco horrível e preto e que parece lixo?’
Amigas desde a infância e ela nunca teve um momento tão ‘paty’ assim, eu fiquei atônita e depois de uma risada, deixei o tal saco preto que tinha umas comprinhas da Rua Vinte e Cinco de Março, era uma Coruja de pelúcia que mal tinha nisso?
Algum tempo depois, voltei meio insatisfeita por não conseguir encontrar a Loja da Thaís Gusmão e comprar uma langerie divertida que brilhasse no escuro, mas pra que eu precisaria dela mesmo?
Sentei um pouco com a Lylys e demos boas gargalhadas, depois, peguei o saco preto do qual ela se envergonhava e ela as minhas sacolas de compras, fomos direto ao terraço comer pizza.
Voltamos de táxi, pois, já era um pouco tarde, mas não haveria problemas em voltar de metro se acaso o escuro fosse para duas meninas, tão inseguro?
Ao chegar ao Hostel, tomamos uma ducha e saímos pra balada, a Lylys sempre me proibindo de pensar em quem eu queria
pensar e ela falava que não valia a pena e todas as desculpas que suas amigas de infância inventariam para você não ficar triste e não chorar e não borrar o lápis preto da maquiagem e enfim, sorrir mesmo que o coração começasse a se partir...
Não poderia ser diferente não, um dia fazia frio, chovia muito e fomos pra uma festinha, vesti um lindo vestido de inverno e não tive coragem de dizer para as meninas que eu queria um beijo do menino que...
Minhas amigas não iam achar legal, e eu fiquei mais reservada esperando se ele me desse mais uma vez moral, foi quando ele não veio atrás nesse dia depois de levar tantos foras e eu
tentei disfarçar toda emoção que cedo ou tarde se aflora...
Outra vez no universo colorido de São Paulo numa noite única, uma cultura diferente que invadia a cidade por pessoas que traziam pensamentos de paz e amor e ensinavam que o diferente é tão simples e os outros insistem em descriminar e achar ruim...
Conheci tantas pessoas alegres e o Dj embora não fosse a partir desse dia o meu preferido porque algum motivo eu tinha pra isso, mas seria o segundo, pois, nunca teria ido numa festa tão animada, e quando á tristeza de simples lembranças fizeram cócegas no meu peito num brinde de keep
cooler, minha amiga disse; ‘força, não chora!’, eu não chorei e não quis mais ir embora dormir...
O Dj resgatou do fundo do baú uma canção que simplesmente tinha tudo haver com aquelas lembranças...
Pode rir sim, ele tocou pra mim depois que eu pedi por um bilhete no guardanapo; ‘Anna Julia’, e a Lylys queria me matar nesse minuto, como ela mesma disse; ‘ ai que mico!’
Pista de dança um pouco vazia, ainda fazia tanto frio,
nem tirei o meu casaco cor-de-rosa, e comecei a dançar bem no meio com todas as luzes a piscar e fechei os olhos sem medo como no dia que fiz uma amigona minha escrever num bilhete essa música e ao Dj mandar...
Crise de risos compulsivamente de ver a Lylys me olhando com os braços cruzados e um amigo nosso que era meio sonolento vamos dizer?
Enquanto eu agitei a pista de dança multicolorida naquela noite em Sampa, mas meu coração estava tão longe, era como se eu entrasse numa máquina do tempo e voltasse uns anos atrás pra uma festinha de Halloween em que eu fui vestida de bruxinha com uma roupa preta de odalisca que era improviso e tudo bem eu tinha meus quinze anos e ainda era muito bonita e magra.
No outro dia fomos para praia e em Guarujá eu não agüentei, enquanto Lylys tirava um cochilo na grama do calçadão, eu tirei minhas havaianas e caminhei beira-mar sem direção, sentei e olhei para as ondas pedindo por uma boa explicação,
senti o vento bater em meu rosto soprando as lágrimas que caiam, andei, andei, andei e não me perdi, depois de algum tempo minha grande amiga me abraçou, conversou e me ajudou a sorrir...
E não sei mesmo o que há de errado quando você surpreende sua amiga de infância e ela de repente pensa que alguma coisa não era apenas uma bobagem de criança?
Depois de tanto tempo um coração ficar triste assim, talvez o problema não estivesse só dentro de mim!
Que confusão! Depois de uma semana pelo Festival de Cinema na Cidade de Goiás, eu não lamentei nenhum momento por esse segredo e a emoção em fusão, brincamos do jogado da verdade e eu blefei com medo que alguém o conhecesse e me perguntasse por que eu fui tão incoerente com um sentimento que de amor estava tão carente?
Blefes acontecem quando algo confunde a nossa mente e não se pode ter certeza de que não se magoara outra vez com o que se sente...
Pasma, foi como a
Lylys ficou quando eu contei toda a verdade para ela, e depois disse que uma de nossas amigas já sabia.
No entanto ela riu demais e me contou um segredo antigo, aqueles segredos de anos atrás...
Com os olhos cheios de lágrimas, soluçando, eu pensei que era uma bobagem porque uma amigona nossa também gostava muito desse garoto, mas, uma das minhas primas o beijou primeiro e isso foi como fazê-lo virar gay!
Deitadas na grama e bebendo coca-cola e comendo chocolates, rimos até doerem nossas barrigas e depois choramos também, a Lylys chorou de rir de tudo isso e eu chorei de desespero por que não tinha nada para ser feito...
De repente um carro buzinou
desesperadamente e era uma Ferrari conversível com uns surfistinhas lindos, mas, eu e Lylys estávamos tão acomodadas na grama rindo de umas coisas legais que fingimos que a buzina não era pra gente e logo eles foram embora, seria de fato o que aconteceria mais tarde se por acaso tivéssemos pegado uma carona na Ferrari pra fazer um tour pela cidade, mas as risadas eram as melhores lembranças que poderíamos ter talvez algo concreto ficasse chato depois...
Voltamos para casa, a viagem foi super divertida e ainda nos restava um jogo da Copa para compartilhar uma derradeira bebedeira com os amigos...
Banho, cama e esquecer da minha mala, eram as únicas três coisas que eu conseguia pensar naquele momento, aliás, será que valeria a pena ser tão patriota naquela Copa?
Algum tempo depois e nada mudou, o coração se calou lá em São Paulo algum segredo ficou e uma lição eu aprendi; ‘ não deixe de viver um minuto mesmo que suas amigas vão rir! E assim você um dia terá ensinado as suas amigas pro que vale a pena nessa vida sorrir?’
Um brinde ao sorriso mais sincero
que eu pude ter quando o meu coração em meu peito não merecia nem um segundo meus sentimentos puros saber, mas quando as minhas emoções foram sinceras, eu pude recomeçar a pensar em um jantar a luz de velas...
E quando o próximo inverno chegar outra história poderei contar, algo como o show dos Los Hermanos na companhia de bons amigos na última primavera quando ele me deixou tão sozinha e embora eu merecesse todo esse gelo, eu ainda assim escrevi cartas de amor e não mandei, e fiquei no vento frio com
boas amigas e amigos cantando versos de amor; ‘Há muito uma menina vêem maltratando o coração de um amigo meu, eu acho que ela já chorou mas acho que ela também já se esqueceu, então por que pisar no coração que ama e deixar ele sozinho sabendo que sua vida mais que tudo necessita de carinho. Babi, não maltrate o meu amigo, pois eu sei que o seu coração só pensa em ti!’
Legal! Clá olhou pra mim e deu uma risada enorme, com quem diz; ‘ que música amiga?’
Tentei ser mais forte do que a razão dos meus pensamentos que nadavam feito peixinhos dourados no meu aquário de
memórias e talvez isso fosse em vão.
Algum tempo depois, há tempos que a saudade era o mesmo que inimizade entre eu e meu coração...
Hey, queria mesmo saber por que o meu coração se sente tão mal?
Hoje, um velho conhecido meu, dono de um carro lindo, conversível, enfim, o cara que todas as minhas amigas queriam ter até mesmo deitado no sofá da sala, convidou pra sair e pra ver as estrelas do céu, mas não queria jogar o meu tempo ao léu...
Fiquei pensando porque Deus não dá asas ás cobras?
Não quero ofender ninguém, mas, existem tantas meninas que adorariam sair com um cara com tamanha aparência, bonito, bem formado, não vou dizer culto por que, nunca escutei ele dizer nada inteligente e talvez este seja um dos grandes motivos pra não existir um romance entre a gente...
Não vou me gabar dizendo que eu nunca passei por uma fase boba na vida, e como eu acabei de dizer; fase boa que passa. Melhor ainda se esta fase for ao começo da sua adolescência onde tudo era tão
cheio de brilho e cor-de-rosa e de repente, ploft, você muda e começa a colorir a vida com outras cores, aprende a usar a aquarela e encontra no amor e no interior das pessoas bons valores.
Bléh, vamos voltar ao assunto?
Nem todas as meninas pensam que o amor é um sentimento puro que deveria dominar o mundo e por isso cantam; “ alegria é poder estar ao seu lado e te ter como namorado”...
Sinceramente não seria mesmo mais fácil ser como todas as outras e mais uma vez deixar a vida se tornar uma grande estupidez humana por alguém capaz de satisfazer todas as minhas manhas?
Quando se vê que
muitos caprichos que ele poderia me dar, são valores da espécie humana que eu poderia apenas chamar de lixos?
Hoje, não me senti a pior das criaturas por dizer não a um cara que se gabava por culturas, mas não sabia me contar sobre a história de nenhum museu e quando disse que conhecia a literatura não sabia me dizer qual era a sua preferida leitura!
Com licença, eu sou educada, então agora eu posso rir?
Não sei onde é a área reservada para risadas, talvez, na área reservada para fumantes?
Mas muito feliz estou por não mergulhar nesta cilada e insistir em levar a sério um romance que começa com um anel de diamantes?
Deixe-me rir,
por favor? Eu estou a borbulhar de risadas e isso até me faz sentir dor...
Muito obrigada pela companhia e desculpe-me por não ter o beijado e nem mesmo poder novamente estar ao seu lado, mas é que tenho um coração vivo que insiste em sofrer calado e embora você tenha tanto poder, o que eu sinto não está na prateleira do supermercado e por isso pensei que fosse melhor, ser a mais sincera, sem querer te deixar magoado.
Há tempos eu conheço
você, nossos pais são grandes amigos, mas lamento ter sido educada pela vida onde também já fiz escolhas erradas no passado, e você sempre esteve onipotente com seu cartão de crédito ao seu lado...
E talvez as minhas escolhas nunca tenham sido matérias, mas foram estéticas escolhas pessoais, erros de meninas novas, amigas loucas, erros que não se repetem agora...
O mundo depois disso girou e só você quem não notou?
Há tempos se tivesse pedido a minha mão para uma dança, eu dançaria pelo seu ar de elegância e seu olhar por que você nunca foi feio, mas hoje eu encaro valores matérias e estéticos com
algum receio.
Sorte pra quem aprende o que é certo quando ainda é quase criança, por que hoje o arrependimento não ficaria só nos passos desta dança...
Sabe de uma coisa? Senti vontade de escrever num papel a minha agenda de celular, você teria tantas amigas pra telefonar e quem sabe o seu carrinho sem teto e com invisíveis asas poderia voar?
E por favor, não insista mesmo que na dança você mantenha respeito por chamar o meu pai de tio, mas com você nunca senti nenhuma borboleta sobrevoar o meu umbigo.
Borboletas bobas no estomago e joelhos que tremem claro, isso não acontece só nos filmes de Hollywood, e nem tente mudar o seu papo rude, eu já disse que eu não quero fazer nada que você se ilude.
Fui embora com a Clá, era a única amiga legal que nesse momento eu poderia conversar...
E neste último
inverno viajamos pra um lugarzinho longe, cidadezinha cheia de montes onde os valores humanos mais belos nas telas de cinema se escondem...
Contei pra Clá que eu estava tão feliz por não ter deixado o meu tédio me dominar e a vontade de sair e rir um pouco...
Falei sobre o Menino filho do amigo do meu pai, contei sobre os presentes, sobre o anel e os
bombons, contei sobre o que eu disse não e como eu poderia dormir colocando leve a minha cabeça no travesseiro nesta noite com raios e trovão...
Presentes são apenas presentes, e nada além do anel eu devolveria o anel porque simbolizava um pedido, um carinho, um sentido, um mimo ou capricho que ele poderia comprar mas que pra mim nenhum dinheiro do mundo poderia pagar.
Mais uma vez a história de inverno, um
carro conversível desprezado, garotos ricos e bonitos no vento jogados e o que fazer pra não querer isso?
Talvez se divertir na grama rindo com as amigas, ou tomar sorvete no pote com colher e outra vez rindo com as amigas...
Ao meu coração o dinheiro não paga as alegrias, e embora alguém queira me dar uma camisa de forças, eu
simplesmente pro sanatório não iria, por que, no meu atestado o psicanalista, o psiquiatra escreveriam que eu sou uma menina simplesmente normal demais pra não se corromper com o mundo aqui fora, e isso tudo é berço e cultura, é vida dentro de algum livro de uma literatura real que pra quem ocupa a mente começa a entender o verdadeiro sentido que faz a vida ser tão especial...
Um amor de garoto, ele é lindo e disso não tenho dúvidas, mas o que fazer se ele não pôde me convencer de que sabe falar sobre alguma coisa além da cor do carro que ele tem ou dos perfumes e meias que ele comprou na Suíça?
Muito chato isso tudo o tempo todo irrita, e
não me arrependo por não ter o beijado, então, você ainda não sabe por que eu preferi as minhas amigas e meu sorvete de colher bem gelado?
Risadas para saber que ele não é único e que as pessoas são muito diferentes mesmo com as mesmas oportunidades ou não, e embora filho do amigo do meu pai não seja o meu parente, não há chances de existir um romance entre a gente por que não importa se é rico ou pobre, se estava a pé ou no carrinho mais badalado da cidade, o que importa era o que ele sentiria o que tinha por mim no coração?
Um brinde a toda felicidade que se encontra em meninas que pensam no aquário do mundo com um pouco de emoção.
Uns dias se passaram e tudo voltou ao seu lugar, ele foi embora levando outras meninas pra dar uma volta, pra mim e pras minhas amigas, o que fica são risadas na memória.
Boo, por que meu coração se sentia tão mal?
Não era por se arrepender
de nada, nem por comparar ninguém, era apenas por estar tímido em dizer tudo o que sente quando as emoções vêem...
Sabe, naquela manhã cinza em São Paulo eu aprendi que se gritar ao vento um bom pensamento é melhor do que deixá-lo num aquário de idéias, a vida se torna toda colorida e por que não ser vivida?
E o que me falta é coragem pra sair desse faz de conta de peixinho dourado, e dizer que não me esqueço de nada e que esconder o que sentimos é uma grande bobagem e então por que deixar um coração se sentir tão mal se o mundo pode ser tão colorido?
Hoje, eu só queria lhe dizer; ‘ vamos colorir o nosso segredo mais antigo?’












Saturday, August 4, 2007

“Buttons in the Jacket”...



Qualquer dia de pouco sol e vento frio na última primavera era um motivo para acordar sorrindo mesmo que sozinho numa manhã de sábado...
O coração permanecesse dormindo para a vida que era feita de incertezas, as quais a razão desconhecia, pois, já tinha todos os planos perfeitos para conquistar a menina mais linda que já conheceu, mas faltava vontade de viver e nesses planos crer pra ver algo acontecer!
Abriu um olho, e até parecia um pirata caolho, ali no seu leito de solidão, esticado debaixo dos lençóis, deitado, com um jeito meio morto, e a luz que entrava pelas frestas da janela, não eram suficientes para que o Menino tivesse coragem de ir atrás da Menina mais bela?
Tocou o telefone e ele teve medo de atender, ela teve medo de ligar, chamou duas vezes e o telefone parou de tocar...
Pensativo embora tão indeciso, com medo mesmo de se magoar, de levar um fora ou de se precipitar? Mas o que o Menino não sabia ou não queria entender por medo de uma ilusão ser, era que a Menina estava ali um pouco irredutível, insegura, complicada, orgulhosa, era muito teimosa e insistia em esperar, mas o que mais vermelhava suas bochechas rosadas era o Menino meio morto e meio caolho que ainda estava deitado no leitão de solidão, e por ele, por que não estar apaixonada?
Silenciou outra vez o quarto do Menino e o telefone ali parado na estante não tocava, não vibrava, nem mesmo piscava, foi quando o Menino fechou por um minuto os dois olhinhos e se aprofundou nos pensamentos até saber a raiz de todo aquele medinho que não o deixava reagir quando a Menina estava apenas à espera dele a fazer sorrir?
Coragem foi o que o Menino pôde mentalizar e fez um “mantra” nos pensamentos, depois saiu debaixo dos lençóis e da manta, abriu os braços para a vida, a janela e gritou que aquele seria o grande dia...
Do outro lado a Menina no seu quarto cor-de-rosa e lilás, olhava da sacada para o jardim, imaginando quantas borboletas podiam numa vida voar sobre jasmins?
E passou alguns minutos observando quais as cores que as flores coloriam aquela manhã de sábado meio triste, que ela tentou ligar, mas, o Menino ao menos não atendeu e então a Menina teve coragem para desistir de ficar ali parada esperando, ela foi tentar viver o que a vida lhe tinha a oferecer, pois, cedo ou tarde uma das borboletas pousaria no seu ombro para anunciar as boas novas que o vento sempre traz...
Menina linda nos sonhos de um simples Romeu, era a Julieta na vida real que Shakespeare disse que escreveu e ninguém nunca leu...
Então, ela tomou uma ducha fria, soltou bolhas de sabão com cheiro de maracujá ao ar, e nem mesmo a essência poderia o seu coração acalmar...
Menina com os olhos tristes, tentou disfarçar com um lápis meio borrado e uma sombra levemente brilhante, toda aquela solidão que fazia um jogo de quebra-cabeça no seu coração embora sempre estivesse tentando sobreviver com a emoção ligada apenas a razão...
Abriu guarda-roupas de super star, depois pegou várias das peças para colocar em frente ao espelho e tentar um pouco se animar, no entanto, muita bagunça fez e de nada adiantou, a Menina vestiu aquela roupa que estava quando viu o Menino pela primeira vez.
Sorrido de orelha a orelha, seria mesmo que era tão inconsciente a escolha feita?
Menina cor de rosa, magra, baixinha, longos cabelos ao vento sem secador e sem apliques, era liso porque tinha boa natureza, era dela, toda essa beleza...
Saiu de casa ás nove e pegou suas melhores amigas, lotou o seu conversível carro amarelo e ao vento foram brincar de rir, gritar, cantar, e por que não com keep cooler um bom motivo brindar?
Não importa se era de manhã, a que horas vão dormir amanhã e o que terão que fazer na escola depois, o importante era viver o minuto agora enquanto um sonho só era apenas utopia a dois?
Um brinde as melhores amigas, felizes, guerreiras e pontes e cordas quando você sempre cai ao fundo do poço e chora até se afogar sem bóias por causa do coração daquele moço?
Sem dúvidas não se pode controlar o que o amor dentro do peito vem a despertar, mas o que fazer se o minuto é necessariamente mais importante viver por que você ao menos não tem como saber se ele ainda se lembra ou gosta de você?
Suposições sejam feitas, pois, o que lhe consta segundo as vozes dos inocentes amigos que nunca o traíram e dizem ser os seus amigos, é que coitadinho ele anda tão sozinho, e você deveria tentar outra vez algumas ligações!
Dúvidas! Um brinde as dúvidas no mais badalado café de São Paulo, a Menina e suas amigas, discutiram as suposições e decidiram que não estaria em liquidação a inteligência dos seus corações...
Uhm! Ainda me lembro de um momento em que ele olhou e pediu por uma chance, quando pela rua devagar passou de carona com um amigo do peito que certa vez me contou que qualquer dia eu deveria telefonar pro amigo dele já que todo aquele amor já despertou...
Eu, Menina ainda brindo os dias que escrevo no meu diário, ás vezes antes de dormir, quando rezo por coragem para que o Menino possa insistir em tudo o que sinto e no que ele sempre me fará sorrir, mas telefonar outra vez já seria muito, por que sozinha ele me deixou aqui nesse escuro e então porque não estar certa de que ele deve acender a luz e me contar mil poesias ao ouvido com bons sussurros?
Brindo com as minhas amigas todos os dias de alegrias, brindo a amizade que me ajuda a não morrer atolada em tanta saudade, e talvez não seja mesmo suficiente para eu apenas saber que ele não me esqueceu, neste minuto que ele simplesmente desapareceu?
As amigas sempre são escudos para os gritos desse meu coração que orgulhosamente fica mudo, elas me protegem de uma solidão durante os dias que parecem passar em vão e enfeitam a vida para que eu não fique o tempo todo à espera das borboletas coloridas...
Menina, eu, aqui sozinha com meu lápis e meu diário, não vou dizer que estou esperando um depoimento na rádio, e nem olhando pro relógio pra saber qual o horário que vamos ao cinema se divertir e juntos falar de todos esses medos e frustrações nesse tempo que se passa e nossos corações não podem rir?
Não devo estar esperando nada não, nem mesmo o que Shakespeare numa derradeira bebedeira numa taverna qualquer disse que escreveu e ninguém nunca leu e talvez todo esse mistério não seja meu, embora o minuto mais verdadeiro do meu coração, o seu, não esqueceu...
São vinte e três horas, por isso deixe me ir, sem você não posso ser tão forte, mas, fraca e apaixonada abraçada ao meu travesseiro para acordar no outro dia com a cara toda amassada eu não posso continuar...
Todos os dias são assim, e algo em mim precisa ter coragem pra seguir em frente dentro de mim, hoje, vou tomar uma ducha fria e vestir algo diferente para sair com as minhas melhores amigas, não será uma noite perfeita de alegrias e não será melhor do que amanhecer triste no outro dia.
Penso que é quase meia-noite, e sei que não tenho chances de quebrar a mágica da Cinderela, nem carruagem de abóboras eu tenho, nem sapatinho de cristal para deixar pelas escadas, sou apenas uma simples Menina que usa all star cor-de-rosa e uma jaqueta de buttons, eu? Sou uma Menina apaixonada que não sabe dizer; ‘eu te amo’ e mesmo que você merecesse ouvir, eu só lhe diria, se o seu machismo prometesse não rir!
Hoje, coloquei o vestido mais bonito, o que mais chama a atenção, eu usei a maquiagem mais brilhante, prendi meus cabelos bem alto e coloquei uma coroa com pedrinhas, calcei os sapatos mais altos com os saltos mais finos e antes que eu me esquecesse peguei meu casaco de pelúcia cor vinho.
Esperei minha melhor amiga e ela veio com um primo super gato, pena, que eu conheço desde a minha infância e era você que eu queria ao meu lado, e embora ele fosse muito educado e me presenteado com uma rosa branca, nesta noite não formariam pares e ele foi buscar outras três damas, nossas grandes amigas desde criança...
A noite passou devagar e os drinks decorados foram brindados pra uma felicidade singular, que por alguns minutos me fez muito feliz e agora apenas sinto todo o vazio dos sonhos que à gente um dia quis...
Aprendi que não vale a pena morrer por um amor que o coração insiste em sofrer, não vale o minuto a debruçar na janela enquanto lá fora a vida sempre será mais bela e nem mesmo tentar cortar os pulsos porque se você morrer isso será pra sempre a alma um grande insulto...
Lembro de ouvir alguém contar que anos atrás uma bela jovem por amor foi se envenenar?
E todos lamentaram a sua morte, mas fugir do caminho que estava cheio de pedras não a transformou numa menina de sorte...
E por outro motivo um li um lindo romance, que o veneno era apenas a utopia de mais uma chance?
Talvez seja por isso que Shakespeare numa derradeira bebedeira insistiu em dizer para alguém que um dia escreveu uma utopia real de uma Julieta e de um Romeu, alguém que já deve estar passeando pelo além e contou à história que ninguém nunca leu...
Existem coisas impossíveis de se explicar assim como o que faz dois jovens subirem a um altar?
E se eu procurar todas as respostas para o amor, posso estar certa que apenas vou ter a chance de brincar numa enorme ciranda de cânticos de dor!
Assim o tempo passa muito devagar se eu continuar aqui parada olhando os ponteiros a rodar, e no meu coração sempre existirá uma porta, hoje está aberta se você ligar e pedir para voltar, mas talvez o mundo gire e eu tente brincar com bombas de tinta e aquarela e pra isso vou a porta fechar, sabe como é não queria mesmo colorir todos os cômodos da casa que construí pros nossos sonhos dentro do meu coração e mesmo que isso não possa ser muito bem explicado pela razão, eis um refúgio se um dia eu sentir alguma emoção?
Emocionante foi o dia que eu disse não querendo dizer sim e os meus joelhos tremiam tanto e eu não sabia que o contrário do amor era medo. Alguns dias depois numa derradeira overdose de literatura numa noite de solidão no vazio do meu quarto, eu li e percebi que a inteligência do amor é simplesmente esquecer da própria razão...
Foi quando a Menina, eu empolguei com um pouco de adrenalina ao ouvir as batidas do meu coração e telefonei, chamou duas vezes e desliguei e talvez se eu esperasse você atender teria sido o orgulho das meninas. Nesse dia minhas amigas me fizeram companhia, e nenhuma de nós brindamos coca-cola por alegria, então resolvemos dar uma volta na cidade pra fugir do que nos fazíamos correr atrás da felicidade...
Meninas, amigas, loucas, apaixonadas, sempre unidas e o mais importante? Não dariam o braço a torcer e nenhuma de nós iria ligar pra você embora a vontade fosse tão grande, gigante, mas provaríamos que a diversão entre meninas era mais importante.
Tinha uma festa não muito divulgada num bar lá no meio da floresta numa cidade próxima, e foi pra lá que a diversão levou o carro, com o vento batendo em nossas faces e todas felizes pedindo você sabe o que pra estrela cadente naquele lindo céu estrelado...
Mais um brinde com keep cooler e corremos todas animadas uma pra cada lado, fomos jogar uma moeda nas diversas fontes dos desejos que se espalharam por aquele incrível gramado, iluminado com várias tochas, depois nos reunimos a noite inteira perto da banda numa mesa sobre rochas.
Ventava frio, estava muito frio e eu tinha esquecido o meu casaco vinho, aos poucos eu arrepiei e estremeci, senti as borboletas voarem no meu estômago em alta velocidade e de repente por um minuto inteiro eu sorri?
Sorri, eu era a menina mais boba da mesa, e sabe a história que ninguém nunca leu?
Uma borboleta pousou em meus ombros e disse que eu encontrei a felicidade sem saber, fiquei meio zonza e tentei a borboleta entender, e ela voou gritando que a utópica história da vida real que Shakespeare escreveu era o atalho no meu destino que eu escolhi sem querer...
Fechei e abri os olhos por que pensei que eu tivesse cochilado e então eu poderia estar sonhando e foi quando brindamos o amor sem razão e você apareceu do meu lado, me vestiu com a sua jaqueta cheia de buttons e meu coração começou a bater mais forte, senti as borboletas no estômago e meus joelhos tremiam e eu sorria atônita quando descobri que era tudo real, eu não tinha apenas sonhado...
As meninas se levantaram e numa roda gigante aplaudiram enquanto os buttons num passe de mágica piscavam dizendo; “O amor é como as borboletas, quando você menos esperar pousa ao seu lado...” S2

Thursday, August 2, 2007

Cheirinho de chuva...




No final do corredor a janela de vidro, nela escorria a parte inocente da chuva que caía naquela tarde de sexta-feira, e eu no anfiteatro da escola no intervalo de uma divertida aula de teatro...
Minhas amigas e eu fazíamos ‘porquinho’ no vidro da janela embaçado enquanto a chuva escorria devagar, e depois ríamos muito feito umas bobas sentadas no canto da parede...
Ah, meus catorze anos! Era tão divertido, tão colorido, tínhamos sonhos pequenos que eram sonhados em cochilos de vinte minutos quando encostávamos uma nas outras no intervalo das aulas de teatro ali no cantinho da parede, e eram sonhos tão sonhos, que ao menos sei explicar direito, enfim, eram nossos pequenos sonhos de meninas que escondiam as mãos geladas debaixo de uma blusa de moletom azul!
“Garotas, acordem agora uai!” Nossa melhor diretora de teatro sempre dizia, e sem esquecer que o professor sempre será um “fofo”.
Ainda me lembro do cheirinho de chuva quando acordava assustada do cochilo e respirava fundo e espreguiçava e coçava meus olhinhos que tinham muita vontade de se fecharem outra vez e continuar sonhando com o que me parecia tão real...
Então subíamos as escadas apostando quem chegaria primeiro e meu fôlego era enorme naquele tempo, hoje, já não sei se fico trinta segundas debaixo d’água na piscina.
Fôlego? Talvez esta fosse a palavra certa, porque precisávamos ir correndo uns treze quarteirões e voltar em menos de uma hora e meia para o colégio. Por quê? Vou te contar, mas é segredo viu?! Eu e minhas amigas do coração, as meninas mais cor de rosa da escola e as mais legais, claro, pois não poderia ser diferente, saímos uma a uma, meio que fugidas da aula de teatro naquela tarde de sexta-feira após o intervalo, quando o professor resolveu passar um filminho e se apagaram todas as luzes...
Curiosos para sabe aonde fomos? Será que eu conto? Yeah, vocês sempre vencem não é mesmo? Vou contar então, eu e minhas amigas corremos muito debaixo de chuva e de uniforme escondido pela blusa de moletom azul, corremos até um lugar estranho onde acontecia uma festa legal todo sábado a tarde e o problema era que a minha mãe e a mãe das meninas eram muito chatas, imaginem, elas não deixavam a gente ir todos os sábados, mas quem poderia deter as super amigas? Yes, nós tínhamos um plano G!
Porque não um plano B? Porque G ficaria mais difícil de alguém descobrir o que era a letra B é a segunda letra do alfabeto e então na segunda tentativa alguém acerta, mas, se erra, até a G não vão ter mais paciência para tentar... Complexo? Mas era um raciocínio lógico, ou melhor, você que pediu pra que eu explicasse isso...
Conseguimos chegar ao lugar onde se pega cortesias para a festinha de sábado e por coincidência, encontramos dois amigões da escola, o Giorgio e o Stefano.
Eles riram muito porque estávamos todas molhadas iguais àqueles monstrinhos de um dos primeiros filmes que o Leonardo Di Caprio fez na vida, aqueles monstrinhos que eram bolas de pelos e corriam atrás das pessoas e eram simplesmente horríveis.
Eles ofereceram carona, estavam com um primo de carro e isso seria muita sorte se o menino que veio nos entregar as cortesias não fosse... Você sabe quem, agora não posso falar!
Então aceitamos a carona até o colégio e isso diminuiria muito as chances de termos um resfriado, e também a longa caminhada de volta, claro, sem dizer; que o menino só poderia ser o que eu estava muito afim de encontrar mas não toda horrível, ensopada pela chuva, enfim, eu era muito menina para saber que um banho de chuva que destrói sua fisionomia é algo normal nos melhores romances e por que?
Talvez porque ter alguém para se preocupar com o seu resfriado no outro dia, aumente as chances de vocês se aproximarem alem de provar que existe um sentimento ali escondido no coração, claro, isso é fato, é verdadeiro porque se por um acaso não houvesse sentimento algum tudo já teria literalmente ido por água abaixo, pois, um banho de chuva é mais do que suficiente para te deixar desprezível...
Ao chegar ao colégio agradecemos muito a carona, nossa foi bem-vinda na hora certa, e até tinha dado pra se secar um pouquinho, porém, o frio estava de arrepiar tudo...
Eles foram embora e nós ficamos olhando uma para a cara da outra com quem diz, e agora o que fazer?
Naquele minuto eu não podia pensar em muitas coisas, eu era mais do que nunca apenas uma pata molhada e minhas amigas? Amigas patas e molhadas, apenas isso!
De repente a mãe da Dani chegou e assustada já foi dando um sermão na nossa queridinha pata molhada número um, porque era a mais baixinha e eu simplesmente sorri com ar de menina sapeca e disse com muita coragem; ‘Tia Raquel amanhã a Dani pode ir ao cinema com a gente?” Fechei os olhos e abri rapidamente, e antes que ela dissesse não porque estava muito brava, eu e minhas outras amigas com carinhas de menininhas pidonas, dissemos; ‘Ah, deixa por favor!” E a mãe da Dani que não era irredutível e gentil disse que ia pensar e disse que a Dani ligaria pra gente a noite. Elas foram embora e eu e as meninas gritamos; ‘yes’! Aquilo significaria um ‘sim’, a Dani iria ao cinema com a gente amanhã e o plano G daria certo!
Novamente olhamos umas para cara das outras, e foi quando a Lola deu tchau e foi pra casa, a Fefa, a Lara e a Carol a mesma coisa...
Chelly e eu ficamos rindo, sentadas no meio fio e chupando laranjinhas de frutas tropicais super felizes e de bem com a vida, pensando muito bem no que fazer amanhã...
De repente surge a irmã da Chellynha e a minha prima com um interrogatório enorme, do qual nem prestamos atenção a não ser na última pergunta que era onde nós estávamos e advinha o que eu e a Chelly respondemos? Claro que a resposta foi; na aula de teatro!
Tudo bem, logo a mãe da Chellynha chegou e ela foi embora, então voltei para casa que na verdade era a casa da minha prima e eu ia dormir lá como de costume na sexta-feira, último ano sem aulas pelas manhãs de sábado então era mais do que essencial se divertir não é mesmo?
Minha prima querida do meu coração que muito sabia que eu estava com um segredinho com a Chelly e possivelmente mais amigas envolvidas em toda a trama, simplesmente chegou em casa, e conversou com a minha tia um assunto qualquer, enquanto eu corri para o banheiro e troquei de roupa para não muito explicar porque eu estava tão molhada.
Depois saímos com o cachorrinho para dar uma voltinha naquela sexta-feira à noitinha...
Fomos para a pracinha, e eu fiquei olhando as gotinhas de chuva nas árvores, nas plantinhas e segurando o cachorrinho enquanto a minha prima conversava com um amigo dela que lhe entregava uma cartinha e amor...
Algum tempo depois, voltamos fomos até o posto comprar ‘keep cooler’ de uva, beber e falar umas porcarias.
Ela me perguntou se eu não ia assumir o que ela já sabia e o que eu mais do que ninguém também sabia. E eu fiquei meio atônita e mudei de assunto, logo ela me contou que amanhã ia numa festa de quinze anos e me convidou para ir com ela e eu perguntei que horas ela ia?
Porque eu poderia ir para a matinê que era o suposto cinema e até no máximo dez horas eu voltava e então íamos à festinha de quinze anos também.
Minha prima muito esperta disse que ás dez horas e eu fiquei perplexa porque era a chance de ver você sabe quem por mais tempo e ela sabia disso e ela não iria ás dez horas em ponto, mas como eu não respondi com todas as palavras o que ela queria tanto ouvir para poder ter o gostinho de dizer; ‘ eu sempre soube’, e depois rir...
No entanto eu não entreguei o jogo para minha prima-irmã, e disse que seria muito bom se pudéssemos ir ás dez e meia porque ai daria tempo para que eu chegasse e tomasse um banho legal e colocasse um vestido bem bonito.
Ela disse; ‘ me conte o seu segredinho que a gente pode entrar num acordo’. Outra vez eu estive atônita com a minha prima, nesse momento tentei ser esperta embora ela já soubesse de tudo, mas, o gostinho da ironia ela não teria por agora e talvez ainda demorasse alguns anos se acaso disso ela não esquecesse, mas a minha prima? Adora uma boa gargalhada!
Olhei nos olhos dela com um ar menina apaixonada que escondia um segredinho mesmo e disse; ‘ Vamos a matinê ao invés de irmos ao cinema e se você quiser ir...’
Ela pensou menos que um minuto inteiro e disse que estava combinado!
Voltamos para caso e tínhamos um segredo, pela madrugada até mais ou menos umas duas da manhã, sem acordar a minha tia, nós ligamos o computador para entrar numa sala de bate-papo e eu de pijama e pantufas cochilei...
De repente ela me acorda rindo, e fala baixinho; ‘ Mila, ele vai estar na matinê e na festinha de quinze anos...’, e eu olhei com ar de sono, muito sono para minha prima que tinha acabado de desligar o computador e já estava me puxando para irmos dormir...
No outro dia pela manhã acordamos super felizes, fomos ao supermercado com a minha tia, voltamos e fomos ao cinema num shopping perto da matinê, sinceramente nós duas parecíamos duas alienígenas horríveis porque estávamos muito coloridas, mas, essa era a moda naquela época, então meu tio mal foi embora e a gente pegou um táxi para a matinê.
Lá foi super legal, eu encontrei todas as minhas amigas, tudo deu muito certo, o nosso plano G era poderoso, não tinha como falhar e a única coisa que aborrecia era que eu gostava muito da companhia das meninas e ás vezes elas não me ajudavam muito com algumas coisas, com exceção da Chellynha que nunca deixou de me entender em momento algum e ela também tinha um segredo a parte e eu também, era assim, as meninas não sabiam quem era o menino que a Chelly era afim lá e nem o que eu era afim...
Ás vezes ficava um clima como se estivéssemos tirando as meninas, mas, não era bem assim, só não podíamos contar sempre tudo para todas as amigas não é mesmo?
Ah, e sabe de uma coisa? As meninas sempre pegavam um monte de meninos nessa matinê, eu e a Chelly éramos muito críticas, acho que por isso que nós sempre paqueramos os meninos errados, e nunca tivemos chances com os certos naquele lugar...
Mas por outro lado era muito divertido, pode parecer infantil, mas o que seria da literatura se ela não pudesse ser um pouco agridoce e relatar coisas infantis?
Nada seria assim como nada seria de mim e da minha prima se não voltássemos ao shopping a tempo do meu tio pensar que estávamos mesmo no cinema.
Conseguimos, fomos muito inteligentes e nossa estratégia deu tudo muito certo, embora eu tivesse que me ausentar trinta minutinhos mais cedo do plano G e as meninas terminaram de executá-lo sozinhas e foi um grande sucesso, o nosso cinema que era matinê apenas foi descoberta agora esses dias para trás que alguém contou antes que eu escrevesse tal história...
Voltamos para casa muito sérias, e meu tio meio desconfiado, e nada falava porque no fundo ele sabia que a vida também deveria ser feita de aventuras e ele confiava muito na gente porque sempre fomos muito responsáveis...
E o que poderia dar errado?
Chovia muito, muito lá fora e então ficamos com medo de não podermos ir a festinha, mas, a minha Tia do meu coração estava com um humor bom e disse apenas para esperar a chuva passar um pouco, e foi o que aconteceu.
Ao chegar á festinha, encontramos muitos amigos e foi muito divertido e por um acaso a Chelly apareceu pó lá com a irmã dela e isso mais divertido ainda...
Imagine duas super amigas numa festa? Fofocamos principalmente no banheiro a noite inteira e quando percebemos que os gatinhos estavam na festa, penso eu hoje que ficamos meio retardadas e em vez de dançar pertinho deles, ficávamos muito envergonhadas e resultado final?
Ninguém ficou com ninguém na festinha, apenas recebemos uma rosa vermelha que o nosso amigo Japa nos entregou e não contou nem sobre tortura quem mandou entregar e a minha prima e a irmã da Chelly também nunca contou, e sabe de uma coisa? Nós também não queríamos mesmo saber...
Hoje, ainda me lembro da chuva que também escorria de madrugada numa das janelas do salão de festas, assim como a chuva das janelas do anfiteatro e a chuva que escorre na janela do meu quarto quando eu estou tão sozinha e me perco em memórias como se fossem saudades que vêem fazer cócegas ao coração; saudades que vêem com o vento, mesmo vento que traz o cheirinho de chuva...







Wednesday, August 1, 2007

Pé de Vento ...


Ploft! Esbarrei no meu abajur e ele caiu no chão, e eu continuo aqui na minha cama deitada, contando ás estrelas brilhando lá no teto e sem coragem para levantar da minha cama, ligar o interruptor e ver qual foi o estrago dessa vez com o meu abajur detonado, sabe, pela janela está entrando um ventinho frio e o meu conforto aumenta ainda mais debaixo do meu edredom cor de rosa; eu não estou disposta a sair daqui para juntar os cacos...
Não sei por que o meu vizinho de cima inventou de ligar o som bem alto a essa hora da madrugada, tenha paciência, são exatamente três e vinte e um, incômodos no meio da noite e meu sono que até agora não veio, eu já contei carneirinhos, estrelinhas, soprei bolhas de sabão no ar, já tentei fechar os olhos com o ventinho frio passando rente a minha face como se fosse um carinho suave, já abracei o meu ursinho de pelúcia e apertei bem forte e fechei bem os meus olhinhos tentando imaginar um sonho bom, mas meu sono que não vêem e ainda esbarrei no meu abajur que fez um barulho horrível, tenho até medo de ligar o interruptor e ver o que aconteceu; eu; continuo indisposta a juntar os cacos e muito me ajuda a descansar este barulho no andar de cima...
Olhei para o lado e o meu despertador ainda silencioso marcava quatro horas da madrugada, o vento frio parou de entrar pela janela e agora eu ouvia além do barulho irritante e caipira do vizinho de cima, ouvia o barulhinho da chuva forte que caía lá fora e o meu sono ainda não veio.
Insônia? Sabe que a última vez que me aconteceu algo parecido foi na madrugada antes de viajar para o último carnaval, pois, eu passei a noite inteira arrumando a minha mala e trocando de roupas em frente o espelho feito uma boba desfilando as cores mais divertidas e imaginando em que ocasiões eu usaria os modelos? Falta do que fazer? Não seria isso e muito menos insônia, seria apenas a minha imensa coragem de ser inesquecível por onde eu passei ou a poderosa se você preferir! Tudo bem, você também pode rir...
Vontade de gritar, mas me contive! Posso eu chorar? Ah, esse meu vizinho de cima é um... Melhor eu não falar ou começaria a dizer nomes feios, palavras grandes demais sabe como é? Palavrões! E como se já não me bastasse o barulho que não deixa dormir, eu sinto vontade de ir ao banheiro, e culpa de quem? Claro que é da chuva, mas se eu estivesse dormindo eu não precisaria levantar e para ir ao banheiro e nem olhar os cacos do meu abajur, eu faria tudo isso amanhã de manhã ou não?
Tudo bem, do que adianta mesmo eu ficar discutindo com o tempo essas coisas agora não é mesmo?
Coragem foi tudo que eu precisei para me levantar muito apertada para correr até o banheiro sem cortar o meu pé nos cacos do abajur que certamente se espatifou no chão e acender o interruptor que estava um pouco longe da minha cama.
E no espelho a minha cara de espanto quando olhei o reflexo do meu abajur inteiro no chão sem quebrar nenhum pedacinho de porcelana, até parecia mágica, e então corri para o meu banheiro sem errar e entrar no meu guarda-roupa, então eu liguei a torneira porque tinha parado de chover e neste momento eu estava muito tensa para conseguir fazer o meu ‘xixi’ e eu precisava de algo que relaxasse sabe? Algo tipo ouvir um barulhinho da água?
Que alívio! Há tempos que eu não me sentia tão renovada mesmo sem dormir, parei em frente ao meu espelho com um ar de insônia você venceu e logo sorri porque o silêncio voltou a existir; e pouco saberia que era só o tempo dele pegar uma latinha de cerveja no congelador e fazer aquele barulho e ligar o som...
Sentei no meu travesseiro gigante, coloquei o abajur no lugar, e abracei o meu ursinho de pelúcia, sem nada pra fazer ou pensar, eu deitei na minha cama no escuro do meu quarto e comecei a olhar as estrelinhas mais uma vez...
A música entrava pelas frestinhas da janela, por debaixo da porta da sala de visitas, contornava a mesa de vidro, os quadros na parede da sala de jantar, e virava a esquerda e passava por debaixo da porta do meu quarto que permanecia fechada...
E quando eu estava começando a adormecer naquela noite terrível, o meu despertador que não sei por que eu o esqueci ligado, toca sem parar... Foi quando eu joguei o meu travesseiro nele e de nada adiantou, eu; não muito paranóica abri meu olhos de sono olhei para o lado e vi os raios de sol que brincavam com a minha persiana...
Pesadelo; era tudo o que isso poderia ser, eu não acreditei no que os meus ouvidos ouviam outra vez. Será que o cd furou? Será que ele tomou um porre nesta madrugada? Por que eu cochilei ouvindo esses versos e agora acordei com o mesmo zunido musical?
Vocês querem saber o que diz a música? Vocês querem saber quem é o meu vizinho?
“Ele acha que o dinheiro compra o amor, mas enquanto a gente briga por alguém, a gente fica sem ninguém...”
É o ritmo é até legalzinho, mas tenha paciência, eu tolero só mais treze minutos para ele mudar de música, de canção, de melodia, e parar com essa irritação, só o tempo que vou me levantar e ir até o banheiro vestir o meu roupão lilás, fazer a minha máscara de argila, colocar a minha touca colorida com creme no cabelo ou então eu vou reclamar e tocar a campainha e dizer umas boas verdades a esse bobão, que acha que só porque ele foi meu namorado e agora por uma incrível ironia do destino se tornou o meu pior vizinho, ele acha que ele tem o direito de me perturbar assim? Passado é passado, e os vizinhos à parte!
Treze minutos e nada, sabe de uma coisa? Cansei de tanto esperar, eu não agüento mais, eu não dormi nada e a culpa é toda dele!
Bllim, blom! Por favor, você poderia fazer o favor de desligar o seu som ou então mudar a cantoria pelo menos?
Irônico, ridículo, panaca! Ele apenas me olhou e riu, e como se não fosse suficiente me convidou para entrar e disse que eu podia usar o seu banheiro para que eu pudesse tirar a minha máscara de argila verde que eu havia esquecido sobre todo o meu rosto e enfim, eu estava mesmo disfarçada de monstro do lado Ness, e ainda pediu cinco minutos porque ele fazia questão que eu experimentasse as panquecas que ele aprendeu a fazer...
Meu coração não pulsava, eu fiquei atônita com tanta gentileza, mas, era certo que eu não poderia esquecer que ele não vale a pipoca mastigada de ontem na sessão do cinema que fui com as minhas melhores amigas...
Aproveitei para olhar a decoração que ele fez sem a minha ajuda, por que assim eu saberia se ele estava bem ou não sem a minha presença, coisas de mulheres espertas, e as minhas amigas leitoras devem saber como é e meus amigos leitores prestem atenção para não cair numa dessas!
Azar! Isso de fato me perseguia desde esta última trágica madrugada sem dormir, a torneira estourou o cano e foi água para todos os lados e a única coisa que eu podia imaginar era; tinha que acontecer isso logo aqui?
Não pude nem mesmo improvisar tentando fechar a torneira com um grampo por cinco minutos, tempo de dizer adeus e correr para a minha casa de onde eu não deveria mesmo ter colocados as minhas pantufas para fora do tapetinho da porta escrito; “bem-vindo”!
E não tive outra escolha a não ser gritar por ajuda, a quem? Pode rir, é claro que o dono da casa e meu ex-namorado e pior vizinho, mas continuo pensando que se eu o ignorasse e gritasse pela ajuda do zelador do prédio teria sido menos traumático.
O recinto era até legal, bonitinho eu poderia dizer, ele tinha aprendido a se tornar um homem organizado, eu só vi três cuecas jogadas no banheiro, um par de tênis debaixo do armário da pia, o tapete estava limpo e não percebi resíduos de urina ao redor do sanitário. Uau, será que ele é? Não, acho muito pouco provável isso, talvez á empregada tenha dado faxina ontem e embora eu e ele não tivéssemos mais nada em comum, eu confesso que até fiquei feliz de saber que ele não me esqueceu, pois não tinha nenhum vestígio de outra garota aos redores e claro, depois da madrugada aparentemente depressiva que ele passou com uma insônia horrível e algumas latinhas de cerveja e escutando a mesma canção que era como se o coração dele falasse, não poderia ser diferente, ele não me tinha me esquecido...
Pesadelo! Agora eu estava certa disso, eu toda ensopada com o meu roupão e de cirolas arrotas por baixo e sem sutiã e com pantufas de pelúcia cor de rosa na casa do meu ex-namorado e pior vizinho, era pesadelo.
Ele muito feliz veio correndo saber o que eu fiz dessa vez e apenas sorriu dizendo que esta torneira estava problemática mesmo.
Agradeci pelo uso do banheiro e disse que já estava de saída, mas, ele insistiu muito para que eu experimentasse as panquecas de chocolate que ele fez especialmente pra mim, mas, que na verdade não se chamavam panquecas e sim crepes, é que ele sempre confunde.
Não me importaria em experimentar as panquecas que na verdade eram crepes, afinal, ele foi muito gentil, mas eu estava muito ensopada foi o que eu disse e também sentia frio!
Ele me pediu desculpadas por ser tão desajeitado e logo pegou uma blusa enorme dele e me emprestou, dizendo que eu não precisava ter pressa para devolver e isso foi horrível porque era um pretexto dele para falar comigo outra vez...
Vesti a tal blusa gigante de pessoas grandes, e era pretinha, quentinha e estava escrito nirvana, é, coisa adolescente, do tempo que nos conhecemos talvez, o tal blusão ou um vestidinho fashion, estava um tanto desbotado assim como o que eu sentia por ele lá na escuridão do meu coração de pedra.
Sentei a mesa e foi uma manhã sem muitas conversas, já os olhares diziam mais do que as palavras, pesadelo, tudo sempre começa assim...
Abri a janela e veio um pé de vento enorme, sem querer deixei o cadeado da janela dele cair na minha sacada...
Imagine o que aconteceu? Yeah, fomos até a minha casa para buscá-lo e resolvemos assistir um vídeo antigo de quando nos conhecemos de uma festinha que fomos e que por acaso estava sobre a estante bem visível...
Insônia ou pesadelo, tanto faz, todas as mágoas voaram com o pé de vento que entrou pela janela e agora apenas estávamos muito atentos a tela da tevê para reviver tudo que nossos corações queriam mais uma vez fazer, ver o vídeo mais engraçado com a pessoa mais especial ao lado...