São Paulo foi o cenário para o meu aquário de pensamentos numa sexta-feira nublada, chuvas rápidas, céu cinza e a bandeira arco-íris colorindo a Avenida Paulista.
Depois de não dormir muito bem por passar a noite numa balada gay, percebi que a amizade está alem de uma identidade sexual, então esqueci que era uma heterossexual preconceituosa e na última quinta-feira eu apenas fui uma pessoa normal, não beijei homens e nem mulheres, não tentei ser bipolar sexual, eu apenas era uma Menina que passeava num Congresso super divertido e que por um acaso caiu de pára-quedas em meio a “Pride” de Sampa, a segunda maior Parada Gay do Planeta...
Conhecer acessões culturais diferentes é o que há, o mundo de regras bobas é para muitos e o sem regras, de paz e amor é pra poucos...
Yeah, por que não colorir um pouco do cinza do céu e fazer um pedido para os arranha-céus que cutucavam as estrelas cadentes ao cair da noite?
Bem-vinda a São Paulo, era junho, o dia dos namorados tinha passado e eu? Joguei ao vento a chance de ter alguém do meu lado...
No entanto eu não perdi os mais lindos sonhos que sonhei e nem mesmo as ilusões que nas horas tristes eu imaginei, a vida era muito mais do que um simples; ‘ eu te amo’ e ‘ vamos fazer alguma coisa juntos?’, viver era um aquário de experiências onde o peixe mais solitário e dourado era eu, e sabe por quê? Hoje eu não me lembro mesmo do que eu acabei de fazer á um minuto atrás...
Cochilei e acordei, minha amiga de infância e companheira de viagem me acordou com uma derradeira gritaria e alegria, mas, eu queria muito abraçar o meu travesseiro e dormir um pouco mais embora eu soubesse que os minutos ali eram preciosos e não podiam ser deixados para trás?
Foi quando eu acordei, disse pra Lylys ir tomando o café da manhã em paz, eu ia tomar uma ducha morna no frio daquela manhã paulista, vestiria minha saia xadrez e logo colocaria umas bolachinhas de chocolate na bolsa se mais tarde meu estomago desse um sinal de vida, então, ela poderia descer para o café e assim não nos atrasaríamos para uma aventura pela cidade que não conhecíamos muito bem, mas ainda tínhamos voz e mapas e isso era simplesmente tudo...
Frio, era tudo o que eu sentia, e não apenas o meu estômago arrepiando quando as borboletas voavam e eu lembrava do que eu mais queria esquecer porque aquilo tudo não daria certo, eu não queria sofrer mais ainda, eu queria apenas viver com um sorriso no coração que se sentia tão mal...
O meu banho estava muito quente e o ventinho frio que passava pela fechadura da porta arrepiava tudo, seria apenas o vento?
São Paulo, alguma coisa me dizia que esta cidade não seria apenas um cartão postal, e eu ainda não descobri o porquê dela tanto me lembrava o natal? Talvez um dia eu possa entender a semelhança entre o pinheiro de São Paulo e a avenida paulista iluminada numa bela madrugada...
Enrolei na toalha cheia quentinha, olhei para o espelho por alguns minutos e fiquei pescando idéias do meu aquário, imaginei como poderia ser se eu não estivesse sozinha nessa aventura e se acaso eu tivesse dito sim em vez de um não, se talvez meu namorado estivesse ao meu lado? Ops! Eu quis dizer que se em vez de estar sozinha, o Menino que poderia sim ser o meu namorado, estivesse ao meu lado?
Chato! Não gostei do espelho não, ele não conversa comigo, não me respondia nada e a minha cara de sono nem mesmo mudava? Melhor seria se disso eu não tivesse reclamado naquele minuto e ficado olhando irritada pro espelho por uns segundos, foi quando percebi a baratinha sinistra que caminhava rumo a porta e quem estava do lado da porta? Eu!
Gritos, mais gritos, gritos e gritos e subi em cima da cama e comecei a vestir a minha roupa e sem coragem pra fechar a minha mala e descer, agarrei meu ursinho de pelúcia, não ria de mim, eu sempre viajo e levo o Junior, o meu ursinho de pelúcia, e porque se chama Junior? Seria algo óbvio se eu lhe dissesse que ele é órfão de pai e mãe e talvez um dia eu o adote se eu talvez um dia fizer a loucura de me casar com sei lá quem? E se isso não acontecer, eu e meu ursinho saberemos do mesmo jeito qual a semelhança entre São Paulo e a noite de natal.
Lylys logo voltou do café da manhã, matou a sinistra e riu muito da minha cara, isso era fato. E antes que o imprevisto da barata tivesse nos atrasado, pegamos nossas bolsas, nossos milhões de dólares e fomos feito turistas passear pela cidade a fora onde éramos tão loucas que o lobo mau não poderia mesmo tentar nos entender ou então ele seria interditado em qualquer sanatório mais próximo...
Do Hostel, saímos a pé, fomos até a Estação da Luz, visitamos o Museu da Língua Portuguesa, existe um segredo entre eu, o museu e a Lylys, o qual será contado nem no próximo capítulo de uma viagem a Sampa. Depois visitamos a Pinacoteca, passeamos pelo parque que também era muito lindo, fizemos amizades instantâneas com uns meninos de lá e como se fossemos duas “estrangeiras”, sentamos no Pub da Pinacoteca e conversamos em inglês por um tempo, e quem é que nunca brincou de“ ah, eu não sou do Brasil!?”, e foi muito divertido, talvez alguém ache ridículo mas o que nos importa? Nada, simplesmente foi legal e isso é o que valeu!
Sem rumo e sem sentido, não sei dizer como perdemos os mapas, mas pedir informações e andar em círculos pode ser algo divertido se você realmente não souber onde está.
Conhecemos muitos lugares e como éramos milionárias turistas andamos a pé, de metrô e na volta para casa só pegamos um táxi porque estava muito escuro e de repente isso nos fez sentir uma sensação de estar em um lugar inseguro.
Mas, foi um dia super legal, fomos a Galeria do Rock e nem sabíamos que era dia dos ‘emos’ se encontrarem, bom, eu achei o máximo, adorava ver os modelinhos extravagantes das meninas e os meninos com estilo ‘The Strokes’, mas o mais bacana foi passar uma hora na loja de cds onde o vendedor era muito gato, penso eu que o primeiro cabeludo que eu achei lindo na face da Terra, mas, tudo bem, estava tudo sobre controle até a Lylys extravasar com as palavras e pedir implorando para ir embora porque ela preferia os morenos e o cara gato era louro e enfim, embora aquilo tudo fosse só pra zoar, porque ninguém ia pegar ninguém, nem trocar telefones, nem mesmo voltar a se ver um dia qualquer, eu dei uma risada, comprei um cd e a Lylys teve que esperar mais vinte minutinhos...
Surtos? Minha querida amiga teve alguns, e puxou meu braço desesperadamente e me arrastou para fora da galeria dos ‘emos’ que a sufocavam com tamanha dimensão de profundidade de caráter emocional.
Por um minuto o sonho de Lylys era voltar para o Hostel, mas, eu queria muito ir ao Shopping! Perfeito não é mesmo?
UHm, pegamos um metrô e caímos na Paulista, aonde vamos? Shopping Paulista a lá vista baby!
O mais engraçado começa aqui, eu carregava uma sacola enorme preta que mais parecia um saco de lixo daqueles de lixões de rua sabe?
Ao entrar no shopping logo tinha uma área de fumantes no final de um corredor, uma espécie de varanda sabe?
Lylys em seu vício fadigado pelo cansaço de andar comigo o dia inteiro sem nenhuma trégua, acendeu um cigarro de mentolado e disse para eu ir fazer as minhas comprinhas básicas enquanto ela segurava o saco preto e fumava tranquilamente e também descansava os seus exaustos pés...
Individualista eu, não queria incomodá-la deixando Lylys ali para olhar o saco preto e como não estava nem um pouco pesado, eu disse que eu o levaria comigo...
Louca? Foi só o que eu ouvi com um ar de pavor, e minha amiga disse;’ Você perdeu o real sentido das coisas? Você imagina mesmo que alguém desse shopping vai querer atender você com esse saco horrível e preto e que parece lixo?’
Amigas desde a infância e ela nunca teve um momento tão ‘paty’ assim, eu fiquei atônita e depois de uma risada, deixei o tal saco preto que tinha umas comprinhas da Rua Vinte e Cinco de Março, era uma Coruja de pelúcia que mal tinha nisso?
Algum tempo depois, voltei meio insatisfeita por não conseguir encontrar a Loja da Thaís Gusmão e comprar uma langerie divertida que brilhasse no escuro, mas pra que eu precisaria dela mesmo?
Sentei um pouco com a Lylys e demos boas gargalhadas, depois, peguei o saco preto do qual ela se envergonhava e ela as minhas sacolas de compras, fomos direto ao terraço comer pizza.
Voltamos de táxi, pois, já era um pouco tarde, mas não haveria problemas em voltar de metro se acaso o escuro fosse para duas meninas, tão inseguro?
Ao chegar ao Hostel, tomamos uma ducha e saímos pra balada, a Lylys sempre me proibindo de pensar em quem eu queria pensar e ela falava que não valia a pena e todas as desculpas que suas amigas de infância inventariam para você não ficar triste e não chorar e não borrar o lápis preto da maquiagem e enfim, sorrir mesmo que o coração começasse a se partir...
Não poderia ser diferente não, um dia fazia frio, chovia muito e fomos pra uma festinha, vesti um lindo vestido de inverno e não tive coragem de dizer para as meninas que eu queria um beijo do menino que...
Minhas amigas não iam achar legal, e eu fiquei mais reservada esperando se ele me desse mais uma vez moral, foi quando ele não veio atrás nesse dia depois de levar tantos foras e eu tentei disfarçar toda emoção que cedo ou tarde se aflora...
Outra vez no universo colorido de São Paulo numa noite única, uma cultura diferente que invadia a cidade por pessoas que traziam pensamentos de paz e amor e ensinavam que o diferente é tão simples e os outros insistem em descriminar e achar ruim...
Conheci tantas pessoas alegres e o Dj embora não fosse a partir desse dia o meu preferido porque algum motivo eu tinha pra isso, mas seria o segundo, pois, nunca teria ido numa festa tão animada, e quando á tristeza de simples lembranças fizeram cócegas no meu peito num brinde de keep cooler, minha amiga disse; ‘força, não chora!’, eu não chorei e não quis mais ir embora dormir...
O Dj resgatou do fundo do baú uma canção que simplesmente tinha tudo haver com aquelas lembranças...
Pode rir sim, ele tocou pra mim depois que eu pedi por um bilhete no guardanapo; ‘Anna Julia’, e a Lylys queria me matar nesse minuto, como ela mesma disse; ‘ ai que mico!’
Pista de dança um pouco vazia, ainda fazia tanto frio, nem tirei o meu casaco cor-de-rosa, e comecei a dançar bem no meio com todas as luzes a piscar e fechei os olhos sem medo como no dia que fiz uma amigona minha escrever num bilhete essa música e ao Dj mandar...
Crise de risos compulsivamente de ver a Lylys me olhando com os braços cruzados e um amigo nosso que era meio sonolento vamos dizer?
Enquanto eu agitei a pista de dança multicolorida naquela noite em Sampa, mas meu coração estava tão longe, era como se eu entrasse numa máquina do tempo e voltasse uns anos atrás pra uma festinha de Halloween em que eu fui vestida de bruxinha com uma roupa preta de odalisca que era improviso e tudo bem eu tinha meus quinze anos e ainda era muito bonita e magra.
No outro dia fomos para praia e em Guarujá eu não agüentei, enquanto Lylys tirava um cochilo na grama do calçadão, eu tirei minhas havaianas e caminhei beira-mar sem direção, sentei e olhei para as ondas pedindo por uma boa explicação, senti o vento bater em meu rosto soprando as lágrimas que caiam, andei, andei, andei e não me perdi, depois de algum tempo minha grande amiga me abraçou, conversou e me ajudou a sorrir...
E não sei mesmo o que há de errado quando você surpreende sua amiga de infância e ela de repente pensa que alguma coisa não era apenas uma bobagem de criança?
Depois de tanto tempo um coração ficar triste assim, talvez o problema não estivesse só dentro de mim!
Que confusão! Depois de uma semana pelo Festival de Cinema na Cidade de Goiás, eu não lamentei nenhum momento por esse segredo e a emoção em fusão, brincamos do jogado da verdade e eu blefei com medo que alguém o conhecesse e me perguntasse por que eu fui tão incoerente com um sentimento que de amor estava tão carente?
Blefes acontecem quando algo confunde a nossa mente e não se pode ter certeza de que não se magoara outra vez com o que se sente...
Pasma, foi como a Lylys ficou quando eu contei toda a verdade para ela, e depois disse que uma de nossas amigas já sabia.
No entanto ela riu demais e me contou um segredo antigo, aqueles segredos de anos atrás...
Com os olhos cheios de lágrimas, soluçando, eu pensei que era uma bobagem porque uma amigona nossa também gostava muito desse garoto, mas, uma das minhas primas o beijou primeiro e isso foi como fazê-lo virar gay!
Deitadas na grama e bebendo coca-cola e comendo chocolates, rimos até doerem nossas barrigas e depois choramos também, a Lylys chorou de rir de tudo isso e eu chorei de desespero por que não tinha nada para ser feito...
De repente um carro buzinou desesperadamente e era uma Ferrari conversível com uns surfistinhas lindos, mas, eu e Lylys estávamos tão acomodadas na grama rindo de umas coisas legais que fingimos que a buzina não era pra gente e logo eles foram embora, seria de fato o que aconteceria mais tarde se por acaso tivéssemos pegado uma carona na Ferrari pra fazer um tour pela cidade, mas as risadas eram as melhores lembranças que poderíamos ter talvez algo concreto ficasse chato depois...
Voltamos para casa, a viagem foi super divertida e ainda nos restava um jogo da Copa para compartilhar uma derradeira bebedeira com os amigos...
Banho, cama e esquecer da minha mala, eram as únicas três coisas que eu conseguia pensar naquele momento, aliás, será que valeria a pena ser tão patriota naquela Copa?
Algum tempo depois e nada mudou, o coração se calou lá em São Paulo algum segredo ficou e uma lição eu aprendi; ‘ não deixe de viver um minuto mesmo que suas amigas vão rir! E assim você um dia terá ensinado as suas amigas pro que vale a pena nessa vida sorrir?’
Um brinde ao sorriso mais sincero que eu pude ter quando o meu coração em meu peito não merecia nem um segundo meus sentimentos puros saber, mas quando as minhas emoções foram sinceras, eu pude recomeçar a pensar em um jantar a luz de velas...
E quando o próximo inverno chegar outra história poderei contar, algo como o show dos Los Hermanos na companhia de bons amigos na última primavera quando ele me deixou tão sozinha e embora eu merecesse todo esse gelo, eu ainda assim escrevi cartas de amor e não mandei, e fiquei no vento frio com boas amigas e amigos cantando versos de amor; ‘Há muito uma menina vêem maltratando o coração de um amigo meu, eu acho que ela já chorou mas acho que ela também já se esqueceu, então por que pisar no coração que ama e deixar ele sozinho sabendo que sua vida mais que tudo necessita de carinho. Babi, não maltrate o meu amigo, pois eu sei que o seu coração só pensa em ti!’
Legal! Clá olhou pra mim e deu uma risada enorme, com quem diz; ‘ que música amiga?’
Tentei ser mais forte do que a razão dos meus pensamentos que nadavam feito peixinhos dourados no meu aquário de memórias e talvez isso fosse em vão.
Algum tempo depois, há tempos que a saudade era o mesmo que inimizade entre eu e meu coração...
Hey, queria mesmo saber por que o meu coração se sente tão mal?
Hoje, um velho conhecido meu, dono de um carro lindo, conversível, enfim, o cara que todas as minhas amigas queriam ter até mesmo deitado no sofá da sala, convidou pra sair e pra ver as estrelas do céu, mas não queria jogar o meu tempo ao léu...
Fiquei pensando porque Deus não dá asas ás cobras?
Não quero ofender ninguém, mas, existem tantas meninas que adorariam sair com um cara com tamanha aparência, bonito, bem formado, não vou dizer culto por que, nunca escutei ele dizer nada inteligente e talvez este seja um dos grandes motivos pra não existir um romance entre a gente...
Não vou me gabar dizendo que eu nunca passei por uma fase boba na vida, e como eu acabei de dizer; fase boa que passa. Melhor ainda se esta fase for ao começo da sua adolescência onde tudo era tão cheio de brilho e cor-de-rosa e de repente, ploft, você muda e começa a colorir a vida com outras cores, aprende a usar a aquarela e encontra no amor e no interior das pessoas bons valores.
Bléh, vamos voltar ao assunto?
Nem todas as meninas pensam que o amor é um sentimento puro que deveria dominar o mundo e por isso cantam; “ alegria é poder estar ao seu lado e te ter como namorado”...
Sinceramente não seria mesmo mais fácil ser como todas as outras e mais uma vez deixar a vida se tornar uma grande estupidez humana por alguém capaz de satisfazer todas as minhas manhas?
Quando se vê que muitos caprichos que ele poderia me dar, são valores da espécie humana que eu poderia apenas chamar de lixos?
Hoje, não me senti a pior das criaturas por dizer não a um cara que se gabava por culturas, mas não sabia me contar sobre a história de nenhum museu e quando disse que conhecia a literatura não sabia me dizer qual era a sua preferida leitura!
Com licença, eu sou educada, então agora eu posso rir?
Não sei onde é a área reservada para risadas, talvez, na área reservada para fumantes?
Mas muito feliz estou por não mergulhar nesta cilada e insistir em levar a sério um romance que começa com um anel de diamantes?
Deixe-me rir, por favor? Eu estou a borbulhar de risadas e isso até me faz sentir dor...
Muito obrigada pela companhia e desculpe-me por não ter o beijado e nem mesmo poder novamente estar ao seu lado, mas é que tenho um coração vivo que insiste em sofrer calado e embora você tenha tanto poder, o que eu sinto não está na prateleira do supermercado e por isso pensei que fosse melhor, ser a mais sincera, sem querer te deixar magoado.
Há tempos eu conheço você, nossos pais são grandes amigos, mas lamento ter sido educada pela vida onde também já fiz escolhas erradas no passado, e você sempre esteve onipotente com seu cartão de crédito ao seu lado...
E talvez as minhas escolhas nunca tenham sido matérias, mas foram estéticas escolhas pessoais, erros de meninas novas, amigas loucas, erros que não se repetem agora...
O mundo depois disso girou e só você quem não notou?
Há tempos se tivesse pedido a minha mão para uma dança, eu dançaria pelo seu ar de elegância e seu olhar por que você nunca foi feio, mas hoje eu encaro valores matérias e estéticos com algum receio.
Sorte pra quem aprende o que é certo quando ainda é quase criança, por que hoje o arrependimento não ficaria só nos passos desta dança...
Sabe de uma coisa? Senti vontade de escrever num papel a minha agenda de celular, você teria tantas amigas pra telefonar e quem sabe o seu carrinho sem teto e com invisíveis asas poderia voar?
E por favor, não insista mesmo que na dança você mantenha respeito por chamar o meu pai de tio, mas com você nunca senti nenhuma borboleta sobrevoar o meu umbigo.
Borboletas bobas no estomago e joelhos que tremem claro, isso não acontece só nos filmes de Hollywood, e nem tente mudar o seu papo rude, eu já disse que eu não quero fazer nada que você se ilude.
Fui embora com a Clá, era a única amiga legal que nesse momento eu poderia conversar...
E neste último inverno viajamos pra um lugarzinho longe, cidadezinha cheia de montes onde os valores humanos mais belos nas telas de cinema se escondem...
Contei pra Clá que eu estava tão feliz por não ter deixado o meu tédio me dominar e a vontade de sair e rir um pouco...
Falei sobre o Menino filho do amigo do meu pai, contei sobre os presentes, sobre o anel e os bombons, contei sobre o que eu disse não e como eu poderia dormir colocando leve a minha cabeça no travesseiro nesta noite com raios e trovão...
Presentes são apenas presentes, e nada além do anel eu devolveria o anel porque simbolizava um pedido, um carinho, um sentido, um mimo ou capricho que ele poderia comprar mas que pra mim nenhum dinheiro do mundo poderia pagar.
Mais uma vez a história de inverno, um carro conversível desprezado, garotos ricos e bonitos no vento jogados e o que fazer pra não querer isso?
Talvez se divertir na grama rindo com as amigas, ou tomar sorvete no pote com colher e outra vez rindo com as amigas...
Ao meu coração o dinheiro não paga as alegrias, e embora alguém queira me dar uma camisa de forças, eu simplesmente pro sanatório não iria, por que, no meu atestado o psicanalista, o psiquiatra escreveriam que eu sou uma menina simplesmente normal demais pra não se corromper com o mundo aqui fora, e isso tudo é berço e cultura, é vida dentro de algum livro de uma literatura real que pra quem ocupa a mente começa a entender o verdadeiro sentido que faz a vida ser tão especial...
Um amor de garoto, ele é lindo e disso não tenho dúvidas, mas o que fazer se ele não pôde me convencer de que sabe falar sobre alguma coisa além da cor do carro que ele tem ou dos perfumes e meias que ele comprou na Suíça?
Muito chato isso tudo o tempo todo irrita, e não me arrependo por não ter o beijado, então, você ainda não sabe por que eu preferi as minhas amigas e meu sorvete de colher bem gelado?
Risadas para saber que ele não é único e que as pessoas são muito diferentes mesmo com as mesmas oportunidades ou não, e embora filho do amigo do meu pai não seja o meu parente, não há chances de existir um romance entre a gente por que não importa se é rico ou pobre, se estava a pé ou no carrinho mais badalado da cidade, o que importa era o que ele sentiria o que tinha por mim no coração?
Um brinde a toda felicidade que se encontra em meninas que pensam no aquário do mundo com um pouco de emoção.
Uns dias se passaram e tudo voltou ao seu lugar, ele foi embora levando outras meninas pra dar uma volta, pra mim e pras minhas amigas, o que fica são risadas na memória.
Boo, por que meu coração se sentia tão mal?
Não era por se arrepender de nada, nem por comparar ninguém, era apenas por estar tímido em dizer tudo o que sente quando as emoções vêem...
Sabe, naquela manhã cinza em São Paulo eu aprendi que se gritar ao vento um bom pensamento é melhor do que deixá-lo num aquário de idéias, a vida se torna toda colorida e por que não ser vivida?
E o que me falta é coragem pra sair desse faz de conta de peixinho dourado, e dizer que não me esqueço de nada e que esconder o que sentimos é uma grande bobagem e então por que deixar um coração se sentir tão mal se o mundo pode ser tão colorido?
Hoje, eu só queria lhe dizer; ‘ vamos colorir o nosso segredo mais antigo?’