CAPÍTULO 2
PINACOTECA DE SONHOS
No cinza das ruas nesses dias de Inverno rigoroso, as poças d’água se formavam pequeninas, balões coloridos davam alegria ao céu nebuloso. Por algum cantinho das calçadas pessoas esqueciam seus guarda-chuvas, crianças segurando pipas coloridas passeavam com as Babás, casais de namorados pedalavam lado á lado, o pipoqueiro sorria para as Senhoras que passavam pela Rua 13, o Sargento Amarelo cumprimentava á todos que entravam e saiam do banco, Seu Manoel dava pirulitos aos bebês que iam á sua barbearia, no Bistrô de Dona Maria Brigadeiro várias receitas eram escolhidas com carinho, e na caixa postal o Carteiro trocou as correspondências ao se sentir ameaçado por raios e trovões.
Nos jardins as borboletas se esconderam debaixo de alguma folha das roseiras, os pássaros se aconchegaram em seus ninhos e os carros passavam com pressa pelas ruas. Passavam respingando água suja nas pessoas que tomavam banhos de chuva...
Na Europa, num lugar aconchegante e conhecido como Mônaco no Sul da França, Liliana Garibaldi passou dois dias numa clínica de estética para cuidar de suas células faciais e fazer plástica nos seios.
A Mãe de Chiara fugia constantemente de uma depressão profunda. A Srª. Garibaldi compra todos os lançamentos de sapatos Prada, retoca todas as imperfeições de seu corpo e é ativamente social no mercado financeiro europeu com o uso do cartão de crédito de seu marido. Ah, e isso se repetia em todas as quatro estações do ano, um retoque nos cabelos, na face ou nas gorduras localizadas. Além das compras, das idas aos desfiles, Museus e eventos sociais. Ontem, ela chegou á pensar em fazer parte de alguma ONG, mas, logo esqueceu a idéia temporariamente quando a sua massagista chegou e interrompeu o seu chá das cinco.
Os dias nunca mais tiveram cor depois que ela o viu com a secretária em um desfile de moda o qual aconteceu em Milão. Se arrependimento matasse, o seu coração estaria a fazer ‘tum-tum’ á sete palmos de terra; por ela não ter se casado com um Médico lindo, inteligente e renomado em neurologia. Em vez de um empresário, em vez de seu marido, em vez de seu chifre. Ah, e ainda há quem fale por aí que os Médicos não são bons partidos porque traem suas esposas com as enfermeiras?
Não há como dizer; ‘eu não traiu’, a carne é fraca e um dia qualquer um pode cair na tentação. Não precisa olhar para este livro com uma cara feia, trair ou não trair é só uma questão de ser ou não ser hipócrita.
Ou você não sabe que a única mulher que andou na linha antes do casamento, o trem veio e a matou?
Sabe o que mais aconteceu com a coitadinha?
Triste, ela ainda ficou com os chifres presos nos trilhos!
Respire, inspire e viva!
Liliana Garibaldi sempre pensou que perdoaria uma traição e não importou muito com esse tipo de coisa. Mas, levar a ‘outra' á um desfile de moda em Milão é a treva! O que Liliana Garibaldi não conseguiu explicar sobre a tal aceitação de traição, era simplesmente o fato de um homem a trair sem subestimar a sua inteligência. Ou seja, quer transar com outra mulher que seja sem contar até mesmo para o melhor amigo, porque um dia o seu melhor amigo vai valorizar a Mulher que passeia com o seu cartão de crédito pelo Shopping. Ah, ou melhor, quer trair?
Traia! Faça sexo com tantas outras, use camisinha porque ninguém merece suportar a AIDS, mas, volte para a sua mulher a desejando mais, a amando mais, sendo o Homem que você tinha se cansado de ser. E o detalhe mais importante é; mesmo que ela pense como Liliana Garibaldi, nunca em nenhuma hipótese a deixe saber que você é capaz de á trair. Não subestime a inteligência de uma mulher, ela pode te abandonar para sempre!
Ah, e outro detalhe importantíssimo, nunca dê presentes porque vai trair a sua mulher, seja Homem se quiser trair. Dê presentes á ela quando você desejá-la!
Você homem, pode não compreender isso que é tão simples; um olhar e um gesto de culpa valem mais do que mil palavras. E quem sabe por um motivo assim Liliana, se arrependeu de não se casar com um Médico?
Você não entendeu?
Os médicos são mais frios com os seus sentimentos e sabem mentir, quero dizer, ‘disfarçar’ melhor! E desculpe-me, ás enfermeiras e á essa profissão que é tão abençoada por Deus e digna; mas, certa vez Poli ouviu dizer que certas enfermeiras são as putas particulares de certos médicos!
Enquanto isso, lá no Brasil, São Paulo, lá na Mansão dos Garibaldi...
Lareira, quadros nas paredes, tapete colorido, almofadas indianas, um arguile na mesinha de centro da sala de estar, taças de cristal refletindo magia do bar pessoal, um pote de café no canto da cozinha, uma adoração com fé ao Buda da vizinha e o frio que dançava com os ventos que deslizavam pelo corpo pecador de Chiara. Ela abriu a geladeira e pegou outro vinho.
De repente por detrás da garrafa, como se batesse asinhas, Hank, o homenzinho do tempo, voava ao seu redor, pedindo para que ela não se assustasse. Ele lhe mostraria o Kama Sutra, o livro sagrado do sexo, e sem práticas com ela. Ele era homossexual.
Acredite, é tão surreal essa nuance de homenzinho, Elfo, Duende, e Deus que ele cogitou a possibilidade de fazer sexo com um ser humano. Sorte é que ele era muito homossexual para gostar de uma garota tão feminista!
Hank explicou alguns truques mágicos do mundo sexual. E disse que os ventos escolheram um truque em especial para que Chiara quebre sua timidez e seu jeitinho doce de Princesinha. Um toque apimentado com o Rockstar dos seus sonhos no momento certo.
Esse toque especial era um pouco diferente do fetiche psicológico de se fazer uma cirurgia plástica e ter um leve romance com o seu médico no pós-operatório. Algo, não muito atípico para algumas mulheres que sentem mais arrepios cutâneos ao visitarem seus ginecologistas e brincarem com a escovinha das emoções; do que ao se despirem para entrar num banho na frente de seus namorados, maridos...
Máscaras da sacanagem?
Não! Isso é paz, amor e para o sortudo de Chiara, a melhor miragem ou a realidade!
Ah, é como se o Kama Sutra fosse dado de presente ao movimento feminista!
Ou um simples fato como em 1969 pedindo o fim das guerras; ‘faça amor não faça guerra’.
Não mais do que assim e sem ter que usar ópio para entender o que acontecia ali na cozinha com Chiara Garibaldi, naquela noite fria, despida de rótulos, cores ou disfarces. Ela aprendeu á flor da pele algo sobre o verdadeiro amor!
Foi assim que Hank explicou para Chiara que o seu poder mágico no jogo do amor será um velho passo do Kama Sutra. A ‘Alavanca da Euforia’.
Assustada, ela se lembrou apenas de um dia ter visitado o quarto de um amigo da faculdade, o Ernane, não para fazer sexo nem nada do gênero, mas, para pegar com ele uma edição da revista Decibélica. E lá, o grande susto!
Não, nada haver com o pênis!
Não, ele não ficou nu! Mesmo porque se talvez ele ficasse nu não fosse algo ruim. Lá no quarto, Ernane, apenas mostrou para Chiara o presente que ganhou de uma velha amiga, um Calendário Kama Sutra. Riram muito e em meio ás piadinhas infames do amigo e à paisagem egípcia desenhada numa das paredes, Chiara ficou meio perplexa por um minuto, imaginando algo sobre rock e sexo. Pensou sobre o sexo no Ocidente, e sobre a submissão sexual debaixo de lençóis no Oriente. Ou em outros lençóis, claro. Talvez, uns em tons esverdeados como naqueles filmes Hollywoodianos?
E ela foi embora...
Na verdade antes dela ir embora, algo passou por seus pensamentos. Era a sua imagem e perfeição na figura da Cleópatra fazendo sexo numa esfinge. E esse tesão nem mesmo a lingüística pode explicar! Não era nenhum tipo de fetiche com o seu amigo, era apenas um pouco de frenesi.
Ainda há no Mundo amigos que duvidem que o Ernane, nunca tenha se imaginado um Poderoso Árabe, um Pedreiro Norte Americano, um Egípcio ou mesmo um Deus Grego ás margens de qualquer mar, fazendo sexo com uma Deusa Grega, melhor dizer a Chiara.
Simples assim porque eles se implicavam em todas as manhãs de Coca-Cola, quero dizer em todas as manhãs que o pessoal se reunia na Cantina A02 da faculdade. E quem sabe o motivo fosse o tesão enrustido que Chiara provocava inocentemente ao desfilar com suas lindas pernas encobertas por uma mini-saia?
Não posso explicar o tesão!
Não há como explicar nem mesmo uma careta de quem cheirou um pote de cristal cheio de talco e o deixou cair no chão. Nem mesmo Hollywood explica!
Cinema, aventura e ação! De repente, alguém sempre batia a claquete no momento mais frenético, e todos tinham se molhado em vão...
Ah! Isso acontece nas melhores conversas perfumadas por sexo das melhores Universidades!
Veja que eles nem estavam em um laboratório de anatomia. Ali, era apenas a Cantina A02.
(Bodega Fantástica se inspira em fatos surreais! Risos! Uma colega de faculdade da Autora foi á Índia e relatou sobre toda a essência mágica dos sáris, além de trazer para o Brasil o tal calendário Kama Sutra de presente para um grande amigo.)
Arrepios, medinho, ela coçou os olhos e não era sonho, não era pesadelo, era o Hank á sua frente lhe dizendo o que fazer para uma noite fantástica de sexo com um Rockstar. O vulgo personagem que sabe ‘trepar’ nesse livro, mais do que trepadeira em Jardim de Outono e Primavera!
Risos!
Confusa, ela perguntou a Hank se esse segredinho do Kama Sutra só daria certo com o Rockstar. Feliz, logo ele lhe explicou que com roqueiros a alavanca era o melhor. Depois, Hank contou os melhores segredos sobre os homens e como temperar os potes de conservas de picles na medida certa para cada paladar. Paladares, que ela tivesse que convidar para jantar ao longo de suas experiências sexuais, apetitosas.
Chiara, lembrou que há uma semana tinha experimentado o chá de Santo Daime. Ela nada sabia á respeito, se as alucinações poderiam voltar com o tempo. Ou mesmo se o chá que lhe deram como degustação numa loja de incensos na Rua Augusta era mesmo o famoso chá alucinógeno...
Sexo! Isso não era alucinação! Aliás, era alucinação um enviado dos ventos lhe contando um segredo milenar sobre a arte de fazer sexo?
Quem pode dizer que não foi um diálogo com Santo Daime?
Ou quem pode dizer que ela estava delirando?
Delirando?
Se a Chiara estivesse alucinada seria algo contraditório dizer que ela delira por sexo?
Não vamos discutir coisas mágicas, todos nós sabemos que a mente humana é mais profunda que um buraco negro no espaço no filme Guerra nas Estrelas.
Isso porque as paredes de um quarto no meio de um corredor; elas têm ouvidos. Melhor dizer que paredes têm outros ouvidos. Sempre haverá uma pessoa infeliz para ouvir um gemido de quem faz amor ás escondidas.
Certa vez me recordo de um caso intrigante, era uma vez num Festival Internacional de Cinema Ambiental, (FICA), uma galera alugou uma casa pra passarem a temporada. Esta casa foi dividida num desses acordos de herança. Por ironia do destino, a Avó de um dos Roqueiros estava na casa ao lado dormindo. Na manhã seguinte, ele acordou e foi dar um beijo em sua Avó e a convidá-la pra assistir um breve show de abertura de uma das bandas do FICA, e a Senhora de mais ou menos setenta e poucos anos lhe disse: “Amor da Vovó, se a minha dor de cabeça melhorar eu vou te ver tocar, porque não dormi nada esta madrugada, tinha um pessoal fazendo suruba, sexo e eu ouvia vozes, não era você não”?
Tímido, envergonhado, ele sorriu e pediu várias desculpas e a Vovó lhe disse: ”aproveite a vida Meu Amor, mas, escolha uma Garota menos escandalosa e use camisinha”.
Beijou a face rosada e enrugada da Avó, foi abençoado e voltou para a casa. Lá, tenso, abriu uma latinha de Heineken pra relaxar...
Drogas! As drogas do amor são as piores! Sexo frenético, tesão, frenesi, arrepios, borboletas no estômago e a mais perigosa de todas, a paixão. Cuidado, a overdose de amor acontece de repente debaixo de lençóis num dia nublado, numa noite chuvosa ou mesmo debaixo de um chuveiro de água quente...
Ah, ainda assim as pessoas acreditam no poder de paz que o amor traz! (Risos)
Pode crer; quem nunca quis ter uma fada madrinha?
Ou um amigo imaginário?
Ou alguém pra conversar livremente sobre sexo. Sem correr o risco de ter um pote de picles quebrado ou mofado por causa de olho gordo?
Aliás, quem não quer um conselheiro sexual secreto para ensinar qual é o caminho das pedras, quero dizer das pernas, quis dizer o caminho do orgasmo múltiplo. Ou o caminho de uma breve sacudida de dois corpos frenéticos que deslizam sobre pó branco?
Pois, nada melhor do que um sexo casual numa noite quente quando a cama está fresquinha, cheia de talco nos lençóis.
Um minuto, pense, e agora você descobriu o segredo do pote de talco! Risos!
Quem não quer encontrar um segredo desses depois de comer chocolate?
E sentir toda a excitação que houver nessa vida ao descobrir tanta serotonina?
Quem não quer bater a cabeça por várias vezes na cabeceira de uma cama enquanto o prazer arrepia toda a sua mente deixando seus neurônios em êxtase total?
Ou talvez, quem não quer fazer um esboço do número sessenta e nove com o melhor amigo em cima de uma cama com lençóis de cetim?
Fôlego! Isso é um bem necessário para se sentir feliz quando as mãos escorregam por um corpo gotejado pelo suor do prazer e as forças desaparecem brevemente dando espaço ao âmago desse prazer?
Pernas sobre pernas se encaixando como peças de um quebra cabeças já não existem mais.
Nesse novo jogo de prazer e luxúria, as mãos se agarram na ponta dos dedos dos pés e o ponto mais mágico está conectado no meio de dois corpos nus. Ele, sente a temperatura de duas batatas fritando, sente o calor antes escondido por meia calça nas pernas de Chiara.
Hank conta sobre os delírios do mundo indiano e o Kama Sutra para Chiara. Pode crer, ela nunca mais será a mesma garotinha inocente com apetite sexual de um vegetariano. Hoje ela passa a ter um cardápio, garçons e um prato preferido com muita carne. Hoje, Chiara descobre a sutil diferença entre o apetite sexual e a satisfação pessoal de sua fome, ou o alimento não é uma necessidade primária do ser humano?
Freud, isso explica! Bodega Fantástica, apenas explica que você é livre para ser feliz. Paz e Amor!
Yeah, e assim foi em campos floridos e coloridos em 1969. ‘Faça Amor, Não Faça Guerra’!
Como se hoje você pudesse correr entre flores, se o Woodstock começasse amanhã...
O Woodstock não significa apenas uma memória do passado, ou de um passado onde você nunca esteve. O movimento Hippie de 1969, está vivo na ideologia que se passou de geração á geração. E ele pulsa dentro do nosso peito. O fato, é que poucos podem o ouvir e gritar os seus desejos no megafone da vida.
Isso era um detalhe que Hank tentou, tenta e tentará despertar em Chiara...
Mesmo que o único problema seja não praticar o sexo entre Deuses e Humanos. Não tinha nem mesmo cenouras ali. Hank não tinha apetite sexual pela filha do Senhor Garibaldi. Mas, aprender a teoria sempre é muito importante. É isso que um bom professor deve pensar.
Chiara, voltou á atenção ao Hank e ele voou de um lado para outro com uma varinha para testar a percepção dela.
Sentiu-se um arrepio em meio ás pernas, no colo dos seios e na nuca como se escorresse por dentre seus segredos um rio de gelatina incolor dissolvida em suor da pele!
Coçou os olhos e pediu para Hank ser breve, pois, já tinha um bom tempo que ela tinha descido á cozinha e daqui á pouco sua amiga Carol apareceria por ali...
Como vinil em gramofone que toca sem parar o lado A, Hank explicou...
Algo sobre um Rockstar que a pega com mãos e braços fortes. Ele encaixa o seu amor no carinho que nela há por ele. Corpo á corpo! Ah, tudo é como uma guitarra alçada na cintura do seu músico. Uma guitarra chamada Chiara Garibaldi. Hank dizia que a principal lição era se sentir livre para abraçar com suas suaves mãos o pescoço de seu amado, fixar seu coração nos olhos e dizer que tudo que pulsa rápido ou devagar, é o que você sente, é o que não pode negar. Ali, você é como a guitarra que faz parte de um só corpo para o Rockstar, você é musa, é a alma e música para que ele em variados ritmos possa tocar, possa te tocar...
Chiara, olhou para Hank engasgada, aos soluços, emocionada e assustada!
Ventos frios que traziam leves arrepios á alma, ao coração e para mostrar que o amor não é em vão...
Hank disse para Chiara não se assustar. Era tudo como o lado B de um vinil num gramofone á rodar...
Para que ela e o seu homem escolhido possam desenhar sobre o talco tudo o que os seus corpos e almas querem expressar numa explosão de prazeres.
A vida é mesmo imprevisível, talvez como Amelie Poulain, Chiara sinta-se insatisfeita quando tudo acontecer...
(Mila Naves pede desculpas á sua família e afirma que nada disso se fez verídico nos laboratórios ao ouvir músicas no gramofone lá na Cidade de Goyaz. Namastê.)
Gramofone e apanhador de sonhos, a sensação nostálgica de Chiara era como imaginar um Conto de Fadas Rock.
Em algum Café perdido pelos mapas; em dia frio bebendo chocolate-quente...
Ruídos e ventania, para o lado B que Hank tanto ria; e ele disse que esse era o segredo especial para Chiara. Os ventinhos que passaram pelo apanhador de sonhos de seu quarto traduziram a vontade que ela tem, e o sonho dela que não é de ninguém. Ela, ser possuída por um Rockstar forte, ele quis dizer de sorte, por tê-la em seus braços...
Porque se o sexo não é prazeroso e nostálgico para os dois, o amor não sobrevive ao fluxo de frenesi que é como um câncer que prolifera células á mais arrepiando de forma inacreditável o seu corpo.
E nem uma quimioterapia pode curar. Os vibradores do século XXI ainda não possuem tal função ‘terapêutica’.
Chiara se irritou com a ousadia de Hank, suspirou, coçou os olhos, soluçou e ele riu...
Relaxe Chiara! Ah, meditar é algo que as mulheres precisam aprender, e principalmente você.
Chiara tentou bater no Hank com as mãos e ele voou cantando um pedacinho de uma canção de Janis Joplin que dizia: “cry baby, cry baby”...
Irritadíssima, ela mandou que ele terminasse logo essa história de Kama Sutra. E que se existisse uma boa música para tal ocasião ali, era Sexperience da sua banda de rock preferida, Cachorro Grande.
Princesinha do Rock; é tudo que você será para o seu amado quando se despir dessas suas roupas feministas. Roupas que ainda que você esteja nua, elas colorem a tua pele.
Ela gritou com ele, querendo bater nele com um matador de moscas! E chorou de raiva!
Você não estava com pressa Chiara?
Vejo que é melhor eu terminar de te contar o segredo. Porque utilizar uma técnica do Kama Sutra pela metade pode ser ruim para a vaidade sexual do casal. Ao menos que para você a primeira noite de sexo faça aniversário numa data marcada pelo uso de um vestido branco?
Um suspiro; ela nada disse.
Hank continuou a dizer o que é melhor para ela quando estiver por um momento á mercê do Rockstar. E isso, sem ser o sexo frágil, sem se sentir ansiosa pelos apelos de proteção aos braços dele, o cara que toca guitarra. Ou o cara que sacode em acordes o pênis?
Tudo é uma questão de pontos de vista diferentes.
Chiara ainda estava irritada, porém, feliz e olhou para Hank com o seu ar de garota cosmopolita que tinha entendido tudo, e que honraria este segredo. Ela prestou muita atenção em como finaliza a sua alavanca da euforia...
Naquele momento, ela se imaginou eufórica. Como uma garota má dentro das vinhetas da MTv. Uma garota que passeia com os cabelos ao vento por campos verdes e floridos. Bebe água de um moinho de ventos, escorrega com um saco de batatas vazio num monte, faz cafuné num cachorro, se levanta e continua a correr rumo á uma casinha que da chaminé sai fumaça ao longe.
Ela entra na casa, bebe um copo de leite, come uma maçã, pega seu travesseiro, deita-se no tapete colorido da sala e liga a televisão para assistir o seu canal preferido, a MTv.
Ah, Chiara estava eufórica!
Hank lhe disse que a urgência de acordes numa canção traria á esta canção um mistério. Esse era o momento mais mágico. Porque eles estavam cara á cara, corpo á corpo e em harmonia musical...
Amor e sexo, sem filosofar! É o que a Chiara e o Rockstar tem em comum...
Coração acelerado, corpo sentindo frio, pressão nem alta, nem baixa e o Peppers desesperado latindo muito. Ela mandou seu cachorro se acalmar e com um ar de superioridade perguntou á aquela incrível criaturinha que cabia no palmo de tua mão o que queria. Enquanto...
Lá em cima, Carol ligou outra vez para Chiara que atendeu e disse que subiria em quinze minutos. Ela disse que ainda não tinha terminado de limpar o vaso quebrado na cozinha. Carol perguntou se a amiga precisava de ajuda, e na conversa de duas garotas nuas, sendo uma coberta por espumas e outra despida pelo frio, ninguém se ajudou.
Carol continuou no banho espumado e Chiara ali, na cozinha de sua casa, conversando com um ser mágico que usava cartola com fivela, tinha cabelos compridos como de um roqueiro bom de sexo. Esse ser estava sem camisa e com uma varinha de condão na mão. Quem sabe sua fada madrinha seria um roqueiro sem camisa em miniatura, e que sabe voar?
“Isso é uma loucura.”
Ah, e Hank disse para Chiara esquecer Rael, ele não é o homem dos seus sonhos. Ela ainda não conhecia o homem dos próprios sonhos. Mas, ele existia e nem era preciso consultar o tarot.
“Isso é uma loucura.”
Chiara sem nenhum motivo, sem dizer nada á Hank, apenas sorriu, apenas com o coração concordou, e sorriu...
“Isso é uma loucura.”
Foi assim que o incrível Hank se apresentou aos poucos. Ele ganhou a confiança de Chiara e ela lhe pediu para que ele não aparecesse para Poli e Carol, pois, suas amigas não acreditariam nisso. E Hank disse que seria mesmo impossível. Ele aparece apenas para pessoas que crêem no amor com a capacidade de sentir todas as cores deste para vivê-lo.
Paranóia de cores e ventos...
Ou é muito rock com Heineken pra uma só mente confusa!
“Isso é uma loucura.”
Ou seria o Hank, um daqueles quadros pitorescos do Bolshoi Pub em Goiânia, e que por acaso ganhou vida?
Báaah, vai saber o que é viu...
Nem mesmo Coca-Cola com chocolate dá tanta onda assim...
Oh, tréva!
Sabe o que é isso?
Isso aí, toda essa loucura de ‘Hank’, isso é apenas...
O simples fato de que muitas pessoas passam pela vida e vivem como é certo e não como o coração diz ser o certo.
Por que no mundo á maioria das pessoas dizem que é feio uma garota ligar para o namorado e dizer: ”amor, sinto falta do teu sexo”, ou “amor vamos voltar a namorar, acho que erramos, mas ainda há muito que aprender juntos”. Ou talvez “você quer se casar comigo”?
Ou me perdoem quem não é; porém, para as ‘Groupies’ de plantão; seria algo do tipo meio sutil ao entrar no camarim do seu astro de rock preferido e dizer ao pé do ouvido: “você poderia me levar até a porta do banheiro?”; e disso se dar uma chance de sexo e puxá-lo para dentro como uma promessa de amor casual, ou como uma prostituta expulsa do cabaré mais famoso de Paris?
Ou dar uma piscadinha bem ao estilo anos sessenta e convidá-lo para ver o seu sutiã de bolinhas amarelinhas ou pretas e brancas?
Deixem a política para o cinema, na literatura a vida é mais real. Então, qual é o problema me diz?
De uma menina dizer que precisa fazer sexo quando o seu frenesi pode se transformar em depressão no dia seguinte?
Tudo bem, nós humanos não somos como as borboletas que nascem, crescem e perdem suas vidas tão rapidamente para estar nessa loucura, nessa desenvoltura como se fossemos bicicletas sem freio. Mas, quem já molhou as ceroulas arrotas ao se despir por um olhar frenético de amor e sexo, sabe muito bem do que eu estou falando. Legal, e se você não, um dia será a sua vez!
Moralismo?
Não lembro muito bem quem é esse. Talvez, seja aquele Cara, o melhor vizinho da hipocrisia?
Não importa quem eles são, ou o que é moralismo e hipocrisia. Socialmente, as pessoas se esquecem de viver a própria vida.
O erro existe dentro da mente de quem nunca se libertou para conhecer os próprios chacras!
Medite! E tente viver, assim um dia você conseguirá existir! Medite, você tem as suas respostas...
Ah, frustração! A sociedade não é menos feia do que você e todas aquelas pessoas que dizem que isso ou aquilo é errado, simplesmente escondem um passado de pecados, de julgamentos e condenações numa vida aonde viver, não pôde ser mais fácil.
E isso é como você passar a vida inteira sem pegar uma carona que seja com um desconhecido.
Yeah, feliz foi a Janis Joplin que décadas atrás fez um ‘mochilão’ no Brasil apenas pegando caronas com desconhecidos. Isso é uma loucura?
Não, é só uma questão de sentir uma energia positiva, ter senso crítico, ouvir seu sexto sentido e permitir-se á vida e a liberdade...
Porque o frescor da liberdade vem com a leveza de ventos que já fluíram com muitas frustrações. E nem por isso deixou de seguir em frente e ser outro tipo de vento. E isso é simples...
Sua Tia Avó pode não ter se casado virgem, você já pensou nisso?
Alguma tia sua, pode não ter transado apenas com o marido durante a vida toda...
Seu primo depressivo pode ser um homossexual trancado no armário da vida e com vontade de cortar os pulsos á cada minutinho ou mesmo á cada instante de sucesso que lhe rende o título de ‘bem sucedido’.
Não olhe outra vez de cara feia para este livro! Nada é tão simples como poderia ser, por que os gritos do escuro podem vir de todos os lados...
Podem ser os gritos da sua prima que não faz uma tatuagem porque tem medo da dor, mesmo que a dor do ego não tatuado seja muito maior do que a dor do desejo reprimido. E isso não é um absurdo, isso é apenas comparar a lei de Darwin. Confuso?
Não, não é confuso, pense que num mundo aonde tudo ao redor da sua prima seja exótico e mais alto, talvez o pescoço dela não alcance nenhuma folha ou vegetação que alimente o seu lado exótico no meio em que vive, ou aos poucos sobrevive...
Não, não feche esse livro, não pare de ler. Prometo que você não vai ver o Hank se olhar para trás e nem mesmo ter medo de dormir sozinha em casa em dia de chuva, pois, nem orgasmo sozinha você pode ter mesmo. Acredite, é tudo uma ficção para te distrair! (Risos) Então, relaxe!
Bodega Fantástica, o livro é complexo? (Risos)
Você não precisa ter uma melhor amiga ou namorada com o nome Athena, para compreender o que é a Caixinha de Pandora. E Bodega Fantástica é apenas assim, rústica por fora e colorida e suave por dentro.
Ah, e não é um manifesto feminista! Não é um código de conduta feminina do Woodstock e nem mesmo o seu espelho imaginário nos próximos dias...
Pois, talvez seja mesmo tenebrosa essa idéia de ligar para um homem e dizer: “vamos brincar”?
Vamos fazer sexo?
É feio, grosso e mal educado para uma garota dizer, não é?
Não insisto mais! Cada um sabe a dor e a delícia que é sentir o amor livre que habita em si...
Pode crer que homem nenhum te entenderia, e eu acredito nisso, aliás, nessa frase mesmo!
Porque você atrai o que você diz e como você diz. Ah, e não é o tal segredo dizer que as palavras têm poder?
E o universo te escuta...
Os machistas também escutam e adjetivam como impuras, as impróprias e domáveis!
Sacanagem! Você nunca será impura se souber dizer o que você sente na arte de seu frenesi, pra quem merece. Claro que também não vai sair por aí bebendo um litro de tequila e tirando a roupa para uma fila indiana de homens querendo conhecer a arte do ‘kama sutra’, não é?
Nem mesmo vai dar motivo para o seu irmão dizer que o Rock and Roll na sua cidade sobrevive do seu traseiro, não é?
Ah, promete vai...
Seja livre, se abra para a vida!
Confia em mim, será melhor para você! (Risos)
Imprópria?
Pode crer que isso você seria. Muito imprópria, se por acaso a vontade não fosse sua, se o frenesi não fosse um sentimento seu, e não há o que se discutir.
Cômico! Domável?
O que tem haver a comédia ser algo domável?
Será que agora as pessoas precisam domar seus atos cômicos?
Oh treva! Só faltava isso, agora ter limite para ser feliz, estar alegre...
Não sei mesmo até onde vai á imaginação de um homem machista que ainda vive no ‘mundinho’ aonde ele manda e a mulher obedece. Nem preciso comentar o que um cara assim, escuta no vinil de seu gramofone...
(Gargalhadas)
Lógico que não é rock!
Ventinhos, suspiros e risos...
Chiara, adorou conhecer o novo amigo, e para ela, isso é apenas normal, além de um grande segredo entre a magia, o amor e o surreal.
Viva! Não deixe mofar seu pote de picles!
Vinho tinto do porto em mãos, o Hank no seu ombro, o Peppers sorrindo para o Hank, e ela seca.
Totalmente despida, por todas as cores do amor, ela subia as escadas...
Perguntou ao Hank quando ela o poderia encontrar para trocar idéias. Ao olhar para o lado, ele já tinha desaparecido...
Taças esquecidas e a idéia de beber no gargalo, oferecida por Carol que se indignou pela demora. Carol não podia ver Hank no ombro da amiga.
Carol tentava coçar os ombros e Hank se divertia com a brincadeira de pulinhos para não ser atingido pela mão esquerda de Carol.
Chiara ligou o som, contou que quebrou o vaso de sua mãe, contou que pensou que tivesse algum empregado lá embaixo e perguntou se a amiga podia ajudá-la a fazer suas malas...
Carol estranhou a viagem, nada disse, e perguntou se o vaso era chinês, japonês. Chiara sem paciência disse que era chinês. Como se o dinheiro do vaso fosse um grande problema sabe?
Ali, todos sabiam que o problema era outro...
A amizade! Sim, a amizade que a mãe de Chiara mantinha com longas conversas em voz de pensamentos altos, quando se lembrava da maravilhosa viagem á China, quando o casamento ainda era um casamento por ali...
Ou os dragões e diabinhos que habitam a mente insana de Chiara Garibaldi. Passou-lhe o pensamento de que Carol pudesse ter interrompido o seu estado fantástico nos braços do Rockstar, por pura inveja, por pura maldade. Mas, ela preferiu confiar em sua amiga-irmã e esqueceu isso.
Sem perder tempo Chiara riu e pensou chamar Carol para viajar junto com ela.
Peppers pulou dentro da banheira e elas, o tiraram de lá ás pressas, enxugaram ele bem, Chiara vestiu uma blusa de lã nele e o colocou para dormir no tapete de seu quarto. Hank deitou pertinho dele para proteger os sonhos do cachorrinho...
Carol não pensou duas vezes antes de aceitar o convite para viajar. Ficou eufórica!
Depois de meia garrafa de vinho, e tantas gargalhadas de duas garotas nuas, confidenciando segredos sobre o tamanho dos picles em conserva de seus ex-amores, elas enrolaram-se em toalhas felpudas e foram arrumar as malas, enquanto cantavam...
“Ontem desapareci, olhei o sol no jardim, quis acreditar que é real, eu agora estou aqui, no lugar de onde vim, quis ver o inicio e o final, o mundo se abriu pra mim, desde quando descobri o que fez eu ir aonde vou, o sonho que eu quis viver, tudo que me fez crescer, e me fez querer transcender, me fez querer conquistar, me fez querer viajar, e me fez querer encontrar, o mundo se abriu pra mim, desde quando descobri, o que fez eu ir onde vou, desde a primeira vez, o sentido que me fez, querer ser o que hoje sou, o que me fez querer ver primeiro, o que me fez querer ser verdadeiro, e nada mais vai me fazer parar, eu posso imaginar, posso tornar o sonho real”...
Dormiram, cochilaram, descansaram um pouco, depois que todos os principais apetrechos foram parar nas malas...
Um colete jeans estampado por orquídeas, uma blusa de frio lilás, um par de botas estilo “The Beatles”, um biquíni estilo marinheiro, um perfume doce, mais ceroulas arrotas, essas foram ás últimas peças acomodadas e elas fecharam a mala!
Carol colocou um pijama listrado de verde-água e lilás. Quase uma fantasia de chiclete...
Enquanto Chiara, vestia uma ceroula estilo “vovó me proteja”, uma camisola preta de bolinhas brancas, emprestou pantufas para Carol e calçou outra...
O sono!
Depois de um dia tenso, dormir era essencial para o corpo descansar. Se você pensar que filosofar, falar sobre arte, sexo e rock é muito bom. Mas, quando o assunto começa a devagar á razões metafísicas da Monalisa não sorrir mostrando os dentes, ou, porque David Bowie tem muitos romances?
Ou porque as suas amigas insistem em sentir algum tipo de libido eufórica por aquele Rockstar?
Durma, vá dormir! O seu dia já passou de vinte e quatro horas e você já ganhou milhões de beijos do Jô.
Ah, mas, o sono ainda não vinha aconchegar quem sentia falta de abraços, sentia falta de amor.
Janela aberta, som desligado, vento que cessou, frio que aumentou e uma pergunta no coração, quando será que Chiara poderia ir outra vez ao show de sua banda preferida a Cachorro Grande?
Quem sabe em algum catorze de agosto em Porto Alegre?
Oh, doce imaginação! Se pelo menos uma de suas amigas pudesse assistir ao show e contar que foi lindo, perfeito e super rock, ela já se sentiria aliviada com essa vontade louca que não passa.
Já era tarde, era melhor dormir, pensar um pouco antes de dormir e sonhar, sonhar...
Silenciou com a dúvida de quando iria outra vez ao show e nem comentou algo com Carol.
Chiara ficou a imaginar um gramado enorme, uma esteira colorida, Rael ou outro amor. Imaginou-se ao Sol, assistindo com roupas de banho á banda preferida. Logo depois do show, ela dava um mergulho gelado na piscina daquele lugar mágico...
Quem sabe o lugar fosse o paraíso de águas termais no coração do Centro-Oeste brasileiro?
Ah, prazeres de Chiara Garibaldi!
Um dia de rock lá no melhor parque de águas termais do mundo, o Hot Park Resorts.
Porque todo lugar mágico para Chiara tem uma piscina. Porque se é mágico para ela tem que ter muita diversão, natureza, águas-quentes, mistérios e um bom rock and roll.
O sonho de Chiara era passar um dia no Hot Park e depois com o brilho do entardecer, assistir um show da melhor banda de rock nacional, Cachorro Grande.
Ou todo lugar mágico além de uma piscina, têm pessoas nuas debaixo de chuva dentro da tal piscina?
Na vida há coisas que é melhor nem comentar.
Guerra, entre ela e o sono. Não tinha como conseguir dormir.
Chiara, abriu os olhos e perguntou se Carol estava com fome.
A “sister” balançou a cabeça dizendo sim...
Pediram Pizza Hut pelo telefone, ganharam Coca-Cola de brinde, e aguardaram algum tempo para ‘entrega’ chegar...
O Guardinha da guarita telefonou para avisar que tinha uma entrega no portão, Chiara pediu para ele conferir se era da Pizza Hut . E ele o autorizou a entrar até a porta...
Tempestade!
São Paulo se despia em lágrimas porque as duas garotas mais rock da cidade iam viajar.
Brincadeira! Ah, era a Mãe Natureza que hibernou o tempo, e nem vou citar os aeroportos...
Elas vestiram uns quimonos estranhos de Liliana Garibaldi. Elas foram até a porta pagar o entregador de pizza que ganhou uma gorjeta para esperar dez minutos, tempo que as meninas precisariam para colocar pedaços de pizza numa vasilha e pegar na geladeira uma Coca-Cola em lata para o Guardinha da guarita. Então o entregador poderia fazer mais uma entrega?
Diferente de seus pais! Chiara amava o mundo, as cores e as pessoas! Todas as pessoas ou cores. Ela adorava dar gorjetas boas. Ainda mais diferente de seus pais, ela viajava para a Europa e se enriquecia com a cultura.
“Isso é uma loucura”.
Comeram tudo, riram muito, beberam muito refrigerante com gelo e limão. Satisfeitas, subiram, escovaram os dentes e pediram bênçãos aos céus definitivamente por aquele dia...
Sem precisarem contar as nuvens de Coca-Cola e Cacau Show; o sono chegou devagar...
Chiara olhou para Peppers dormindo profundamente e não o acordou, deu lhe um beijinho de boa noite e disse que Rael o amava muito também. Ah, ela percebeu que Hank tinha ido embora, e mal poderia pensar para onde ele foi...
Será que existia um lugar mágico?
Será que Hank vinha de um lugar tão lindo, florido e mágico como foi o Woodstock de 1969?
Não, Hank o Senhor dos ventos era mesmo a voz do coração de Chiara em pequenos sopros!
Ela estava em paz, e nela se escondia um coração calmo por um amor que estava longe, sem legendas e envolto por um grande mistério. O qual a tranqüilizava com felicidade e paz! Amor que ela mal o conhecia, amor que para ser amor ela apenas o sentia...
Ali, tudo era tão minucioso como um jogo de amor em cartas de Tarot.
As duas amigas-irmãs olharam para a Lua Nova e pediram que Deus abençoasse suas vidas e a de Poli também, aonde quer que ela esteja em Hollywood, Brasil ou Madagascar...
Depois, elas se perfumaram com um aroma delicioso do O Boticário, o Lily Essence, e assistiram um pouco de MTv na televisão. Um pouco depois ligaram o som e dormiram!
Aos poucos a tempestade desaparecia por dentro das nuvens do céu cinza de São Paulo. Que também era tão brilhante como diamantes em noites escuras aonde as estrelas brilhavam!
Paz!
O apanhador de sonhos no quarto de Chiara levou embora todos os pesadelos e deixou apenas o amor, a paz e o frenesi para serem desenhados em nuvenzinhas de bons sonhos naquela noite de inverno.
Passarinhos voavam cantando no jardim durante a noite, eles conversavam por melodias algo sobre um Rockstar que marcará para sempre a vida e a amizade de Chiara, Carol e Poli.
Nos sonhos de Chiara, ela voltava á lugares irados que conheceu em suas visitas á Goiânia.
Bolshoi Pub, lá a vergonha de Chiara ficou por São Paulo, bem esquecida dentro de uma de suas gavetas.
Certa vez que a Cineasta passeou por lá, ela conheceu um garoto lindo com olhos de caramelo. Ele sabia conversar em árabe, inglês, português, espanhol, alemão e francês. As cantadas dele não eram repetidas, apenas expressavam sentimento, carinho.
Sonhos! Voltar ao Pub, seria fantástico, seria uma overdose de alegria sem morte súbita!
Nos devaneios daquela noite, Chiara recordava eufórica os brindes de Heineken, as músicas, os quadros nas paredes, as pessoas lindas e educadas, o glamour, o bom atendimento, o boneco de cera do Frankenstein, a hospitalidade com turistas e o astral contagiante do rock goiano. O qual é ilustrado por bandas nacionais e internacionais que se apresentam no Bolshoi Pub.
Carol sonhava com a viagem, sonhava com as fugas de madrugada ao Pão de Açúcar para comprar cookies e Coca-Cola. Depois, se deitar ao lado de Chiara, e conversarem sobre astrologia, sexo, as drogas alternativas da vida como o amor e o rock, ela dormiu profundamente...
No dia seguinte, elas acordaram cedo, tomaram café da manhã com frutas fresquinhas que Jorge tinha buscado no Pão de Açúcar. Riram, se divertiram, fizeram planos e mal sabiam elas que logo descobririam que uma amizade vale mais do que qualquer sexo casual...
Mesmo que Chiara não soubesse perdoar de verdade algum tipo sexual de traição!
Carol disse a Chiara que ela se sentia como a Alice no País das Maravilhas quando se imaginava deitada numa esteira tomando Sol ao lado de um roqueiro lindo, inteligente, simpático, que não arrotasse perto dela, que gostasse de The Beatles e que tocasse guitarra e bateria...
Chiara, riu, perguntou para á amiga quantas horas. Carol respondeu e elas se levantaram...
Elas foram até o apartamento de Carol arrumar mais malas, dar mais risos e fumar um pouco de arguile com essência sabor chocolate com menta.
Senhorita Garibaldi não deu atenção aos seus diabinhos mentais que cutucavam seus pensamentos dizendo que sua amiga queria tirar levemente as ceroulas arrotas do Rockstar dela, subir vagarosamente com as mãos cheias de creme de cupuaçu e acariciar aquele, que deveria ser melhor amigo de Chiara. Mas, todos sabem que hoje em dia amizades verdadeiras são mais difíceis de serem achadas do que creme de cupuaçu na versão erótica.
Abrir uma Heineken gelada e refrescar os pensamentos, essa era a idéia de Chiara, mas, na geladeira de Carol tinha acabado. Que azar!
Um suspiro ofegante, um choro engolido, um ciúme escondido e um sorriso forçado. Ela, não comentou nada e fez uma prece ao seu Anjo da Guarda.
Carol estava tão entretida com sua bagagem que nem reparou estranhezas na amiga.
Animadas, lá no apartamento de Carol, elas contavam casos sobre os shows de rock, gargalhavam e fumavam enquanto arrumavam as malas...
Muitos podem duvidar, mas, amigas quando são irmãs de verdade, se amam muito e querem para a outra o melhor que queria para si mesma. Isso nenhum cartão de crédito pode comprar...
Redemoinhos de ventos felizes entravam pela janela entreaberta do quarto de Carol...
---- Carol, eu estou com saudades da Poli. Seria tão perfeito se ela viajasse com a gente. E de repente conheceríamos um Rockstar muito gostoso e eu o levaria para o quarto, abriria uma Heineken, ligaria o DVD, e mergulharia em meio ao edredom aos braços dele.
---- Legal, porque quando você estivesse dormindo, eu bateria á porta bem devagar sem acordar você, ele abriria, e eu o levaria para um banho de piscina noturno. Depois, colocaria uma balinha de menta na boca dele, o beijaria até perder todo o fôlego e o puxaria para a sauna. Lá ao arranhar paredes, faríamos um bom sexo casual, aliás, selvagem porque casual é bem sem graça... (Risos)
--- Carol, sua puta!Não vá furar meu olho! Odeio quando você faz piadinha de palhaço!
--- Ah, Chiara! Relaxa, Rockstar é Rockstar! Amiga, ‘faça amor, não guerra’.
--- Ah, guerra! Guerra seria se a Poli estivesse por perto. Ela nunca demonstra interesse, mas, sempre é a primeira que desabotoa o sutiã e ainda sorri fingindo que ele arrebentou o feixe. _Chiara
--- Ah, Chiara! Já disse pra você que Rockstar é Rockstar!Você não deve condensá-lo em seus sonhos doces de casar, ter filhos, passear de mãos dadas pela praia e vê-lo buscar o cachorro que quebrou a pata no veterinário. Amiga, isso não existe! São todos putos, são todos nossos! Não são de ninguém; nem da própria Mãe deles. Ah, e eles coçam o saco nos shows até ficarem excitados...
--- Acabou o fumo, Carol. Vamos embora, voltar para minha casa. Precisamos pegar as minhas malas, preciso ligar para os meus pais, me despedir do Jorge. E vamos logo porque você já fumou demais por hoje!
--- Carol, você tem razão, o amor é livre! Mas, não tire o pó da minha Pinacoteca de Sonhos!Posso esconder por debaixo do pó, as minhas melhores obras de arte. Artes, que são apenas minhas...
No cinza das ruas nesses dias de Inverno rigoroso, as poças d’água se formavam pequeninas, balões coloridos davam alegria ao céu nebuloso. Por algum cantinho das calçadas pessoas esqueciam seus guarda-chuvas, crianças segurando pipas coloridas passeavam com as Babás, casais de namorados pedalavam lado á lado, o pipoqueiro sorria para as Senhoras que passavam pela Rua 13, o Sargento Amarelo cumprimentava á todos que entravam e saiam do banco, Seu Manoel dava pirulitos aos bebês que iam á sua barbearia, no Bistrô de Dona Maria Brigadeiro várias receitas eram escolhidas com carinho, e na caixa postal o Carteiro trocou as correspondências ao se sentir ameaçado por raios e trovões.
Nos jardins as borboletas se esconderam debaixo de alguma folha das roseiras, os pássaros se aconchegaram em seus ninhos e os carros passavam com pressa pelas ruas. Passavam respingando água suja nas pessoas que tomavam banhos de chuva...
Na Europa, num lugar aconchegante e conhecido como Mônaco no Sul da França, Liliana Garibaldi passou dois dias numa clínica de estética para cuidar de suas células faciais e fazer plástica nos seios.
A Mãe de Chiara fugia constantemente de uma depressão profunda. A Srª. Garibaldi compra todos os lançamentos de sapatos Prada, retoca todas as imperfeições de seu corpo e é ativamente social no mercado financeiro europeu com o uso do cartão de crédito de seu marido. Ah, e isso se repetia em todas as quatro estações do ano, um retoque nos cabelos, na face ou nas gorduras localizadas. Além das compras, das idas aos desfiles, Museus e eventos sociais. Ontem, ela chegou á pensar em fazer parte de alguma ONG, mas, logo esqueceu a idéia temporariamente quando a sua massagista chegou e interrompeu o seu chá das cinco.
Os dias nunca mais tiveram cor depois que ela o viu com a secretária em um desfile de moda o qual aconteceu em Milão. Se arrependimento matasse, o seu coração estaria a fazer ‘tum-tum’ á sete palmos de terra; por ela não ter se casado com um Médico lindo, inteligente e renomado em neurologia. Em vez de um empresário, em vez de seu marido, em vez de seu chifre. Ah, e ainda há quem fale por aí que os Médicos não são bons partidos porque traem suas esposas com as enfermeiras?
Não há como dizer; ‘eu não traiu’, a carne é fraca e um dia qualquer um pode cair na tentação. Não precisa olhar para este livro com uma cara feia, trair ou não trair é só uma questão de ser ou não ser hipócrita.
Ou você não sabe que a única mulher que andou na linha antes do casamento, o trem veio e a matou?
Sabe o que mais aconteceu com a coitadinha?
Triste, ela ainda ficou com os chifres presos nos trilhos!
Respire, inspire e viva!
Liliana Garibaldi sempre pensou que perdoaria uma traição e não importou muito com esse tipo de coisa. Mas, levar a ‘outra' á um desfile de moda em Milão é a treva! O que Liliana Garibaldi não conseguiu explicar sobre a tal aceitação de traição, era simplesmente o fato de um homem a trair sem subestimar a sua inteligência. Ou seja, quer transar com outra mulher que seja sem contar até mesmo para o melhor amigo, porque um dia o seu melhor amigo vai valorizar a Mulher que passeia com o seu cartão de crédito pelo Shopping. Ah, ou melhor, quer trair?
Traia! Faça sexo com tantas outras, use camisinha porque ninguém merece suportar a AIDS, mas, volte para a sua mulher a desejando mais, a amando mais, sendo o Homem que você tinha se cansado de ser. E o detalhe mais importante é; mesmo que ela pense como Liliana Garibaldi, nunca em nenhuma hipótese a deixe saber que você é capaz de á trair. Não subestime a inteligência de uma mulher, ela pode te abandonar para sempre!
Ah, e outro detalhe importantíssimo, nunca dê presentes porque vai trair a sua mulher, seja Homem se quiser trair. Dê presentes á ela quando você desejá-la!
Você homem, pode não compreender isso que é tão simples; um olhar e um gesto de culpa valem mais do que mil palavras. E quem sabe por um motivo assim Liliana, se arrependeu de não se casar com um Médico?
Você não entendeu?
Os médicos são mais frios com os seus sentimentos e sabem mentir, quero dizer, ‘disfarçar’ melhor! E desculpe-me, ás enfermeiras e á essa profissão que é tão abençoada por Deus e digna; mas, certa vez Poli ouviu dizer que certas enfermeiras são as putas particulares de certos médicos!
Enquanto isso, lá no Brasil, São Paulo, lá na Mansão dos Garibaldi...
Lareira, quadros nas paredes, tapete colorido, almofadas indianas, um arguile na mesinha de centro da sala de estar, taças de cristal refletindo magia do bar pessoal, um pote de café no canto da cozinha, uma adoração com fé ao Buda da vizinha e o frio que dançava com os ventos que deslizavam pelo corpo pecador de Chiara. Ela abriu a geladeira e pegou outro vinho.
De repente por detrás da garrafa, como se batesse asinhas, Hank, o homenzinho do tempo, voava ao seu redor, pedindo para que ela não se assustasse. Ele lhe mostraria o Kama Sutra, o livro sagrado do sexo, e sem práticas com ela. Ele era homossexual.
Acredite, é tão surreal essa nuance de homenzinho, Elfo, Duende, e Deus que ele cogitou a possibilidade de fazer sexo com um ser humano. Sorte é que ele era muito homossexual para gostar de uma garota tão feminista!
Hank explicou alguns truques mágicos do mundo sexual. E disse que os ventos escolheram um truque em especial para que Chiara quebre sua timidez e seu jeitinho doce de Princesinha. Um toque apimentado com o Rockstar dos seus sonhos no momento certo.
Esse toque especial era um pouco diferente do fetiche psicológico de se fazer uma cirurgia plástica e ter um leve romance com o seu médico no pós-operatório. Algo, não muito atípico para algumas mulheres que sentem mais arrepios cutâneos ao visitarem seus ginecologistas e brincarem com a escovinha das emoções; do que ao se despirem para entrar num banho na frente de seus namorados, maridos...
Máscaras da sacanagem?
Não! Isso é paz, amor e para o sortudo de Chiara, a melhor miragem ou a realidade!
Ah, é como se o Kama Sutra fosse dado de presente ao movimento feminista!
Ou um simples fato como em 1969 pedindo o fim das guerras; ‘faça amor não faça guerra’.
Não mais do que assim e sem ter que usar ópio para entender o que acontecia ali na cozinha com Chiara Garibaldi, naquela noite fria, despida de rótulos, cores ou disfarces. Ela aprendeu á flor da pele algo sobre o verdadeiro amor!
Foi assim que Hank explicou para Chiara que o seu poder mágico no jogo do amor será um velho passo do Kama Sutra. A ‘Alavanca da Euforia’.
Assustada, ela se lembrou apenas de um dia ter visitado o quarto de um amigo da faculdade, o Ernane, não para fazer sexo nem nada do gênero, mas, para pegar com ele uma edição da revista Decibélica. E lá, o grande susto!
Não, nada haver com o pênis!
Não, ele não ficou nu! Mesmo porque se talvez ele ficasse nu não fosse algo ruim. Lá no quarto, Ernane, apenas mostrou para Chiara o presente que ganhou de uma velha amiga, um Calendário Kama Sutra. Riram muito e em meio ás piadinhas infames do amigo e à paisagem egípcia desenhada numa das paredes, Chiara ficou meio perplexa por um minuto, imaginando algo sobre rock e sexo. Pensou sobre o sexo no Ocidente, e sobre a submissão sexual debaixo de lençóis no Oriente. Ou em outros lençóis, claro. Talvez, uns em tons esverdeados como naqueles filmes Hollywoodianos?
E ela foi embora...
Na verdade antes dela ir embora, algo passou por seus pensamentos. Era a sua imagem e perfeição na figura da Cleópatra fazendo sexo numa esfinge. E esse tesão nem mesmo a lingüística pode explicar! Não era nenhum tipo de fetiche com o seu amigo, era apenas um pouco de frenesi.
Ainda há no Mundo amigos que duvidem que o Ernane, nunca tenha se imaginado um Poderoso Árabe, um Pedreiro Norte Americano, um Egípcio ou mesmo um Deus Grego ás margens de qualquer mar, fazendo sexo com uma Deusa Grega, melhor dizer a Chiara.
Simples assim porque eles se implicavam em todas as manhãs de Coca-Cola, quero dizer em todas as manhãs que o pessoal se reunia na Cantina A02 da faculdade. E quem sabe o motivo fosse o tesão enrustido que Chiara provocava inocentemente ao desfilar com suas lindas pernas encobertas por uma mini-saia?
Não posso explicar o tesão!
Não há como explicar nem mesmo uma careta de quem cheirou um pote de cristal cheio de talco e o deixou cair no chão. Nem mesmo Hollywood explica!
Cinema, aventura e ação! De repente, alguém sempre batia a claquete no momento mais frenético, e todos tinham se molhado em vão...
Ah! Isso acontece nas melhores conversas perfumadas por sexo das melhores Universidades!
Veja que eles nem estavam em um laboratório de anatomia. Ali, era apenas a Cantina A02.
(Bodega Fantástica se inspira em fatos surreais! Risos! Uma colega de faculdade da Autora foi á Índia e relatou sobre toda a essência mágica dos sáris, além de trazer para o Brasil o tal calendário Kama Sutra de presente para um grande amigo.)
Arrepios, medinho, ela coçou os olhos e não era sonho, não era pesadelo, era o Hank á sua frente lhe dizendo o que fazer para uma noite fantástica de sexo com um Rockstar. O vulgo personagem que sabe ‘trepar’ nesse livro, mais do que trepadeira em Jardim de Outono e Primavera!
Risos!
Confusa, ela perguntou a Hank se esse segredinho do Kama Sutra só daria certo com o Rockstar. Feliz, logo ele lhe explicou que com roqueiros a alavanca era o melhor. Depois, Hank contou os melhores segredos sobre os homens e como temperar os potes de conservas de picles na medida certa para cada paladar. Paladares, que ela tivesse que convidar para jantar ao longo de suas experiências sexuais, apetitosas.
Chiara, lembrou que há uma semana tinha experimentado o chá de Santo Daime. Ela nada sabia á respeito, se as alucinações poderiam voltar com o tempo. Ou mesmo se o chá que lhe deram como degustação numa loja de incensos na Rua Augusta era mesmo o famoso chá alucinógeno...
Sexo! Isso não era alucinação! Aliás, era alucinação um enviado dos ventos lhe contando um segredo milenar sobre a arte de fazer sexo?
Quem pode dizer que não foi um diálogo com Santo Daime?
Ou quem pode dizer que ela estava delirando?
Delirando?
Se a Chiara estivesse alucinada seria algo contraditório dizer que ela delira por sexo?
Não vamos discutir coisas mágicas, todos nós sabemos que a mente humana é mais profunda que um buraco negro no espaço no filme Guerra nas Estrelas.
Isso porque as paredes de um quarto no meio de um corredor; elas têm ouvidos. Melhor dizer que paredes têm outros ouvidos. Sempre haverá uma pessoa infeliz para ouvir um gemido de quem faz amor ás escondidas.
Certa vez me recordo de um caso intrigante, era uma vez num Festival Internacional de Cinema Ambiental, (FICA), uma galera alugou uma casa pra passarem a temporada. Esta casa foi dividida num desses acordos de herança. Por ironia do destino, a Avó de um dos Roqueiros estava na casa ao lado dormindo. Na manhã seguinte, ele acordou e foi dar um beijo em sua Avó e a convidá-la pra assistir um breve show de abertura de uma das bandas do FICA, e a Senhora de mais ou menos setenta e poucos anos lhe disse: “Amor da Vovó, se a minha dor de cabeça melhorar eu vou te ver tocar, porque não dormi nada esta madrugada, tinha um pessoal fazendo suruba, sexo e eu ouvia vozes, não era você não”?
Tímido, envergonhado, ele sorriu e pediu várias desculpas e a Vovó lhe disse: ”aproveite a vida Meu Amor, mas, escolha uma Garota menos escandalosa e use camisinha”.
Beijou a face rosada e enrugada da Avó, foi abençoado e voltou para a casa. Lá, tenso, abriu uma latinha de Heineken pra relaxar...
Drogas! As drogas do amor são as piores! Sexo frenético, tesão, frenesi, arrepios, borboletas no estômago e a mais perigosa de todas, a paixão. Cuidado, a overdose de amor acontece de repente debaixo de lençóis num dia nublado, numa noite chuvosa ou mesmo debaixo de um chuveiro de água quente...
Ah, ainda assim as pessoas acreditam no poder de paz que o amor traz! (Risos)
Pode crer; quem nunca quis ter uma fada madrinha?
Ou um amigo imaginário?
Ou alguém pra conversar livremente sobre sexo. Sem correr o risco de ter um pote de picles quebrado ou mofado por causa de olho gordo?
Aliás, quem não quer um conselheiro sexual secreto para ensinar qual é o caminho das pedras, quero dizer das pernas, quis dizer o caminho do orgasmo múltiplo. Ou o caminho de uma breve sacudida de dois corpos frenéticos que deslizam sobre pó branco?
Pois, nada melhor do que um sexo casual numa noite quente quando a cama está fresquinha, cheia de talco nos lençóis.
Um minuto, pense, e agora você descobriu o segredo do pote de talco! Risos!
Quem não quer encontrar um segredo desses depois de comer chocolate?
E sentir toda a excitação que houver nessa vida ao descobrir tanta serotonina?
Quem não quer bater a cabeça por várias vezes na cabeceira de uma cama enquanto o prazer arrepia toda a sua mente deixando seus neurônios em êxtase total?
Ou talvez, quem não quer fazer um esboço do número sessenta e nove com o melhor amigo em cima de uma cama com lençóis de cetim?
Fôlego! Isso é um bem necessário para se sentir feliz quando as mãos escorregam por um corpo gotejado pelo suor do prazer e as forças desaparecem brevemente dando espaço ao âmago desse prazer?
Pernas sobre pernas se encaixando como peças de um quebra cabeças já não existem mais.
Nesse novo jogo de prazer e luxúria, as mãos se agarram na ponta dos dedos dos pés e o ponto mais mágico está conectado no meio de dois corpos nus. Ele, sente a temperatura de duas batatas fritando, sente o calor antes escondido por meia calça nas pernas de Chiara.
Hank conta sobre os delírios do mundo indiano e o Kama Sutra para Chiara. Pode crer, ela nunca mais será a mesma garotinha inocente com apetite sexual de um vegetariano. Hoje ela passa a ter um cardápio, garçons e um prato preferido com muita carne. Hoje, Chiara descobre a sutil diferença entre o apetite sexual e a satisfação pessoal de sua fome, ou o alimento não é uma necessidade primária do ser humano?
Freud, isso explica! Bodega Fantástica, apenas explica que você é livre para ser feliz. Paz e Amor!
Yeah, e assim foi em campos floridos e coloridos em 1969. ‘Faça Amor, Não Faça Guerra’!
Como se hoje você pudesse correr entre flores, se o Woodstock começasse amanhã...
O Woodstock não significa apenas uma memória do passado, ou de um passado onde você nunca esteve. O movimento Hippie de 1969, está vivo na ideologia que se passou de geração á geração. E ele pulsa dentro do nosso peito. O fato, é que poucos podem o ouvir e gritar os seus desejos no megafone da vida.
Isso era um detalhe que Hank tentou, tenta e tentará despertar em Chiara...
Mesmo que o único problema seja não praticar o sexo entre Deuses e Humanos. Não tinha nem mesmo cenouras ali. Hank não tinha apetite sexual pela filha do Senhor Garibaldi. Mas, aprender a teoria sempre é muito importante. É isso que um bom professor deve pensar.
Chiara, voltou á atenção ao Hank e ele voou de um lado para outro com uma varinha para testar a percepção dela.
Sentiu-se um arrepio em meio ás pernas, no colo dos seios e na nuca como se escorresse por dentre seus segredos um rio de gelatina incolor dissolvida em suor da pele!
Coçou os olhos e pediu para Hank ser breve, pois, já tinha um bom tempo que ela tinha descido á cozinha e daqui á pouco sua amiga Carol apareceria por ali...
Como vinil em gramofone que toca sem parar o lado A, Hank explicou...
Algo sobre um Rockstar que a pega com mãos e braços fortes. Ele encaixa o seu amor no carinho que nela há por ele. Corpo á corpo! Ah, tudo é como uma guitarra alçada na cintura do seu músico. Uma guitarra chamada Chiara Garibaldi. Hank dizia que a principal lição era se sentir livre para abraçar com suas suaves mãos o pescoço de seu amado, fixar seu coração nos olhos e dizer que tudo que pulsa rápido ou devagar, é o que você sente, é o que não pode negar. Ali, você é como a guitarra que faz parte de um só corpo para o Rockstar, você é musa, é a alma e música para que ele em variados ritmos possa tocar, possa te tocar...
Chiara, olhou para Hank engasgada, aos soluços, emocionada e assustada!
Ventos frios que traziam leves arrepios á alma, ao coração e para mostrar que o amor não é em vão...
Hank disse para Chiara não se assustar. Era tudo como o lado B de um vinil num gramofone á rodar...
Para que ela e o seu homem escolhido possam desenhar sobre o talco tudo o que os seus corpos e almas querem expressar numa explosão de prazeres.
A vida é mesmo imprevisível, talvez como Amelie Poulain, Chiara sinta-se insatisfeita quando tudo acontecer...
(Mila Naves pede desculpas á sua família e afirma que nada disso se fez verídico nos laboratórios ao ouvir músicas no gramofone lá na Cidade de Goyaz. Namastê.)
Gramofone e apanhador de sonhos, a sensação nostálgica de Chiara era como imaginar um Conto de Fadas Rock.
Em algum Café perdido pelos mapas; em dia frio bebendo chocolate-quente...
Ruídos e ventania, para o lado B que Hank tanto ria; e ele disse que esse era o segredo especial para Chiara. Os ventinhos que passaram pelo apanhador de sonhos de seu quarto traduziram a vontade que ela tem, e o sonho dela que não é de ninguém. Ela, ser possuída por um Rockstar forte, ele quis dizer de sorte, por tê-la em seus braços...
Porque se o sexo não é prazeroso e nostálgico para os dois, o amor não sobrevive ao fluxo de frenesi que é como um câncer que prolifera células á mais arrepiando de forma inacreditável o seu corpo.
E nem uma quimioterapia pode curar. Os vibradores do século XXI ainda não possuem tal função ‘terapêutica’.
Chiara se irritou com a ousadia de Hank, suspirou, coçou os olhos, soluçou e ele riu...
Relaxe Chiara! Ah, meditar é algo que as mulheres precisam aprender, e principalmente você.
Chiara tentou bater no Hank com as mãos e ele voou cantando um pedacinho de uma canção de Janis Joplin que dizia: “cry baby, cry baby”...
Irritadíssima, ela mandou que ele terminasse logo essa história de Kama Sutra. E que se existisse uma boa música para tal ocasião ali, era Sexperience da sua banda de rock preferida, Cachorro Grande.
Princesinha do Rock; é tudo que você será para o seu amado quando se despir dessas suas roupas feministas. Roupas que ainda que você esteja nua, elas colorem a tua pele.
Ela gritou com ele, querendo bater nele com um matador de moscas! E chorou de raiva!
Você não estava com pressa Chiara?
Vejo que é melhor eu terminar de te contar o segredo. Porque utilizar uma técnica do Kama Sutra pela metade pode ser ruim para a vaidade sexual do casal. Ao menos que para você a primeira noite de sexo faça aniversário numa data marcada pelo uso de um vestido branco?
Um suspiro; ela nada disse.
Hank continuou a dizer o que é melhor para ela quando estiver por um momento á mercê do Rockstar. E isso, sem ser o sexo frágil, sem se sentir ansiosa pelos apelos de proteção aos braços dele, o cara que toca guitarra. Ou o cara que sacode em acordes o pênis?
Tudo é uma questão de pontos de vista diferentes.
Chiara ainda estava irritada, porém, feliz e olhou para Hank com o seu ar de garota cosmopolita que tinha entendido tudo, e que honraria este segredo. Ela prestou muita atenção em como finaliza a sua alavanca da euforia...
Naquele momento, ela se imaginou eufórica. Como uma garota má dentro das vinhetas da MTv. Uma garota que passeia com os cabelos ao vento por campos verdes e floridos. Bebe água de um moinho de ventos, escorrega com um saco de batatas vazio num monte, faz cafuné num cachorro, se levanta e continua a correr rumo á uma casinha que da chaminé sai fumaça ao longe.
Ela entra na casa, bebe um copo de leite, come uma maçã, pega seu travesseiro, deita-se no tapete colorido da sala e liga a televisão para assistir o seu canal preferido, a MTv.
Ah, Chiara estava eufórica!
Hank lhe disse que a urgência de acordes numa canção traria á esta canção um mistério. Esse era o momento mais mágico. Porque eles estavam cara á cara, corpo á corpo e em harmonia musical...
Amor e sexo, sem filosofar! É o que a Chiara e o Rockstar tem em comum...
Coração acelerado, corpo sentindo frio, pressão nem alta, nem baixa e o Peppers desesperado latindo muito. Ela mandou seu cachorro se acalmar e com um ar de superioridade perguntou á aquela incrível criaturinha que cabia no palmo de tua mão o que queria. Enquanto...
Lá em cima, Carol ligou outra vez para Chiara que atendeu e disse que subiria em quinze minutos. Ela disse que ainda não tinha terminado de limpar o vaso quebrado na cozinha. Carol perguntou se a amiga precisava de ajuda, e na conversa de duas garotas nuas, sendo uma coberta por espumas e outra despida pelo frio, ninguém se ajudou.
Carol continuou no banho espumado e Chiara ali, na cozinha de sua casa, conversando com um ser mágico que usava cartola com fivela, tinha cabelos compridos como de um roqueiro bom de sexo. Esse ser estava sem camisa e com uma varinha de condão na mão. Quem sabe sua fada madrinha seria um roqueiro sem camisa em miniatura, e que sabe voar?
“Isso é uma loucura.”
Ah, e Hank disse para Chiara esquecer Rael, ele não é o homem dos seus sonhos. Ela ainda não conhecia o homem dos próprios sonhos. Mas, ele existia e nem era preciso consultar o tarot.
“Isso é uma loucura.”
Chiara sem nenhum motivo, sem dizer nada á Hank, apenas sorriu, apenas com o coração concordou, e sorriu...
“Isso é uma loucura.”
Foi assim que o incrível Hank se apresentou aos poucos. Ele ganhou a confiança de Chiara e ela lhe pediu para que ele não aparecesse para Poli e Carol, pois, suas amigas não acreditariam nisso. E Hank disse que seria mesmo impossível. Ele aparece apenas para pessoas que crêem no amor com a capacidade de sentir todas as cores deste para vivê-lo.
Paranóia de cores e ventos...
Ou é muito rock com Heineken pra uma só mente confusa!
“Isso é uma loucura.”
Ou seria o Hank, um daqueles quadros pitorescos do Bolshoi Pub em Goiânia, e que por acaso ganhou vida?
Báaah, vai saber o que é viu...
Nem mesmo Coca-Cola com chocolate dá tanta onda assim...
Oh, tréva!
Sabe o que é isso?
Isso aí, toda essa loucura de ‘Hank’, isso é apenas...
O simples fato de que muitas pessoas passam pela vida e vivem como é certo e não como o coração diz ser o certo.
Por que no mundo á maioria das pessoas dizem que é feio uma garota ligar para o namorado e dizer: ”amor, sinto falta do teu sexo”, ou “amor vamos voltar a namorar, acho que erramos, mas ainda há muito que aprender juntos”. Ou talvez “você quer se casar comigo”?
Ou me perdoem quem não é; porém, para as ‘Groupies’ de plantão; seria algo do tipo meio sutil ao entrar no camarim do seu astro de rock preferido e dizer ao pé do ouvido: “você poderia me levar até a porta do banheiro?”; e disso se dar uma chance de sexo e puxá-lo para dentro como uma promessa de amor casual, ou como uma prostituta expulsa do cabaré mais famoso de Paris?
Ou dar uma piscadinha bem ao estilo anos sessenta e convidá-lo para ver o seu sutiã de bolinhas amarelinhas ou pretas e brancas?
Deixem a política para o cinema, na literatura a vida é mais real. Então, qual é o problema me diz?
De uma menina dizer que precisa fazer sexo quando o seu frenesi pode se transformar em depressão no dia seguinte?
Tudo bem, nós humanos não somos como as borboletas que nascem, crescem e perdem suas vidas tão rapidamente para estar nessa loucura, nessa desenvoltura como se fossemos bicicletas sem freio. Mas, quem já molhou as ceroulas arrotas ao se despir por um olhar frenético de amor e sexo, sabe muito bem do que eu estou falando. Legal, e se você não, um dia será a sua vez!
Moralismo?
Não lembro muito bem quem é esse. Talvez, seja aquele Cara, o melhor vizinho da hipocrisia?
Não importa quem eles são, ou o que é moralismo e hipocrisia. Socialmente, as pessoas se esquecem de viver a própria vida.
O erro existe dentro da mente de quem nunca se libertou para conhecer os próprios chacras!
Medite! E tente viver, assim um dia você conseguirá existir! Medite, você tem as suas respostas...
Ah, frustração! A sociedade não é menos feia do que você e todas aquelas pessoas que dizem que isso ou aquilo é errado, simplesmente escondem um passado de pecados, de julgamentos e condenações numa vida aonde viver, não pôde ser mais fácil.
E isso é como você passar a vida inteira sem pegar uma carona que seja com um desconhecido.
Yeah, feliz foi a Janis Joplin que décadas atrás fez um ‘mochilão’ no Brasil apenas pegando caronas com desconhecidos. Isso é uma loucura?
Não, é só uma questão de sentir uma energia positiva, ter senso crítico, ouvir seu sexto sentido e permitir-se á vida e a liberdade...
Porque o frescor da liberdade vem com a leveza de ventos que já fluíram com muitas frustrações. E nem por isso deixou de seguir em frente e ser outro tipo de vento. E isso é simples...
Sua Tia Avó pode não ter se casado virgem, você já pensou nisso?
Alguma tia sua, pode não ter transado apenas com o marido durante a vida toda...
Seu primo depressivo pode ser um homossexual trancado no armário da vida e com vontade de cortar os pulsos á cada minutinho ou mesmo á cada instante de sucesso que lhe rende o título de ‘bem sucedido’.
Não olhe outra vez de cara feia para este livro! Nada é tão simples como poderia ser, por que os gritos do escuro podem vir de todos os lados...
Podem ser os gritos da sua prima que não faz uma tatuagem porque tem medo da dor, mesmo que a dor do ego não tatuado seja muito maior do que a dor do desejo reprimido. E isso não é um absurdo, isso é apenas comparar a lei de Darwin. Confuso?
Não, não é confuso, pense que num mundo aonde tudo ao redor da sua prima seja exótico e mais alto, talvez o pescoço dela não alcance nenhuma folha ou vegetação que alimente o seu lado exótico no meio em que vive, ou aos poucos sobrevive...
Não, não feche esse livro, não pare de ler. Prometo que você não vai ver o Hank se olhar para trás e nem mesmo ter medo de dormir sozinha em casa em dia de chuva, pois, nem orgasmo sozinha você pode ter mesmo. Acredite, é tudo uma ficção para te distrair! (Risos) Então, relaxe!
Bodega Fantástica, o livro é complexo? (Risos)
Você não precisa ter uma melhor amiga ou namorada com o nome Athena, para compreender o que é a Caixinha de Pandora. E Bodega Fantástica é apenas assim, rústica por fora e colorida e suave por dentro.
Ah, e não é um manifesto feminista! Não é um código de conduta feminina do Woodstock e nem mesmo o seu espelho imaginário nos próximos dias...
Pois, talvez seja mesmo tenebrosa essa idéia de ligar para um homem e dizer: “vamos brincar”?
Vamos fazer sexo?
É feio, grosso e mal educado para uma garota dizer, não é?
Não insisto mais! Cada um sabe a dor e a delícia que é sentir o amor livre que habita em si...
Pode crer que homem nenhum te entenderia, e eu acredito nisso, aliás, nessa frase mesmo!
Porque você atrai o que você diz e como você diz. Ah, e não é o tal segredo dizer que as palavras têm poder?
E o universo te escuta...
Os machistas também escutam e adjetivam como impuras, as impróprias e domáveis!
Sacanagem! Você nunca será impura se souber dizer o que você sente na arte de seu frenesi, pra quem merece. Claro que também não vai sair por aí bebendo um litro de tequila e tirando a roupa para uma fila indiana de homens querendo conhecer a arte do ‘kama sutra’, não é?
Nem mesmo vai dar motivo para o seu irmão dizer que o Rock and Roll na sua cidade sobrevive do seu traseiro, não é?
Ah, promete vai...
Seja livre, se abra para a vida!
Confia em mim, será melhor para você! (Risos)
Imprópria?
Pode crer que isso você seria. Muito imprópria, se por acaso a vontade não fosse sua, se o frenesi não fosse um sentimento seu, e não há o que se discutir.
Cômico! Domável?
O que tem haver a comédia ser algo domável?
Será que agora as pessoas precisam domar seus atos cômicos?
Oh treva! Só faltava isso, agora ter limite para ser feliz, estar alegre...
Não sei mesmo até onde vai á imaginação de um homem machista que ainda vive no ‘mundinho’ aonde ele manda e a mulher obedece. Nem preciso comentar o que um cara assim, escuta no vinil de seu gramofone...
(Gargalhadas)
Lógico que não é rock!
Ventinhos, suspiros e risos...
Chiara, adorou conhecer o novo amigo, e para ela, isso é apenas normal, além de um grande segredo entre a magia, o amor e o surreal.
Viva! Não deixe mofar seu pote de picles!
Vinho tinto do porto em mãos, o Hank no seu ombro, o Peppers sorrindo para o Hank, e ela seca.
Totalmente despida, por todas as cores do amor, ela subia as escadas...
Perguntou ao Hank quando ela o poderia encontrar para trocar idéias. Ao olhar para o lado, ele já tinha desaparecido...
Taças esquecidas e a idéia de beber no gargalo, oferecida por Carol que se indignou pela demora. Carol não podia ver Hank no ombro da amiga.
Carol tentava coçar os ombros e Hank se divertia com a brincadeira de pulinhos para não ser atingido pela mão esquerda de Carol.
Chiara ligou o som, contou que quebrou o vaso de sua mãe, contou que pensou que tivesse algum empregado lá embaixo e perguntou se a amiga podia ajudá-la a fazer suas malas...
Carol estranhou a viagem, nada disse, e perguntou se o vaso era chinês, japonês. Chiara sem paciência disse que era chinês. Como se o dinheiro do vaso fosse um grande problema sabe?
Ali, todos sabiam que o problema era outro...
A amizade! Sim, a amizade que a mãe de Chiara mantinha com longas conversas em voz de pensamentos altos, quando se lembrava da maravilhosa viagem á China, quando o casamento ainda era um casamento por ali...
Ou os dragões e diabinhos que habitam a mente insana de Chiara Garibaldi. Passou-lhe o pensamento de que Carol pudesse ter interrompido o seu estado fantástico nos braços do Rockstar, por pura inveja, por pura maldade. Mas, ela preferiu confiar em sua amiga-irmã e esqueceu isso.
Sem perder tempo Chiara riu e pensou chamar Carol para viajar junto com ela.
Peppers pulou dentro da banheira e elas, o tiraram de lá ás pressas, enxugaram ele bem, Chiara vestiu uma blusa de lã nele e o colocou para dormir no tapete de seu quarto. Hank deitou pertinho dele para proteger os sonhos do cachorrinho...
Carol não pensou duas vezes antes de aceitar o convite para viajar. Ficou eufórica!
Depois de meia garrafa de vinho, e tantas gargalhadas de duas garotas nuas, confidenciando segredos sobre o tamanho dos picles em conserva de seus ex-amores, elas enrolaram-se em toalhas felpudas e foram arrumar as malas, enquanto cantavam...
“Ontem desapareci, olhei o sol no jardim, quis acreditar que é real, eu agora estou aqui, no lugar de onde vim, quis ver o inicio e o final, o mundo se abriu pra mim, desde quando descobri o que fez eu ir aonde vou, o sonho que eu quis viver, tudo que me fez crescer, e me fez querer transcender, me fez querer conquistar, me fez querer viajar, e me fez querer encontrar, o mundo se abriu pra mim, desde quando descobri, o que fez eu ir onde vou, desde a primeira vez, o sentido que me fez, querer ser o que hoje sou, o que me fez querer ver primeiro, o que me fez querer ser verdadeiro, e nada mais vai me fazer parar, eu posso imaginar, posso tornar o sonho real”...
Dormiram, cochilaram, descansaram um pouco, depois que todos os principais apetrechos foram parar nas malas...
Um colete jeans estampado por orquídeas, uma blusa de frio lilás, um par de botas estilo “The Beatles”, um biquíni estilo marinheiro, um perfume doce, mais ceroulas arrotas, essas foram ás últimas peças acomodadas e elas fecharam a mala!
Carol colocou um pijama listrado de verde-água e lilás. Quase uma fantasia de chiclete...
Enquanto Chiara, vestia uma ceroula estilo “vovó me proteja”, uma camisola preta de bolinhas brancas, emprestou pantufas para Carol e calçou outra...
O sono!
Depois de um dia tenso, dormir era essencial para o corpo descansar. Se você pensar que filosofar, falar sobre arte, sexo e rock é muito bom. Mas, quando o assunto começa a devagar á razões metafísicas da Monalisa não sorrir mostrando os dentes, ou, porque David Bowie tem muitos romances?
Ou porque as suas amigas insistem em sentir algum tipo de libido eufórica por aquele Rockstar?
Durma, vá dormir! O seu dia já passou de vinte e quatro horas e você já ganhou milhões de beijos do Jô.
Ah, mas, o sono ainda não vinha aconchegar quem sentia falta de abraços, sentia falta de amor.
Janela aberta, som desligado, vento que cessou, frio que aumentou e uma pergunta no coração, quando será que Chiara poderia ir outra vez ao show de sua banda preferida a Cachorro Grande?
Quem sabe em algum catorze de agosto em Porto Alegre?
Oh, doce imaginação! Se pelo menos uma de suas amigas pudesse assistir ao show e contar que foi lindo, perfeito e super rock, ela já se sentiria aliviada com essa vontade louca que não passa.
Já era tarde, era melhor dormir, pensar um pouco antes de dormir e sonhar, sonhar...
Silenciou com a dúvida de quando iria outra vez ao show e nem comentou algo com Carol.
Chiara ficou a imaginar um gramado enorme, uma esteira colorida, Rael ou outro amor. Imaginou-se ao Sol, assistindo com roupas de banho á banda preferida. Logo depois do show, ela dava um mergulho gelado na piscina daquele lugar mágico...
Quem sabe o lugar fosse o paraíso de águas termais no coração do Centro-Oeste brasileiro?
Ah, prazeres de Chiara Garibaldi!
Um dia de rock lá no melhor parque de águas termais do mundo, o Hot Park Resorts.
Porque todo lugar mágico para Chiara tem uma piscina. Porque se é mágico para ela tem que ter muita diversão, natureza, águas-quentes, mistérios e um bom rock and roll.
O sonho de Chiara era passar um dia no Hot Park e depois com o brilho do entardecer, assistir um show da melhor banda de rock nacional, Cachorro Grande.
Ou todo lugar mágico além de uma piscina, têm pessoas nuas debaixo de chuva dentro da tal piscina?
Na vida há coisas que é melhor nem comentar.
Guerra, entre ela e o sono. Não tinha como conseguir dormir.
Chiara, abriu os olhos e perguntou se Carol estava com fome.
A “sister” balançou a cabeça dizendo sim...
Pediram Pizza Hut pelo telefone, ganharam Coca-Cola de brinde, e aguardaram algum tempo para ‘entrega’ chegar...
O Guardinha da guarita telefonou para avisar que tinha uma entrega no portão, Chiara pediu para ele conferir se era da Pizza Hut . E ele o autorizou a entrar até a porta...
Tempestade!
São Paulo se despia em lágrimas porque as duas garotas mais rock da cidade iam viajar.
Brincadeira! Ah, era a Mãe Natureza que hibernou o tempo, e nem vou citar os aeroportos...
Elas vestiram uns quimonos estranhos de Liliana Garibaldi. Elas foram até a porta pagar o entregador de pizza que ganhou uma gorjeta para esperar dez minutos, tempo que as meninas precisariam para colocar pedaços de pizza numa vasilha e pegar na geladeira uma Coca-Cola em lata para o Guardinha da guarita. Então o entregador poderia fazer mais uma entrega?
Diferente de seus pais! Chiara amava o mundo, as cores e as pessoas! Todas as pessoas ou cores. Ela adorava dar gorjetas boas. Ainda mais diferente de seus pais, ela viajava para a Europa e se enriquecia com a cultura.
“Isso é uma loucura”.
Comeram tudo, riram muito, beberam muito refrigerante com gelo e limão. Satisfeitas, subiram, escovaram os dentes e pediram bênçãos aos céus definitivamente por aquele dia...
Sem precisarem contar as nuvens de Coca-Cola e Cacau Show; o sono chegou devagar...
Chiara olhou para Peppers dormindo profundamente e não o acordou, deu lhe um beijinho de boa noite e disse que Rael o amava muito também. Ah, ela percebeu que Hank tinha ido embora, e mal poderia pensar para onde ele foi...
Será que existia um lugar mágico?
Será que Hank vinha de um lugar tão lindo, florido e mágico como foi o Woodstock de 1969?
Não, Hank o Senhor dos ventos era mesmo a voz do coração de Chiara em pequenos sopros!
Ela estava em paz, e nela se escondia um coração calmo por um amor que estava longe, sem legendas e envolto por um grande mistério. O qual a tranqüilizava com felicidade e paz! Amor que ela mal o conhecia, amor que para ser amor ela apenas o sentia...
Ali, tudo era tão minucioso como um jogo de amor em cartas de Tarot.
As duas amigas-irmãs olharam para a Lua Nova e pediram que Deus abençoasse suas vidas e a de Poli também, aonde quer que ela esteja em Hollywood, Brasil ou Madagascar...
Depois, elas se perfumaram com um aroma delicioso do O Boticário, o Lily Essence, e assistiram um pouco de MTv na televisão. Um pouco depois ligaram o som e dormiram!
Aos poucos a tempestade desaparecia por dentro das nuvens do céu cinza de São Paulo. Que também era tão brilhante como diamantes em noites escuras aonde as estrelas brilhavam!
Paz!
O apanhador de sonhos no quarto de Chiara levou embora todos os pesadelos e deixou apenas o amor, a paz e o frenesi para serem desenhados em nuvenzinhas de bons sonhos naquela noite de inverno.
Passarinhos voavam cantando no jardim durante a noite, eles conversavam por melodias algo sobre um Rockstar que marcará para sempre a vida e a amizade de Chiara, Carol e Poli.
Nos sonhos de Chiara, ela voltava á lugares irados que conheceu em suas visitas á Goiânia.
Bolshoi Pub, lá a vergonha de Chiara ficou por São Paulo, bem esquecida dentro de uma de suas gavetas.
Certa vez que a Cineasta passeou por lá, ela conheceu um garoto lindo com olhos de caramelo. Ele sabia conversar em árabe, inglês, português, espanhol, alemão e francês. As cantadas dele não eram repetidas, apenas expressavam sentimento, carinho.
Sonhos! Voltar ao Pub, seria fantástico, seria uma overdose de alegria sem morte súbita!
Nos devaneios daquela noite, Chiara recordava eufórica os brindes de Heineken, as músicas, os quadros nas paredes, as pessoas lindas e educadas, o glamour, o bom atendimento, o boneco de cera do Frankenstein, a hospitalidade com turistas e o astral contagiante do rock goiano. O qual é ilustrado por bandas nacionais e internacionais que se apresentam no Bolshoi Pub.
Carol sonhava com a viagem, sonhava com as fugas de madrugada ao Pão de Açúcar para comprar cookies e Coca-Cola. Depois, se deitar ao lado de Chiara, e conversarem sobre astrologia, sexo, as drogas alternativas da vida como o amor e o rock, ela dormiu profundamente...
No dia seguinte, elas acordaram cedo, tomaram café da manhã com frutas fresquinhas que Jorge tinha buscado no Pão de Açúcar. Riram, se divertiram, fizeram planos e mal sabiam elas que logo descobririam que uma amizade vale mais do que qualquer sexo casual...
Mesmo que Chiara não soubesse perdoar de verdade algum tipo sexual de traição!
Carol disse a Chiara que ela se sentia como a Alice no País das Maravilhas quando se imaginava deitada numa esteira tomando Sol ao lado de um roqueiro lindo, inteligente, simpático, que não arrotasse perto dela, que gostasse de The Beatles e que tocasse guitarra e bateria...
Chiara, riu, perguntou para á amiga quantas horas. Carol respondeu e elas se levantaram...
Elas foram até o apartamento de Carol arrumar mais malas, dar mais risos e fumar um pouco de arguile com essência sabor chocolate com menta.
Senhorita Garibaldi não deu atenção aos seus diabinhos mentais que cutucavam seus pensamentos dizendo que sua amiga queria tirar levemente as ceroulas arrotas do Rockstar dela, subir vagarosamente com as mãos cheias de creme de cupuaçu e acariciar aquele, que deveria ser melhor amigo de Chiara. Mas, todos sabem que hoje em dia amizades verdadeiras são mais difíceis de serem achadas do que creme de cupuaçu na versão erótica.
Abrir uma Heineken gelada e refrescar os pensamentos, essa era a idéia de Chiara, mas, na geladeira de Carol tinha acabado. Que azar!
Um suspiro ofegante, um choro engolido, um ciúme escondido e um sorriso forçado. Ela, não comentou nada e fez uma prece ao seu Anjo da Guarda.
Carol estava tão entretida com sua bagagem que nem reparou estranhezas na amiga.
Animadas, lá no apartamento de Carol, elas contavam casos sobre os shows de rock, gargalhavam e fumavam enquanto arrumavam as malas...
Muitos podem duvidar, mas, amigas quando são irmãs de verdade, se amam muito e querem para a outra o melhor que queria para si mesma. Isso nenhum cartão de crédito pode comprar...
Redemoinhos de ventos felizes entravam pela janela entreaberta do quarto de Carol...
---- Carol, eu estou com saudades da Poli. Seria tão perfeito se ela viajasse com a gente. E de repente conheceríamos um Rockstar muito gostoso e eu o levaria para o quarto, abriria uma Heineken, ligaria o DVD, e mergulharia em meio ao edredom aos braços dele.
---- Legal, porque quando você estivesse dormindo, eu bateria á porta bem devagar sem acordar você, ele abriria, e eu o levaria para um banho de piscina noturno. Depois, colocaria uma balinha de menta na boca dele, o beijaria até perder todo o fôlego e o puxaria para a sauna. Lá ao arranhar paredes, faríamos um bom sexo casual, aliás, selvagem porque casual é bem sem graça... (Risos)
--- Carol, sua puta!Não vá furar meu olho! Odeio quando você faz piadinha de palhaço!
--- Ah, Chiara! Relaxa, Rockstar é Rockstar! Amiga, ‘faça amor, não guerra’.
--- Ah, guerra! Guerra seria se a Poli estivesse por perto. Ela nunca demonstra interesse, mas, sempre é a primeira que desabotoa o sutiã e ainda sorri fingindo que ele arrebentou o feixe. _Chiara
--- Ah, Chiara! Já disse pra você que Rockstar é Rockstar!Você não deve condensá-lo em seus sonhos doces de casar, ter filhos, passear de mãos dadas pela praia e vê-lo buscar o cachorro que quebrou a pata no veterinário. Amiga, isso não existe! São todos putos, são todos nossos! Não são de ninguém; nem da própria Mãe deles. Ah, e eles coçam o saco nos shows até ficarem excitados...
--- Acabou o fumo, Carol. Vamos embora, voltar para minha casa. Precisamos pegar as minhas malas, preciso ligar para os meus pais, me despedir do Jorge. E vamos logo porque você já fumou demais por hoje!
--- Carol, você tem razão, o amor é livre! Mas, não tire o pó da minha Pinacoteca de Sonhos!Posso esconder por debaixo do pó, as minhas melhores obras de arte. Artes, que são apenas minhas...
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