Friday, December 21, 2007

Capítulo 19 _ Livro Aberto; O diário de Julie



Borboletas no Aquário


Imagine se você for capaz...
As borboletas no aquário lá na Casinha de Sapê?
Talvez em suas confusões mentais as árvores conversassem com bocas enormes como se fossem te engolir, as nuvens estivessem mais baixas, próximas ao chão, os pássaros enormes, quase dinossauros, os frutos das árvores gigantescos, aliás, você tinha que ter muito cuidado com as maçãs, pois algumas caiam dos pés, cuidado com os grãos de pólen, pois, as abelhas não dispensavam a oportunidade de dar a vida ao mel...
Medo! Frustração por si mesma apenas! Singularidade extremista! Amor próprio desiludido da vida! Insegurança! Bobeiras! Idiotices que cometemos quando menos esperamos, mas que vêem pra jogar coisas na nossa cara, coisas que ainda não entendemos!
Bléh, e ao observar as borboletas no aquário, Julie, percebeu que não importa o que fizeram com o seu coração, se fizeram um mosaico de seus sentimentos, o que importa é hoje quem o admira e vê...
E se a gente se fechar em comparações, é como se estivéssemos empoeirando este mosaico, deixando embaçada a beleza que ele é, escondendo todas as cores do amor, dos olhos de quem o admira e vê...
E aconteceu um contratempo entre Julie e Jim, algo ruim, algo bobo, empoeirou o mosaico dos sentimentos e derramou a água das borboletas do aquário...
As borboletas saíram voando e gotejando pingos d’agua, como se fossem lágrimas fragmentadas, enquanto, Jim, se magoou por não conseguir entender o segredo do mosaico e ver todas as cores que poderiam estar refletidas no prisma do seu coração!
Ele saiu, disse que não queria conversar com ela naquele momento...
Ela chorou, sentiu se tirada, largada, magoada, errada, ela logo parou pra pensar e reconheceu seu erro, logo deixou um recado de desculpas, escreveu tudo o q eu seu coração sentia, quebrou o mosaico e o refez sem comparações, sem explicações, ela jogou água no mosaico, tirou a poeira, se libertando aos poucos de todo medo e inseguranças, ela deixou o coração de mosaico em pedacinho ali...
Julie pediu para que Jim lhe ajudasse a reconstruir o mosaico, da forma mais bela que os olhos dele poderiam ver!
Jim, ainda magoado e com razão, deixou ela de castigo esta madrugada, foi dormir...
Julie e Jim aprendem com tudo isso que nenhum dos dois é perfeito, mas que podem ser os melhores juntos no que fizerem...
Nos sonhos que puderem ter que buscarem, ele precisa ajudá-la a ser forte, mostrar pra Julie o quanto a imagem do mosaico é real; Julie, precisa confiar mais, acreditar mais, olhar profundamente pro abstrato infinito do seu coração de mosaico e conseguir ver que o Jim está lá...
Juntos! E aos poucos eles vão vencer, aliás, quem sabe briguinhas assim, eles não ‘acontecem’ pra mostrar o que está passando despercebido?
Julie e Jim deixaram passar despercebido o reflexo mais lindo de suas ações, ele por esquecer um pouquinho da fragilidade de Julie nesse momento em que as borboletas saíram do aquário e Julie, por ter guardado insegurança e medo...
No entanto, são fatos, são lágrimas, são magoas passageiras e necessárias para que eles possam se entender melhor e logo, logo dar risadas juntos outra vez e sentir que as borboletas estão rodando ao redor, trazendo um arrepio, um sussurro de boa sorte e a paz em seus corações...




Enquanto isso, Julie levava sua vida meio triste, incompleta e vazia!
Numa tarde de domingo saiu com a sua amiga Ruiva ( Fer) pra dar uma voltinha...
E o tempo passa no ritmo da canção que dizia: ‘ Da janela lateral, do quarto de dormir, vejo uma igreja, um sinal de glória, vejo um muro branco e um vôo do pássaro, eu vejo uma grade e um velho sinal... Mensageiro natural, de coisas naturais, quando eu falava dessas cores mórbidas, quando eu falava desse temporal... Você não me escutou! Você não quer acreditar, mas isso tudo é tão normal... Eu apenas era cavaleiro marginal, pulava em ribeirão, cavaleiro negro que me deu mistérios...’
---Julie, relaxa amiga, vai ficar tudo bem!
---Será?
---Claro que sim!
---Fer, ele está tão grilado comigo!
---Ah Julie, também não é pra menos né...
---Unf!
---Mas relaxa Julie, não chora não, tudo vai ficar bem...
---Será Ruiva?
---Lógico Ju!
---E o que eu devo fazer agora?
---Nada, você já fez tudo que podia!
---Éh, você tem razão, eu vou esperar uma reação dele...
---Ah, ele gosta muito de você, por isso que ficou tão chateado, mas pensa que quando vocês fizerem as pazes tudo ainda será melhor...
---Será?
---Certeza que sim! Ás vezes, as pessoas se desentendem pra pensar e depois fazerem as pazes, ás vezes, isso é um mal necessário!
---Espero que não demore muito então, porque eu estou com saudades...
---Ju é certeza, de que ele também está com saudades de você!
---Uhm! Tomara! Porque eu estou com muitas e; eu gosto muito, muito dele...
---Relaxa Julie!
Saíram, deram algumas voltas ao shopping, depois foram comer uma coisinha pra forrar o estômago, jogaram muita conversa fora, encontram algumas amigas por acaso e voltaram pra casa pra dormir...
Poucos dias depois, Jim ainda um magoado, saiu com Julie, foram á um Pub, dançar e se divertirem.
Ao chegar ao Pub, estava tocando uma banda; Engenheiros do Hawaii, era uma banda brasileira, super da hora, muito massa mesmo, algumas canções eram cantadas em inglês, outras em português, era muito bom...
Uma canção dizia assim; ‘ Diga a verdade ao menos uma vez na vida, você se apaixonou pelos meus erros, não fique pela metade, vá em frente minha amiga, destrua a razão desse beco sem saída... Diga a verdade, ponha o dedo na ferida você se apaixonou pelos meus erros, e eu perdi as chaves, mas que cabeça a minha, agora vai ter que ser para toda vida... Somos o que há de melhor, somos o que dá pra fazer... O que não dá pra evitar e não se pode escolher... Se eu tivesse a força que você pensa que eu tenho, eu gravaria no metal da minha pele o meu desenho, e feitos um pro outro, feitos pra durar uma luz que não produz sombras...
Somos o que há de melhor, somos o que dá pra fazer, o que não dá pra evitar e não se pode esconder...’
Foi rodando os ponteiros no relógio, foi se fragmentando em pequenas grandes ações o tempo do relógio...
Naturalmente, fizeram as pazes, tudo estava bem, coração pulsando e uma canção na mente de Julie; que dizia:’ Eu quem falei nem pensar, agora me arrependo roendo as unhas, frágeis testemunhas de um crime sem perdão, mas eu falei nem pensar, coração à mão como num refrão de bolero, eu fui sincero como não se pode ser, e quando acaba a bebedeira, ninguém consegue nos achar, num bar, com um vinho barato, um cigarro e um cinzeiro e uma cara embriagada no espelho do banheiro, teus lábios são labirintos, que atraem os meus extintos mais sacanas, o teu olhar sempre distante, sempre me engana e eu entro sempre na tua dança de cigana...’
Se analisar pausadamente a canção, talvez o momento seja muito menos denso do que ela...
Talvez se os sentimentos á momentos fossem comparados a Schopenhaeur, pudéssemos então dizer com clareza que a profundidade poética seria a mesma, seria uma canção, seria uma trilha sonora...
No entanto, era apenas uma canção, dos Engenheiros do Hawaii, canção que Julie já ouviu em uma de suas viagens ao Brasil, a qual não deixava de ser algo a mais do que um barulhinho...
E quando se diz; ‘Seus lábios são labirintos... E eu que falei nem pensar, e eu falei sem pensar...’, talvez esse trecho fosse simplesmente o real dentro do abstrato perfeito de Julie.
Voltaram para casa. Se despediram e combinaram segredos. Quais? Não vou falar agora nas próximas entrelinhas...
É engraçado pra mim, ver meus leitores curiosos, roendo as unhas e mal sabem vocês que são minhas frágeis testemunhas de um crime com perdão...
E qual é o crime?
Preste atenção no diálogo:
---Julie você já inventou desculpa pra sair de casa?_ Camila
--- Já! Você quer dizer mentirinhas do bem né?
---Mentiras nunca são do bem, mas aquelas desculpinhas pra sair de casa?
---Hahahahaha, eu já e você também...
---Julie, acho que essas Deus perdoa...
---Quais Cah?
---Ah, essas desculpinhas que todo mundo já inventou e inventa pros pais...
---Bléh, sabe de uma coisa, somos apenas iguais aos nossos pais, é lógico que eles com a nossa idade faziam o mesmo...
---Julie, você tem razão! Até mesmo porque eu acho que essas mentirinhas quando chegam a caixa de e-mail de Deus, ( com todo respeito), já são deletadas automaticamente...
Ernane que só ouvia a conversa resolveu questionar:
---E quando minto pra namorada?
---Pra namorada ou namorado? Pra eles são enviadas as mentirinhas da mãe e mais quatro... _ Cah
---Verdade! Se eu fosse você nunca mentiria! Coisa feia! _ Julie
---Ah ta, o mais importante!_ Ernane
---Que mais importante? Ficou louco? Pra namorada, namorado a gente não mente não ô Ernane!
---Isso mesmo, a Julie tem razão...
---Ah, Camila, você e a Julie tem muito o que aprender...
---Não não temos não!_Ju e Cah
Ernane se levantou e saiu...
Legal o dialogo!
Espero que principalmente aos meninos, tenha sido clara, pois as menores mentirinhas são as que mais doem...
São como aqueles machucadinhos pequenos, que ardem pra caramba, mais do que cair de bicicleta e ralar todo o joelho...
Então, lá no seu quarto, sozinha, Julie estava ouvindo dos Engenheiros do Hawaii...
Julie esperava o telefone tocar...
E a canção dizia mais ou menos assim; ‘ Você me faz correr demais os riscos dessa highway, você me faz correr atrás no horizonte nessa highway... Estamos sós e nenhum de nós sabe exatamente onde vai parar, mas não precisamos saber pra onde vamos, nós só precisamos ir, não queremos ter o que não temos, nós só queremos viver, nessa infinita highway... Escute Garota, o vento toca uma canção dessas que uma banda nunca toca sem razão... Estamos sós e nenhum de nós sabemos onde vai parar... Atrás de motivos escondidos nas entrelinhas dessa highway...’
Julie estava feliz, hoje, aprendiz, bruxinha, maçãs da face avermelhadas, olhos brilhando longe nesse horizonte da infinita highway...
Existem segredos escondidos, escondidos pelas curvas dessa Highway...
Segredos nunca encontrados, segredos que um dia serão procurados...
Bléh, aqui temos a banda que nunca toca uma musica sem razão e a Julie que sabe como oscilar ou fazer fusão da sua razão e coração...
Aloha...

No outro dia pela manhã...
Julie acordou triste, sem entender porque tudo dava errado pra ela...
Porque seus Pais eram tão chatos, porque o mundo era tão chato e porque as coisas nunca eram alcançadas...
Talvez a família tenha sido pouco citada neste livro, mas neste momento todos eram muito chatos com exceção da sua Avó, da sua prima Patty, do Marcelo e da Tia Yara, da Tia Irma, Juliana, (essas pessoas em exceção porque a mimavam)!
Do contrario todos tinham feito alguma coisa pra atingir sua triste natureza sem humor que permaneceria uma semana se acaso não fosse diagnosticada com boas risadas e carinho a tempo...
Sabe, tudo o que a Julie precisava é de um pouco de atenção, e mesmo seus Pais e sua Família sendo as coisas mais importantes do mundo, neste momento só uma pessoa a compreenderia, e seria o Jim mas como ele estava dormindo, mortão de tanto sono, então seria o seu ursinho de pelúcia, já que as melhores amigas que Julie teve na vida, sem querer ofender a Francelle, a Mila, Fernanda, Patty, a Belle, a Lud, a Lala, Lola, LYLY, e a Vivian uma amiguinha que ficou lá na terceira série do ensino fundamental, mas sem querer ofender mesmo, suas melhores amigas tinham sido a Layka, a Lassie e a Kate! Quem são elas? Alguém pode adivinhar?
Yeah, suas cachorrinhas! As cachorrinhas companheiras da Julie! Todas MORTONAS! Mas quem sabe o espírito delas poderia ouvir uma lagrima de Julie que derramava de seus olhos, percorria sua face maquiada, seus olhos borrados de lápis preto, suas maçãs avermelhadas, seu vestido preto e novo, enquanto ela se apoiava na janela e olhava pro céu de estrelas e enquanto não encontrava a estrela cadente, cantava baixinho; ‘ brilha, brilha, brilha estrelinha...’, mas Julie estava tão tristinha e tão sozinha que o som que vinha baixinho do prédio em frente, vinha da janela de uma menina que foi sua amiga mas que depois a enganou, e olha como as coisas são pertinentes? Estava tocando Sweet Child O’Mine... E o que há de demais nesta canção? Tudo!
Ju, soluçou, engasgou com seu choro, então seu ursinho fez o unicórnio da cortina da sua janela voar, foi até o som da Menina Traíra, desligou o da tomada, cuspiu e pregou chiclete nos buraquinhos da tomada dela... E ela ficou feito uma bestona sem saber o que estava acontecendo até que ela olhou pra tomada do som e logo viu o ursinho montado no unicórnio voando e rindo dela...
A MENINA CHATA TRAÍRA:
---PORQUE VOCÊ FEZ ISSO?
---PORQUE VOCÊ É CHATA, VOCÊ INVENTOU MENTIRAS DE PESSOAS LEGAIS, VOCÊ FEZ O MAL PRA PESSOAS DE BOM CORAÇÃO E PORQUE JÁ ESTÁ TARDE E VOCÊ FICA COM ESSA CANÇÃO IMPERTINENTE FAZENDO MENINAS BOAS SOLUÇAREM...
Bléh, ai o ursinho vôo com o unicórnio Feliz, pegou um lencinho de seda da árvore do jardim mais belo, vôo mais depressa e enxugou as lagrimas de Julie. Não era atoa que a Julie dormia com seu ursinho todos os dias...
---Ursinho porque você fez isso?
---Porque você estava sofrendo de saudades com aquela canção...
---Ah, mas como ela não poderia saber o que estava acontecendo aqui...
---Não, não poderia mesmo, mas pra ela largar de ser má, eu fui lá e dei o troco!
---Ursinho, você não me faz feliz quando é vingativo!
---Julie, seu coração é muito bom, por isso que você ás vezes é tão trouxa!
---Ursinho respondão!
---Julie trouxa!
---Vai cagar seu chato!
---Sou de pelúcia apenas... Hehehehehe
---Que raiva de você!
---EU TE AMO!
---EU TE ODEIO!
---ODEIA NADA!
---ODEIO SIM!
---VAI VOAR URSINHO PELA JANELA...
---NÃO, JULIE, NÃO...
---OWN, OWN, OWN, PLOFT!
---PLOFT! PLOFT! PLOFT! Ela fechou a janela, deitou e ficou olhando pro teto...
---Julie! Deixa-me entrar?
---Julie, deixa-o entrar?_Unicórnio
---Não!
---Ju eu vou chorar!
---Chora! Ursinho mal dorme do lado de fora!
---Jujuzinha do meu coração, que culpa eu tenho de você estar na TPM?
---Ursinho, desaforado não tenho, TPM, estou apenas com um descontrole de humor da natureza por uma semana, que espero eu, que seja legal caso seja diagnosticada a tempo com muito carinho e boas risadas...
---Tá bom Julie! Mas’deixa eu’ entrar, aqui faz frio...
Ela, era uma Menina muito boa, por isso abriu a janela e...
---Entre sem bater ... Por favor, bata a janela ao sair! Não há incômodo com fumantes, Logo ali há uma varanda reservada, Talvez você aceite um café? Ah, não gosta? Que tal, um chá gelado? Também não? Yeah, está difícil lhe agradar... Mas uma água com gelo, Você também exita em aceitar? Não? Ah que ótimo! Eu sabia que pelo menos isso... Entre, fique à vontade... Talvez nem tão à vontade, Aqui existe calor, mas faz frio!
--- Porque você leu esse trecho triste e decorado, do seu diário?
---Porque e u to muito tristinha!
---Ju, você me desculpa?
---Ahan.
---Posso dormir com você? Estou com frio!
---Não, ainda estou de mal...
---Mas você não me, perdôo?
---Sim! Mas não pra dormir comigo... Me dá um tempo ursinho!
---E você vai conseguir dormir tão sozinha?
---Já estou não estou? Então durma aí no puff perto das fadas da janela e do unicórnio... Ou se quiser debaixo da cama perto do criado mudo, perto das bruxinhas, gnomos e duendes ou na estante perto dos anjinhos, de Deus!
---Julie porque você se entristeceu mais comigo?
---Porque eu já ensinei pra você várias vezes que não desejamos nada de mal pras outras pessoas e hoje você se vingou da Vivian, pessoa que eu já perdoei!
---Mas pensei que...
---Ursinho você não pensa! Eu já te ensinei que tudo o que desejamos de bom ou ruim, volta em triplo pra gente... E eu to muito triste e com muito medo de verdade que esta semana seja ruim, que esta onda de ‘vodoo’ que durou este final de semana se esparrame durante a semana de feriados...Bléh, eu só queria não sentir tanta saudade, eu queria atenção, carinho, eu queria sorrir de novo pro vento feito boba e sentir borboletas no estômago...
---Unf!
---Pode vir dormir ao meu lado, ‘eu tenho medo do escuro, inseguro’...



by: Ludmila Naves!

Sunday, November 25, 2007

Don't worry me!

♥ Metamorfose ou retrospectiva? Ela resumiu tudo em doces ou travessuras?No minuto que a Menina anestesiada pelo abraço da vida, se confundiu no conforto do destino, quando acreditou que o mais sério era o melhor, que o rótulo da bebida sem álcool lhe faria algum bem ou que era uma boa Garota, por falar baixo e respeitar os mais velhos?Talvez, a parada gay, os cigarros de chocolate, o álcool da sprite e a mísera condição de ser feliz se resumissem não em passeios ostentados pelo “salto mais alto”, nas baladas mais caras, com as pessoas mais chatas, no mundo mais rotulado de todos onde o nada era simplesmente tudo? Insanidade é a sua, não a dela de não perceber como há muito mais “glamour” no all star cor de rosa, uma mini-saia xadrez, vinho tinto e violão, alguns bons amigos reunidos na grama, o frio da madrugada nas trilhas de pedras, o cabelo esvoaçado ao vento, um arrepio no coração, a vontade de dividir um chá mate bem gelado, a fogueira, o clarão, o cinema, os fanfarrões, dormir com urso de pelúcia, estar só, estar entre amigas, estar com o coração marcado por um Conto de Fadas, onde a Bruxa e a Fada são super amigas, e juntas transformam o Príncipe em Sapo, pelo simples fato de ser muito mais divertido?Insano? Pode crer em tudo que você lê, e eu ainda lhe diria, pode acreditar em tudo que você vê, na imagética profundeza dos olhos da Menina, onde duas bolas de gude verdes se perderiam sem se ver, onde, o tempo nunca parou de correr, embora, pra você viver o minuto seja simplesmente a hora de perceber que a Menina, nunca foi insana o suficiente por correr descalça pela grama em dia de chuva, viver a real utopia dos sonhos, ser figurante do plano mirabolante que todos os Pais fazem e ainda com um tom de voz doce e nervoso gritar com muita educação: Desculpe-me, eu sou apenas tudo o que eu posso viver, o tudo pelo qual meu coração há por bater...Yeah, a Menina que viveu uma grande metamorfose, pouco se queixa de sua retrospectiva, no tempo em que as lágrimas já se foram, como água que do chuveiro cai e se escorre pelo ralo... Adiante, não tão feliz, mas, confiante, a Menina experimentou o doce quando escutou á tudo e á todos e se rotulou sem se conhecer e ás travessuras quando teve coragem de segurar firme a mão que lhe entregava uma pétala de flor, pois, o último bom rapaz de toda essa história lhe dera uma rosa, que nunca pôde ser imagem de amor ou fragmento insano de um devaneio de sua memória...Muito prazer, ela lhe dizia quando você sorriu e ela sem querer partiu, e levando no coração que brilhava tanto a melhor recordação de poesias escritas em folhas que caiam das árvores no outono e dos vidros embaçados do último inverno... E quem poderia saber o que haveria de ser no próximo verão? Depois que a primavera se recolhesse e toda forma de orgulho se perdesse, ao vento, ao relento, ao brinde de bebidas sem rótulos, na magia daqueles que á noite dançavam na chuva descalços... x)~° Porque no final, a Menina nunca haveria andado por trilhas erradas, ela, estava apenas lutando o tempo todo contra tudo para sobressair quem ela era de verdade ...Surpresa? Sim, pois, ainda que no fundo de seu coração ela soubesse que sua Mãe era a pessoa que mais lhe conhecia e em mensagens incrivelmente subliminares aos poucos aceitaria a melhor filha que ela poderia ter, a Menina esquisita, amiga, que nunca foi feliz num Mundo pequeno e normal e que sem querer querendo, provou á todos que o diferente não há nada de mal ...Choveu o mundo afora, naquela tarde que da Bisavó ao Papagaio de estimação daquela ITaliana família, todos ainda que cabisbaixos deram a sentença final: "A Menina é incrivelmente inteligente e normal, ao seu modo de ser natural ..."E por um minuto silenciou-se tudo outra vez, foi o susto, foram as palmas dos primos que gostariam de se atrever como a Menina fez...
Clap! Clap! Clap! \O/\O/ aloha ° ♥

Sunday, October 14, 2007

Trecho do : 'O Diário de Julie'


CAPITULO 12
REDEMOINHOS



Redemoinhos brincavam de fazer barquinhos dos neurônios de Julie!
Uma dor de cabeça horrível, uma chuva sem fim que caía lá fora, um monte de coisas pra fazer da faculdade, um dia de semana comum, caiu a energia por alguns minutos, banho frio, bolas de sabão, toalha colorida, sonhos antigos se escorrendo pra uma outra dimensão, aminoácidos, shampoo, espuma, banho quente, esponja, sabonete escorregadio, pentelhos, complicado emprestar o banheiro, mas não há problema assim como diários antigos se perderam no tempo, foram carregados pelos redemoinhos, e por incrível que pareça se salvaram os minutinhos mais fraquinhos, menores, nobres, enfim, o minutinho ultrapassou todo o redemoinho...
---Julie, querida! Tem uma correspondência pra você!
---De quem?
---Carol!
---Que massa! Deixe-me ler!
---Julie, você vai almoçar em casa?
---Não, não vou!
---Tudo bem!
---Obrigada!
---Não há de que!
Julie, abriu o envelope, deitou no seu pufe e começou a ler ao som de uma banda chamada Forfun, a carta da Carol , e tinha uma parte que falava de um conto, muito legal sobre amigas...

‘Verão, surfistas, sol, praia, mar, litoral, azaração, conchinhas pela areia, smirnoff ice, neblina, serra, topo, maçãs, woodstock, bicicletas, milkshake, revistas, cartas, baús, Barbies, acampamentos, filmes, viajens, chocolates, pimentas, choro, travesseiro, estrelas, nuvens, céu, cometa, Fada do Dente, moinho de ventos, duendes, arco-íris, escrever na árvore, telefone, madrugada, neve, natal, lembranças, doces, nozes, vinho, lareira, flores, borboletas, brigas, tapetes, tropeços, mancadas, desilusões, gelatinas, festas, músicas, faculdade, tempestades, índios, línguas, sonhos, papel, vento, tupi or not tupi?Amizade, e quem falou que amigas não brigam? Que amigas não pagam sapo, aliás, o brejo inteiro e com direito a pererecas, sapinhos, sapões, moscas, cogumelos falantes, lago do monstro Ness, castelo fantasma, jacaré, moinho de ventos abandonado e espantalhos...

Amigas de verdade, não são feitas de purpurina, rosa choque, shopping e brincadeiras de Barbie apenas, não decoram os versinhos mais batidos do condado, só pra saberem que amigas de verdade não são aquelas que enxugam as lágrimas e sim as que deixam chorar... Além do mais, uma amizade não é um clichê papagaiado em em rótulos de 'yogurtes'!
Extra, extra, extra; amigas de verdade também não aparecem em capas de jornais dividindo namorados, maridos, filhos, bicho de estimação e escova de dentes, no entanto, dividem uma canção, caixa de bombom que ganhou do namorado, dia das crianças, dia internacional das vakinhas felizes ( acabei de inventar :), a leitura da revista capricho, cochichos, segredos e principalmente medos, algumas sofrem juntas...
Sendo assim, os anos passam, algumas portas se trancam, algumas janelas se abrem, e alguns pulos acontecem, e sabe porquê?
Sem dúvidas, por terem permanecido na inércia de se acomodarem com um confortável ambiente com pipocas, fotos, filmes e guaraná, no entanto, se esqueceram de atuar os sonhos feitos de papel e continuaram a sonhar, assim como o aquele filme antigo que nunca para de passar. Mas, na última sessão de uma madrugada qualquer, uma estrela lá fora brilhou mais forte, então, tentou abrir a porta que emperrou, e quando as mesmas vozes a ouvir, não mais aguentou, foi na mesinha ao lado da janela que em folhas de papel ao vento, seus sonhos publicou...
No outro dia, o Sol entrou pela janela devagar, os pulmões se encheram e as flores do jardim desabrocharam e tinham cor, no outro dia, que sonhos se desprendiam do verbo sonhar...
'Acredite, sonho que se sonha só é apenas sonho, e sonho que se sonha junto é realidade!'
Perigos, intrigas, baús com mapas perdidos, praia, piratas, família, ilhas, nuvens, tempestades, maremotos, terremotos, moinho de ventos e pensamentos, talvez sejam apenas parte do cenário na busca dos sonhos que não se perderam pra sempre no vento, mas se você parar, pode ficar longe, muito longe de você os alcançar... :)~°
E talvez, por ser uma busca tão confusa, que a família sempre tenha receios dos nossos sonhos e se enrole nos próprios pensamentos tanto quanto as linhas e os anzóis, as amigas sempre acreditem em super-heróis...
Eles, quando encontrados, falam tupi, e destroem todos os dragões dos moinhos de ventos ...

E a Carol, ainda contava na carta, milhares de novidades de sua vida nos EUA, ela estava namorando um carinha super gente boa, que a amava muito e tinham planos para se casarem no futuro!
Julie, relembrou tantas coisas, por um instante o seu coração ficou tão apertado de saudades, mas ela estava muito feliz por saber que a Carol estava bem e feliz também...
Ela, respondeu a cartinha de Carol, com tantos adesivos, carinho, saudades, noticias, segredos, enfim, longe ou perto, seriam para sempre grandes amigas de verdade...
Julie até brincou com a Carol, escrevendo que seria mesmo marmelada se ela pegasse o buquê no casamento! Imagina, há tempos tinham tantos sonhos e hoje, estavam tão menos distantes...
Ás vezes, nos assustamos,com a maneira que as coisas acontecem, que o tempo passa, com o tic tac do relógio, ás vezes, mal nos damos conta de que crescemos e temos mais responsabilidades, é, amigas também estão em nossas vidinhas como despertadores ambulantes para nos acordar pro tempo real!
Talvez, seja nessa distonia que a maturidade surge sem hora marcada, e depois dela, o amor, a paz, harmonia, o rock’n’roll, uma canção feita pra você, a poesia, o teatro, o mar, uma ilha deserta, o sol no verão e toda uma história da fusão de almas feitas pelo coração...
E a chuva, parava aos poucos lá fora, Julie, até se animou de trocar de roupa, ir ao correio e...
---Julie!
---O que é?
---Chegou outra carta!
---Outra?
---Sim!
---De quem?
---Mila!
---Traz aqui?
---Ok!
---Nossa, hoje o carteiro deve estar cansado né?
---Não! Eu que não tinha reparado que esta também é pra você! Tinham muitas correspondências hoje ...
---Sem problemas!
---Ok!Já vou porque tenho muito serviço!
---Obrigada Carmem!
---De nada!
É, Julie, aproveitou pra ler a outra carta e responder também , enquanto a chuva não terminava...




Trecho do: Livro Aberto. O Diário de Julie ;)

Menina Super Poderosa




Não tenha medo, me dê a mão?
Sei do seu medo, da sua dor,
Não te deixo aqui na escuridão,
Sei do seu passado, seu pavor,

Não tenha medo, vamos voar?
Imagino qual o perigo pra você,
Mas posso te aconchegar,
Lá nas nuvens, Abrigos de Sapês!

Por favor, não tenha medo,
Vamos, nas pedras, caminhar?
Será nosso maior segredo...

Por favor, não tenha medo,
Proteger você não é em vão,
Coração não é brinquedo...










^°livro: Sentimentos da Menina :)

Sunday, October 7, 2007

Meninas Poderosas não Choram!

Depois de olhar pela janela da sala de estar e ver todos os balões coloridos voando para longe na imensidão azul do céu, ela, deixou cair uma lágrima e fechou as cortinas...
Julie, meio cabisbaixa, ligou a tevê, se deparou com um documentário sobre o sexo dos leões na África e mudou de canal, onde tinha um noticiário sobre a briga de Britney Spears e o tal Kevin, e ela achava que apesar de tudo a Princesinha do Pop não precisasse passar por tudo isso, mas, como sua opinião não mudaria nada, ela, mudou de canal e começou a assistir um filme pela metade, o qual já tinha assistido antes, e se esquecera do nome, e apesar de tudo estava divertido, tinha bombeiros cantando uma canção do Aerosmith...
Friozinho e febre, boa combinação não?
Julie, ali, sozinha, na solidão de uma manhã de sexta-feira, deitada no sofá e assistindo um filminho meio antigo, cochilou e só acordou mais tarde com um pouco de calor e com a almofada molhada pelas gotinhas de febre que escorreram, até o final do filme!
Estranho, é como Julie acordou muito disposta, com a temperatura mais baixa, e se sentindo melhor... Ainda sozinha em casa, abriu a geladeira e fez uma travessura de menina-moça, tomou três colheres de sorvete de brigadeiro, sabendo que estava com dor de garganta!
De repente, escorreu uma coisa “melecada” do seu nariz, e então Julie guardou o sorvete no congelador. E com as bochechas avermelhadas, ela tossiu algumas vezes e depois abriu as cortinas e sentiu o vento bater a sua face, de olhos fechados e voando longe, e ao abrir os olhos se encantou com o menininho que soltava pipa...
Foi quando, Julie, sentiu uma pontada no coração! Não era nada físico, era apenas uma pontada da cicatrização da sua alma que estava machucada... E mais parecia que a pipa do menininho que voava pelo céu flutuava pelo machucado retirando todas as casquinhas...
Suspirou e deu um grito! Fechou a janela e saiu correndo para o banheiro, abriu a ducha fria e ficou lá por alguns minutos! Um banho dos pés á cabeça foi o suficiente para redesenhar todas as idéias de sua mente e ligar agitando a sua amiga que estava um pouco descontente.
Elas resolveram colocar algumas roupas na mochila e pegar a estrada rumo à cachoeira mais próxima! E durante a viagem, Lilá, ligou o som bem alto; numa canção que dizia: ”Vamos passear depois do tiroteio? Vamos colher as flores que nascerem no asfalto?” E elas seguiram viagem cantando o coro dos contentes...
E quando as meninas chegaram em Caxambu, foram visitar as fontes D.Pedro e Leopoldina, experimentaram a famosa água sulfurosa e cuspiram porque tinha um gosto muito ruim, então elas procuraram por uma cachoeira, e logo perceberam que nadar livremente na natureza seria numa cidadezinha próxima, lá em Baependi onde o pessoal mais apelidava de Vila dos Sonhos ou em São Lourenço onde diziam ser a divisa com Caxambu!
Julie e Lilá, olharam uma para a outra e deram aquela risadinha de sempre, com quem diz assim: “somos o que há de melhor, somos o que podemos ser...”! Elas seguiram viagem...
Lá em Baependi, resolveram ficar numa Pousadinha muito agradável, que muito lembrava a Praia do Forte na Bahia! Passaram a noite na pizzaria, ao som dos Engenheiros do Hawaii e o céu estava todo estrelado e a Lua Cheia, mas, lá na Vila dos Sonhos nem existia Lobo-Homem!
Não menos exageradas do que a última “gordinha” do show de piadas da tevê, elas pediram a pizza grande e um guaraná de dois litros. Sentaram debaixo de um coqueiro, numa mesinha a luz de velas, lá na varanda onde ventava frio e elas podiam desfilar suas botas, mini-saias e cachecóis.
Comeram muito, sentiram-se empanturradas e cantaram: “ que nessa terra de gigantes, a juventude é uma banda na propaganda de refrigerantes...”! Pagaram a conta, tomaram uma ducha e foram dormir no beliche perto da janela onde podiam contar as estrelas do céu...
No outro dia de manhã, o ventinho que percorria todo o quarto, entrava pelas frestas da janelinha do banheiro e o Sol ofuscava o sono através da janela que de noite fora o mosaico de estrelas nos vitrais.
Lilá e Julie espreguiçaram muito, agradecendo a Deus por um dia lindo de Sol, elas fizeram pedidos à Mãe Natureza e abriram a janela...
Julie ficou impressionada com o mesmo menininho que ontem viu soltando pipa, e tentou gritar, mas, o menininho olhou para cima, se assustou e soltou a pipa, então, ele saiu correndo...
Desceram, tomaram um café da manhã natural, passaram na vendinha e compraram umas guloseimas porque eram gordinhas, eram duas meninas com cintura fina, dez quilos à menos da altura e sozinhas! Foram para a cachoeira, fizeram um piquenique, deitaram sobre as esteiras na grama, estavam ouvindo um som do rádio a pilhas e cantando: ” era um garoto que como eu, amava os Beatles e os Rolling Stones...”
Lilá, lembrou de coisas engraçadas e Julie não deu nenhuma risadinha, ela estava pensativa, ela queria entender o que poderia significar o menininho e a pipa, porque seu coração estava tão inquieto... Ela resolveu se abrir com a Lilá!
Depois de passarem algumas horas conversando, elas abriram uma caixa de Amanditas e uma Coca-Cola bem gelada e se divertiram sem moderação... Fizeram um brinde ao que a canção propunha: “ Se faltar calor a gente esquenta! Se ficar pequeno a gente aumenta! E se não for possível a gente inventa! Vamos velejar um mar de lama? E se faltar o vento a gente inventa! Vamos remar contra a corrente e desafinar o coro dos contentes!”
Deram um grito, saíram correndo e pularam do alto da cachoeira numa queda gigante, foi um disparo de liberdade para anunciar um novo começo de felicidade...
Lá nas águas fundas e frias, nadaram contra a corrente até a borda do rio, riram muito de tudo isso e prometeram que nunca mais deixariam a alma machucar um coração que apenas queria pulsar por alegrias.
Lilá saiu porque estava com frio e Julie deitou nas pedras e ficou olhando pro céu colorido por um lindo arco-íris entre as nuvens e ela riu sozinha, riu muito, soltou gargalhadas ao vento e nem foi preciso experimentar o cogumelo que estava ao seu lado, afinal, seria uma péssima, idéia, pois, furúnculos nas nádegas era uma dor pertinente apenas na infância. Toda criança um dia tem!
Um ventinho frio soprou algumas nuvens que redesenharam o arco-íris, dando um efeito de aquarela ao céu ensolarado, e de repente o inevitável mais parecia sonho aos olhos de Julie... A pipa do menininho flutuava cor á cor do arco-íris...
Ela ficou atônita sem entender o que estava acontecendo, continuou deitada, pensou em comer cogumelos para voltar à realidade que mais parecia lhe ter sido roubada, mas, não foi preciso ter nenhuma atitude inversa ás de seu costume diário. A pipa, foi descendo devagar pelo céu e caiu sobre seu coração!
Julie pegou a pipa, se levantou das pedras e a pipa a puxou até uma árvore cheia de maçãs bem avermelhadas... Ela seduzida pelas frutas, ela experimentou qualquer uma, pois, a mais avermelhada era ela mesma, e depois de uma simples mordida, sentiu seus olhos tampados por duas mãos!
Ela tirou as mãos macias, olhou o colorido da pipa, olhou um coração sem iniciais desenhado na árvore e depois olhou para trás, o abraçou, e por um longo beijo de olhos fechados deixou a pipa voar sozinha de volta aos céus...
Lilá, veio correndo e aplaudindo o mais novo casal da Vila dos Sonhos! Ela deu uma pedrinha que tinha encontrado na beira do rio, como talismã da sorte e disse pra Julie: “Meninas Poderosas, não Choram!”

Wednesday, October 3, 2007

Frigideira's Bar




Depois ter passado as férias no Hawaii, a lição mais importante que aprendeu foi beber todos os dias um copo de suco de abacaxi com hortelã! Acredite, isso não é nada afrodisíaco do tipo, aos quarenta e cinco você ainda terá um fôlego de vinte e um ou mesmo um corpo de dezoito. Ênfase ao fato de que o fôlego dos plenos vinte e um anos, ainda é apenas como um sopro que uma criança dá ao ganhar o cata-vento comprado no sinaleiro...
Acelere, o sinal abriu para você e se algo saiu do seu controle é um bom sinal de que em breve você volte a respirar, afinal de contas como é mesmo que tudo volta ao lugar? Dilúvios! Isso mesmo, não tinha mesmo como estar errada esta hipótese, calma porque logo você voltará a contar até três e soltar o ar ‘purificado’ pelos seus pulmões.
Oh não! Tempestade e esse trânsito parado...
Julie colocou um cd de blues e tentou relaxar, mas, a grande metrópole não a deixava esquecer como o amor pode um dia lhe surpreender...
E talvez tudo isso parecesse mais um pesadelo daqueles que você quer acordar o mais rápido possível porque além de tudo você ainda está muito atrasada para o trabalho, no entanto, eram apenas propagandas em muros um pouco manchados pelos últimos dois meses, e diziam que para um feliz dia dos namorados, você só precisava de um grande amor e porque não presentear?
Tédio! Julie debruçou a cabeça no volante por alguns segundos e quando o sinal abriu, ela acelerou e pegou um atalho para fugir daquele labirinto e como se não resolvesse muito, depois de uma hora e meia ela conseguiu chegar em casa...
E ao entrar no elevador, se lembrou que esqueceu sua agenda na produtora. Foi assim, que ela resolveu largar tudo de lado por uma noite, e abriu a porta da frente do seu modesto apartamento na Avenida Paulista, colocou um pouco de licor numa taça, falou oi para seu poodle de estimação, abriu a sacada para sentir o vento esvoaçar as cortinas da sala de estar feito rodas de saia do seu vestido de quinze anos...
Lá na cozinha, Julie recolheu as correspondências deixadas debaixo da porta, e ficou atônita! Julie abriu o congelador e seu sorvete de brigadeiro preferido tinha acabado, abriu a geladeira e seu chocolate branco com cookies estava em migalhas, então, abriu o pote de nutella que estava em cima do balcão e escorando-se na parede foi descendo até o chão, ela lambia os dedos sujos de chocolate derretido, e euforicamente abria a carta colorida.
Gritos foram ouvidos pelos quarteirões afora e pulos pelos vizinhos do andar debaixo. Nunca havia tido uma explosão “orgásmica” de alegria e risos e gargalhadas e foi uma coisa tão esquisita, uma felicidade reprimida que veio de dentro pra fora e de fora pra dentro, que mal sabia como era colorir um arco-íris preto e branco com lápis de cor naquele momento... Ela simplesmente correu ao telefone e ligou para suas amigas e animou todas as meninas para irem a um barzinho do momento que se chamava Frigideira’s Bar.
Depois de passar uma hora e meia no banho, na sua enorme banheira de hidromassagem, e soltando bolhas de sabão que saiam todas pelo vitrô do seu moderninho banheiro, Ju olhou para o espelho e o encarou muito bem, como se a partir daquele instante ela se deparasse com um enorme desafio.
Maquiagens foram abertas, pincéis pela pia espalhados, pós foram misturados, sombras eram lindas aquarelas na composição de Barbie na face da menina-mulher que começava a se desabrochar...
E assim abrir a porta do guarda-roupa, e passar alguns minutos tirando e colocando peças e no final vestir o velho e inseparável vestidinho preto estilo menininha, calçar o altíssimo sapatinho de boneca e se enfeitar em frente ao espelho que ia do chão ao teto, sem perder nenhum detalhezinho, e jogar brilhos levemente pelo visual, colocar o colar de coração mais mágico e sair exibindo a bolsa mais chique de todas, enquanto exalava o perfume mais doce com toque de vinho e rosas...
Julie se encontrou com Poly e Nina na porta do Frigideira’s Bar e elas entraram, pediram um drink a mando da casa, enquanto Ju contava tudo sobre a carta colorido e o misterioso menino do Hawaii...
Algumas horas se passaram e o menino supostamente muito atrasado, não chegava, e elas começaram a ficarem aflitas, e roeram unhas, olharam para a cara uma da outra, pediram uma música para banda que cantava as canções do Lobão e bocejaram de sono...
Julie com os olhinhos cheios de lágrimas, mas, sem chorar para não borrar a maquiagem, suspirou e exclamou que a alegria “orgásmica” tinha desaparecido como moeda que se cai na areia da praia...
Poly pediu a Julie a carta, que era toda colorida, muito alegre, toda escrita em inglês, com versos de poesia em francês e uma frase mal escrita em português, mas valeu a intenção do “eu te amo linda latinha”, a qual era pra ser latina. Tudo bem, lingüisticamente é perdoável o erro!
No final da leitura, ela não encontrou nada que dissesse que o encontro marcado não fosse no Frigideira’s Bar ás vinte e três horas, a não ser a data?
Eis que Nina exclamou com uma enorme risada, pois, era inevitável não rir e logo ela questionou Julie e Poly, sobre como se deve ler uma data em inglês!
Frígidas de verdade por um minuto! Atônitas por mais um segundo! Poly e Ju ficaram definitivamente sem reação nenhuma enquanto Nina terminava de gargalhar com a carta colorida abanando o calor que fazia...
Então, a charada terminava ali com três amigas brindando um pouco de tequila e rum, olhando uma para outra e tentando com todas as forças possíveis não acreditar que tudo era um engano, uma lastimada falta de atenção e que o fora nunca existiu...
Julie e Poly fixaram os olhos na data da carta e decifraram em voz alta; oito do doze e não doze do oito; eis o que podemos chamar de mau agouro do mês de agosto!
E o que fazer agora? Nada além do que rir, sorrir e se assustar?
Como se não bastasse o dia de filme de terror e melodrama a estilo Hollywood, o destino ainda lhe reservou um momento para comédia...
No minutinho em que despencou dos céus um pé d’água, que há tempos não se via na metrópole dos sonhos, e até pareceu que ia limpando o céu cinza e redesenhando os arranha-céus num colorido luminoso de estrelas brilhantes.
Corta!Volte para dentro do Frigideira’s Bar, lá, o Lobão começava a cantar uma canção meio que antiga e muito divertida; “ corações psicodélicos “, enquanto uma Suricati olhava desesperadamente para as meninas. Seria o novo momento “fire” da temporada do Bar e por isso ele tinha virado GLS? Ou seria um ataque dos nervos porque três amigas incomodam com alegria muita gente?
Ah! Como era divertido rir da cara dos outros! Não menos interessante do que o último episódio do Simpsons nos cinemas! Hilário! Assim, todos adjetivariam o momento “trash” naquela final de noite...
“Garçom, traz uma porção de batatinhas e três caipirinhas?”
O pedido de Nina veio a calhar na hora certa, pois, ali estavam ás três amigas rindo e se divertindo muito de ver a Suricati balbuciando, resmungando, coçando a cabeça e os pés, ( pés é sinal de perda de dinheiro e a cabeça se não é piolho, todo mundo sabe o que é, não?), enquanto o tal Chico não parava de olhar e olhar para as super amigas e com certeza, ele era o cara mais arrependido do planeta por ter trocado a Nina pela Suricati!
Depois desta canção o Lobão passou o palco para uma bandinha nova da MTv encerrar a noite no Bar, e como não era lá essas coisas, as meninas preferiram mudar de ambiente e foram para o cantos dos sofás assistir tevê, onde não tinha ninguém além delas, e já era tarde e não era final de semana e o Lobão já tinha dado o ar de sua graça e a banda intitulada “The Jorges”, era como o óleo que já fritou batatas a noite inteira...
Poly, com um pouco de dor de cabeça e cansada de tanto rir da Suricati, tirou da bolsa uma caixa de bis, e enquanto isso Julie procurava o controle remoto, o qual estava ao lado de Nina, e ela disse a amiga; “cate”. Foi ali naquele final de noite no Frigideira’s Bar que ás três amigas, á bis e com o controle catado, não conseguiram mudar de canal e resolveram irem para casa tomar uma boa ducha fria e deitar debaixo do edredom.
No outro dia, elas almoçaram num restaurante do Market Place e enquanto esperavam o pedido, elas começaram a folhear uma daquelas revistas para turistas e lá estava escrito: ”Frigideira’s Bar, o lugar ideal para Meninas e Mulheres freqüentarem a noite paulistana com tranqüilidade e bom humor. O lugar perfeito para Meninas frígidas, assim ditas, aquelas que não gostam de serem rodadas após a balada!”
O prato de massas chegou e elas brindaram com um vinho tinto italiano; às boas gargalhadas!


Wednesday, September 12, 2007

O mistério da Cabaninha ...



Primavera na Ilha do Vento, ali perto de algum lugar, talvez uns trinta minutos ao barco à vela, pudesse chegar à cidadezinha mística no meio das Montanhas e vales encantados, muito perto da sua imaginação, ali no Hemisfério Sul, próximo a Patagônia e longe de qualquer crise de insônia.
O vento se insinuava pelas flores do mais secreto jardim, os pássaros cantavam uma canção que adormecia a Menina nos braços do Menino que nunca lhe fora ruim, as borboletas se debatiam no pote e ao cair ao chão, fugiam pra longe dali, enquanto, as nuvens desenhavam o céu ao redor do arco-íris que escondia o melhor pote de mel...
Ali, longe de qualquer lugar, não tinha mais ninguém, era um lugar mágico perdido no mapa e sem flashes daqueles que apenas querem ganhar os seus ‘vinténs’. E é por isso, que podia ligar o som á bateria no volume mais alto, colocar no toca discos o melhor vinil da Janis Joplin, e esperar a chaleira esquentar, e depois jogar essências de morango pelos cantos, acender um incenso pra agradecer aos Santos, brindar xícaras de chá de hortelã com folhas de laranjeira, e pra quem pensar que tudo isso é uma grande bobeira, saiba, que o ventinho frio que entrou pela janela, acordou calafrios das pontas dos dedos dos pés, arrepiou a nuca da Menina-Mulher e sussurrou o melhor segredo pro Menino que nunca fora Ruim, então, fez chover no céu ensolarado de arco-íris, pingos de amor que simbolizaram todo o desejo que naqueles corações despertou...
O relógio de parede não tinha pilhas, o vinil tocava músicas antigas que desenhavam os melhores momentos que já passaram juntos em suas imaginações, foi quanto eles sentaram na beira do mar, e ficaram debaixo daquela chuvinha rala, abraçados a observar toda aquela imensidão azul que lhes permitiam juntos sonhar ou por que não pra sempre navegar?
E deitaram na areia pra ver o Sol se pôr, fizeram castelo de areia e brincaram de desenhar ali todo o seu amor, mesmo que as marcas as ondas fossem levar, ali, sempre ficariam enterrados os medos que os fizeram blefar!
No minuto que o céu se encobria de estrelas aos poucos e como bobas crianças brincavam de guerra d’água naquele aquário a beira-mar e depois subiram ali no mais alto coral, abriram os braços aos céus e fizeram promessas infinitas de amor pra serem lembradas na varanda de uma linda casa cor-de-rosa em qualquer lugar do Planeta onde pudessem ser chamados de Vovó e Vovô!
Depois, quando o frio veio incomodar e a areia o corpo inteiro arranhar, tomaram uma ducha na Cabaninha mágica naquela Ilha escondida no duvidoso mar.
Lá, não muito diferente do que você queira imaginar, tinha papéis de parede decorados com estilo medieval no fundo da sala de estar, e tapetes fofos pra pisar, deitar e rolar, mas, o que mais chamou atenção da Menina-Mulher foi à toalha cor-de-rosa escrito seu nome nas laterais e um cartão com uma rosa no bolso do roupão, pedindo pra ela esperar o sininho tocar e então, seria a hora certa pra sair do quarto e abrir os olhos...
Surpresa! Foi tudo que ela poderia imaginar, sentir e sonhar, era como se na sala tivessem duas taças de vinho pra brindar, chocolates com morangos e uma deliciosa pasta ao molho branco com uma salada tropical pra um romântico jantar, os dois amantes mais perfeitos das histórias nunca contadas nos contos de fadas, deliciar sem parar...
Pow! A Menina que ainda era apenas a mesma doce menina, jogou o despertador na parede, e ainda que não quebrasse, parou de tocar...
Infeliz, com uma forte dor de cabeça, abriu um olho só, fechou, fez força pra sair do pesadelo e de repente acordou, ficou estática deitada em sua cama, e nem entrava um ventinho frio pela janela, o teto? Apenas rodava sem parar e lá fora fazia tanto calor que ela tinha até medo de abrir a janela e sentir derreter todo aquele sonho feito de amor...
A Menina contou até treze, se levantou e lavou o rosto com água fria, olhou para o espelho e percebeu que tudo era um sonho bom que a ressaca em sua forma de evaporar lhe permitia ter enquanto o corpo repousava no mesmo leito de sempre, sozinho, no edredom, com o urso de pelúcia e ninguém mais, nem mesmo tinha um vinil antigo pra tocar as canções que o sonho bom lhe fazia sentir imensa paz...
Ali, longe de qualquer lugar, a ressaca partia levando o mistério da cabaninha, ali, no banheiro colorido da Menina que debaixo do chuveiro frio acabara de sentar...

Sunday, September 2, 2007

Janela d'alma

Tempestade, eis a sintonia mais subversiva dos últimos anos em minha vida, então porque não ousar dizer que hoje, estou preparada para abrir a janela d’alma e dividir com o mundo o meu segredo mais surreal?
Surrealismo o meu enquanto insistir em ter um coração que pulsa sem ritmo em uma canção que não é minha, num caminho que não é meu, nos últimos anos que demoraram pra passar e que me fantasiaram com glamour, sendo os mais belos personagens das mais inusitadas comédias românticas?
Cansei de ser a rainha do baile e a impiedosa Colombina que se culpa pelas lágrimas do mais nobre Pierrot ... Hoje, apenas coloquei a deriva o segredo mais profundo do meu peito e nesta cisão que mais parece o meu juízo final, comecei a experimentar delícias que só o vento e o mar puderam me trazer... Neste exato momento, minhas utopias são apenas verdades do espelho da vida que reflete tudo o que acontece a minha volta, o que eu sinto, o que eu vejo e os meus melhores desejos, eis o meu segredo real que não espera o tempo passar debruçado na janela d’alma, mas, desce ladeira abaixo sem buscar nada, apenas pela livre sensação de ser feliz...
Ali, longe de qualquer outro lugar que me inspire medo, posso fazer um pedido aos céus, agradecer pela vida e sentir a imensa alegria de viver o que o homem nunca pensou em ser inusitado, ao menos que misturasse pimenta com guaraná e ainda assim talvez, algum louco lhe dissesse que o fogo que se esparrama pela pele tinha um sabor adocicado por toda aquela maldade que se chamava tentação...
Tentação de tentar compreender o que apenas os ruídos da respiração podem traduzir durante o seu sono mais profundo, nos braços de um urso de pelúcia que sempre será quem mais lhe confortará, mesmo que você tenha um namorado pra chamar de seu!
E se você quiser discutir comigo, saiba que a psicologia infantil explica a subversiva tortura em que me encontro, ao me deparar com o meu lado infantil e o meu lado mulher...
Natural, tudo seria se o nada não se resumisse no aspecto de transições epistemológicas do meu ser com o meu viver, e hoje tudo seria tão simples se eu não tivesse a ousadia de tentar tudo entender; eis a minha dramática conspiração com o mundo a minha volta!
E se eu pudesse tudo comparar as ondas do mar que vêem e voltam á todo momento, eu seria muito grata ao mar pela certeza de que eu poderia sempre passear de barco á vela, sentir enjôos e nunca estar frígida, ou quem sabe se fosse apenas como comer chocolate com coca-cola e brincar com os amigos da faculdade soltando arrotos, então, seria apenas um motivo para abraçar o meu travesseiro e chorar muito, porque, assim eu descobriria tão grande é a individualidade e a frieza quando o assunto é sexo oposto, e por último se eu pudesse comparar a simples cena Shakespeariana de Romeu e Julieta na sacada, talvez, eu adormeceria para sempre, pois, isto seria apenas um sonho bom...
Foi assim que ao longo dos anos, muitas meninas deixaram cair no cantinho da escada suas bonecas de porcelana...
Algumas Meninas não souberam deixar cair ás bonecas, apenas as jogaram, assim esfacelando aos poucos a face boneca-menina, ali no canto da escada, outra, deixaram cair confortavelmente com o vento que entrava pela janela e hoje, descem ladeira sem nada buscar, sem nada saber, correm ladeira abaixo apenas pelo prazer de sentir o vento sussurrando alegria, sem medo de tropeços, sem medo...
As Meninas Felizes se dividem com a velha infância e o lado mais doce de ser uma mulher, nos dias de sol, nos dias de chuva, nos dias que não param de ser a paisagem da janela d’alma!

Wednesday, August 8, 2007

Voando

Voando por todo Sol,
no presente existe a vida,
no passado existe um museu,
no futuro um labirinto com saídas...
Voando por todo canto,
com minha super amiga,
O sapo não perdeu o encanto,
Nós não fugimos das 'intrigas'...
Voando baixo em superfícies,
conhecendo todas as histórias
sorrindo em momentos difíceis,
e bagunçando o baú de sua memória!
Voando alto pela Thailandia,
sem saber sobre pensamentos insanos,
Deixamos rastros para estranhos?
Não!Talvez fosse seu sonho de Disneylândia!
Voando em curvas e redemoinhos,
por todos os tempos e caminhos,
por todas as festas e paletras,
entre todas as magias da floresta!
Voando e cantando, sem direção,
entre idas e vindas e muita emoção!
Há caridade e e alegrias,'all is fine',
Se você tiver uma super Mila air-line!

Monday, August 6, 2007

Humilhação!


Será só humilhação ou a Menina poderia percorrer por longas milhas de toda a sua imaginação quando você lhe disse não?
Na velha biblioteca da memória, em algum lugar no alto de qualquer estante, ela guardou em ordem de emoções um livro, um que ficou entre o fundo do poço no seu delírio mais triste e a aquela sensação de uma luz bem longe, e sem lanternas foi muito difícil encontrar as molas naquele buraco escuro...
O livro era como àquela melhor amiga verdadeira, amiga que não enxuga suas lágrimas e ainda diz; ‘ chora mais, você precisa muito colocar tudo isso para fora’...
Ao sentar debaixo de uma árvore no cantinho da escola, a Menina leu as primeiras páginas muito assustada e começou observar ao seu redor todas as verdades que estavam próximas...
Logo ali na cantina, tinha um menino de óculos, com um pouco de sardas pelo rosto, nariz um pouco grande, cabelos lisos e louros, ele estava tão só e comendo o seu lanche com certo receio de que...
O time dos garotos gordos da escola que próximo ao Menino jogava futebol, desse uma pausa e começasse a caçoar do garoto de óculos e sardas, solitário e que ganhava todas as medalhas no primeiro lugar na feira de ciências...
Faminto o Menino comia um sanduíche natural e bebia uma caixinha de leite, de repente, tudo o que a Menina viu, foi o lanche do Menino voar...
Continuou lendo mais algumas páginas daquele livro que falava sobre a humilhação e observou ainda sua amiga de classe que era meio gordinha, tinha o cabelo um pouco cacheado, um nariz de porquinho e gostava muito de um Menino ruivinho que era considerado o mais lindo de toda a escola... Ela pediu para outras amigas entregarem uma cartinha de amor, mas o time de menininhas louras, magras e de olhos claros apenas ria junto ao garoto ruivinho, enquanto, aquela Menina gordinha e com nariz de porquinho, observava de longe com os olhos cheios de lágrimas...
E sem poder fazer nada, a Menina continuou a sua leitura até bater o sinal e subirem para as salas de aula, quando ao entrar na sala...
Ela viu alguns colegas rabiscando o quadro com giz, e desenhando caricaturas ofensivas da professora de artes que tinha aparelhos nos dentes e um lado da boca repuxado. Era a melhor professora que a turma poderia ter e era a mais boazinha, a mais atenciosa, era uma pessoa inteligentíssima, e alguns alunos nunca prestaram atenção nisso até que ela entrasse na sala e se sentisse muito humilhada, mas, eles foram ao ponto fraco dela... Algumas semanas depois, a professora de aparelhos nos dentes e com a boca repuxada foi embora da escola e no seu lugar entrou um professor bem carrancudo e sem graça que mal sabia explicar o conteúdo, nesse dia, aquelas pessoas sentiram falta...
Duas semanas depois, a Menina terminou de ler o livro, e antes que fechasse a última página ficou observando a gravura de um menino no fundo do poço sem lanternas, procurando as molas e aquela luz bem ao longe...
Incrível! Foi bem assim que ela tinha se sentido quando começou a ler o livro e perceber que ao seu redor o mundo humilhava constantemente muitas outras pessoas, e será que humilhações são coisas tão ruins assim?
Pense se fossem tão ruins, por que existiria uma luz mesmo que longe naquele poço?
Foi o que a Menina ficou pensando algumas noites em claro, e viu dentro de sua própria casa o Pai reclamando do Chefe e a Mãe reclamando por ter perdido um concurso interno no emprego, ambos, sentiam se tão humilhados, no entanto, ela pôde perceber que todo aquele sentimento ruim logo foi se tornando algo positivo, pois, alguns dias depois o seu Pai após refletir as reclamações tinha sido promovido e a sua mãe tinha feito outros concursos melhores, maiores e tinha passado com grande sucesso.
Alguns anos se passaram e veio o seu primeiro namorado, e tudo era bonito, os dias que passaram juntos foram os mais coloridos e até a música que passava na rádio tocada pela mais desconhecida bandinha de rock, era muito legal, era a música mais especial e nunca ninguém tinha ouvido falar daquela letra, até mesmo parecia que era a última canção de um velho disco...
E numa quinta-feira nublada, cinza, a Menina acordou com o coração doente, triste, carente, cheio de saudades e várias borboletas no estômago, este foi o fatídico dia em que o namoro terminou.
A primeira sensação era que o teto estava abaixando devagar sob a sua cabeça e que talvez fosse muito bom se ela pudesse enfiar a sua cabeça no vaso sanitário, apertar uma vez a descarga e ouvir o despertador tocar, como se aquilo tudo fosse apenas um sonho ruim do qual ela estava apenas despertando na manhã cinza...
No entanto não era bem assim, a Menina se viu no espelho com os olhos refletindo a alma e ela começou a se sentir tão humilhada e a cada minuto que se passava ela se perguntava o que tinha de errado e sabe qual a resposta?
Nada, não tinha nada de errado, assim como não tinha nada de errado com o seu amiguinho da escola que bebia leite e era o mais inteligente da turma.
Ploft! Ela caiu deitada na sua cama e começou a olhar o teto e percebeu que ele rodava tanto, tanto, os seus pensamentos e as suas emoções...
Chorou, chorou muito até soluçar e telefonou para a sua melhor amiga que apenas disse para tomar um banho frio e chorar um pouco mais debaixo do chuveiro porque isso lhe faria muito bem.
Sem dizer uma só palavra depois de ouvir isso, a Menina deu um último soluço e desligou o telefone, aos poucos tirou sua blusa de frio, depois as suas meias, o seu short e a ‘cirola de bolinhas’, e entrou na ducha fria, sentou no cantinho do banheiro com a água refrescando o moinho de ventos dos seus pensamentos; a Menina passou mais ou menos uma hora chorando e depois se levantou, desligou o chuveiro, pegou uma toalha quentinha e encarou com um sorriso o seu enorme espelho que muito lhe parecia ameaçador...
Secou suas madeixas naturais, subiu na balança e não muito contente vestiu um vestidinho preto básico para dar uma volta sozinha pela cidade.
Pensou em tudo que ela tinha aprendido com aquele livro antigo, escondido na biblioteca das emoções e percebeu que não era vitima das humilhações afinal ela não tinha do que se arrepender e o mundo não poderia explodir só por que um namoro não deu certo ou no primeiro emprego não teve muito sucesso.
Ali a sua volta existiam valores maiores que nenhum dinheiro e nenhum retrato no mural do quarto podiam valer, a sua volta existiam pessoas que passavam por tantas humilhações, e que na verdade não era bem isso, não era algo ruim, eram apenas momentos para que essas pessoas pudessem imaginar milhares de novas ações para as suas vidas...
Naquela quinta-feira cinza, sem ter o que colorir a Menina entendeu o verdadeiro sentido de existir; e aprendeu que a humilhação é apenas o reflexo inverso de milhas percorridas dentro da nossa imaginação até termos coragem de viver uma nova ação!

Pra onde eu vou?


Menina dos olhos tristes, desenganada, deixou cair algumas lágrimas depois de passar a manhã inteira pensando em como seria a sua vida tropeçando e jogando as pedras para os cantos.
Família, professores, destino, concursos, mundo, capitalismo, cinema, arte, teatro, morar debaixo da ponte, desemprego, mundo, viajar, dinheiro, independência?
Talvez tudo isso fosse apenas peças de um quebra-cabeça feito por toda a sua demência...
Um dia lhe falaram para parar de pintar um quadro com aquarelas, pegar um livro de receitas culinárias e aprender a cozinhar, mas a vida todos os dias de manhã em frente ao fogão e enfeitando pratos que logo seriam devorados sem que ninguém admirasse ou ao menos pensasse; ’nossa, que bonito!’, e então se isso fosse acontecer todas as manhãs assim até envelhecer seria o mesmo que chegar ao último dia de vida vegetando e se perguntar; ‘ como é que eu vou morrer mesmo?’, e seria uma pergunta em vão, pois, a Menina por nenhum dia teria vivido...
Foi quando ela esfregou os olhos e deixou a última lágrima cair bem devagar, ela olhou sua imagem desmanchada no espelho, sua figura sem graça, sem ânimo, sem vida, um destino sendo traçado por tantos e por ela apenas as pedras eram jogadas para os cantos ao invés de retirá-las do caminho e guardá-las para construir seu castelo ou mesmo uma ruína lá na frente, mas algo que fosse seu...
Naquela manhã de pouco sol e sem nenhum destino guiado ao longe pela luz de um farol, a Menina sorriu e pela primeira vez sentiu uma coragem que era a sua mais nova amiga, nesse dia ela se concentrou e começou a viver...
No começo seria muito difícil, mas como seria entender essa vida que nunca será tão tranqüila sem ter uma mala pronta pra viagem?
Desistir é para muitos, mas insistir sempre será para poucos, por que enquanto as pessoas se acomodam com qualquer coisa, outras, pescam seus sonhos devagar e um dia tudo isso brilha ao se realizar.
O fim do avental sujo, as mangas limpas e os pratos decorados, não poderia ser o fim do mundo para a Menina que ainda era tão jovem, talentosa e tinha a vida inteira pra correr atrás dos melhores minutos que compõe o tempo desta história...
Hoje, talvez a vida esteja mais fácil para tantas pessoas a sua volta, mas o que isso lhe importa?
Água de coco, piscina, praia, coqueiros, conta bancária gorda, tudo isso são peças de um quebra-cabeça que a maioria das pessoas passa o tempo inteiro tentando montar, mas, e quando algumas peças são difíceis de encaixar e com amor, alegria, aventura e talento não se podem jogar? O que essas pessoas podem fazer?
Talvez, completar o restinho de suas vidas desfazendo a mala que deveria estar pronta para viagem, e guardar os sonhos no armário, colocar nas gavetas todos os conselhos que outras pessoas lhe deram tanto tempo atrás, talvez eles sejam úteis algum dia quando pela janela essas pessoas observarem outras pessoas mais jovens com uma coragem de tentar viver todos aqueles sonhos que elas deixaram passar e que hoje apenas estão dentro do armário, um pouco fora de moda eu diria...
Mórbida vida? Foi assim que essas pessoas escolheram a velhice, passaram o tempo inteiro se preocupando com o que os outros queriam que elas fizessem, e se esqueceram de se olharem no espelho e se perguntar; ‘pra onde eu vou?’
Com certeza, só esta pergunta seria o suficiente para que essas pessoas pudessem refletir e ter coragem de colocar todos os sonhos dentro da mala de viagem e mesmo que ainda fossem obrigadas por tantas circunstâncias a retirar pedras dos seus caminhos, elas não ás chutariam para o canto, elas construiriam um castelo ou uma ruína que seria o lugar mágico em que seus sonhos, talentos, coragem e insistência poderiam descansar com toda a pompa de um só encanto...
Menina dos olhos alegres, brilhantes, cheios de coragem, esqueceu que por algum minuto foi triste e traçou caminhos pelos quais sonhar, viver, ela sempre insiste...
Um dia, não sei quando e em que calendário o destino fará um x, mas um dia, a Menina vai acordar um pouco mais feliz por ter conseguido alcançar todos os sonhos que se quis ter com o todo o talento de ser a aprendiz que nunca desistiu de ouvir o seu coração mesmo que a razão lhe pedisse para ser um outro alguém...
E quando a velhice chegar, talvez com um velho rabugento amado ela possa na varanda conversar, rodeada de tantos netinhos que pelo jardim estarão a brincar; nesse dia ela completará o quebra-cabeça da vida e quando outra vez se perguntar; ‘pra onde eu vou’, seu coração responderá; ‘viver um sonho feliz que a vida lhe fez aprendiz e que dinheiro nenhum comprou, foi pelo seu esforço e coragem que o sonho se realizou...’

Sunday, August 5, 2007

Desculpa, eu não preciso de silicone!


Sexta-feira, vinte e um de setembro, as luzes da sala de jantar se apagaram, a galera se escondeu atrás do sofá e de repente quando Babi mexeu no interruptor e; “parabéns pra você...”
Balões coloridos foram soltos e voaram pela sacada que estava aberta, enquanto as luzes coloridas piscavam nas velinhas do seu enorme bolo de chocolate e morangos; o bolo de aniversário...
O número vinte e um era só mais um toque mágico da idade e do dia, talvez a numerologia tivesse acertado no ano de identidade que acabou de começar.
Babi não podia imaginar que era tão amada assim por tantos amigos e amigas, e até trilha sonora feita especialmente para sua festa ela ganhou, além de um beijo escondido atrás da cortina da sala no final da festa...
Beijo que foi interrompido pelo seu melhor amigo que tinha bebido um pouco mais e insistia para que ela, Jim e ele sentassem no sofá para verem as fotos que o pessoal tirou durante a festa com uma Polaroid antiga que ela tinha...
Jim olhou sem querer para a primeira foto do montinho que o melhor amigo segurava como se fosse o último tesouro escondido pelos Piratas do Caribe, e ficou sem palavras...
Assustada, Babi olhou para a foto sem entender o que a sua fotografia soprando as velinhas do bolo de aniversário poderia ter causado tanto espanto e alegria ao mesmo tempo em Jim.
Seu melhor amigo abriu um sorriso de orelha a orelha e rindo muito de Babi apontou-lhe um dedo a sua cara e saiu rindo e dizendo alto; “é vinte e um anos e cento e vinte e um centímetros amiga?” Ele balançando as pernas e com uma garrafa de cerveja na mão saiu muito feliz e orgulhoso.
Babi, ainda sem entender o que estava acontecendo, pegou a fotografia e uma lupa que estava em cima das revistas na mesinha de centro da sala de estar, e acomodou seu traseiro pequeno no sofá para calmamente analisar o que tinha de errado com a sua fotografia, será uma mancha? Será uma mosca no bolo? Por que essa história de vinte e um centímetros era conversa de melhor amigo bêbado e talvez algum amigo que saiu no retrato ao seu lado estivesse sem cuecas com a braguilha aberta?
Cuidadosamente ela observou aquela fotografia e nada encontrou...
Jim disse para Babi, que ela estava deslumbrante e que ele não imaginava com todo o respeito que ela ficasse tão linda em apenas um ano...
Ela sorriu e olhou para o decote do vestidinho preto que ela usava, depois levantou o olhar e respirou fundo e disse; ”é isso”?
Jim pegou uma rosa vermelha do arranjo da mesa de aniversário, ajoelhou a frente de Babi e segurou forte a sua mão, olhando dentro de seus olhos e dizendo que ela era a menina mais especial que ele conheceu na vida. Depois ele se levantou e a abraçou forte e juntos caíram naquele sofá macio cheio de almofadas, de onde podiam ver as estrelas pela sacada que estava aberta e no silêncio daquela noite descobrir, grandes segredos...
Mas, Babi se levantou e foi até a cozinha buscar uma garrafa de vinho tinto e aproveitou para fechar a porta da sala que seu melhor amigo, o último convidado da festinha surpresa a sair, deixou aberta...
E na falta de encontrarem taças limpas, por que a secretária só viria pela manhã e não tinha mais ninguém em casa, beberam em goles o vinho no gargalo da garrafa, algo simples, algum prazer no ar e no vinho que sem querer derramou devagar no decote do vestido da Menina que completava vinte e um anos na sexta-feira vinte e um de setembro...
Um ventinho entrava pela sacada, mas, ainda estava muito calor, então, por que não pular na banheira do quarto das visitas?
Na falta de uma piscina, que mal tinha se dois grandes amigos coloridos improvisassem uma?
Babi pediu para Jim esperar alguns minutinhos, o tempo que ela levaria para tirar o vestidinho preto e colocar um biquíni legal para brincarem na piscina improvisada...
Treze minutinhos depois, ela volta com outra garrafa de vinho bem gelada e uma caixa de bombons e ele pega a garrafa e os bombons e os deixam em cima da mesinha, depois, carrega Babi até a banheira onde a joga na água morna e começa a lhe fazer cócegas, ela apenas ri muito...
Ele tira toda a roupa e antes que ela faça algumas restrições como, por exemplo; coloque a sua cueca do mickey outra vez, ela pede para que ele desça e busque o vinho e os chocolates, Jim obedece e isso é tudo.
Babi fica na banheira de hidromassagem soltando bolhas de sabão e rindo, enquanto ouve os passinhos dele descer as escadas até a mesinha onde deixou o vinho e os chocolates...
De repente, as luzes se pagam e a hidromassagem para de funcionar, o que não poderia acontecer é fato; acabou a energia...
Babi nada faz, permanece dentro da banheira fria enquanto Jim sobe devagar as escadas para não escorregar e ilumina o banheiro com o seu celular...
Ele pergunta se ela não ficou com medo do escuro e ela apenas responde que não por que não tinha nenhum motivo para sentir que estava num lugar inseguro e então, ele deixa o vinho e os chocolates ao lado da banheira, entra e juntos sopram bolhas de sabão que saem pela janela iluminada pelas estrelas que brilhavam no céu daquela sexta-feira...
De repente, Babi acorda e olha para o despertador que pisca sem parar, ela estava atrasada para a aula, e hoje era sexta-feira vinte e um de setembro, o dia do seu aniversário de vinte e um anos; então, ela respirou profundamente e decidiu não ir a aula para poder passar a manhã relaxando com suas máscaras de mel e de argila, um delicioso café da manhã, uma longa conversa com o espelho e quem sabe por que não uma volta ao shopping mais tarde?
Ela olhou para seu ursinho de pelúcia jogado no chão ao lado de sua cama, pegou e abraçou o bem forte, lembrando do sonho bom que ela teve e de como seria legal se ela tivesse de verdade uma festinha surpresa hoje...
E para quebrar o silencio dos seus pensamentos e dos pássaros que não vieram a sua janela cantar nesta manhã e lhe dar os parabéns, ela ligou o som, colocou o seu cd preferido e foi tomar uma ducha...
Babi saiu do banho muito molhada e correndo para atender ao telefone quem sabe era o seu primeiro parabéns do dia?
Pouco adiantou quase escorregar no tapete do banheiro, era apenas um engano...
Então ela passou um tempo olhando para o espelhou e viu que não precisaria mais de colocar silicones, e naturalmente compreendeu a magia natural das coisas e do seu corpo...
Talvez fosse por isso que Babi, não passou o dia todo, incomodada, por ninguém lhe dar os parabéns. Ela saiu da aula de yoga, tomou uma ducha na academia e vestiu seu velho jeans, uma blusa de listras e seu all star, e ela se maquiou e coloriu com brilho sua face, afinal de contas hoje era seu aniversário, foi ao cinema sozinha assistir à um filme qualquer e por volta as nove horas voltou para casa, se deparou com um buquê de rosas vermelhas no tapete da porta e um cartão dizendo;” você é a menina mais especial que eu já conheci na minha vida...”
Babi abriu a porta, acendeu as luzes e viu os balões coloridos voando pela sacada que estava aberta, naquela sexta-feira mágica com o céu prateado pela noite toda estrelada...

"Teatro Fantasma; Só Para LoUcOs "

Um raio caiu lá fora no canteiro de jasmins, e Carol e suas amigas do teatro, observavam pela janela do camarim...
Olharam sem desespero algum umas para as outra e se espalharam para passarem o roteiro da peça que apresentariam no Festival de Inverno num lugar distante de São Paulo, lá no interior de Goiás, numa cidadezinha mágica; Pirenópolis.
"Teatro Fantasma; só para loucos", era uma peça escrita por uma adolescente de dezoito anos, uma menina apaixonada pelo teatro, pelas artes, pelo o mistério da idealização a banalização do amor. A garota coloca como desafio como uma menina pode lidar com o mundo contemporâneo quando os valores de seu coração não podem ser envenenados e quando o mundo insiste em te colocar como peça chave de um quebra-cabeça gigante e maluco onde a paisagem não menos pitoresca é um casal de mãos dadas num jardim e eles brindam com suas taças de vinho ou seriam de sangue?
A peça falava sobre dois jovens que se conheceram muito cedo, no colegial e se apaixonaram um pelo outro embora sempre se embriagassem com uma overdose de orgulho e pensamentos que não os levaram a nada além da distância de seus corações...
Carol aproveitou o temporal antes que o professor chegasse ao anfiteatro para contar as amigas a história de amor só para loucos que se passaria no teatro fantasma e lá o clima ficou um pouco tenso...
---"Há tempos numa cidade no interior do Rio Grande do Sul, lá perto da Lagoa dos Patos, o Giorgio e Rachel faziam o colegial, eram grandes amigos e ela a melhor amiga da irmã dele.
Certa vez num feriado, bons amigos foram para casa de Rachel assistir alguns vídeos e Lee a irmã de Giorgio conheceu o Jim primo da Rachel que era um pouco mais velho, já estava no primeiro ano da universidade e tinha ido a cidade passar uns dias pois a UFG estava em greve...
Conversa vai e vem, chovia muito e ventava frio lá fora, resolveram então telefonar e pedir uma pizza gigante e uma coca-cola para passarem o tempo assistindo alguns vídeos...
Jim contou para Lee sobre o curso que ele fazia de Rádio e Tevê e eles começaram a perceber que eram um pouco diferentes, pois, ela queria estudar medicina.
Rachel e Giorgio por um minuto começaram a olhar com um ar de mistério um para o outro...
Foi quando a campainha tocou e claro todos pensaram que seria o entregador de pizza.
Rachel foi abrir a porta e assustada ficou quando viu Rayssa e Lara com um sorriso muito falso perguntando se podiam entrar porque a chuva estava muito forte lá fora e elas ainda estavam longe de casa, estavam voltando do shopping que eram três quarteirões dali e de repente elas pensaram que a Rachel não se encomodaria.
Certa vez na sua infância Rachel ouviu o seu pai dizer; " dou um boi para não entrar numa briga, e uma fazenda com a porteira fechada para não sair dela", então, ela sorriu e disse para as meninas entrarem, embora , nada foi dito sobre ficarem a vontade...
Lee achou muito estranho tudo aquilo e para distrair o ambiente, sugeriu que pedissem mais pizzas, foi o que Giorgio fez pelo telefone enquanto Rachel sentou no sofá entre Giorgio e Rayssa e ele a abraçou e a beijou ao desligar o telefone.
Lara atônita olhou para Rayssa que sorriu e falou; " não sabia que vocês estavam namorando".
Rachel muito sem graça logo ia responder que não, que aquilo era só um beijo e que tudo tinha começado sem ao menos ele pedir nada, mas, Giorgio foi mais esperto e disse que estavam namorando sim e que ele era apaixonado pela Rachel, ela, apenas sorriu e as outras meninas xeretas inventaram que tinham esquecido de um compromisso e se despediram...
Jim muito gentil foi abrir a porta para as meninas e o entregador de pizza estava lá, então, ele sugeriu que elas esperassem alguns minutos para comer um pedaço de pizza, afinal tinham pedido mais por causa delas.
Rachel e Lee, se olharam com um ar de quem queria rir demais de toda aquela situação digna de uma comédia americana.
Lara e Rayssa, muito irritadas aceitaram o convite e ficaram para a pausa do lanchinho...
E Lee propôs um brinde ao novo casal do ano, seu irmão e a sua melhor amiga!
Vinte minutos se passaram e Rachel olhou para o relógio ironicamente e disse muito gentil; " Lara, você estava com tanta pressa, já se passaram os vinte minutinhos, eu vou colocar mais alguns pedaços de pizza na vasilha e você até pode ficar com ela, para que não se atrase. Vejo que deve ser um compromisso muito importante por que nem quis terminar de ver o vídeo com a gente e então será que podemos saber o que é? Aposto que é um novo gatinho.
Ploft! Rayssa deixou cair sem querer o copo de coca-cola e Lara atônita não sabia se voava no pescoço da Rachel ou se inventava alguma desculpa e ia embora...
Tenso, a cada minuto mais tenso ficou o 'momento pizza com xeretas' lá na sala de jantar da casa de Rachel...
E Giorgio muito inocente ou talvez fosse melhor dizer; 'irônico'? Ele convidou as meninas para ficarem mais um pouco e assistirem ao filme com a Rachel.
Um jogo de apostas e desafios só para saber se ela sentia alguma coisa por ele se sentiria incomodada com a presença de sua ex-namorada de verão a Lara.
No entanto, apesar de serem as garotas mais 'encrenqueiras da escola', Lara e Rayssa, foram embora sem levar a tal pizza e pelo caminho de volta debaixo do temporal foram pensando em como se vingariam...
Um ano depois, Lara confessou a Rachel que o Giorgio não prestava, ele era um playboy sem coração e depois todo um dramalhão ela lhe contou que ele a obrigou a abortar depois de terminarem o namorinho de verão.
Pasma, ela não pôde acreditar nas palavras da coleguinha de escola e não disse nenhuma palavra, apenas saiu correndo e foi para casa pensar...
Rachel passou a tarde inteira no seu quarto vendo um vídeo que ela tinha ajudado o seu primo Jim fazer na temporada que ele passou na sua cidade e então ficaram muito amigos, e, talvez seja por isso que ela resolveu ligar e desabafar com o primo...
Jim lhe contou que Lee tinha falado sobre esse assunto e que isso era uma verdade, mas, ele também fez a prima pensar que isso não era um problema dela e então por que se preocupar com a insanidade alheia?
Desligou o telefone e olhou para o espelho, por um minuto ela não teve raiva de Lara e ficou por horas pensando se aquilo fosse com ela...
Trovões e raios decoravam o mundo lá fora no quintal, nas ruas, na cidade, na Lagoa, e Rachel mesmo assim pegou a sua capa de chuva e sua bicicleta e foi até a casa de Giorgio...
Lee abriu a porta e tentou impedir que Rachel tocasse neste assunto com o irmão, mas Giorgio logo veio falar com os olhos cheios de lágrimas com ela e ao entrar, Rachel se deparou com o desespero da mais terrível cena no final do corredor, os pais de Lee e Giorgio na sala e a Lara com alguns exames que comprovavam o fato.
Sem dizer uma palavra qualquer, Rachel fechou os olhos por alguns segundos e depois foi embora sem saber o que fazer e era o fim do seu namoro...
A Garota pedalou por longas ruas escuras e nada era tão inseguro quanto acreditar no amor e nas promessas singulares de um sonho perfeito na sua primeira vez, como aconteciam nos filmes assistidos em dias de temporais ...
No parque onde ela tinha riscado as iniciais do seu nome e de Giorgio e desenhado coração no tronco da árvore mais alta, lá debaixo Rachel sentou no chão e colocou a cabeça sobre os joelhos para chorar, enquanto, o mundo desabava em chuva, raios e trovões...
Foi quando algumas horas depois, Rayssa passava pelo parque e viu Rachel desesperada, sozinha, isolada, chorando, triste, magoada, e ela olhou para o coração na árvore, lembrou das aulas de literatura em que o professor falava sobre o amor verdadeiro, e por um minuto pensou que poderia ser ela no lugar de Rachel, sofrendo por uma grande mentira, já que Lara tinha inventado toda aquela história de aborto, exames falsos, e tudo que pudesse fazer com que Giorgio se sentisse culpado e aos poucos o namoro dele com Rachel seriam mais uma gota de água da chuva que caía lá fora...
Tudo bem que seria uma grande traição com a sua melhor a amiga a Lara, mas, Rayssa pela primeira vez na vida sentiu algo em seu coração; ela pensou no amor, e respirou fundo, depois ela contou toda a verdade a Rachel mas talvez fosse tarde demais...
Rachel sorriu e agradeceu, toda suja de lama, e com febre, pegou sua bicicleta e voltou para casa.
A mãe de Rachel avisou a escola no dia seguinte que a filha tinha sido internada com uma forte pneumonia, e que todos estavam muito preocupados porque ela estava tão triste e ninguém sabia o motivo...
Lee olhou para o irmão gêmeo desesperada, sentindo um vazio dentro do coração e chorou...
Giorgio abraçou a irmã no meio da aula de geografia e pediu para a professora deixar que eles fossem ao hospital visitar Rachel.
A professora não autorizou a saída, afinal, já era a última aula daquela manhã de sexta-feira...
Quando o sinal tocou, Giorgio correu com sua bicicleta colorida até o hospital e ficou olhando Rachel pelo vidro da U.T.I, enquanto Rayssa colocou a mão no seu ombro e disse; 'talvez seja tarde demais, mas eu contei toda a verdade esta manhã para os seus pais e para a Lee. Ah, e ontem, eu encontrei a Rachel no parque naquele temporal sem capa de chuva e disse o mesmo.'
Giorgio com os olhos cheios de lágrima olhou para Rayssa e perguntou qual verdade era essa; e antes que ela respondesse o médico de Rachel sugeriu que ele vestisse um jaleco e fosse conversar com ela na U.T.I ...
Lee abraçou Rayssa e a perduou por ter sido cúmplice de Lara, e elas se abraçaram forte chorando e rezando para que a Rachel ficasse bem...
Giorgio ouviu toda a verdade de Rachel, e ele chorou dizendo que a única menina que ele amou na vida era ela e que ele se sentia culpado por ela estar assim...
Rachel fez ele prometer que não se sentiria culpado, contou que escreveu o nome deles numa árvore no parque e que pediu para que ele a perdoasse por ignorá-lo, e não acreditar no amor que eles tinham quando o primeiro imprevisto surgiu...
As meninas entraram na U.T.I e Rachel com o sorriso mais lindo que já teve se agradeceu Lee por ter sido a sua melhor amiga e pediu para Rayssa ser uma boa amiga para Lee, pois, seu coração era bom, então, ela jogou um beijinho carinhoso para seu primo Jim que a observava pelo vidro, ele tinha vindo as pressas, e segurou forte a mão de Giorgio levando a até o seu peito que estava muito quente ardendo em febre , se inclinou e beijou os seus lábios, ele ainda de olhos fechados segurou firme os seios de Rachel e ao abrir os olhos ela lhe deu uma rosa vermelha que seu pai tinha deixado num vaso ao lado de sua cama naquela manhã mórbida, e Giorgio fez um carinho no seu rosto da sua primeira garota, no minuto que devagar Rachel fechou os olhos para um sono infinito onde o sonho mais real eram dois jovens no jardim brindando vinho tinto numa chuva de rosas vermelhas..."
---Carol quem escreveu? _ perguntou, Clá chorando...
--- Uma menina de dezoito anos, e a propósito onde você encontrou essa história ou melhor dizendo, roteiro, Carol? _ indagou o professor de teatro...
---Pensei que fosse apenas papéis velhos na gaveta da mesinha aqui do camarim...
---Desculpem meninas, eu me atrasei muito por que o meu carro furou um pneu, no entanto, por sorte eu vejo que a Carol achou o roteiro da nossa peça e leu para vocês. Então o que vocês pensam sobre a idéia dela ser a nossa aprensentação no Festival de Inverno?
Todo o grupo de teatro se levantou, fez um circulo em volta do professor e se abraçaram comemorando a peça de poucos personagens, mas, que seria um grande sucesso...
Hoje, ninguém ficou triste por que não foi o personagem principal, todos simplesmente estavam felizes por fazerem de tudo um pouco, por estarem dentro de um teatro fantasma onde os valores reconhecidos através da morte, talvez, pudessem ser coloridos em cada minuto que se passa todos os dias, nesse tempo real e essa era a mensagem da peça; amar tudo aquilo que se tem, sente e acredita; por que mentir é para muitos e viver é cada minuto é para poucos...
No Festival de Inverno, todos aplaudiram a peça;'' O Teatro Fantasma; só para loucos", todos aqueles capazes de não banalizar o amor...

Why Does My Heart Feel So Bad?

São Paulo foi o cenário para o meu aquário de pensamentos numa sexta-feira nublada, chuvas rápidas, céu cinza e a bandeira arco-íris colorindo a Avenida Paulista.
Depois de não dormir muito bem por passar a noite numa balada gay, percebi que a amizade está alem de uma identidade sexual, então esqueci que era uma heterossexual preconceituosa e na última quinta-
feira eu apenas fui uma pessoa normal, não beijei homens e nem mulheres, não tentei ser bipolar sexual, eu apenas era uma Menina que passeava num Congresso super divertido e que por um acaso caiu de pára-quedas em meio a “Pride” de Sampa, a segunda maior Parada Gay do Planeta...
Conhecer acessões culturais diferentes é o que há, o mundo de regras bobas é para muitos e o sem regras, de paz e amor é pra poucos...
Yeah, por que não colorir um pouco do cinza do céu e fazer um pedido para os arranha-céus que cutucavam as estrelas cadentes ao cair da noite?
Bem-vinda a São Paulo, era junho, o dia dos namorados tinha passado e eu? Joguei ao vento a chance de ter alguém do meu lado...

No entanto eu não perdi os mais lindos sonhos que sonhei e nem mesmo as ilusões que nas horas tristes eu imaginei, a vida era muito mais do que um simples; ‘ eu te amo’ e ‘ vamos fazer alguma coisa juntos?’, viver era um aquário de experiências onde o peixe mais solitário e dourado era eu, e sabe por quê? Hoje eu não me lembro mesmo do que eu acabei de fazer á um minuto atrás...
Cochilei e acordei, minha amiga de infância e
companheira de viagem me acordou com uma derradeira gritaria e alegria, mas, eu queria muito abraçar o meu travesseiro e dormir um pouco mais embora eu soubesse que os minutos ali eram preciosos e não podiam ser deixados para trás?
Foi quando eu acordei, disse pra Lylys ir tomando o café da
manhã em paz, eu ia tomar uma ducha morna no frio daquela manhã paulista, vestiria minha saia xadrez e logo colocaria umas bolachinhas de chocolate na bolsa se mais tarde meu estomago desse um sinal de vida, então, ela poderia descer para o café e assim não nos atrasaríamos para uma aventura pela cidade que não conhecíamos muito bem, mas ainda tínhamos voz e mapas e isso era simplesmente tudo...
Frio, era tudo o que eu sentia, e não apenas o meu estômago arrepiando quando as borboletas voavam e eu lembrava do que eu mais queria esquecer porque aquilo tudo não daria certo, eu não queria sofrer mais ainda, eu queria apenas viver com um sorriso no coração que se sentia tão mal...
O meu banho estava muito quente e o ventinho frio que passava pela fechadura da porta arrepiava tudo, seria apenas o vento?
São Paulo, alguma coisa me dizia que esta cidade não seria apenas um cartão postal, e eu ainda não descobri o porquê dela tanto me lembrava o natal? Talvez um dia eu possa entender a semelhança entre o pinheiro de São Paulo e a avenida paulista iluminada numa bela madrugada...
Enrolei na toalha cheia quentinha, olhei para o espelho por alguns minutos e fiquei pescando idéias do meu aquário, imaginei como poderia ser se eu não estivesse sozinha nessa aventura e se acaso eu tivesse dito sim em vez de um não, se talvez meu namorado estivesse ao meu lado? Ops! Eu quis dizer que se em vez de estar sozinha, o Menino que poderia sim ser o
meu namorado, estivesse ao meu lado?
Chato! Não gostei do espelho não, ele não conversa comigo, não me respondia nada e a minha cara de sono nem mesmo mudava? Melhor seria se disso eu não tivesse reclamado naquele minuto e ficado olhando irritada pro espelho por uns segundos, foi quando percebi a baratinha sinistra que caminhava rumo a porta e quem estava do lado da porta? Eu!
Gritos, mais gritos, gritos e gritos e subi em cima da cama
e comecei a vestir a minha roupa e sem coragem pra fechar a minha mala e descer, agarrei meu ursinho de pelúcia, não ria de mim, eu sempre viajo e levo o Junior, o meu ursinho de pelúcia, e porque se chama Junior? Seria algo óbvio se eu lhe dissesse que ele é órfão de pai e mãe e talvez um dia eu o adote se eu talvez um dia fizer a loucura de me casar com sei lá quem? E se isso não acontecer, eu e meu ursinho saberemos do mesmo jeito qual a semelhança entre São Paulo e a noite de natal.
Lylys logo voltou do café da manhã, matou a sinistra e riu muito da minha cara, isso era fato. E antes que o imprevisto da barata tivesse nos atrasado, pegamos nossas bolsas, nossos milhões de dólares e
fomos feito turistas passear pela cidade a fora onde éramos tão loucas que o lobo mau não poderia mesmo tentar nos entender ou então ele seria interditado em qualquer sanatório mais próximo...
Do Hostel, saímos a pé, fomos até a Estação da Luz, visitamos o Museu da Língua Portuguesa, existe um segredo entre eu, o museu e a Lylys, o qual será contado nem no próximo capítulo de uma viagem a Sampa. Depois visitamos a Pinacoteca, passeamos pelo parque que também era muito lindo, fizemos amizades instantâneas com uns meninos de lá e como se fossemos duas “estrangeiras”, sentamos no Pub da Pinacoteca
e conversamos em inglês por um tempo, e quem é que nunca brincou de“ ah, eu não sou do Brasil!?”, e foi muito divertido, talvez alguém ache ridículo mas o que nos importa? Nada, simplesmente foi legal e isso é o que valeu!
Sem rumo e sem sentido, não sei dizer como perdemos os mapas, mas pedir informações e andar em círculos pode ser algo divertido se você realmente não souber onde está.
Conhecemos muitos lugares e como éramos milionárias turistas andamos a pé, de metrô e na volta para casa só pegamos um táxi porque estava muito escuro e de repente isso nos fez sentir uma sensação de estar em um lugar inseguro.
Mas, foi um dia super legal, fomos a Galeria do Rock
e nem sabíamos que era dia dos ‘emos’ se encontrarem, bom, eu achei o máximo, adorava ver os modelinhos extravagantes das meninas e os meninos com estilo ‘The Strokes’, mas o mais bacana foi passar uma hora na loja de cds onde o vendedor era muito gato, penso eu que o primeiro cabeludo que eu achei lindo na face da Terra, mas, tudo bem, estava tudo sobre controle até a Lylys extravasar com as palavras e pedir implorando para ir embora porque ela preferia os morenos e o cara gato era louro e enfim, embora aquilo tudo fosse só pra zoar, porque ninguém ia pegar ninguém, nem trocar telefones, nem mesmo voltar a se ver um dia qualquer, eu dei uma risada, comprei um cd e a Lylys teve que esperar mais vinte minutinhos...
Surtos? Minha querida amiga teve alguns, e puxou meu braço desesperadamente e me arrastou para fora da galeria dos ‘emos’ que a sufocavam com tamanha dimensão de profundidade de caráter emocional.
Por um minuto o sonho de Lylys era voltar para o Hostel, mas, eu queria muito ir ao Shopping! Perfeito não é mesmo?
UHm, pegamos um metrô e caímos na Paulista, aonde vamos? Shopping Paulista a lá vista baby!
O mais engraçado começa aqui, eu carregava uma sacola enorme preta que mais parecia um saco de lixo daqueles de lixões de rua sabe?
Ao entrar no shopping logo tinha uma área de fumantes no final de um corredor, uma espécie de varanda sabe?
Lylys em seu vício fadigado pelo cansaço de andar comigo o dia inteiro sem nenhuma trégua, acendeu um cigarro de mentolado e disse para eu ir fazer as minhas comprinhas básicas enquanto ela segurava o saco preto e fumava tranquilamente e também descansava os seus exaustos pés...
Individualista eu, não queria incomodá-la deixando Lylys ali para olhar o saco preto e como não estava nem um pouco pesado, eu disse que eu o levaria comigo...
Louca? Foi só o que eu ouvi com um ar de pavor, e minha amiga disse;’ Você perdeu o real sentido das coisas? Você imagina mesmo que alguém desse shopping vai querer atender você com esse saco horrível e preto e que parece lixo?’
Amigas desde a infância e ela nunca teve um momento tão ‘paty’ assim, eu fiquei atônita e depois de uma risada, deixei o tal saco preto que tinha umas comprinhas da Rua Vinte e Cinco de Março, era uma Coruja de pelúcia que mal tinha nisso?
Algum tempo depois, voltei meio insatisfeita por não conseguir encontrar a Loja da Thaís Gusmão e comprar uma langerie divertida que brilhasse no escuro, mas pra que eu precisaria dela mesmo?
Sentei um pouco com a Lylys e demos boas gargalhadas, depois, peguei o saco preto do qual ela se envergonhava e ela as minhas sacolas de compras, fomos direto ao terraço comer pizza.
Voltamos de táxi, pois, já era um pouco tarde, mas não haveria problemas em voltar de metro se acaso o escuro fosse para duas meninas, tão inseguro?
Ao chegar ao Hostel, tomamos uma ducha e saímos pra balada, a Lylys sempre me proibindo de pensar em quem eu queria
pensar e ela falava que não valia a pena e todas as desculpas que suas amigas de infância inventariam para você não ficar triste e não chorar e não borrar o lápis preto da maquiagem e enfim, sorrir mesmo que o coração começasse a se partir...
Não poderia ser diferente não, um dia fazia frio, chovia muito e fomos pra uma festinha, vesti um lindo vestido de inverno e não tive coragem de dizer para as meninas que eu queria um beijo do menino que...
Minhas amigas não iam achar legal, e eu fiquei mais reservada esperando se ele me desse mais uma vez moral, foi quando ele não veio atrás nesse dia depois de levar tantos foras e eu
tentei disfarçar toda emoção que cedo ou tarde se aflora...
Outra vez no universo colorido de São Paulo numa noite única, uma cultura diferente que invadia a cidade por pessoas que traziam pensamentos de paz e amor e ensinavam que o diferente é tão simples e os outros insistem em descriminar e achar ruim...
Conheci tantas pessoas alegres e o Dj embora não fosse a partir desse dia o meu preferido porque algum motivo eu tinha pra isso, mas seria o segundo, pois, nunca teria ido numa festa tão animada, e quando á tristeza de simples lembranças fizeram cócegas no meu peito num brinde de keep
cooler, minha amiga disse; ‘força, não chora!’, eu não chorei e não quis mais ir embora dormir...
O Dj resgatou do fundo do baú uma canção que simplesmente tinha tudo haver com aquelas lembranças...
Pode rir sim, ele tocou pra mim depois que eu pedi por um bilhete no guardanapo; ‘Anna Julia’, e a Lylys queria me matar nesse minuto, como ela mesma disse; ‘ ai que mico!’
Pista de dança um pouco vazia, ainda fazia tanto frio,
nem tirei o meu casaco cor-de-rosa, e comecei a dançar bem no meio com todas as luzes a piscar e fechei os olhos sem medo como no dia que fiz uma amigona minha escrever num bilhete essa música e ao Dj mandar...
Crise de risos compulsivamente de ver a Lylys me olhando com os braços cruzados e um amigo nosso que era meio sonolento vamos dizer?
Enquanto eu agitei a pista de dança multicolorida naquela noite em Sampa, mas meu coração estava tão longe, era como se eu entrasse numa máquina do tempo e voltasse uns anos atrás pra uma festinha de Halloween em que eu fui vestida de bruxinha com uma roupa preta de odalisca que era improviso e tudo bem eu tinha meus quinze anos e ainda era muito bonita e magra.
No outro dia fomos para praia e em Guarujá eu não agüentei, enquanto Lylys tirava um cochilo na grama do calçadão, eu tirei minhas havaianas e caminhei beira-mar sem direção, sentei e olhei para as ondas pedindo por uma boa explicação,
senti o vento bater em meu rosto soprando as lágrimas que caiam, andei, andei, andei e não me perdi, depois de algum tempo minha grande amiga me abraçou, conversou e me ajudou a sorrir...
E não sei mesmo o que há de errado quando você surpreende sua amiga de infância e ela de repente pensa que alguma coisa não era apenas uma bobagem de criança?
Depois de tanto tempo um coração ficar triste assim, talvez o problema não estivesse só dentro de mim!
Que confusão! Depois de uma semana pelo Festival de Cinema na Cidade de Goiás, eu não lamentei nenhum momento por esse segredo e a emoção em fusão, brincamos do jogado da verdade e eu blefei com medo que alguém o conhecesse e me perguntasse por que eu fui tão incoerente com um sentimento que de amor estava tão carente?
Blefes acontecem quando algo confunde a nossa mente e não se pode ter certeza de que não se magoara outra vez com o que se sente...
Pasma, foi como a
Lylys ficou quando eu contei toda a verdade para ela, e depois disse que uma de nossas amigas já sabia.
No entanto ela riu demais e me contou um segredo antigo, aqueles segredos de anos atrás...
Com os olhos cheios de lágrimas, soluçando, eu pensei que era uma bobagem porque uma amigona nossa também gostava muito desse garoto, mas, uma das minhas primas o beijou primeiro e isso foi como fazê-lo virar gay!
Deitadas na grama e bebendo coca-cola e comendo chocolates, rimos até doerem nossas barrigas e depois choramos também, a Lylys chorou de rir de tudo isso e eu chorei de desespero por que não tinha nada para ser feito...
De repente um carro buzinou
desesperadamente e era uma Ferrari conversível com uns surfistinhas lindos, mas, eu e Lylys estávamos tão acomodadas na grama rindo de umas coisas legais que fingimos que a buzina não era pra gente e logo eles foram embora, seria de fato o que aconteceria mais tarde se por acaso tivéssemos pegado uma carona na Ferrari pra fazer um tour pela cidade, mas as risadas eram as melhores lembranças que poderíamos ter talvez algo concreto ficasse chato depois...
Voltamos para casa, a viagem foi super divertida e ainda nos restava um jogo da Copa para compartilhar uma derradeira bebedeira com os amigos...
Banho, cama e esquecer da minha mala, eram as únicas três coisas que eu conseguia pensar naquele momento, aliás, será que valeria a pena ser tão patriota naquela Copa?
Algum tempo depois e nada mudou, o coração se calou lá em São Paulo algum segredo ficou e uma lição eu aprendi; ‘ não deixe de viver um minuto mesmo que suas amigas vão rir! E assim você um dia terá ensinado as suas amigas pro que vale a pena nessa vida sorrir?’
Um brinde ao sorriso mais sincero
que eu pude ter quando o meu coração em meu peito não merecia nem um segundo meus sentimentos puros saber, mas quando as minhas emoções foram sinceras, eu pude recomeçar a pensar em um jantar a luz de velas...
E quando o próximo inverno chegar outra história poderei contar, algo como o show dos Los Hermanos na companhia de bons amigos na última primavera quando ele me deixou tão sozinha e embora eu merecesse todo esse gelo, eu ainda assim escrevi cartas de amor e não mandei, e fiquei no vento frio com
boas amigas e amigos cantando versos de amor; ‘Há muito uma menina vêem maltratando o coração de um amigo meu, eu acho que ela já chorou mas acho que ela também já se esqueceu, então por que pisar no coração que ama e deixar ele sozinho sabendo que sua vida mais que tudo necessita de carinho. Babi, não maltrate o meu amigo, pois eu sei que o seu coração só pensa em ti!’
Legal! Clá olhou pra mim e deu uma risada enorme, com quem diz; ‘ que música amiga?’
Tentei ser mais forte do que a razão dos meus pensamentos que nadavam feito peixinhos dourados no meu aquário de
memórias e talvez isso fosse em vão.
Algum tempo depois, há tempos que a saudade era o mesmo que inimizade entre eu e meu coração...
Hey, queria mesmo saber por que o meu coração se sente tão mal?
Hoje, um velho conhecido meu, dono de um carro lindo, conversível, enfim, o cara que todas as minhas amigas queriam ter até mesmo deitado no sofá da sala, convidou pra sair e pra ver as estrelas do céu, mas não queria jogar o meu tempo ao léu...
Fiquei pensando porque Deus não dá asas ás cobras?
Não quero ofender ninguém, mas, existem tantas meninas que adorariam sair com um cara com tamanha aparência, bonito, bem formado, não vou dizer culto por que, nunca escutei ele dizer nada inteligente e talvez este seja um dos grandes motivos pra não existir um romance entre a gente...
Não vou me gabar dizendo que eu nunca passei por uma fase boba na vida, e como eu acabei de dizer; fase boa que passa. Melhor ainda se esta fase for ao começo da sua adolescência onde tudo era tão
cheio de brilho e cor-de-rosa e de repente, ploft, você muda e começa a colorir a vida com outras cores, aprende a usar a aquarela e encontra no amor e no interior das pessoas bons valores.
Bléh, vamos voltar ao assunto?
Nem todas as meninas pensam que o amor é um sentimento puro que deveria dominar o mundo e por isso cantam; “ alegria é poder estar ao seu lado e te ter como namorado”...
Sinceramente não seria mesmo mais fácil ser como todas as outras e mais uma vez deixar a vida se tornar uma grande estupidez humana por alguém capaz de satisfazer todas as minhas manhas?
Quando se vê que
muitos caprichos que ele poderia me dar, são valores da espécie humana que eu poderia apenas chamar de lixos?
Hoje, não me senti a pior das criaturas por dizer não a um cara que se gabava por culturas, mas não sabia me contar sobre a história de nenhum museu e quando disse que conhecia a literatura não sabia me dizer qual era a sua preferida leitura!
Com licença, eu sou educada, então agora eu posso rir?
Não sei onde é a área reservada para risadas, talvez, na área reservada para fumantes?
Mas muito feliz estou por não mergulhar nesta cilada e insistir em levar a sério um romance que começa com um anel de diamantes?
Deixe-me rir,
por favor? Eu estou a borbulhar de risadas e isso até me faz sentir dor...
Muito obrigada pela companhia e desculpe-me por não ter o beijado e nem mesmo poder novamente estar ao seu lado, mas é que tenho um coração vivo que insiste em sofrer calado e embora você tenha tanto poder, o que eu sinto não está na prateleira do supermercado e por isso pensei que fosse melhor, ser a mais sincera, sem querer te deixar magoado.
Há tempos eu conheço
você, nossos pais são grandes amigos, mas lamento ter sido educada pela vida onde também já fiz escolhas erradas no passado, e você sempre esteve onipotente com seu cartão de crédito ao seu lado...
E talvez as minhas escolhas nunca tenham sido matérias, mas foram estéticas escolhas pessoais, erros de meninas novas, amigas loucas, erros que não se repetem agora...
O mundo depois disso girou e só você quem não notou?
Há tempos se tivesse pedido a minha mão para uma dança, eu dançaria pelo seu ar de elegância e seu olhar por que você nunca foi feio, mas hoje eu encaro valores matérias e estéticos com
algum receio.
Sorte pra quem aprende o que é certo quando ainda é quase criança, por que hoje o arrependimento não ficaria só nos passos desta dança...
Sabe de uma coisa? Senti vontade de escrever num papel a minha agenda de celular, você teria tantas amigas pra telefonar e quem sabe o seu carrinho sem teto e com invisíveis asas poderia voar?
E por favor, não insista mesmo que na dança você mantenha respeito por chamar o meu pai de tio, mas com você nunca senti nenhuma borboleta sobrevoar o meu umbigo.
Borboletas bobas no estomago e joelhos que tremem claro, isso não acontece só nos filmes de Hollywood, e nem tente mudar o seu papo rude, eu já disse que eu não quero fazer nada que você se ilude.
Fui embora com a Clá, era a única amiga legal que nesse momento eu poderia conversar...
E neste último
inverno viajamos pra um lugarzinho longe, cidadezinha cheia de montes onde os valores humanos mais belos nas telas de cinema se escondem...
Contei pra Clá que eu estava tão feliz por não ter deixado o meu tédio me dominar e a vontade de sair e rir um pouco...
Falei sobre o Menino filho do amigo do meu pai, contei sobre os presentes, sobre o anel e os
bombons, contei sobre o que eu disse não e como eu poderia dormir colocando leve a minha cabeça no travesseiro nesta noite com raios e trovão...
Presentes são apenas presentes, e nada além do anel eu devolveria o anel porque simbolizava um pedido, um carinho, um sentido, um mimo ou capricho que ele poderia comprar mas que pra mim nenhum dinheiro do mundo poderia pagar.
Mais uma vez a história de inverno, um
carro conversível desprezado, garotos ricos e bonitos no vento jogados e o que fazer pra não querer isso?
Talvez se divertir na grama rindo com as amigas, ou tomar sorvete no pote com colher e outra vez rindo com as amigas...
Ao meu coração o dinheiro não paga as alegrias, e embora alguém queira me dar uma camisa de forças, eu
simplesmente pro sanatório não iria, por que, no meu atestado o psicanalista, o psiquiatra escreveriam que eu sou uma menina simplesmente normal demais pra não se corromper com o mundo aqui fora, e isso tudo é berço e cultura, é vida dentro de algum livro de uma literatura real que pra quem ocupa a mente começa a entender o verdadeiro sentido que faz a vida ser tão especial...
Um amor de garoto, ele é lindo e disso não tenho dúvidas, mas o que fazer se ele não pôde me convencer de que sabe falar sobre alguma coisa além da cor do carro que ele tem ou dos perfumes e meias que ele comprou na Suíça?
Muito chato isso tudo o tempo todo irrita, e
não me arrependo por não ter o beijado, então, você ainda não sabe por que eu preferi as minhas amigas e meu sorvete de colher bem gelado?
Risadas para saber que ele não é único e que as pessoas são muito diferentes mesmo com as mesmas oportunidades ou não, e embora filho do amigo do meu pai não seja o meu parente, não há chances de existir um romance entre a gente por que não importa se é rico ou pobre, se estava a pé ou no carrinho mais badalado da cidade, o que importa era o que ele sentiria o que tinha por mim no coração?
Um brinde a toda felicidade que se encontra em meninas que pensam no aquário do mundo com um pouco de emoção.
Uns dias se passaram e tudo voltou ao seu lugar, ele foi embora levando outras meninas pra dar uma volta, pra mim e pras minhas amigas, o que fica são risadas na memória.
Boo, por que meu coração se sentia tão mal?
Não era por se arrepender
de nada, nem por comparar ninguém, era apenas por estar tímido em dizer tudo o que sente quando as emoções vêem...
Sabe, naquela manhã cinza em São Paulo eu aprendi que se gritar ao vento um bom pensamento é melhor do que deixá-lo num aquário de idéias, a vida se torna toda colorida e por que não ser vivida?
E o que me falta é coragem pra sair desse faz de conta de peixinho dourado, e dizer que não me esqueço de nada e que esconder o que sentimos é uma grande bobagem e então por que deixar um coração se sentir tão mal se o mundo pode ser tão colorido?
Hoje, eu só queria lhe dizer; ‘ vamos colorir o nosso segredo mais antigo?’