Friday, December 21, 2007

Capítulo 19 _ Livro Aberto; O diário de Julie



Borboletas no Aquário


Imagine se você for capaz...
As borboletas no aquário lá na Casinha de Sapê?
Talvez em suas confusões mentais as árvores conversassem com bocas enormes como se fossem te engolir, as nuvens estivessem mais baixas, próximas ao chão, os pássaros enormes, quase dinossauros, os frutos das árvores gigantescos, aliás, você tinha que ter muito cuidado com as maçãs, pois algumas caiam dos pés, cuidado com os grãos de pólen, pois, as abelhas não dispensavam a oportunidade de dar a vida ao mel...
Medo! Frustração por si mesma apenas! Singularidade extremista! Amor próprio desiludido da vida! Insegurança! Bobeiras! Idiotices que cometemos quando menos esperamos, mas que vêem pra jogar coisas na nossa cara, coisas que ainda não entendemos!
Bléh, e ao observar as borboletas no aquário, Julie, percebeu que não importa o que fizeram com o seu coração, se fizeram um mosaico de seus sentimentos, o que importa é hoje quem o admira e vê...
E se a gente se fechar em comparações, é como se estivéssemos empoeirando este mosaico, deixando embaçada a beleza que ele é, escondendo todas as cores do amor, dos olhos de quem o admira e vê...
E aconteceu um contratempo entre Julie e Jim, algo ruim, algo bobo, empoeirou o mosaico dos sentimentos e derramou a água das borboletas do aquário...
As borboletas saíram voando e gotejando pingos d’agua, como se fossem lágrimas fragmentadas, enquanto, Jim, se magoou por não conseguir entender o segredo do mosaico e ver todas as cores que poderiam estar refletidas no prisma do seu coração!
Ele saiu, disse que não queria conversar com ela naquele momento...
Ela chorou, sentiu se tirada, largada, magoada, errada, ela logo parou pra pensar e reconheceu seu erro, logo deixou um recado de desculpas, escreveu tudo o q eu seu coração sentia, quebrou o mosaico e o refez sem comparações, sem explicações, ela jogou água no mosaico, tirou a poeira, se libertando aos poucos de todo medo e inseguranças, ela deixou o coração de mosaico em pedacinho ali...
Julie pediu para que Jim lhe ajudasse a reconstruir o mosaico, da forma mais bela que os olhos dele poderiam ver!
Jim, ainda magoado e com razão, deixou ela de castigo esta madrugada, foi dormir...
Julie e Jim aprendem com tudo isso que nenhum dos dois é perfeito, mas que podem ser os melhores juntos no que fizerem...
Nos sonhos que puderem ter que buscarem, ele precisa ajudá-la a ser forte, mostrar pra Julie o quanto a imagem do mosaico é real; Julie, precisa confiar mais, acreditar mais, olhar profundamente pro abstrato infinito do seu coração de mosaico e conseguir ver que o Jim está lá...
Juntos! E aos poucos eles vão vencer, aliás, quem sabe briguinhas assim, eles não ‘acontecem’ pra mostrar o que está passando despercebido?
Julie e Jim deixaram passar despercebido o reflexo mais lindo de suas ações, ele por esquecer um pouquinho da fragilidade de Julie nesse momento em que as borboletas saíram do aquário e Julie, por ter guardado insegurança e medo...
No entanto, são fatos, são lágrimas, são magoas passageiras e necessárias para que eles possam se entender melhor e logo, logo dar risadas juntos outra vez e sentir que as borboletas estão rodando ao redor, trazendo um arrepio, um sussurro de boa sorte e a paz em seus corações...




Enquanto isso, Julie levava sua vida meio triste, incompleta e vazia!
Numa tarde de domingo saiu com a sua amiga Ruiva ( Fer) pra dar uma voltinha...
E o tempo passa no ritmo da canção que dizia: ‘ Da janela lateral, do quarto de dormir, vejo uma igreja, um sinal de glória, vejo um muro branco e um vôo do pássaro, eu vejo uma grade e um velho sinal... Mensageiro natural, de coisas naturais, quando eu falava dessas cores mórbidas, quando eu falava desse temporal... Você não me escutou! Você não quer acreditar, mas isso tudo é tão normal... Eu apenas era cavaleiro marginal, pulava em ribeirão, cavaleiro negro que me deu mistérios...’
---Julie, relaxa amiga, vai ficar tudo bem!
---Será?
---Claro que sim!
---Fer, ele está tão grilado comigo!
---Ah Julie, também não é pra menos né...
---Unf!
---Mas relaxa Julie, não chora não, tudo vai ficar bem...
---Será Ruiva?
---Lógico Ju!
---E o que eu devo fazer agora?
---Nada, você já fez tudo que podia!
---Éh, você tem razão, eu vou esperar uma reação dele...
---Ah, ele gosta muito de você, por isso que ficou tão chateado, mas pensa que quando vocês fizerem as pazes tudo ainda será melhor...
---Será?
---Certeza que sim! Ás vezes, as pessoas se desentendem pra pensar e depois fazerem as pazes, ás vezes, isso é um mal necessário!
---Espero que não demore muito então, porque eu estou com saudades...
---Ju é certeza, de que ele também está com saudades de você!
---Uhm! Tomara! Porque eu estou com muitas e; eu gosto muito, muito dele...
---Relaxa Julie!
Saíram, deram algumas voltas ao shopping, depois foram comer uma coisinha pra forrar o estômago, jogaram muita conversa fora, encontram algumas amigas por acaso e voltaram pra casa pra dormir...
Poucos dias depois, Jim ainda um magoado, saiu com Julie, foram á um Pub, dançar e se divertirem.
Ao chegar ao Pub, estava tocando uma banda; Engenheiros do Hawaii, era uma banda brasileira, super da hora, muito massa mesmo, algumas canções eram cantadas em inglês, outras em português, era muito bom...
Uma canção dizia assim; ‘ Diga a verdade ao menos uma vez na vida, você se apaixonou pelos meus erros, não fique pela metade, vá em frente minha amiga, destrua a razão desse beco sem saída... Diga a verdade, ponha o dedo na ferida você se apaixonou pelos meus erros, e eu perdi as chaves, mas que cabeça a minha, agora vai ter que ser para toda vida... Somos o que há de melhor, somos o que dá pra fazer... O que não dá pra evitar e não se pode escolher... Se eu tivesse a força que você pensa que eu tenho, eu gravaria no metal da minha pele o meu desenho, e feitos um pro outro, feitos pra durar uma luz que não produz sombras...
Somos o que há de melhor, somos o que dá pra fazer, o que não dá pra evitar e não se pode esconder...’
Foi rodando os ponteiros no relógio, foi se fragmentando em pequenas grandes ações o tempo do relógio...
Naturalmente, fizeram as pazes, tudo estava bem, coração pulsando e uma canção na mente de Julie; que dizia:’ Eu quem falei nem pensar, agora me arrependo roendo as unhas, frágeis testemunhas de um crime sem perdão, mas eu falei nem pensar, coração à mão como num refrão de bolero, eu fui sincero como não se pode ser, e quando acaba a bebedeira, ninguém consegue nos achar, num bar, com um vinho barato, um cigarro e um cinzeiro e uma cara embriagada no espelho do banheiro, teus lábios são labirintos, que atraem os meus extintos mais sacanas, o teu olhar sempre distante, sempre me engana e eu entro sempre na tua dança de cigana...’
Se analisar pausadamente a canção, talvez o momento seja muito menos denso do que ela...
Talvez se os sentimentos á momentos fossem comparados a Schopenhaeur, pudéssemos então dizer com clareza que a profundidade poética seria a mesma, seria uma canção, seria uma trilha sonora...
No entanto, era apenas uma canção, dos Engenheiros do Hawaii, canção que Julie já ouviu em uma de suas viagens ao Brasil, a qual não deixava de ser algo a mais do que um barulhinho...
E quando se diz; ‘Seus lábios são labirintos... E eu que falei nem pensar, e eu falei sem pensar...’, talvez esse trecho fosse simplesmente o real dentro do abstrato perfeito de Julie.
Voltaram para casa. Se despediram e combinaram segredos. Quais? Não vou falar agora nas próximas entrelinhas...
É engraçado pra mim, ver meus leitores curiosos, roendo as unhas e mal sabem vocês que são minhas frágeis testemunhas de um crime com perdão...
E qual é o crime?
Preste atenção no diálogo:
---Julie você já inventou desculpa pra sair de casa?_ Camila
--- Já! Você quer dizer mentirinhas do bem né?
---Mentiras nunca são do bem, mas aquelas desculpinhas pra sair de casa?
---Hahahahaha, eu já e você também...
---Julie, acho que essas Deus perdoa...
---Quais Cah?
---Ah, essas desculpinhas que todo mundo já inventou e inventa pros pais...
---Bléh, sabe de uma coisa, somos apenas iguais aos nossos pais, é lógico que eles com a nossa idade faziam o mesmo...
---Julie, você tem razão! Até mesmo porque eu acho que essas mentirinhas quando chegam a caixa de e-mail de Deus, ( com todo respeito), já são deletadas automaticamente...
Ernane que só ouvia a conversa resolveu questionar:
---E quando minto pra namorada?
---Pra namorada ou namorado? Pra eles são enviadas as mentirinhas da mãe e mais quatro... _ Cah
---Verdade! Se eu fosse você nunca mentiria! Coisa feia! _ Julie
---Ah ta, o mais importante!_ Ernane
---Que mais importante? Ficou louco? Pra namorada, namorado a gente não mente não ô Ernane!
---Isso mesmo, a Julie tem razão...
---Ah, Camila, você e a Julie tem muito o que aprender...
---Não não temos não!_Ju e Cah
Ernane se levantou e saiu...
Legal o dialogo!
Espero que principalmente aos meninos, tenha sido clara, pois as menores mentirinhas são as que mais doem...
São como aqueles machucadinhos pequenos, que ardem pra caramba, mais do que cair de bicicleta e ralar todo o joelho...
Então, lá no seu quarto, sozinha, Julie estava ouvindo dos Engenheiros do Hawaii...
Julie esperava o telefone tocar...
E a canção dizia mais ou menos assim; ‘ Você me faz correr demais os riscos dessa highway, você me faz correr atrás no horizonte nessa highway... Estamos sós e nenhum de nós sabe exatamente onde vai parar, mas não precisamos saber pra onde vamos, nós só precisamos ir, não queremos ter o que não temos, nós só queremos viver, nessa infinita highway... Escute Garota, o vento toca uma canção dessas que uma banda nunca toca sem razão... Estamos sós e nenhum de nós sabemos onde vai parar... Atrás de motivos escondidos nas entrelinhas dessa highway...’
Julie estava feliz, hoje, aprendiz, bruxinha, maçãs da face avermelhadas, olhos brilhando longe nesse horizonte da infinita highway...
Existem segredos escondidos, escondidos pelas curvas dessa Highway...
Segredos nunca encontrados, segredos que um dia serão procurados...
Bléh, aqui temos a banda que nunca toca uma musica sem razão e a Julie que sabe como oscilar ou fazer fusão da sua razão e coração...
Aloha...

No outro dia pela manhã...
Julie acordou triste, sem entender porque tudo dava errado pra ela...
Porque seus Pais eram tão chatos, porque o mundo era tão chato e porque as coisas nunca eram alcançadas...
Talvez a família tenha sido pouco citada neste livro, mas neste momento todos eram muito chatos com exceção da sua Avó, da sua prima Patty, do Marcelo e da Tia Yara, da Tia Irma, Juliana, (essas pessoas em exceção porque a mimavam)!
Do contrario todos tinham feito alguma coisa pra atingir sua triste natureza sem humor que permaneceria uma semana se acaso não fosse diagnosticada com boas risadas e carinho a tempo...
Sabe, tudo o que a Julie precisava é de um pouco de atenção, e mesmo seus Pais e sua Família sendo as coisas mais importantes do mundo, neste momento só uma pessoa a compreenderia, e seria o Jim mas como ele estava dormindo, mortão de tanto sono, então seria o seu ursinho de pelúcia, já que as melhores amigas que Julie teve na vida, sem querer ofender a Francelle, a Mila, Fernanda, Patty, a Belle, a Lud, a Lala, Lola, LYLY, e a Vivian uma amiguinha que ficou lá na terceira série do ensino fundamental, mas sem querer ofender mesmo, suas melhores amigas tinham sido a Layka, a Lassie e a Kate! Quem são elas? Alguém pode adivinhar?
Yeah, suas cachorrinhas! As cachorrinhas companheiras da Julie! Todas MORTONAS! Mas quem sabe o espírito delas poderia ouvir uma lagrima de Julie que derramava de seus olhos, percorria sua face maquiada, seus olhos borrados de lápis preto, suas maçãs avermelhadas, seu vestido preto e novo, enquanto ela se apoiava na janela e olhava pro céu de estrelas e enquanto não encontrava a estrela cadente, cantava baixinho; ‘ brilha, brilha, brilha estrelinha...’, mas Julie estava tão tristinha e tão sozinha que o som que vinha baixinho do prédio em frente, vinha da janela de uma menina que foi sua amiga mas que depois a enganou, e olha como as coisas são pertinentes? Estava tocando Sweet Child O’Mine... E o que há de demais nesta canção? Tudo!
Ju, soluçou, engasgou com seu choro, então seu ursinho fez o unicórnio da cortina da sua janela voar, foi até o som da Menina Traíra, desligou o da tomada, cuspiu e pregou chiclete nos buraquinhos da tomada dela... E ela ficou feito uma bestona sem saber o que estava acontecendo até que ela olhou pra tomada do som e logo viu o ursinho montado no unicórnio voando e rindo dela...
A MENINA CHATA TRAÍRA:
---PORQUE VOCÊ FEZ ISSO?
---PORQUE VOCÊ É CHATA, VOCÊ INVENTOU MENTIRAS DE PESSOAS LEGAIS, VOCÊ FEZ O MAL PRA PESSOAS DE BOM CORAÇÃO E PORQUE JÁ ESTÁ TARDE E VOCÊ FICA COM ESSA CANÇÃO IMPERTINENTE FAZENDO MENINAS BOAS SOLUÇAREM...
Bléh, ai o ursinho vôo com o unicórnio Feliz, pegou um lencinho de seda da árvore do jardim mais belo, vôo mais depressa e enxugou as lagrimas de Julie. Não era atoa que a Julie dormia com seu ursinho todos os dias...
---Ursinho porque você fez isso?
---Porque você estava sofrendo de saudades com aquela canção...
---Ah, mas como ela não poderia saber o que estava acontecendo aqui...
---Não, não poderia mesmo, mas pra ela largar de ser má, eu fui lá e dei o troco!
---Ursinho, você não me faz feliz quando é vingativo!
---Julie, seu coração é muito bom, por isso que você ás vezes é tão trouxa!
---Ursinho respondão!
---Julie trouxa!
---Vai cagar seu chato!
---Sou de pelúcia apenas... Hehehehehe
---Que raiva de você!
---EU TE AMO!
---EU TE ODEIO!
---ODEIA NADA!
---ODEIO SIM!
---VAI VOAR URSINHO PELA JANELA...
---NÃO, JULIE, NÃO...
---OWN, OWN, OWN, PLOFT!
---PLOFT! PLOFT! PLOFT! Ela fechou a janela, deitou e ficou olhando pro teto...
---Julie! Deixa-me entrar?
---Julie, deixa-o entrar?_Unicórnio
---Não!
---Ju eu vou chorar!
---Chora! Ursinho mal dorme do lado de fora!
---Jujuzinha do meu coração, que culpa eu tenho de você estar na TPM?
---Ursinho, desaforado não tenho, TPM, estou apenas com um descontrole de humor da natureza por uma semana, que espero eu, que seja legal caso seja diagnosticada a tempo com muito carinho e boas risadas...
---Tá bom Julie! Mas’deixa eu’ entrar, aqui faz frio...
Ela, era uma Menina muito boa, por isso abriu a janela e...
---Entre sem bater ... Por favor, bata a janela ao sair! Não há incômodo com fumantes, Logo ali há uma varanda reservada, Talvez você aceite um café? Ah, não gosta? Que tal, um chá gelado? Também não? Yeah, está difícil lhe agradar... Mas uma água com gelo, Você também exita em aceitar? Não? Ah que ótimo! Eu sabia que pelo menos isso... Entre, fique à vontade... Talvez nem tão à vontade, Aqui existe calor, mas faz frio!
--- Porque você leu esse trecho triste e decorado, do seu diário?
---Porque e u to muito tristinha!
---Ju, você me desculpa?
---Ahan.
---Posso dormir com você? Estou com frio!
---Não, ainda estou de mal...
---Mas você não me, perdôo?
---Sim! Mas não pra dormir comigo... Me dá um tempo ursinho!
---E você vai conseguir dormir tão sozinha?
---Já estou não estou? Então durma aí no puff perto das fadas da janela e do unicórnio... Ou se quiser debaixo da cama perto do criado mudo, perto das bruxinhas, gnomos e duendes ou na estante perto dos anjinhos, de Deus!
---Julie porque você se entristeceu mais comigo?
---Porque eu já ensinei pra você várias vezes que não desejamos nada de mal pras outras pessoas e hoje você se vingou da Vivian, pessoa que eu já perdoei!
---Mas pensei que...
---Ursinho você não pensa! Eu já te ensinei que tudo o que desejamos de bom ou ruim, volta em triplo pra gente... E eu to muito triste e com muito medo de verdade que esta semana seja ruim, que esta onda de ‘vodoo’ que durou este final de semana se esparrame durante a semana de feriados...Bléh, eu só queria não sentir tanta saudade, eu queria atenção, carinho, eu queria sorrir de novo pro vento feito boba e sentir borboletas no estômago...
---Unf!
---Pode vir dormir ao meu lado, ‘eu tenho medo do escuro, inseguro’...



by: Ludmila Naves!