CAPÍTULO 1
“ISSO É UMA LOUCURA!"
O amor é como uma caixinha de Pandora, onde só se surpreende pelas cores de dentro, quem ama...
Chovia muito forte nos campos coloridos por flores. Em São Paulo, na Universidade onde Chiara estudava, havia um mistério pela atmosfera rock and roll. Algo, que nenhum coração poderia explicar sem conhecer o verdadeiro sentido do poder da flor...
Blusa de lã lilás, o colete jeans estampado com flores, a mini-saia desbotada, as botas beges estilo The Beatles, os olhos mergulhados em gotas de chuva, um soluço interrompido por um trovão que caía lá fora...
Chiara Garibaldi, uma garota de vinte e poucos anos. O coração dela era como uma orquestra que toca Rock and Roll no Woodstock de 69, aonde os sentimentos são livres e as escolhas são as mais difíceis...
Um pensamento engasgado, um desejo de sexo reprimido, um namorado desconhecido, um super-herói de verdade, um amor platônico, um coração dividido, um sonho antigo, uma vontade de ir embora do Brasil, um filme que não foi assistido, a overdose de um cúpido, algumas baladas com as amigas, viagens repentinas, uma caixa metálica de cigarros, chicletes com sabor de hortelã, o refrescante orvalho das manhãs, aula de literatura cinematográfica, banho de chuva, escorregão no meio da livraria, anel do humor, lembranças da adolescência divertida, dissabores do orgasmo do amor, desenhos na vidraça esfumaçada, correr descalça pelas calçadas, esmaltes coloridos, atender um telefonema amigo, o velho professor barbudo, algum tipo de ideologia, um rock, um amor, uma serotonina roubada, um chocolate de pimenta que não arde, uma vontade que não passa, e isso não pode ser tudo por um minuto que nunca será em vão?
Não sei, e Chiara também não sabe! Ah, apenas sei que a sensação é mágica! Imagine-se jogada, deitada num gramado colorido com gotinhas de orvalho respigando em sua face quando o vento cochicha segredos com as flores?
Não é mesmo refrescante?
Uhm! Ainda mais, se eu puder abrir uma latinha de Heineken super gelada, e beber uns goles e me jogar no gramado novamente para observar os desenhos que as nuvens me trazem como mapas do caminho da sabedoria sobre tudo o que eu ainda não sei...
Há quem possa me dizer, e force Chiara á sem querer entender que as fantasias da vida são apenas ilusão, são em vão...
Cômico! Porque na vida todos valsam sem parar num baile de máscaras. Eis, a questão, não são máscaras também fantasias?
E se pessoas usam fantasias em suas faces e se elas julgam verdadeiras e realistas, qual o problema de mascarar os pensamentos?
Talvez, digam que usamos fantasias num tempo totalmente equivocado. É quando em nossas vidas surgem nossas primeiras mágoas, tristezas, fraquezas e angústias.
Por um suspiro forçado em dez compassos de um tempo errado?
Acreditarei sempre que o Chapeleiro Maluco de Alice no País das Maravilhas saberá melhor do que eu que o tempo cabe mais ao nosso pensamento do que ao simples metal com ponteiros rodantes que colocamos nos pulsos, nas paredes ou em qualquer lugar...
Todos nós temos na vida um motivo colorido, e ele é apenas nosso!
Você acreditará em algo á mais do que eu, acreditará que o sonho é o bem mais valioso que se pode ter. Quem sonha e acredita, pode encontrar nos piores buracos da vida, as mais fantásticas saídas. E no País das Maravilhas, lembro-me ainda hoje, que a Alice sonhou, acreditou e a própria saída encontrou...
Ah, em Woodstock a Janis Joplin teve razão; tudo o que Chiara quer é paz para o seu coração!
Pelos jardins, redemoinhos...
Desenhos no vidro, um coração, e para o amor existe em Chiara tal razão?
Quem poderia dizer algo sobre o sexto sentido que um coração pode saber?
Quem nesse mundo pode censurar o que um coração explode sem razão apenas por sentir?
Nem Pais, Mães, Tios, Tias, Avós, Avôs, Primos, Primas, Amigos ou Amigas! Ninguém! Porque se um sentimento é verdadeiro, esse é único, é forte, é intenso, é abençoado por Deus, é sincero, é amigo, é mágico, surreal e para os mais racionais, pensativos, esse sentimento assusta nos primeiros arrepios.
Já disse Renato Russo: “quem inventou o amor, me explique por favor”...
As pessoas dizem muitas coisas, decoram tabus sociais aqui no Ocidente como se fossem leis do alcorão. A verdade é que tudo o que dizem que é certo, é o mesmo que nada!
Particularmente, o nada para mim é uma droga que não vicia. Sempre que me encontro em completo tédio urbano, social e familiar, injeto em minha mente várias doses de que tudo o que dizem, reclamam ou pensam, é simplesmente o nada!
Viver é o vício mais perigoso que temos. Há dias em que temos a sensação de sentir a adrenalina impulsionar o sangue em nossas veias, nos sentimos felizes e dispostos a sorrir para tudo. Há alguns dias que ser alegre ou ser triste não lhe traz nenhum sentido, dias assim são tão cinzas e sem muitas lembranças. Ou há dias que as lágrimas engasgam o nosso ego, elas afogam todas as emoções e entorpecem nossa mente, deixando-nos um tanto cabisbaixos, furiosos, entristecidos, zangados e em extremos casos em overdose com a mais nostálgica droga, a vida.
Alguém pode dizer algo sobre as pílulas que Chiara toma para emagrecer?
Seriam tantas drogas, tantas pílulas com alternativas assim?
Não sei qual o conceito verdadeiro para a palavra ‘droga’, o que eu sei é que de um jeito ou de outro todos as usam.
O tal amor?
Isso sim é uma droga!
O Amor que Chiara buscava incansavelmente encontrar em outras pessoas e a tal paranóia com dieta que todas as manhãs em seus sonhos nunca tinham um fim?
Ah! Isso já me fez pensar que pessoas gordas não amam e não são amadas.
Um suspiro por aqui...
Nas sombras dos pêlos de Chiara, o amor se fez abrigo, se fez amigo e percorreu por toda pele deixando rastros de picaretagem com a falta de brilho e luz daquele que um dia disse que lhe amou.
Pode ser melhor pensar que há menos surrealismo nessa história em busca do amor, sexo, rock e algum tipo de ideologia que lhe faça sentido...
Antes que se descubra que seus heróis morreram de overdose ou em algum massacre político. E socialmente são vistos como integrantes de clãs sujos, mesmo que para você seja nada mais do que o seu super-herói, e enquanto isso...
No pulso de Chiara havia um relógio colorido com um ponteiro marcando cada segundo bem devagar. Ao lado outros colegas com relógios de pulso e até mesmo o do professor, quem sabe pudesse dizer que o tempo naquele minuto parecia querer parar?
Ali, naquela sala todos assistiam ao filme escolhido pelo velho professor barbudo que usava óculos de grau redondo. Ele era ditador com cara de foca e quem escolheu um filme romancista em vez de beber cerveja e ‘trepar’ com um Professor no banheiro masculino. É isso mesmo, ele escolheu passar raiva numa galera, comentar, criticar, e fazer piadinhas em inglês, as quais, todos entendiam bem e ninguém tinha vontade de rir...
Viu como algumas pessoas possuem um dom estranho para ser feliz?
E na sala de aula, o tédio roia as paredes de concreto e pastilhas. Um temporal caía nos jardins floridos e as flores, aliás, os alunos matriculados na aula de literatura cinematográfica faziam várias coisas interessantes para passar o tédio enquanto assistiam ao filme que não terminava.
Alguns universitários de tênis e velho jeans rasgado, eles comiam a meleca que tiravam do nariz, faziam bolinhas de meleca e colavam debaixo da mesa, no cabelo liso de formol das amigas ou só coçavam os narizes avermelhados. Tinha aqueles que não lavavam suas blusas de frio por uns meses, esses se esquentavam com suores antigos, escoravam em qualquer coisa que pudessem e tiravam um bom cochilo. Algumas Meninas passavam mensagens de amor empolgadas com o filme para os namorados, rolos, amigos coloridos, maridos, noivos ou qualquer outra coisa do sexo oposto que mais tarde realmente se resumisse em sexo. E ainda tinha os caricatos da turma com suas atitudes singulares, como o Cara que usava botas texanas e assistia ao filme com atenção e de braços cruzados; ou o Cara que tinha caracóis nos cabelos, vestia camisetas de bandas de rock e soltava pequenos arrotinhos para tornar o ambiente mais agradável...
O vento corria para entrar na sala, batia com a face na janela de vidro e parecia uma criança fazendo bico...
Chiara, sempre vagando por tantos outros lugares em seus pensamentos que as piadas do professor barbudo ela nunca escutou, á não ser as que seus colegas um dia ou outro na cantina da faculdade contou...
Ah, ela tinha uma atenção que viajava para muito longe do filme, que o professor passava no telão, ela fazia um desenho embaçado na janela ao seu lado, ela esperava um bilhete não respondido de Carol e milhares de cores que pigmentavam a cena preta e branca do elevador! E isso ninguém entenderia e nem as poucas lágrimas que escorreriam na face rosada de Chiara, que de perfil mais parecia uma face de boneca que nunca chorou!
Quem nunca chorou?
Goze! Se você até hoje por um amor, por uma paixão ou por um beliscão debaixo dos lençóis nunca chorou, você logo irá chorar...
Na vida o choro e o riso fazem parte das artes que vivem em nós e não podemos evitar...
Ponteiros a rodar, os Caras figuras saiam da sala para fumar nos corredores e por melhor que fosse o vídeo, o filme, o tempo, tudo aquilo era um calabouço de impacientes...
Onde pessoas se acorrentavam pelo número de faltas na pauta esdrúxula de quem fazia chamada á qualquer momento, depois de cinqüenta minutos de aula...
Nos corredores o cheiro de cigarro, o cinzeiro imperfeito, cinzas pelo chão cinza e na cantina as cartas de baralho sem apostas de ao menos uma balinha. Ali, no curso mais perfeito de todos, Cinema. Algumas coisas na vida conseguem ter o desprazer de passarem muito devagar...
Mesmo que na praça onde era um recôncavo de universitários a cerveja estivesse gelada á esperar, bancas de jornal dando preservativos como troco de um real; e a libido se abrigava entre o suor das pernas das meninas que usavam mini-saias. Cinqüenta minutos se passavam e o frenesi escorria pelos pensamentos como a água da chuva sugada pelo ralo. A chuva que caía lá fora era daquelas que mal dava para se molhar. Acredite cinqüenta minutos é muito pouco tempo, para quem gosta de um rock and roll, e para quem isso, apenas sente...
Impaciência aos que não mentem?
Ruídos dos ventos e um bom banho de chuva aos que lêem gibis sobre orgias, muito devagar...
Segredo! Lá na sala de aula de literatura cinematográfica, tinha um rapaz louro, gordinho, com cabelo de anjo, bebedor de leite nos intervalos e com a fama de ‘não pego ninguém’ entre toda a turma do curso de Cinema. E é esse rapaz que lia gibis de um jeito voraz, passava á língua sobre os lábios como se estivesse saboreando uma picanha assada, e a carne assada com magia e sabor, era outra...
Poucos amigos percebiam o que o Cara CDF da turma fazia pelos cantos com os seus gibis encapados com papel de seda vermelho ou verde. Muitos acreditavam que ele era apenas um louco estudioso. Já os Caras Figuras, fumantes e gostosões, esses sim aceitaram o leitor de gibis eróticos na roda e passaram á serem os mais novos mestres e Reis do Sexo da faculdade. Todos iam á loucura com esses fumantes, porcos e bons de cama. Eles eram roqueiros, tinham fases gordas em que bebiam ‘horrores’ e comiam salgados da cantina com creme de morango como se fossem javalis. Ainda assim, suas amigas a Chiara e a Carol, não sabiam o segredo dos gibis e pouco entendiam como eles podiam ser tão cobiçados por tantas mulheres.
Carol, sempre observava atentamente para descobrir tal mistério. Esperta, ela sempre soube que existia alguma coisa sarcástica nessa história toda, além das amigas que foram pra cama com o Ernane. Elas disseram que ele era muito poderoso, embora adorasse arrotar, soltar puns e acender um cigarro após o sexo selvagem.
O Professor Barbudo de braços cruzados filmava com os olhos os vários “tipos” presentes naquela sala de aula.
Pausas durante o filme e alguns comentários...
No tempo real, logo ali numa cena de cinema, a Amelie Poulain. E os sabores, os desejos secretos de Amelie que pareciam entender muito mais os sentimentos de Chiara do que o próprio pensamento do Diretor do filme quando narra ás emoções de sua principal personagem, Amelie.
Desejos afrodisíacos, desejos coloridos, carnais, frenéticos e um tanto frustrados. Pois, Amelie Poulain e Chiara Garibaldi tinham os mesmos frissons que uma prostituta, frissons sem amor...
Ocorre, quando Amelie se sente insatisfeita debaixo dos lençóis e toda oralidade não é suficiente, nem mesmo a carne de um homem que arde em chamas por um corpo aparentemente gélido, o dela.
Aconteceu em São Paulo, Chiara esperava o elevador e de relance viu o Rockstar mais lindo de todos os tempos, de todos os shows de rocks, de todo o Woodstock que pode existir; e ela se molhou. Ceroulas arrotas úmidas, frissons e uma tentativa frustrante de sexo casual com um namoradinho ou ex, isso é mesmo patético. As pessoas precisam respeitar o desejo sexual ou tudo fica muito sem graça. Tudo se desbota como a Senhorita Poulain ao fazer algum ménage pela França.
E me desculpe Jean Pierre Jeunet; a sinestesia feminista das duas mais novas amigas é simplesmente fantástica. Chiara e Amelie Poulain.
Lá na frente o professor continuava a falar e explicar sem pausar o filme novamente. No fundo esquerdo bem perto da janela de vidro, Chiara Garibaldi olhava para os campos floridos procurando o garoto de olhos esverdeados que ela flagrou com olhos despidos de sensualidade ao apertar o botão do elevador...
Pensou em sair de sala descer á cantina e beber uma Coca-Cola bem gelada de garrafinha de vidro, devagar, acender um cigarro ou comprar um chocolate. Ou ir ao seu carro e procurar se ainda existia alguma trufa Cacau Show por lá. Mas, logo a chamada poderia começar. De relance ela observava alguns colegas voltando para sala, acomodando-se, recolhendo objetos e impacientes.
Lá fora a chuva passava devagar, as folhas e galhos das árvores já não se confrontavam, os pássaros voltaram a voar, o sol renascia logo após um arco-íris de neon. Carol tinha respondido o bilhetinho, o zíper de seu estojo já encobria todas as suas canetinhas coloridas, o gramado se movimentava com o vento leve, o professor terminou á aula, não fez chamada e muitos tiveram vontade de gritar. Eles saíram de sala, calados sem nada á comentar. Ás vezes acontecia, e pela janela molhada Chiara revê o garoto do elevador sem nome, sem lenço, sem documento, e com uma guitarra nas costas seguindo em direção para o estacionamento. Seria um adeus?
Nunca! A única coisa que seria era uma grande explosão de tesão dentro de sua ceroula arrota, e um confronto entre razão e coração. Aquele garoto ainda era um desconhecido. E Chiara mal sabia que o que lhe separava do garoto era a janela e algumas mulheres que faziam sexo livre quando ele quisesse e sem ele pedir. Ah, ela cantarolava uma canção mais ou menos assim:
“Tenho pressa pra chegar, pressa de ir pra outro lugar em que eu possa me sentir dentro de uma bolha que flutua por aí”...
Tocou o celular, era Carol a esperando com o pessoal da faculdade na cantina.
Chiara se perdeu na paisagem embaçada da janela de vidro, se perdeu por um homem. E encheu a cabeça de grilos. Ela, não disse para a amiga que ainda estava ali na sala de aula sem o menor sentido, depois que todos já tinham saído...
De repente os trovões que eram como flechas de um cúpido, estes anunciaram paixões?
Anunciaram frissons, tensões e os Anjinhos quase tiveram uma overdose de tanto usar o amor.
Por um minuto, Chiara ao terminar de arrumar seus materiais deixou cair ás últimas lágrimas por um sentimento sem explicação, por uma tarde de frisson que talvez fosse tão em vão quanto ligar no volume mais alto aquele som?
Qual som?
Talvez o da canção que ela cantava...
Ou qualquer canção que ela pudesse guardar nos arrepios de seus pêlos pubianos encharcados ou mesmo dentro do mosaico colorido de seu coração.
A verdade é que tudo que a garota de botas beges estilo The Beatles quer é escorregar e cair nos braços do roqueiro estranho. Ou esbarrar e pedir desculpas ao mesmo cabeludo por engano?
Pode ainda ser algo mais adulto como um longo abraço, uns passos, porta de um carro fechada, roupas jogadas e marcas de mãos pequenas e grandes nos vidros embaçados?
Refresque-se! Todos sentem calor quando os vidros embaçam...
O ventinho veio á Chiara Garibaldi...
Abriu um pouquinho á janela da sala, sentiu o ventinho frio refrescar sua ceroula arrota preta, passou um lindo blush rosa de O Boticário, um que vem com espelho na tampa, e ela penteou os cabelos com os próprios dedos, passou um batom vermelho, respirou fundo pra desacelerar os descompassos de uma bateria que zumbia dentro do seu coração, sorriu e saiu...
No corredor todos já haviam ido embora, todos iam para algum lugar. Mas, um canto, um violão vinha do andar debaixo da escada aos poucos zumbindo em seus ouvidos. Chiara, seguiu o som como se estivesse numa daquelas bolhas de ar que faz flutuar por aí...
Bolhas de ar ao estilo das canções de sua banda de rock preferida, Cachorro Grande!
Ah! Imagine como se uma corrente de vento feita de notas musicais tocasse o seu coração, tocasse no seu corpo aos poucos, respirasse todas as notas em seus ouvidos?
E como pincéis, as notas musicais colorissem os seus pensamentos?
Uhm, e com acordes o som penetrasse em seu mais profundo frisson até arrepiar as flores de sua pele?
Oh, o amor, o sexo e o pudor! Seria tudo assim colorido com todas as cores da caixinha de Pandora?
Se encontrar toda a magia de uma sensação inédita sem nenhuma dor?
Há coisas na vida que só descobriremos se pudermos sentir!
Ah! O sabor de um sorvete de manga com maracujá trincando de gelado no Verão de cinqüenta graus é um bom exemplo. Melhor ainda se tiver um acompanhamento de trufas Cacau Show, não acha?
Chiara não poderia responder nada sobre o amor, ela apenas levitava com os seus pés de bailarina sem fazer nenhum barulhinho, desciam apressadamente os degraus até o andar debaixo...
Muito curiosa pelos ruídos e ainda assim sentia uns arrepios estranhos, algo meio que sexto sentido?
Sobre sextos sentidos nada sei, o que eu sei é que para ser Woodstock, naquela faculdade as cenas de cinema são detalhes que o acaso considera algo inevitável. Pense então, nos degraus para quem pensa voar numa bolha de sabão? (Risos)
Não há arquitetura, matemática, física ou lógica que não lhe apresente o chão! (Mais risos)
Acredite, pênis são diferentes de bananas!
Imagine o ventinho contornando Chiara e seus pés literalmente sem força, sem reação e...
Ploft! Eis no chão um fichário cor-de-rosa cheio de brilho e folhas coloridas esparramadas por todos os lados?
Eis o bilhetinho de Carol por algum canto?
Onde está mesmo á cena romântica de cinema nesse momento com tanto encanto?
Pô, cadê o encanto?
Ou quem são os amigos que riem aos prantos?
Se tudo o que uma garota quer ao escorregar é cair nos braços fortes e robustos de um Cara com peitoral grandão?
Ah, os risos!
Não é conveniente nenhum tipo de explicação!
Mas, tente os risos...
Sempre, muitos risos!
Um susto?
Pode crer que este não era o grande problema de Chiara nesse momento. Sua respiração não parava de ofegar e ela teve um orgasmo respiratório ao ver á sua frente o elevador; quero dizer o cara do elevador.
Pausa para o momento de tensão! Aliás, momento de pura tesão!
Outra pausa para os risos!
Ás meninas, pausa para o orgasmo coletivo!
Ah, os risos e os ruídos...
Caracóis! Ô Iemanjá, não é muita urucubaca dessa mulherada para Chiara não ter caídos nos braços do Rockstar?
Iemanjá nunca respondeu. Mas, ainda se acredita nessa história em um amor abençoado por Deus!
Cabelos grandes e bagunçados, uma franjinha estilo Paul Mccartney, barba por fazer, olhos esverdeados, uma camiseta preta de banda que ela nem conseguiu ler o nome, um jeans desbotado, botinhas estilo The Beatles. A Carol terminando de catar a última folha do fichário e um sorriso de sua melhor amiga como quem lhe dissesse, ‘acalme-se garota’.
É, nem tudo que se quer pode ser observado com atenção, foi assim que as folhas rabiscadas com coração do fichário foram apenas guardadas sem ordem, sem representação do que Chiara sentia em seu coração!
Ninguém imaginava o que o tal Rockstar sentiu naquele cenário. Todos tinham muitas borboletas voando em suas próprias cabeças e Chiara se drogava com o seu pessimismo. Pensamentos do tipo; ”ele não reparou nas folhas de coração”.
Surrealismo que se mistura ao pessimismo platônico, isso sim é uma droga, não acha?
Porque o que podem ser as folhas de coração rabiscadas num fichário qualquer?
Raiva de filmes românticos! Eles condicionam as pessoas á coisas banais como detalhes bobos como corações em folhas de papel. O amor é muito mais expressionista do que surrealista!
Risos, e lembre-se que isso poderia ser com você! Ainda bem que não foi comigo... (Risos)
Ali, ou em qualquer lugar, aclamando por um colo de quem nem sabe o quanto sexo e amor a garota lhe quer dar, Chiara reconhecia aos poucos a realidade dos fatos.
Comédia, tudo uma grande comédia, é essa a verdade mesmo que não esteja nua!
Risos, ou se...
Assim como ninguém pergunta como é que se coloca um vinil pra tocar no gramofone, Carol não perguntou a Chiara o que houve.
Ali, as notas musicais continuavam com um mistério pelo ar!
O garoto do elevador lhe perguntou se ela estava bem e ela desmaiou quando olhou ao redor dele todos os seus amigos da faculdade. Claro, era pouco só escorregar! (Gargalhadas)
Lindo, frenético, sensual, apaixonante, e do tipo que as garotas só acordam se ele beijar. Ah, ele pegou Chiara nos braços, sentou-se na escada, acomodou sua cabeça em seu ombro, soprou devagar seu rosto, fez carinho ao retirar sua franjinha, sem querer uma mão encostou á um seio, ardeu em chamas os pensamentos, a outra mão acomodou o bumbum sobre suas grandes coxas e ali estava Chiara no colo do Rockstar que estava sentado na escada.
Ah, sempre tem uma amiga legal para estragar um momento tão especial.
Emoção! Uma pausa...
Quero dizer a concorrência hoje em dia é fundamental, ou você nunca imaginou que sua melhor amiga nunca poderia ser uma mala sem alça?
Ok! Não é o caso de Caroline Linder até onde sabemos, mas é sempre bom ficar de olho porque ele é do tipo ‘putão’, o gostosão, toca guitarra, bateria e têm qualquer mulher que quiser para uma fodinha rápida!
Pausa! Não pense em nada, apenas, tente ouvir a ofegante respiração, e...
Música e o desodorante Rexona da Carol! Não duraram dois minutos o desmaio, nem mesmo o aconchego nos braços do Rockstar. Logo Chiara acordou, com bom senso levantou e sentou ao lado dele, que cantava uma música para ela mais ou menos assim:
(Na verdade todos cantavam essa música, mas, uma mulher sabe quando um homem brinca com a metalingüística do sexo.)
“Há algo no modo como ela se movimenta, que me atrai como nenhuma outra garota, algo no modo como ela me tenta, eu não quero deixá-la agora, você sabe que eu acredito em como, com seu sorriso ela demonstra saber, que eu não preciso de outra pessoa, algo do seu estilo me mostra, eu não quero deixá-la agora”...
Chiara pensou ser mais uma das letras de sua banda preferida, Cachorro Grande, e logo percebeu ser uma canção dos Beatles.
Risos e sorrisos! Chiara se emocionou e olhava com olhos famintos por pimentinhas e cerejinhas condensadas no mesmo bombom de licor. Ninguém lhe ofereceu bombons!
O Rockstar que ali tocava violão, ele tocou para o melhor amigo poder cantar para a nova namoradinha...
Pausa!Risos!
Silêncio ao nome de Chiara Garibaldi. Na escada, seus amigos da faculdade nem perceberam que existia algo além daquele simples desmaio, á não ser, quando o Gordo, vulgo Ernane lhe perguntou se estava grávida. Mas, ele mesmo logo respondeu a própria pergunta dizendo que ela era virgem. Típico dele!
Detalhe ou não, o Ernane soltou alguns arrotos e um de seus amigos disse: “eca, seu porco”.
Outra vez o vinil e o gramofone. Assim como ninguém pergunta como é que se retira um vinil e guarda na capa, Chiara se despediu de todos, olhou sem disfarces para os olhos esverdeados do cara do elevador. Ele, o cara, que não lhe foi apresentado, porque bola de cristal passaria a ser um elemento coringa do seu curso nos próximos anos...
Talvez, pegar uma garota desmaiada nos braços e ter como brilho ao ego a certeza de que todas as amigas de seu melhor amigo te querem, é talvez isso tenha passado á ser um novo tipo de saudação, de apresentação, ou melhor, se um cara já encosta no seu bumbum, quer dizer que ele já íntimo?
Não tente entender isso! Lá fora voltou a cair um temporal...
Um trovão! As nuvens cinza outra vez no céu, uma tempestade anunciando um grande espetáculo na natureza e talvez o enredo desse carnaval fosse: “a natureza nunca traiu um coração que a amou”. Não mais do que uma frase da bolsa Dona Florinda, que Chiara usava. Ou quem sabe um recado para o amor?
Nem mesmo se ela tivesse tropeçado no cara do elevador e ficado presa com ele ali por uma queda de energia na faculdade, nem mesmo assim, naquele dia existiriam cores suficientes para dar vida á toda a explosão de fluídos multicor que eles teriam um dia...
Ou quem sabe com um preservativo do troco de um real, isso se chamasse orgasmo surreal?
Penso que não viu...
Aliás, que me desculpem os homossexuais, o sexo surrealista é mesmo um sexo gay! O que eu preciso, o que a Chiara precisa e o que milhares de mulheres precisam é de aprenderem sobre a arte do expressionismo, isso sim pode ser chamado de sexo de verdade; o sexo expressionista!
Cores vibrantes, formas inusitadas, o Kama Sutra, o movimento feminista, o poder da flor e tudo que tenha mais contato, mais vida, mais expressão!
Pois, mesmo tão sinestésica á Amelie Poulain, Chiara sentia seus dias rodeados por cores que não tocavam as sombras de todos os acontecimentos! E isso, acontecia apenas por insatisfação de algo. Sua insatisfação era rascunho de sua ansiedade, e isso o tempo ensinaria a mudar.
Quem sabe outro tombo na escada? (Risos)
Porque era melhor do que esperar chover rios vermelhos de sangue quando depois de cartelas de pílulas compulsivamente digeridas á mais, o tempo estava tão seco, tão ruim para chover...
O tempo para a garota de mini-saia e longos cabelos ondulados, parou.
Uma escada em preto e branco, num corredor modernista na faculdade de Artes e Comunicação, não seria diferente da escadinha de concreto mal feito de acesso ao metrô de uma das estações em São Paulo. Mesmo que as duas pudessem ser iguais á uma caixa de Heinekens e uma boa companhia dentro de uma rede de casal em Nevada, Texas.
Carol pegou o fichário da amiga, e a puxou para se levantar da escada, elas se despediram e foram embora...
Por ali, mais forte ventou...
Naquelas histórias de amor, voam borboletas e um pó brilhante quando garotas se despedem de garotos. Nesta história se você quiser leve um banho de balde de água fria com direito á um passeio em linha reta numa calçada com poças d’água e ventania sufocante.
Respire fundo! Ah, pode soltar o ar...
No carro, Chiara ligou o som e tocava a mesma canção da escada, do desmaio, canção que não era pra ela. Perplexa com tudo aquilo, ela teve um surto de risos para esconder de Carol uma lágrima que escorreu por todo o lado esquerdo de sua face até o volante do carro. Sua melhor amiga viu e nada disse, afinal, Chiara já sabia colocar e tirar um vinil do gramofone, não é mesmo?
Carol lhe fez duas perguntas seguidas de um não com sorrisos psicodélicos, que já não eram forçados e sim nostálgicos como se a energia tivesse acabado e o cara do elevador (que não era o moço que aperta botões), tivesse tirado a sua roupa ali mesmo na adrenalina de seis andares.
Ah, e ela perguntou: “Chiara você quer dar uma volta ao shopping? Não, eu estou com pressa.”. Então, Carol tentou outra vez: “Você quer conversar”? Já não estamos conversando, Carol? Ah, dessa vez o “não” foi redundante!
Carol respirou profundo, tentou entender e olhou para o lado, abrindo o vidro devagar para sentir o vento bater em alta velocidade em sua face rosada que segurava alguns risos...
Aumentou o volume, diminuiu o volume do som, e observou a amiga que tentava tudo para não se entristecer!
Ar condicionado e vento se misturando na confusão de duas garotas que não sabiam a verdade de tanto se aborrecer...
Ventania e um dedo no botão de desligar o ar...
Gargalhadas como se estivessem num show do Lobão, e ele no mesmo palco da sua banda preferida, Cachorro Grande! Chiara poderia sorrir e ser mais feliz! Ou sei lá, gritar e mandar o tal cara que ela está afim se ferrar. Caso o Rockstar da faculdade não for capaz de valorizar tudo que ela sente.
Ah, a vida é mesmo uma caixinha de Pandora, colorida aos olhos do coração e rústica aos nossos olhos...
E talvez, um carro preto correndo em alta velocidade condensasse para sempre no vento que entrava pelas janelas bem abertas, os mesmos sonhos multicoloridos que duas amigas tinham. E isso não era diferente de chupar um pirulito colorido em espiral com a ponta dos pés tocando um rio gelado.
Enquanto o por do sol não vem, enquanto um namorado legal não pergunta se pode lhe contar um segredo; não é melhor correr e deixar o vento condensar?
Cidade meio vazia, São Paulo meio nublada, vento sem odores, um coração com tantas dores e um som ligado no máximo, pra uma canção bem Cachorro Grande que dizia assim...
“Quero uma garota que já tenha sexperienced, não tenho razão pra me importar com o que os outros pensem, não tenho medo de te dizer, que essa garota pode ser você, desde que tenha sexperienced, já experimentei ter paciência com as mais inibidas, mas, enchi o saco e agora eu só quero mulheres mais vividas’...
Nem bailarina, nem puritana, pois, de colegial á líder de torcida nua em pleno vestiário masculino escondida com o gostosão do time atrás de um armário, toda mulher tem um pouco disso em si e isso não há como negar!
Ou quem nunca pensou ou conhece alguma amiga que pensou num barbudo, cabelos ao léu, correndo por um verde gramado e vestindo um colete listrado e calça jeans?
Alguém que lhe fizesse companhia e segurasse sua mão em frente á fogueirinha de Inverno?
Nem é preciso dizer o que um homem desses disse para você, ou para a sua amiga sobre os segredos que todo mundo faz, e que ninguém vê?
Grandes mulheres se vestem de anjinhos de dia e de diabinhos á noite!
Oh, redemoinhos de flores pelos jardins ou de sons no cinza da cidade que do woodstock pela vida, me faz aprendiz?
Vejo em Chiara o melhor de mim! Vejo personagens nos filmes, nos livros e eles sempre me dizem muito, ou me dizem tudo.
Yeah, o rock faz a adrenalina de Chiara por São Paulo, a melhor personagem na história cosmopolita de amor, a principal atriz!
Perdidas na floresta de pedras de São Paulo, Carol e Chiara, pararam no Pão de Açúcar para comprar chocolates da Nestlé, Coca-Cola, Cookies da padaria do supermercado, Heinekens, cigarros de menta e anéis de Vênus. Ou você nunca ouviu dizer que tudo acontece quando você está com as suas ceroulas arrotas?
Claro, até tombos em escadas, você não viu? (Risos)
Sinceramente, Chiara andava tão á ‘Flor da Pele’, como diz por aí Zeca Baleiro que ela merecia hoje todos os anéis de Saturno!
Merecia ainda todo o brilho da via láctea, como se tivesse saído pela primeira vez após quinze de cama por ter colocado silicone e feito lipoaspiração. Merecia o brilho, e brilhar ao lado da melhor amiga e com a melhor amiga, existe algo melhor?
Assim como se fosse possível idealizar alguma medida do centro do planeta até o início do anel, ou do umbigo de um homem até onde você considerar o topo do pico escalado com mel?
Censura, não são nem meia noite e ainda existem Princesas por aqui...
Na cidade cosmopolita que mesmo cinza, te sorri?
São Paulo!
Sinta o frescor á sua volta...
Hoje, Chiara tinha vestido uma ceroula qualquer e a da Carol tinha um buraquinho bem no meio.
Olhares trocados como duas legendas de filmes mexicanos que dizem que elas vão para uma zona de ‘alegria’, e elas sabiam muito bem qual o compromisso que elas terão nas próximas horas...
Doces ou travessuras?
Não! Oh, não! Não era mesmo o dia de Halloween!
Mas, a bruxa delas estava á solta. Saíram do Pão de Açúcar com as deliciosas compras, e foram para a casa de Carol. Arrumaram as bagagens por lá e por volta de meia noite seguiram destino a Mansão dos Garibaldi, que na verdade era melhor dizer; ”humilde casa de Chiara”.
Ironia!
Lá, tomaram um banho de espumas com os mais raros produtos do O Boticário, organizaram mais malas e muitas coisinhas para viajar, acenderam um cigarro, beberam umas Heinekens, e fofocaram sobre o pote de conserva de picles dos garotos que elas ligavam e desligavam; enquanto, olhavam uma para a outra na banheira de espumas. Amigas, sempre, e elas riam muito...
Espumas que ocupavam todo o espaço e a banheira de 1970. Oh, tão espaçosa e nenhuma guitarra, nem bateria, nem caixa de som, nem microfone, nem tambores ou baixos que lhes fizessem companhia; ali naquele banheiro silencioso!
Ali, onde um show de rock as meninas bem que podiam curtir...
Brasil, Irlanda, Canadá, Estados Unidos, Inglaterra; ênfase ao Texas, Paraná e Liverpool!Poderia ser mais do que fechar os olhos e imaginar um rock and roll espumante?
Ou imagine orgia entre seus melhores amigos, casais de namorados, relacionamentos, laços, e tudo num roteiro único. Tudo em dose única, tudo filmado em película sem poder ser repetido?
Intrigante, no mínimo isso pode ser intrigante!
Ou sarcasticamente uma metamorfose sexual ambulante...
Tudo bem, e vamos parar de imaginar cenas com censura ou daqui á pouco vamos passear pela Ditadura?
Ah... Espumas!
Chiara falava sobre seu ex-namorado Israel Ferri, (mas conhecido como Rael) sobre como poderia ter dado certo seu namoro e sobre como os homens não sabem valorizar uma mulher feminista.
Nem tão extremista, eu só quis dizer feminista!
Quadriculados molhados no chão do banheiro, Chiara caminhava nua pelo banheiro, rindo muito e dizendo que ia pegar uma garrafa de vinho na cozinha...
Carol, dizia que Rael era do tipo bem humorado conquistador de garotinhas assim como o novo paquera que Chiara tinha na faculdade.
Ah, e até quando a sua melhor amiga sempre te diz a verdade?
Nem sempre ela te conta uma mentira por maldade. Amigas são como rádios antigos, nem todos pegam em mesma sintonia.
Ou talvez, desde quando a sua melhor amiga não quer transar com o seu ‘Rockstar’!
Pausa! Rael não é o Rockstar dos sonhos de Chiara, de sua vida, de seus desejos subtendidos enquanto lê revista no banheiro.
Depois de sair do banheiro, do quarto, do corredor, de descer ás escadas há sua vontade de sentir uma mão lhe tocando enquanto nua ela abre a geladeira da cozinha num dia de solidão em sua Mansão.
O ‘namoro’ de calendário não ia bem com Rael. Nada tinha dado muito certo desde o início. E Chiara se sentia solteira, sozinha, aliás, ela estava. O que ainda tinha era um protocolo á ser preenchido com as últimas solicitações para dispensar o tal ‘ex-namorado’. Ela, mal podia esperar para reencontrar o Homem que a pegou nos braços, hoje.
E ainda que isso seja egoísmo em querer todos os dois para ela, não é errado. Amiga que é amiga de verdade tem um pouco de dignidade e vergonha na cara para pelo menos avisar sobre um ato de sacanagem, o que você acha?
Falo de coisa do tipo quando alguma ‘amiga’ diz: ‘esse tipo de cara é de quem viu primeiro’. E definitivamente, agora não foi este o caso; ou não...
Bom mesmo é nunca afirmar alguma coisa sobre as Mulheres. Poucas vão ter a coragem de beijar outro Rockstar, um tocador de violão em plena noite estrelada numa Cidade Histórica e ao descobrir que uma de suas melhores amigas gosta dele; que ele é o Cara...
Digno! Poucas são as Mulheres que terão a mesma coragem que eu mesma, a autora dessa Bodega, eu tive com a minha grande Amiga Carol Roure. Yeah, por isso eu exijo por aqui, respeito...
Talvez, aquelas amigas de todas as manhãs chuvosas, elas gritam, sapateiam, esperneiam, bebem até gasolina pura só para lhe chamar atenção, só para colocar a culpa de uma libido que é delas, dentro das cuecas daquele Cara que você se interessou. Isso, no minutinho que você menos espera, e todo o frenesi que elas queriam ter desenhado como um rio á desaguar em ceroulas arrotas, apenas lhe sorri, lhe pergunta o seu nome, lhe faz um elogio, lhe beija um lado de sua rosada face e ainda lhe pergunta se pode se sentar ao seu lado numa sessão qualquer do cinema. Sarcásticas ou não, pessoas assim se apresentam como suas amigas.
Não mais do que assim, eis um suspiro, eis um motivo, eis uma verdade que se faz mais real do que um brinde de boa sorte com Heineken, um brinde entre você, seu ego, o cara ao seu lado, a magia que se mistura em utopia e a falta de ar para respirar nesse seu mais profundo minuto de tensão ou raiva.
O Rockstar pode não ser seu namorado, e mesmo que picles em conservas seja apenas ingrediente da Subway, mesmo que seu travesseiro durma por cima do seu objeto vibrante e erótico e mesmo que sempre seja a mesma coisa; uma paixão sem expectativas...
Nada, absolutamente nada é motivo para que suas amigas tirem o sutiã para o Cara que te fez molhar suas ceroulas com um olhar.
Não acredite com todas as suas forças na sua melhor amiga, ou em suas melhores amigas. A verdade é que o sentimento mais frenético faz pulsar nosso coração, e isso não devemos comentar com ninguém. Ou ao menos escrever em uma folha de papel que sem querer vamos perder e alguma pessoa vai ler...
Perigoso demais, até se pessoas puderem dizer que tudo isso é uma simples conspiração por formação. E que no dia do seu ato de colação, aquele canudo em sua mão nada mais é do que o diploma de quem vive a vida na melhor vibração!
Acredite, o amor sobrevive por mais tempo em silêncio!
(Respire, é só um desabafo! Como diz uma grande amiga da autora deste romance: ‘tudo de errado numa amizade pode acontecer porque acho que muitas mulheres guiam suas vidas baseadas nisso, um Pênis! E que esse tipo peculiar de picles, vai lhe ser saudável, lhe dar segurança, felicidades, um corpo mais bonito e o melhor, proteção para suas vidas. Mas, no caso esse picles ou pênis, como preferirem, sempre é acompanhado por um homem que na verdade só pensa com o seu ‘pênis’, mil vezes o pênis, na maior parte do tempo’! (Dani Insk) E o pior é que um amigo delas ao ouvir esse comentário, disse: ‘Homossexual ou não, pensamos assim. Alguns enganam, mas só isso’!)
No silêncio, um dia você descobre que nem toda amizade é amor...
Ria! Quebre um vaso japonês na cabeça de quem merece! Sorria! Respire fundo! Olhe para o espelho, respire fundo mais uma vez e abra uma Coca-Cola pra relaxar, beba-a sem moderação até se animar...
Sério, beba bem gelada e se possível ainda coma um chocolate e se distraia antes que você confunda os cacos do vaso japonês com finas agulhas de uma sessão de acupuntura. Certas pessoas merecem um soco, um vaso quebrado na cabeça e, por favor , pensem antes de fazer isso.
Folclore é o que você pensou agora não é?
Relaxe, e que atire o primeiro caco de vaso quem nunca quebrou um. Nem tudo na vida pode ser inspirado nas lições que aprendemos sobre pudor, quando este foge ao bom senso.
Ah, outra coisa, você está no Brasil. Aqui, quando os culpados são punidos as pessoas soltam fogos de artifício nas portas dos Fóruns de Justiça.
Respire fundo, dizem que é bom fazer exercícios respiratórios para controlar as emoções.
Tudo bem, não é todo dia que alguém pode passar a beira de um colapso nervoso ao quebrar um vaso japonês e legendar a perfuração de seus pulsos num momento grotesco de raiva, dizendo que confundiu cacos no chão com agulhas bem finas de acupuntura...
O perigo de você matar a sua falsa amiga, não é ao jogar o vaso na cabeça dela e sim da louca perfurar os pulsos com cacos de vidros, cacos de vaso esparramados pelo chão. Porque se existe gente por aí no mundo capaz de engravidar só pra tentar segurar um homem, se matricular numa universidade só para matar aulas todos os dias e ainda discutir com a melhor professora de Linguística por mera obstinação, então, acredito eu que existam pessoas piores e capazes de tudo.
Odeio pessoas podres! Gente deselegante e mesquinha que tem coragem de não tomar pílulas por mera diversão, ser falsa por opção, se fazer de santa moça por diversão e ainda colocar no mundo um Anjinho por mera convicção de que pode fazer tudo o que quiser?
Carapuças vão sendo experimentadas e isso não é culpa do Chapeleiro Maluco, afinal no meu país, nada disso pode ser uma maravilha. E que me desculpe Alice, mas, nem ela consegue ser tão neurótica á ponto de fazer tudo que tem vontade de fazer, só porque Mãe, Pai, Tios ou sei lá quem vão dizer: ‘nossa que bonitinho’.
Sinceramente, esse tipo de coisa não deveria existir, mas, pelo mundo existem pessoas loucas, más, incondicionalmente falsas que fazem juras de amor e que são em natureza malvadas; pode crer, existem pessoas assim...
Pense nisso, afinal, meninas não choram! E isso não é apenas clichê de filmes que se vê por aí no cinema ou na televisão. Sua paciência, sua vida e sua opinião não controlam toda a sua emoção!
Beba Coca-Cola, acalme-se!
Olhe para você! Veja você no espelho com um sorriso! Não despreze as lágrimas que o espelho lhe mostrar! E; não despreze o poder de consumo que você tem em seu cartão de crédito com os mimos do seu Papai! Use, sem moderação! Pois, sempre lembre que ele não quer estar ao seu lado num jantar em família conhecendo um genro ‘Rockstar’. E você também não quer ter que se estressar com uma falsa amiga que especula sua vida e te laça o tombo pelo seu calcanhar...
Preste mais atenção ao mundo colorido ao seu redor, a natureza pode ser sua melhor amiga. Ás vezes é melhor passar uma noite em casa com seu cachorro de estimação do que sair para a balada com uma amiga que vai te arrumar só dor de cabeça e confusão.
Pinheiros verdes! Eles não são apenas os guardiões de cogumelos vermelhos que vivem por ali em seu jardim. Ah, os pinheiros quando iluminados no tempo de Natal, te recordam quantas vezes você foi feliz ao lado dos conceitos moralistas do seu milionário Papai. Numa noite em que tanta gente é feliz e ali ao seu redor além de poucos amigos de verdade e de algo que se chame de família. Ainda há empregados engravatados servindo alguma comida ruim que você não come e alguma comida que é chique para as amigas da sua Mãe. Talvez, ninguém lhe negue a razão por você juntar numa latinha todos os Natais fictícios de sua vida e entregar ao seu Pai com uma real representação do que é ser gente, do que é ser feliz. Aliás, do que é viver. Porque para você amar e mudar tudo ao seu redor quer dizer algo a mais...
Quer dizer algo á mais do que uma família inspirada em filmes de ficção, com um casal que mora junto e dormem separados principalmente em noites frias. Família quer dizer algo de verdade, algo para sempre ou se assim não fosse, que mal teria você colocar um fim em sua própria vida se és você o bem mais precioso de seus pais?
Isso, não é polêmica é realidade. E se você não confia nesse tipo de verdade, um dia precisará andar oitenta minutos na esteira da academia, conversando com sua ‘Personal’, sem ver o tempo passar. Até ouvir que mais vale um cabeludo cheio de manias do que um filhinho de papai que te trai, que te usa, que lhe abusa da saúde, que lhe tira a vida e a vontade de ser feliz depois de alguns anos casada, com crianças pequeninas e um cotidiano onde você nada mais é do que do Pierrot uma Meretriz. Se você ainda tiver a sorte grande de não ter contraído ‘AIDS’ depois de tanto sexo sem camisinha com um namorado que aparentemente lhe fez acreditar que era ‘limpo’...
Reflita! Melhor, medite. Existe um momento na vida que é preciso parar e respirar fundo...
Família! Nesse momento ninguém lhe aplaude no Teatro da vida. Talvez, nem exista platéia...
Ah, inglórios! É nessa hora que a sua única vontade é ser publicitário, e criar uma propaganda sobre preservativos em que um roqueiro todo cabeludo e tatuado sempre usa camisinha e tal. E o filhinho de papai faz sexo com qualquer mulher que apareça e sem se cuidar, porque o dinheiro tudo pode?
Vontade e euforia, apenas isso. Aqui no Brasil esse tipo de propaganda provavelmente não poderia se veicular a televisão, e quem sabe é melhor assim...
Mas, pra mim o mais engraçado é que uma propaganda de couve-flor podre com molho rose estragado, talvez possa ser veiculada á mídia. E isso ironicamente não é tão diferente das doenças que podem existir na área genital de quem contrai DSTS.
Yeah, tudo isso se chama sabe como?
O Show da Vida!
Pode crer! No camarim você encontrará luzes no espelho. Para você a sensação será de que está tão tarde quando olhar a verdade de frente, e tão inútil como correr atrás de coelhos. Ah, estou falando sobre a verdade que você vê e que os tabus familiares condenam,sabe?
Chato isso, não?
Viu, nem tudo na vida de Chiara Garibaldi eram jardins floridos, os tabus de sua família eram de romper os tímpanos de seus ouvidos.
Desembarace-se, não se deixe enlouquecer por nada, absolutamente nada, porque você tem que ser feliz, e para ser feliz basta estar livre...
Ah! Se um dia você pôde abraçar a felicidade sem escovar centenas de vezes os seus cabelos, e o que lhe faltou mesmo foi coragem para ouvir seu coração e fazer acontecer o que todos lhe disseram ser apenas um amor em vão, então, recomece. Embarace todos os seus fios de cabelo!
Oh! Como as pessoas são mesmo diferentes, e essa pode ser a graça do Teatro da vida...
Pois, talvez a sua melhor amiga depois de uma noite insana de sexo, vai lhe dizer que gosta mais de fazer compras com você no shopping do que de pagar a conta do motel!
Alívio! Nesse momento você descobrirá que não vale mesmo apena quebrar aquele vaso chinês da sala de estar...
Lembra aquele vaso?
Aquele vaso da sua mãe!
Quis dizer japonês! Ou é chinês o vaso?
Não importa tanto...
Uhm! É, aquele vaso que está largado em algum lugar sem fazer mal a ninguém. O vaso que não combina com nada da decoração da sala!
Detalhe, sala que foi estilizada pela melhor Arquiteta e a melhor Decoradora que podia existir quando esta foi planejada e feita...
Segundo alívio; por mais um momento você entende que assim como o amor, as pessoas são diferentes e seus significados seguem a regra.
Ah, total alívio...
Risos, isso não é folclore nenhum, isso é o que milhares de garotas chamam de amizade quando se esquecem de confiar em mais alguém que não seja em si mesma.
Quando finalmente você descobre que o amor verdadeiro está mesmo naquela frase que sua avó sempre disse: ”O que é do homem o lobo não come, minha netinha”. E o mesmo não é possível de se dizer para as lobas, não?
Ironia!
Sempre soube mesmo que o Lobão não é gay. Brincadeira. Não temos nada haver com a vida dele e com todo respeito a sua condição sexual seja qual for, ele é um amor, ele é um ícone, ele é um astro rock e muito admirado por Chiara Garibaldi.
Outro detalhe, ninguém aqui tem homofobia e levantamos a bandeira arco-íris mesmo em posição de heterossexuais. Porque isso é uma questão de humanização e igualdade entre todos. Não ao preconceito, seja ele qual for!
Aliás, ‘groupies’ sejam bem-vindas. Mesmo que o Lobão nunca tenha comido a Chiara Garibaldi! E com todo respeito ao Lobão, claro, repito, aqui apenas admiramos sua imagem, qualquer comentário lingüístico cômico está á parte disso. Lobão é o Lobão do Rock, sempre!
Inspiração! Inspire...
Respire! Beba um gole de Coca-Cola...
Já como dizia a Cachorro Grande: ‘e quando pensa em aprontar, ela vai e apronta antes’...
Yeah, verdade esse trecho de canção. Chiara é meio assim, quando suas amigas pensam em lhe aprontar uma, ela vai e apronta antes.
Sorte ou azar, não sei, experimente você, sempre, a receita do rock que é dançar, e dançar...
Reinvente-se!
Pode ser melhor escutar um vinil qualquer para não discutir com ninguém. Ou cantar uma música pra poder sorrir.
Incógnitas ao vento, no sentimento, no chão do banheiro que quadriculava gotas d’água naquele momento, enquanto Carol esperava por Chiara!
Você ainda se lembra que a Carol está no banho?
Carol não queria muita coisa além de algumas noites de sexo selvagem! Ela pensava que sexo natural com o cara da guitarra por quem Chiara até desmaiava, seria frenético. Não tinha nada haver com traição! Era apenas pelo perigo, eram apenas diabinhos em sua cabeça. E tudo isso poderia mesmo ser bem simples como dizer á Chiara; coloca seu pote de mel na prateleira de cima. Ah, e eu uso por enquanto esta debaixo...
Como se Chiara pudesse se sentar na prateleira de cima e olhar o cara que ela ama fazendo sexo com sua amiga na prateleira de baixo. Ela aplaudiria de camarote?
Com certeza isso seria no mínimo gozado e pelo menos não teria comparado seus sentimentos á um pote de mel que se coloca na prateleira ‘momentaneamente’. Ou seria melhor passar por tudo isso de olhos vendados para a verdade?
Injusto ou não, de qualquer forma a teoria dos potes de mel é um fato. Homens, ou eles nos colocam na prateleira como potes de mel, jogadas, largadas e abertas quando sentem fissura por um doce; ou eles trocam de potes de mel aos nossos olhos, abrindo-os, lambendo os próprios dedos melados e nos passando raiva...
Trévas no céu! Não é possível saber se é melhor ser traída assistindo a cena ou imaginando apenas...
Complicado, não?
Pode crer, seria mais simples fazer como muitos homens dividir a mesma mulher, e nesse caso, Chiara dividiria a Carol com o seu Rockstar?
Ah, não sei por que soa tão estranho isso?
Ah, engraçado!
Um ventinho entrava pela janela do quarto colorido...
De longe vinha uma musica da banda de rock que elas amam...
“Sinto muito ontem me perdi, sinto muito, mas, não entendi, é verdade eu me atrasei, tem uma coisa em você que eu não sei, eu te disse foi você que escolheu naquela noite entre você e eu, me desculpe eu perdi a razão, igual novela na televisão, é verdade ontem me perdi, é verdade ontem me perdi”...
Pensando, Carol ficou pensando muito em como era sua amizade com Chiara. Pensou sobre pegar o paquera da amiga só pra fazer sexo. Pensou na tristeza que ela sentiria e não contaria, nas noites mal dormidas fazendo ameaças pra uma boneca de pano com o nome ‘Carol’. E nas indiretas irônicas dos dias mais tensos, nos choros disfarçados por piadas sem graça, no amor livre que de livre tinha o mesmo tanto de egoísmo que uma vida mimada de Chiara.
Oh, vida que pudera traduzir o egoísmo e amor livre á isso, á essa situação e talvez, nada disso fosse tão fácil como novelas de televisão. Carol meio desolada, ela acostumada a perder e ser o segundo plano, pensou, ponderou e insatisfeita tomou uma decisão. Ela viu como a música do seu ‘vizinho’ pôde ser um aviso sobre ameaças de chuvas ou algum trovão?
Risos, pois, nada nessa vida acontece em vão...
Carol se afundava mais na banheira que estava mais fria do que morna, e esperava o tempo passar, a amiga voltar e ela nem tinha motivo para se afogar.
Lá embaixo, na Mansão dos Garibaldis...
Gelado frescor contornavam Chiara, por aonde ela ia...
Pelo seu corpo de bailarina, gotas d’água escorriam por sua branca pele rosa, suavemente, e os pés descalços faziam pegadas que podiam se confundir com sutis poças d’água pelo chão...
Carol dizia ser alucinação a amiga sair pelada pela casa cheia de empregados. Chiara ria muito e dizia que nenhum estava lá, era folga de todos eles com o final de semana prolongado por ela.
Chiara era assim como uma jardineira que em 1969 em Bethel procurava por flores amarelas para enfeitar os cabelos com papéis de celofane coloridos!
Já que o Senhor e a Senhora Garibaldi há duas semanas trabalhavam no exterior. Trabalhos árduos!
Ele, com a secretária sexual em alguma Ilha, ou por algum safári na Ásia Meridional, estudando a vida sexual das vaquinhas da índia. Ou talvez em algum pólo gélido da Terra observando a atividade sexual dos pingüins! Isso que eu chamo de um empresário que sua a camisa, ou a camisinha, pois, sabemos que as pessoas emagrecem quando viajam para lugares muito exóticos em que a alimentação sofre alterações no paladar...
‘Isso é uma loucura’!
E a Senhora Liliana Garibaldi com o cartão de crédito do ‘marido’ de loja em loja, para fugir da depressão. Ás vezes as viagens pela Europa era para estudar idiomas com as amigas (madames casadas com putos europeus) em vários passeios por lojas de grifes famosas, desfiles de moda, entrevistas para repórteres internacionais, jornais locais de cidades européias e até mesmo o New York Times com cobertura internacional na semana da moda em Paris. Ah, e sem se esquecer do jornal Folha de São Paulo que também a entrevistou e tinha seus representantes internacionais por lá...
Chiara Garibaldi bem que poderia apresentar á sua Mãe, Liliana Garibaldi, aqueles seus amigos gostosões da faculdade ou mesmo o delírio da galera, o Ernane. Quem sabe ele pudesse ajudar uma rica perua que mais parecia uma boneca de porcelana?
Vamos deixar isso pra lá, foi apenas uma simples idéia...
Brindes com Heinekens em Paris, um cigarro preto mentolado, sapatos Prada nos pés, pele sintética de urso nos ombros, um vestido preto, colar de pérolas, a ceroula arrota de oncinha rosnando por um carinho, mil rugas inventadas e dez escondidas na face rosada e retocada por ‘botox’. Ali, não mais do que ali na cidade do amor á engolir o choro, afogando em lágrimas o coração e claro, sem borrar a maquiagem na frente de tantas amigas de alta classe, francesa. Eis, Liliana Garibaldi em Paris.
Ser corna ou não ser é uma opção! Corna por dinheiro e Madame por exclamação social. Sinceramente ninguém poderia dizer a Senhora Garibaldi o que é pior?
Pior talvez seja acabar com o ‘faz de conta’ de um casamento assim?
Pra sociedade cosmopolita que Senhor e Senhora Garibaldi vivem, com certeza!
E por algum motivo Chiara tinha uma teoria que dizia que era melhor ser gay do que uma puta!
Risos, ventinhos, risos e os ventos, sempre...
Chiara ainda estava molhada, nua e empolgada, ligava e desligava números sem parar ao caminhar pelo corredor cheio de quadros sem graça que tinham desenhos de tantos lugares do mundo. Por onde seus pais passearam quando ela era criança.
Ah, e lugares que ela nunca se lembra como eram. Suas doces lembranças eram apenas sobre os carinhos de babás estranhas que ela tinha todo Verão, em lugares tão distantes, tão diferentes, lugares que ela nunca conheceu.
Recordações de uma infância que por algum motivo, alguma coisa na vida tinha lhe roubado o seu pai, e a sua mãe.
Nostalgia de um tempo que ficou esquecido sem felicidade. Confuso isso!
Mas, essa era a poesia que saltitava em palavras em sua memória. Além de tantos presentes que ela ganhou nessas viagens. Era como se ela tivesse em seu quarto um museu com todas as bonecas do mundo?
Um quarto que já tinha sido alvo de revistas de fofoca, revistas sobre Mansões e outras revistas. Era um quarto que por muitos já foi invejado. E o que as pessoas nunca ponderam quanto á inveja é que nada é perfeito, então será que vale apena querer algo que é bom de outra pessoa sem conhecer como é o lado ruim?
Ou você vai dizer que conhece alguém que inveja algo ruim?
A vida de Chiara Garibaldi era normal; e nada era perfeito.
Seus pais resumiam a ausência em presentes, acreditaram ser compensador para Chiara. Acreditaram ser enriquecedor para a filha e para quem quisesse ver tantos objetos, quadros, enfeites, tapetes, almofadas, cortinas, moveis e outras coisas de vários lugares do Mundo espalhados em casa.
A Mansão dos Garibaldi era quase um Museu Antropológico.
Ah! Infantil demais essa parte da história, porque nem uma caixinha de madeira com embalagens de picles diferentes ela tinha guardado desses lugares, dessas viagens com uma sensação de afeto.
Talvez porque é uma sensação, quase um sabor que ela aprendeu a degustar depois que o tempo passou e Chiara cresceu?
Melhor nem pensar sobre quando e como uma pessoa descobre o primeiro picles no meio do seu sanduíche!
Nem tudo que parece ser é, nem tudo pode ser ao gosto singular comparado á picles. Por favor, entenda! Nem todo mundo come picles na primeira vez que os vê.
Lá nas histórias setentistas se descreviam tantas paisagens como céu estrelado, cometas, planetas, e tantos outros contos com admiráveis silhuetas.
Imagine!
Lua Nova desenhada no céu chuvoso daquela sexta-feira! E isso era o que ela via ao olhar para trás, e ao longe pela janela do teu quarto...
Que Luxo, ela via a Lua Nova no céu. Que lixo, ela se sentia apenas como uma boneca de luxo.
Sentir. Isso não era tão complexo para ela, porque garotas como Chiara que sempre tiveram quase tudo que queriam e que estiveram de frente com o mundo real e a tecnologia, cresceram sabendo tudo sobre sangramentos, pílulas, preservativos, sexo e como colorir a vida no mundo real.
Os ventos que sempre entravam pela janela tinham prazer em dançar por debaixo das saias de Chiara e contornarem seu pescoço, e esvoaçarem seus cabelos como se a convidassem a levitar...
Ah, os ventinhos, tantos arrepios...
Ainda há quem pudesse dizer que o ventinho do Kama Sutra dançava sobre a flor da pele como se iniciasse no subconsciente uma apresentação do sexo dos Deuses.
Dizem ainda que quando uma criança viaja sozinha por tantos lugares do Mundo sem a atenção e o amor de seus pais, e é largada á companhia de estranhas Babás, rituais de ventos entorpecem o sistema respiratório para que no futuro, o sexo não se torne apenas o orgasmo múltiplo. E sim verdadeiras noites de amor. Afinal, nem tudo na vida é tão cinza, as crianças rejeitadas por seus pais precisam ser abençoadas pelos Deuses do Amor, para que um dia quando crescerem encontre seu par romântico para se divertirem e pra conhecerem o verdadeiro sentido da vida, as verdadeiras cores do amor.
Ploft! O celular de Chiara desceu rolando escada abaixo, e o ultimo número a chamar era o de Rael que ao atender não entendeu nada e desligou. Talvez, ele tenha pensado por um segundo na namorada?
Chiara ainda tinha um namorado?
E o Rockstar sem nome amigo dos seus amigos da faculdade?
Cosmopolita, ela! Nem Chiara sabia responder á isso...
Óbvio que ela já tinha ouvido o nome dele, mas, também tinha esquecido...
E é como acontece todos os dias por aí, um namorado que não é um amor verdadeiro. Mas, ele é parceiro, cúmplice, amigo, companheiro, e novo demais para se casar com todo frenesi e química que há...
Rael, tão educado, um gato! E largado ao léu?
Seria engraçado se esse Rockstar se chamasse Léo, porque assim poderíamos brincar com o trocadilho; “Rael tão educado, um gato! E trocado pelo Léo”?
Sensacional!
Argh! Chiara, esquece o nome do Cara numa hora dessas... (Risos)
Mas, o que acontece nessa Bodega Fantástica é que nem sempre o Sol gosta de brilhar no céu! Ás vezes, ele se esconde e fica a observar seu Teatro de nebulosas. Talvez, o brilho, o encanto de Rael fosse assim como um Sol que se faz Diretor de um Teatro de Nuvens carregadas de fortes cores e emoções. Nuvens que formam grandes tempestades!
Se pelo menos, ele soubesse tocar guitarra poderia competir como disputinha de vídeo game?
Quem sabe assim seria um Diretor atuante em seu próprio roteiro, espetáculo e elenco?
Tanto faz como se ganha um coração, o que se diz com a própria emoção, o que vale é a intenção!
Hoje é Verão, mas, o Sol não está pra quem não é ‘Rockstar’!
Por aí pela praia da vida de Chiara, há sombras de cabeludos que usam Rexona, e tocam guitarra como se provocassem orgasmo numa garota virgem. Ou como se masturbassem para depois pularem numa piscina de gelo.
Ah, caras do rock conquistam o coração de covardes sem medir esforços. Ou provocam o frenesi mais secreto que se explode feito química fora de laboratório no ego feminista de garotas que não se abalam por qualquer tipo de pênis!
Ainda, há quem diga que não matou Joana D’Arc nessa história quando ao calor, algo lhe falha!
Assim a covardia se faz presente em ser diferente da sociedade. Diferente por não precisar de picles dentro de um pote de conservas rotulado com o nome: ‘Homem’. Para ser feliz, para se satisfazer, para sentir arrepios ou só para pagar as contas do cartão de crédito.
Covardes são aqueles que não tiram o chapéu para grandes Feministas! Elas, são as Damas mais belas, quentes e envolventes que um bom Cavalheiro poderia convidar para uma cavalgada pelo bosque.
Ah, por essas e outras que ser diferente é um exercício evolutivo da mente em que você descobre como seu amor próprio nunca foi egocentrismo. E como a sua mente é capaz de te fazer feliz nos momentos das escolhas mais difíceis como, por exemplo; naquele momento que você escolhe fazer sexo com camisinha?
Ah, para você não correr o risco de ter que acordar ‘sozinha’ todas as madrugadas do ano seguinte para trocar fraldas, em vez de estar na casa da sua melhor amiga nos Estados Unidos tirando férias e viajando por tantos lugares como a Califórnia, Nevada e Texas!
Certa vez um dos Beatles disse que um minuto muda muitas coisas em nossas vidas. Pense! Concentre-se e concorde! Porque em um minuto o ‘grande amor de sua vida’ pode gozar dentro de você sem um ‘protetor de gozos’ e milhares de pseudo-bebês correm em direção aos seus óvulos e um se fecunda? Dois?
Azar? Presente de Deus?
Realmente sempre depende da situação e ‘homens’ adoram mentir...
Mentiras sinceras te interessam?
Não, é melhor não concordar com o ‘Cazuza’, pois, uma nova vida que não foi planejada pode sim atrapalhar e não compartilho da hipocrisia que muitos seres humanos dizem que um filho é bem-vindo em qualquer momento. Ou, nenhuma dessas pessoas poderiam sequer fazer uma reclamação do tipo: ‘se não fosse o meu filho’...
Um bebê deve nascer para ser amado pelo Pai antes mesmo de estar no ventre de sua Mãe!
Uma Mãe deve querer um filho antes mesmo de tirar seu sutiã para fazer sexo sem nenhuma preocupação, se o filho estiver num plano de amor entre ela e seu parceiro, seja ele namorado, marido, amigo, ou qualquer outro tipo de relacionamento que o ser humano possa rotular. Pouco importa o que a sociedade vê! O importante é o que Pai e Mãe querem no espetáculo da vida ver acontecer...
Um Pai deve ter demonstrado amor maior á Mãe de seu filho mesmo sem usar palavras. E ter beijado teu ventre com todo o carinho que há na força da natureza, como se lhe dissesse que existe um sonho ali dentro dela. Mesmo que utópico para aquele ‘minuto’.
Risos! Duvido que muitos executivos possam ao menos pensar nesse tipo de coisa, sempre tão preocupados com negócios, não é mesmo?
Sorrisos! Médicos podem até imaginar esse tipo de coisa. E poucos são os que se lembraram de experimentar um dos melhores frenesis da vida, e amar a parte mais íntima de sua Mulher, o ventre! Sempre tão céticos com essas coisas românticas e tão frios, sem muitas legendas por estimulo da profissão. Penso que Médicas são diferentes. Mas, elas não têm pênis, elas têm ventre! Risos...
‘ Isso é uma loucura’!
Artistas! Pode crer que artistas fizeram isso algum dia na vida, por mais ‘errados’ que sejam socialmente.
Yeah, esses sim eu já vi doarem amor verdadeiro seja como for...
Pode ser um simples ‘hippie sujo’ com suas duas filhas no calar da noite pelas ruas, sem tomar banho, sem comida, á tocar flauta, dignamente amando suas filhas como Pai e lhes apresentando o que é a vida. Por mais ‘foda’ que seja a realidade!
Ou um Diretor de Cinema bem sucedido que não troca o passeio do dia com sua Mulher, a sua filha, seu filho e seu cachorro, para discutir como o ‘cara’ das ‘finanças’ da Produtora pode aplicar a verba extra, em ações da bolsa de valores de São Paulo.
Porque ser gente é um mal necessário que a sociedade condena! E viver é um ato de amor a própria espiritualidade.
A verdade é que a sociedade te faz ler tantos rótulos, e sempre o pior deles será aquele que diz que artistas são loucos, drogados e fazem apologia á essas cores da vida porque fumam maconha.
Fato, as pessoas pensam que é mais fácil ser você mesma do que ser mais um grão de farinha dentro de um saco. Rotulado e lacrado por uma série de composições morais e ingredientes que não pertencem á sua singular matéria prima
Rock, telefone, nudez, sexo, drogas e a vida que se faz em Woodstock quando a alma pede por felicidade.
Imagine cores contornando nuvens no céu como se o vento colorido da vida fizesse uma cerimônia para lhe anunciar a felicidade. Quando olhares sombrios pairam por você, olhares de todos que escrevem tantos e tantos rótulos, mas, não escrevem bem e com verdadeira moral nem o próprio nome.
Ah, ventos coloridos...
São tantos, são por enquanto...
Há anos despem a vida daquilo que a imaginação preza por acontecer...
Um tom, uma canção, um ruído ou qualquer zunido que faça o corpo estremecer!
Viver é um dom que todos têm, pode crer...
Outra vez, os ventos que arrepiavam o pé do ouvido de Chiara, deixavam suas mãos gélidas ao segurar o telefone com Rael, e...
Por tantas ironias da vida, ele não pensou que ela estivesse nua, num dia frio, numa casa tão colorida. Ao mesmo tempo, ela, despida de todas as cores.
Que telefonema xoxo!
No banheiro, Carol saia nua da banheira espumada, caminhava até o quarto de Chiara para ligar o som, já que a amiga estava demorando um pouco e aquilo tudo ficou um pouco sombrio. Sem risos apenas com a companhia de seus próprios pensamentos, nem preciso dizer que banda pôs a tocar...
“Vou embora, vou voltar pra você, meu bem, outra história eu não quero viver, meu bem, quero agora, quero ficar com você, meu bem, dorme agora, enquanto olho você, meu bem, esse tempo deixei de te ver, quase parei de viver, quando te vi caminhando aqui, parece que o tempo parou, eu já tentei te esquecer, é tão difícil pra mim”...
Lá na escada a música, Chiara e os sons ao brincarem com o acaso e o fato...
A canção de sua banda preferida lhe deu um minuto de reflexão, suficiente para olhar para o seu celular atirado escada abaixo, e descer devagar para não escorregar, ainda molhada, escorrendo água, e despida de todos os amores...
Amores de seu Woodstock!
No meio da escada, a curva, Chiara sentiu um arrepio em sua nuca que descia rapidamente até seu clitóris, e desaparecia com o vento que saia pela janela da sala...
O ventre se escondia do vento, o seu ventre não se arrepiou, em seu ventre não existia nenhuma flor!
Lá embaixo, ela agachou e pegou seu telefone, viu que Rael tinha atendido e já tinha desligado. Ela ficou pensando no que dizer á ele na próxima vez que eles se encontrassem. Bom, se existisse um novo encontro algum dia...
Olhos esverdeados, cabelo louro, pele branca como flocos de neve, bochechas rosadas, corpo esbelto, cabelo liso e jogado de lado estilo ‘vaca me lambeu’, cinto apertado na cintura, calça de escuro jeans, sapatos engraxados, camisa por dentro da calça, carteira no bolso esquerdo traseiro, um relógio Rolex no pulso, cartões de crédito sem limites, um desodorante importado, um perfume importado também e milhares de motivos para Chiara não se recordar de nada disso. Prazer, o Rael!
Pegadas pela escada afora, foi o que ela viu ao olhar para trás. Isso, e todas as antigas pegadas era o que ela relembrava ao pensar no seu namoro com o ‘esquecido’, Israel!
Por instantes lhe faltou o ar. Os pensamentos de uma quase perfeita noite de sexo se dissiparam em sua imaginação rapidamente pelo amor que nunca existiu. Melhor dizer, pelo sexo que nunca existiu!
Sabe, Chiara e Rael tentavam ‘transar’ sempre que o frenesi do casal apitava o termômetro! No entanto, o ‘Homem’ dessa parte da história não sabia tocar instrumentos musicais, não tinha muita sabedoria sobre a harmonia, não tinha tato suficiente para deslizar seus dedos sobre a pela de seda de sua namorada como se fosse o contato mais mágico que ela já pudera sentir e definitivamente ele era inexperiente, ele era virgem. Ele errava o buraquinho secreto dos Deuses. Isso é sério!
Não que homens virgens não possam fazer um sexo brutal á flor da pele ou preliminares que enlouqueçam todos os pêlos pubianos. Mas, ele nunca tinha assistido á um filme ‘Motherfucker’...
Um minuto fresco para relaxar e saber que tudo está bem como está...
Acender a ‘lanterna dos afogados’ é para quem não sabe quanto brilho há em si mesmo!
A música era como um vinil bem escolhido na melhor loja de discos do shopping mais badalado de São Paulo. A banda Cachorro Grande, era para sempre no coração da Senhorita Garibaldi, a sua mais nova, melhor amiga! Quem sabe, a única de verdade!
Ventos, sempre, os ventos...
Talvez, os ventos nessa história coloquem um vinil para tocar na bodega e abram as janelas de forma fantástica!
Bodega Fantástica! Esse é o segredo! Descobrir onde está o lugar que tudo pode acontecer?
Quem sabe um lugar secreto no meio do Cerrado brasileiro?
Um dia a Chiara escreveu em seu diário, tantas perguntas com poucas respostas. Ela escreveu incógnitas sobre a sua vida, seus passeios ao Cerrado, ela tentou se explicar sobre o certo e o errado, e seus íntimos desejos escondidos na Bodega Fantástica. Ah, ela escreveu mais ou menos assim...
‘Protestos com as caras pintadas?
Woodstock?
Amor livre?
Sexo livre?
Sacanagem livre?
As cores de Amelie Poulain, livres?
Cosmopolita, estilo paz e amor?
Capitalismo para não-selvagens?
Essência de emoções que lhe trazem saudades?
Gosto de comidas regionais e novas amizades?
Um mapa mal traçado pra testar sua criatividade?
Bolo de aniversário e velas pra soprar ao mundo a realidade?
Uma garotinha de trancinhas nos ombros que carrega um ursinho e grita por seu ‘Papai’?
Um filme sessão da tarde com namorada de pé torcido?
A mamadeira morna feita na ‘calmaria’ de uma madrugada chuvosa e fria?
O tapete da sala que você ganhou de presente de casamento da sua Tia Avó?
Um abajur desligado, enquanto o seu sono não vem e você observa seu Amor descansar?
Disfarçar o sexo com a sua Musa quando no meio da madrugada seu filho vem te chamar?
Viver é como misturar tintas de várias cores sem saber a tonalidade que vai dar...
Viver é quebrar os tabus, ser corcunda, puta e perdoar os mais queridos depois?
E aprender que você pode voar sem destino em sua vida como lindas gaivotas do céu?
Descobrir que seu melhor amigo era seu avô num navio de partida?
E que o presente mais valioso foi aprender que a essência humana não é um rótulo?
Depois estudar cinema e publicidade para saber como bolhas podem estourar?
Ah, e saber que cúpulas de cristal se quebram no final dos Contos de Fadas!
Por que o amor é verdadeiro quando o exército em guerra suja sua farda?
Ou porque beber em tabernas em outras vidas foi como morrer por amigos?
Viver e saber que você não foi e não matou a Joana D’Arc!
E saber que estar á flor da pele é como pegar o primeiro avião e jogar rosas pela janela?
Ah, e viver cada experiência, o rock, cada Woodstock como se fosse o último?
Pagar todas as ‘Heinekens’ num show de rock para sua namorada juntar grana pra viajar?
Ser a namorada de um cara que é muito mais lendário do que o ‘Chê’?
Correr pelados pela praia e fazer sexo em cima dos corais?
Um pedido de companhia para envelhecer juntos, quando o próximo Sol chegar?
Acreditar que Deus existe quando seu cachorro sobrevive ao ser atropelado?
(Desculpe-me pela do cachorrinho, não desejo mal á nenhum bichinho.)
Ter o pênis mais legal do mundo na opinião da vagina da sua namorada?
Rir quando seu namorado lhe disser que quer brincar no disco voador do parque?
Rolar pela grama juntos e abraçados?
Fazer piquenique ao som dos pássaros e no frescor de um belo jardim?
Beber Coca-Cola e comer trufas Cacau Show enquanto termina a gravação de um vídeo?
Ouvir o primeiro choro, de uma criança que você mais do que ninguém já conhecia?
Ser Perua e ainda assim saber que as camisas do seu marido estão engomadas?
Voltar de viagem, trabalhar e estar conectada com tudo que acontece em seu lar?
Ser Mulher, ser feminista, ser você e sentir a certeza de quem vive por te amar?
Ah, como deve ser bom viver pra retribuir em cores todo esse amor?
Escrever na areia os nomes das pessoas mais importantes?
Fotografar um arco-íris pro seu filho acreditar no horizonte?
Chorar por alguém que está tão distante?
Acreditar que hoje é diferente do que era ontem?
Amar desde o primeiro olhar aquele que te ama simplesmente por amar?
Sentir a chuva que cai sobre a pele de quem sente frio num abraço?
Poder cuidar de mínimos detalhes mesmo que despercebidos aos seus olhos?
Ser notada por mínimos detalhes e carinhos mesmo que não existam palavras?
Ter coragem para seguir em frente por becos de pedras, mesmo que sozinha?
Ouvir vinil no gramofone e brindar com dois corpos todo frenesi que a alma sente?
Não ter medo de se entregar á uma paixão?
Confiar mais no que você vê no olho do furacão do que numa besta opinião?
Ouvir seu coração?
Sentir os pulsos de outro coração?
Confundir um asmático no ato sexual com a posição cachorrinho e seus ruídos?
Olhar para o céu e se desculpar por chutar o elevador em dias de raiva?
Perceber que errar uma vez é humano e duas vezes é sacanagem com você mesmo?
Ir pra uma micareta em Salvador por desespero ao não saber lidar com o seu Amor?
Perceber que curtir a vida é como dormir no Sol de meio dia usando bronzeador?
Falar menos sobre a sua vida e viver mais?
Não rotular uma noite de sexo sem antes, um pedido de namoro?
Não fazer sexo com qualquer ‘pênis humano’!
Amar toda a sua essência, sempre, mesmo que enjoativa...
Aprender que mudar nem sempre é ruim?
Ser musa de uma banda de rock?
Sair de casa de tarde e voltar no outro dia pela manhã?
Fazer ‘mochilão’ sem destino?
Tomar uma ducha gelada na casa dos amigos?
Explicar que ser Feminista é diferente de ser Mocinha!
Abrir o pote de leite condensado e oferecer aos amigos bêbados?
Beber um pouco á mais e cantar com uma garrafa de vinho no colo do seu Amor?
Saber que muitas garotas se vestem de loucas e não conhecem a loucura como você?
Pular de alegria ao ouvir os ruídos de seu Rockstar na rádio?
Ser uma grande amiga do seu Amor?
Ligar a tevê e se surpreender?
Sentir crescer sutilmente um novo amigo por entre suas saias?
Rir nos braços de quem ama ao dizer que ele é tão ciumento?
Contornar com a suavidade de beijos os detalhes das tatuagens de quem tanto deseja?
E tatuar sem cor, apenas dentro do coração tanto amor para nunca ser em vão?
Dividir torta de chocolate branco e cerejas?
Beijar o ego de quem sente ciúmes por te amar tanto?
Casar-se e ter no alto de uma ‘Serra’ uma casinha pra chamar de ‘Nosso Recanto’?
Saber que palavras de ‘eu te amo’ são apenas palavras?
Ser autora da teoria que diz que na vida o que mais vale é a adrenalina de viver por um triz?
Ou viver o estilo Leila Diniz para gritar ao mundo como é ser feliz?
Acordar diferente, viver um dia com outras cores, tirar a roupa por um belo jardim?
E não dar ouvido á tudo que nos dizem!
Yeah, e no verde gramado de um parque sentar, e aprender a dedilhar solos de guitarra...
Ter amigas para sair e se divertir e não para fazer terapia de grupo?
Admirar numa orquídea a amizade entre esta flor e uma cigarra?
Fumar o charuto do vovô pra entender um pouco sobre o que é ser vovó?
Comprar um livro inglês sobre a arte de fazer chás?
E ao logo dos anos todos os dias sentir o calor de um chá quente?
Pra observar no horizonte que todo mundo vê, a paisagem que ninguém vê ou sente...
E assim saber dizer aos filhos e netos os mistérios da vida nessa roda viva?
Ser um pouco de Beatles, Cachorro Grande, Rolling Stones, ser um pouco Rock!
Ser a Mulher ideal, ser natural, ser o melhor que se pode ser pra você...
Pois, no minuto que você menos esperar o seu Amor lhe agarra com braços fortes no melhor do rock and roll! E lhe dá diamantes e nuvens para que sempre ao seu lado você possa voar’...
São tantas perguntas, respostas e Chiara nem cheirou seu Rexona para seu olfato perfumar ou pra sua imaginação aflorar! (Sempre carregar na bolsa um desodorante foi algo que ela aprendeu com a Carol.)
Ah! A poesia é simples assim, é viva e corre por todos os lados dentro de Chiara.
Principalmente quando em qualquer instrumento musical ela tocava a nota, ‘si’...
Ah, talvez Gilberto Gil tivesse mesmo razão ao dizer que ‘não adianta nem me abandonar, porque mistérios sempre há de pintar por aí’...
Chiara, não podia ser tão exotérica assim, incompreensível e ter como trunfo um mistério em Deus que sempre foi maior do que qualquer dor em seu coração. Mas, um dia a canção não lhe fez o vinil arranhado repetir ruídos no velho gramofone, um dia á canção foi um arrepiante sussurro dentro de sua alma e ela sentiu dedilhar todas as notas musicais em seu coração!
A música e a poesia eram sinestésicas á todos os sentidos, e como eram?
Não faço a mínima idéia!
Calafrios, mãos cobrindo os seios e um relance olhar para o lado esquerdo como se alguém a observasse de longe...
Não era loucura, nem era alucinação!
Despida de cores, Chiara caminhou com a certeza de não haver ninguém além de Carol em sua casa, até o jardim florido e chuvoso. Espiou para ver se o portão estava fechado, e correu para dentro ao lembrar que o guardinha sempre ficava na guarita de sua casa.
Ah, longe demais para ele ver uma garota nua. E mesmo que visse não prestaria atenção. Pois, o Senhor Garibaldi o pagava muito bem para ele não sentir nenhum desejo por sua filha. Bom, isso é o mínimo que um pai ‘tão presente’ poderia fazer.
No jardim inebriado pelas nuvens escuras no céu, pelo frescor da chuva e pela umidade do gramado, lá no céu se fez uma revoada de ararinhas! Algo misterioso para um dia comum, São Paulo.
Mágico! Pelo assoalho, pequeninas sombras com textura brilhante foram deixadas...
Pelas paredes o vento passava encostado como se iluminasse a paisagem de cada quadro dependurado, ali no museu dos ‘Garibaldis’. Bom, eu quis dizer o lar, a mansão!
O sentimento se fez esotérico e Chiara e suas amigas não eram o tipo de garota que coloria o cabelo de cor ruge para um homem sentir mais á vontade em fazer sexo com uma garota ‘menstruada’. Típica atitude de homem tosco! Se é que você entende?
Não há nada de recalque! Querida, e se você pensou isso, seja legal e cale-se, você deve ser assim. (Nossa! Esse veneno todo foi inspirado na lendária figura de um amigo, o Mitsuo)
Chiara e suas amigas não são mulheres vulneráveis á um pote de picles. Elas gostam mesmo é de uma Heineken geladíssima, sexo de verdade e muito rock and roll. E enquanto se divertem, mulheres frágeis legendam suas vidas em canais da internet para perguntas e respostas como se isso ás atingissem! Mas, sabe aquela história do papel higiênico?
Sim aquela, que Avós adoram contar. Algo sobre homens que dormem com uma garota hoje, outra amanhã, outra depois de amanhã e outra depois?
Se você dormiu com um homem assim, sinta-se como um papel sujo de fezes. Ah, relaxe! Fezes não são resíduos de comidas que precisam de se eliminar do nosso organismo, vulgo coco?
Biologicamente, não é o mesmo processo que acontece com as comidinhas que as vaquinhas comem?
E tudo isso não pode ser chamado de adubo?
Goze de alegria! Você só está adubando a sua vidinha!
Depois, aprenda a conhecer o homem que tira o seu sutiã, antes de você mesma abaixar sua ‘calcinha’.
Porque nem todas as ceroulas com furos são arrotas. E isso é muito diferente da ‘Revolta do Sutiã’ em se despir para quem quer. Se nem toda filosofia é teoria e nem toda revolução tem como bandeira a ‘putaria’. É possível sim fazer sexo á três e ser feliz, ter integridade moral. Diferente de você que beija um cara, faz sexo com um cara e quando a outra está por perto ele olha se é possível segurar em sua mão?
Palhaçada!
É melhor ser mero pulso de um coração do que a quinquilharia de um Homem!
Por favor, as gargalhadas!
Ás vezes eles repetem as garotas como doses de boas bebidas amargas. E chegam a dizer que é a bebida mais doce e a melhor do mundo. Há quem diz que Homem não mente! E no final o que eles pedem pra comemorar a festa de casamento e a liberdade ao lado de uma feminista inteligente (porque feminista é o sonho de todos os homens lá no fundo do coração), eles, pedem uma cerveja. E os melhores pedem Heineken!
Posso fazer um sutil comentário antes da parte melindrosa?
É que dizem muitos psicólogos que as mulheres que gostam de cores ruges têm um temperamento mais forte, se não estou enganada. Sendo assim, certa vez uma menstruou a massa cinzenta sabe?
Legal! Ela era amiga de toda uma galera e resolveu num belo dia sem ter dinheiro para retocar a raiz, fazer sexo com um amigo gordinho. Foi um choque para ela tanta fofura! E a massa cinza-ruge lhe rendeu impulsos loucos. Ruge, ela disse que o nosso querido amigo gordinho tinha pagado mil reais do cartão de crédito dela. E ele nem tinha dinheiro para comprar uma cueca nova. Mas tudo ia ruge ás mil maravilhas! Ela exclamou que ninguém metia a colher no pote de picles e lambia como ela! Publicou nos jornais de toda uma cidade que o desvio peniano dele era algo assustador! Foi ao canal de tevê e relatou que ela era a única ‘espanhola’ que ele conheceria na vida! E nos bastidores todos comentaram como essa mulher era louca, porque na próxima semana eles iam gravar uma temporada na Espanha! Cuidem-se Homens, porque as ‘Gaias’ estão á solta!
(Importante dizer que a Autora não tem nada contra colorir cabelos, mas o cérebro...)
Refresque-se! Sinta os ventinhos lá na Mansão Garibaldi...
As ‘Melindrosas’ de cristal que davam vida á mesa de canto da sala de jantar, eram como garotas virgens que juntaram a mesada do mês anterior para viajarem pra Bethel em 1969, e ouvirem bom rock. E aprenderem um pouco do verdadeiro poder da flor! E a cor ruge mágica!
Os elefantinhos indianos enfileirados urravam em seu tom sutil ‘namastê’ á todas as verdades que o amor pudesse desenhar usando o sexo de um homem e uma mulher como pincel principal para traçar a sua melhor criação, o seu melhor desenho. E isso era como saudar todos os Deuses, todas as tribos, toda a humanidade que acredita em paz e amor!
As flores no jarro da mesa eram como a pele milionária de Chiara que podia fazer todas as ‘idiotices’ do mundo como ter um bebê ou abortar. Ou fazer sexo com dez homens na mesma noite e depois pagar milhões para trocar todo o sangue do seu corpo numa maquininha como algum roqueiro internacional que limpa as drogas de sua essência sanguínea?
Não dizem que o dinheiro tudo compra?
Melhor é ouvir a Cachorro Grande dizer que ‘pra onde eu vou não preciso de dinheiro’...
E por aonde os ventos iam, as flores eram como o fogo á flor da pele de uma garota milionária que aprendeu com o seu Mordomo homossexual, qual o verdadeiro valor de um ser humano; amar e ser amado!
Pois, ler ou rotular pessoas era algo simples que todos faziam até mesmo quando nos viam pela primeira vez, ao nos chamar de ‘joelhinho’! Ali pelo painel da maternidade ou nos braços de nossa sofrida mãe que agüentou todas as dores do parto?
Ou mesmo, ainda no ventre de nossa super mãe, que se despiu numa praia como manifestação de sua natureza para dizer ao mundo que toda aquela verdade que as pessoas observavam nela, era apenas, uma nova vida, um novo sentido para viver...
(Pequena homenagem á Leila Diniz, grande Feminista!)
Viver é muito mais do que rotular e ser rotulado. Viver é ler os rótulos sociais com os olhos da alma e com a sabedoria do coração!
Viver é descobrir nos simples detalhes da vida que é possível acreditar nas pessoas. Mesmo que todos mintam e digam verdades. Ninguém é dono da conduta da perfeição!
Viver é saber separar a maldade da verdade. É olhar com os olhos do coração para um roqueiro que te mostra suas palhetas com o seu nome gravado, como gesto de carinho. É olhar com os olhos da razão quanta complexidade há em um gesto infantil ao fazer algo indigno de sua emoção! E pedir perdão por toda sua fraqueza de esconder um amor que nunca será em vão!
Viva, apaixone-se! Liberte-se! Permita-se! Ou um dia o disco voador da vida vai embora com o seu destino. Aí será muito tarde pra você pedir carona...
Para os lugares que te lembram a sua vida por onde você andou e o destino que você mudou por amor.
Não faça de sua vida um baú de memórias com desenhos que perderam suas cores tempos atrás...
Ou como cantou Raulzito; ”eu sou o amargo da vida, a Mãe, o Pai e o Avô, o Filho que ainda não veio, o início, o fim e o meio”...
Concretize-se!
Ali pelo museu de verdades, ali pela Mansão Garibaldi, os passos nunca foram breves...
Na ponta dos pés, e um leve passeio de mãos pelos cabelos, Chiara soltou um flato sem ter um aroma muito desagradável. Entrou, fechou a porta, e nem mesmo percebeu que Jorge, o seu Mordomo Gay, estava na varanda lendo jornal. Ele a olhava depressivo para a sua nudez devido aos três quilos que ela tinha engordado após o fim do namoro com Israel Ferri.
Jorge riu sem prestar atenção nas colunas sociais. Não para Jorge ainda estar ali. Ele já sabia que a sua doce menina não tinha encontrado um amor de verdade e que a vida daria muitos caldos antes da onda perfeita. Coisas que se aprende ao passar dos anos e algumas coisas engordam.
Caixas de chocolates e guloseimas antes do dia de Halloween para se transformar em bruxa!
Incrível! A capacidade que as mulheres têm de engordar ao terminar um namoro que não ia bem. Tipo de atitude que faz pensar que um romance dói mais no coração feminino quando chega ao fim?
Talvez, doa quando uma Mulher sobe na balança depois de uma semana...
Ou não doa! Mesmo que os homens tenham maior facilidade pra se divertirem quando estão no fundo do poço! Mulheres que usam sua massa cinzenta são mais hábeis para escalar poços!
Risos!
Oh, violetas na janela! Oh, violetas no jardim!
Só a ginecologista de uma garota pode dizer o que o desespero á faz engordar assim...
Ah, não alimente monstros para as suas respostas. Viva a vida! Coma o que você gosta!
Descomplique-se!
‘Faça amor, não faça guerra’.
Viva com otimismo antes que numa tempestade, um raio caia sobre o guarda-chuva que você mal consegue abrir. E isso nunca vai significar que você é um perdedor, ou uma perdedora. Mesmo que um raio te atinja levemente. Ás vezes nem vai precisar passar a noite numa clínica estranha por ter levado tal ‘choque natural’.
Mas, os ventos, os raios e a chuva de granizo de uma tempestade também podem ser silenciosos...
Sem fazer nenhum barulho, Jorge saiu com seu mais novo ‘amigo’, o filho do Presidente de uma multinacional. E foram passar o final de semana na casa de praia de uns amigos no sul do litoral paulistano.
Lá pouco sexo grupal era ofensa, e antes que alguém possa dizer que é tudo muito homossexual, lembre-se que mulheres beijam mulheres e a sociedade as rotulam de ‘duas peitudas bonitinhas se beijando’, nem são lésbicas, não é mesmo?
Porém, se dois homens se beijam por acaso ou fazem sexo para experimentar a curiosidade mais intensa da natureza, então eles são Gays para sempre?
Obscuro isso!
E curioso!
Não há nada contra Gays, tudo é uma Bodega Fantástica! Afinal aqui é o lugar onde tudo pode acontecer...
Aqui manifestos são feitos em simples detalhes do cotidiano. Café com pão de queijo, aqui não é para você um clichê!
O que o mundo deveria ser contra e a sociedade poderia no mínimo rotular com tarja colorida, é que a curiosidade existe sim. E não é porque um garoto beijou ou transou grupal com amigos e amigas que ele será Gay para sempre, aliás, que será Gay!
Pensando bem, sabe como que você pode entender melhor isso?
É só você imaginar que um dia um filho seu lhe conta que beijou um homem ou que fez sexo grupal. Ele comunica para você que foi uma experiência super legal. Mas, que não vai se repetir porque ao testar tanta curiosidade se decidiu sobre sua verdadeira essência. E você comovido com palavras bonitas, diz que ‘o caso’ do seu filho é diferente?
Hoje o mundo é tátil. Mente ou não vive quem diz que nunca sentiu vontade de sentir á flor da pele qualquer loucura, seja ela qual for...
Hoje, as pessoas aprenderam a mentir para não serem chamadas de imorais. E o que é mesmo a moralidade?
Talvez, a arte de se fantasiar todos os dias para esconder desejos que todo mundo pode ter, mas, que todo mundo prefere por um tabu social, esconder!
E a diferença sutil entre a hipocrisia e o sensacionalismo está no que você diz. Lembre-se que a grama do vizinho não é mais verde do que a sua e isso você sempre achou. Mas, justo hoje que a sua está feia vai dizer que a prefere?
Hipócrita é apenas a atitude humana de mentir para si mesmo. Enquanto sensacional sempre será o poder de manifestar e assumir a própria verdade!
Ser homossexual ou não, é uma questão muito mais de instinto, coração e alma ‘rosa chiclete’ do que de uma ‘transa coletiva’ depois de uma noite de muito rock e tendências de amor livre...
Mas, as pessoas adoram viver no Carnaval! Elas fazem de suas vidas um verdadeiro baile de máscaras. E muitos não se importam com estas, quando as deixam caídas pelo chão...
Ventania social! Será que um dia sentiremos apenas sopros e ventos de frescor?
Assustada, Chiara destrancou a porta, ela caminhou na ponta dos pés até o jardim e nada viu.
Jorge, já tinha entrado no carro do amigo e ido viajar...
Outra vez, ela entrou em casa e trancou a porta...
Pelos corredores os quadros riscavam a parede, era o vento...
Carol, que há algum tempo já tinha voltado para a banheira espumada, ligado a hidromassagem, treinado o seu ‘pompoarismo’, lido um pouco da revista Decibélica que estava em algum lugar do banheiro da amiga, experimentado todos os sais de banho, jogado bolhas de sabão ao vento e pensado em três homens nus ao mesmo tempo, com ela num desses Hotéis com várias estrelas. Logo ali num lugar chamado Las Vegas, sim, ela se cansou...
Talvez, triste era se cansar assim, com uma revista Decibélica nas mãos. Revista com capa e matéria sobre Cachorro Grande; e com outras sugestões de um passatempo imaginário em Vênus, Netuno, Plutão, Urano, Terra...
Tudo sem órbita mesmo, era assim o tédio de Carol. Motivos?
Quem vai arriscar a tensão?
Que homem ousa dizer que é enrustido tesão?
Dor de cabeça?
Ah! Motivos de Carol!
Pois, se dependesse só da revista matérias muito interessantes deixariam a Carol bem á vontade na banheira. Acredite! Se assim não fosse Chiara nunca guardaria uma de suas revistas preferidas no banheiro!
Ou outro sugestivo clichê sobre uma revista no banheiro; Chiara não teria criado neste livro!
Ah! Claro que não é legal mofar num banheiro lendo revista. Imaginando homens soltando ás páginas, mesmo que eles fossem tão lindos, e cheios de curvas sinuosas sobre o peitoral, uns tocando bateria, outros cantando e outros com seus baixos ou guitarras.
Além de uma boa companhia para noites numa banheira de espumas com água quente, enquanto, lá fora chove granizo e venta muito frio. A revista é uma boa companhia nesses momentos de solidão. Pois, sempre foi boa leitura em dias alegres para passar o tempo ao ser lida milhares de vezes. E passar o tempo que Chiara esperou seu namorado chegar para buscá-la lá em sua casa. Mesmo que todas essas noites com Rael fossem melhores se ela tivesse trocado ele pela revista?
Ou por um desses roqueiros da revista, é óbvio! Mas, eu preferiria os Editores da Revista, porque artistas, roqueiros são muito assediados, são todos colecionadores de tantas Gaias, quero dizer, Mulheres sem lei.
Oh, clichês! Como se as entrelinhas decibélicas conversassem com Chiara Garibaldi!
(É importante relatar que a Autora e suas Amigas no Mundo Real, não escondem revistas em seus respectivos banheiros. E nem são contra quem esconde tesouros assim; Revista Decibélica!)
No mosaico da janelinha do banheiro, talvez, dedos embaçados desenhassem uma canção sobre uma garota e um garoto que num banho de espumas, espumassem todo o banheiro?
Oh, literatura! Quanta vida há na imaginação de quem faz suas leituras?
Prazer, três vidas! Três melhores amigas que se apaixonam por um Rockstar em segredo!
Segredos que voam com os zunidos de ventos...
As revistas de Chiara ali no banheiro eram como fugas para a imaginação, como amigas de seu corpo nu em noites frias e solitárias em sua banheira de espumas. Nunca foram para ela como livros de auto-ajuda.
Mas, talvez auto-ajuda fosse o champagne...
Ou talvez a suavidade que se sente na pele ao passar muito talco branco após o banho?
Medo! O pó branco do talco que cai da pluma perfumada ao se debater pelo corpo nu de Chiara, deixava rastros pela pia, pelo tapete colorido, pelo chão e pelas paredes. Como rastros de um pó mágico que lhe conta histórias! Como se cada mínimo grão fosse uma palavra, um segredo!
Imagine um dia de Sol que Chiara acordou ao lado de seu Rockstar, e o puxou para o banheiro colorido após preparar um exótico banho espumado?
Imagine primeiro que a Chiara tenha superado o amor que não era amor por Rael. Depois imagine que ela tenha sua ceroula arrota tocada por um Rockstar?
E isso é bem diferente do padrão de garota que tira a calcinha e Roqueiro que dessas tira o sutiã!
Respire fundo! Imagine mais! O amor livre se desenhando dentre espumas na banheira?
E o pó branco que desliza suave em água pela pele de dois corpos nus entrelaçados por desejos?
Ou esse pó que os fazem espirrar ao fazer cócegas nos pêlos nasais?
Ah, e se por acaso Chiara esquece o pote de cristal com talco ao lado da banheira. E ele cai na água quente?
Oh, céus de marmelada! Quantos acordes e solos e zunidos serão trilha sonora dessa história?
Um dia perfeito! Uma manhã de Sol, de calor! Sexo e as drogas das cores do amor (arrepio e frenesi)!
Um mistério sobre tantas histórias que o perfume e a suavidade de um pote de cristal podem esconder?
Talvez, viver não seja tão complicado assim se você aprender que nem tudo é o que realmente parece ser!
Yeah, Vanessa da Mata tem mesmo razão: ”não me deixe só, quero gosto sincero de amor”.
“Faça amor, não faça guerra”.
Viva o lado Woodstock de sua vida...
Frio, arrepios, a água que já estava morna e a ansiedade de Carol mergulhada ali na banheira. No colorido banheiro, ali estava o vidrinho de cristal que Chiara guardava o talco mais fininho do mundo!
O tapete que parecia estar vivo, este era visto com tanta maciez que isso era como se ele chamasse os pés molhados como ímãs.
Sensação gostosa de prazer para quem não está sozinha no banheiro. Para quem pode ter uma companhia para lhe enxugar as costas, descendo vagarosamente até ás nádegas, as pernas, as ‘batatas da perna’ e beijando-lhes os pés...
De relance num leve sustinho, ser carregada até a cama, ser beijada do pescoço, seios, cintura, e todos os segredos que só um ritual de talquinho do vidro de cristal pode fazer?
Quanta suavidade! Até parece um daqueles filmes num mar de rosas?
Ah, depois do ‘trailer’ começa o filme!
Yeah! O filme começa com uma trilha sonora de acordes, ruídos, zunidos e vozes dos furiosos!
Banheira de espumas, banheiro sem espumas, solidão!
Acreditou no que a sua ‘sister’ disse sobre estarem sozinhas na casa. Carol saiu da banheira nua, fechou a janela do quarto porque ventava muito frio, acendeu a luz do corredor, essa queimou com um breve estouro sem espatifar a lâmpada pelo chão. Deu um passo, olhou a penumbra de raios de luz do quarto sobre os quadros na longa parede, sentiu frio, arrepios. Ela ficou com medo! Voltou para trás, fechou a porta, pegou o telefone sem fio. Entrou na banheira quente outra vez, e ligou para o celular de Chiara...
Ninguém atendeu! Chiara não atendeu!
Drogas acontecem!
Tempestades também acontecem! Lá fora...
Quem sabe não fosse melhor ter lido, folheado outra vez a Revista que a Chiara trouxe de sua última viagem á Goiânia?
Ali, ela teria matérias interessantes, a companhia dos Cachorros Grandes, um divertimento sobre bom rock, comentários de bandas goianas como; Johnny Suxxx And The Fucking Boys e Bang Bang Babies. Ali ela teria mais prazer, ela teria uma Decibélica com o melhor do rock and roll em mãos. E se tivesse mais um pouco de sorte, poderia ler algo sobre a volta de uma banda de rock goiana nostálgica, os The Rockefellers!
Chato, tudo isso não ser flores poderosas e coloridas num dia de Woodstock!
Medo! Era o sentimento mais sincero para Carol, em vez de tédio. E a sensação de estar acontecendo algo estranho em seu coração?
Paixão?
Na verdade é mais fácil ser frisson!
Algo como filmes de terror bobos que passam na televisão! Ou seja, é tudo um truque com a sua imaginação. E quem sabe tesão de revistinha também fosse simples assim...
Tem dias que é melhor gozar na solidão! E nem era tão ruim assim, a água da banheira nem estava fria...
Ah, mente vazia, ou melhor, mente amedrontada! Muito prazer, Caroline Linder!
Nem imaginação, nem Roqueiros lindos estilo The Beatles, nem algo sobre o melhor sonho setentista, nem Texas, nem aulas de pompoarismo literário em Madagascar; nada que pudesse fazer o tédio dela passar...
Nenhum dedo que lhe fizesse cócegas para que Carol se debatesse na espuma até que bolhas de sabão, ela sorrisse ao conseguir soprar.
Isso disfarçaria as cócegas por debaixo d’água!
Lá embaixo, no Museu dos Garibaldis, mansão...
Assoalho frio da cozinha, geladeira colorida por frutas, verduras, ovos, leite, Coca-Cola, chocolates Cacau Show, Heinekens, várias guloseimas e ao fundo uma garrafa de vinho do porto...
Pela porta de acesso da cozinha ao jardim de inverno e pomar, seu cachorrinho Peppers entrou correndo assustado e se ele soubesse falar ao invés de latir, teria dito que um duende brincava de esconde-esconde no pomar entre os pessegueiros.
O cachorrinho era super esperto e pode crer que ele era quase o sargento do jardim colorido!
Ventania e frescor!
A garota estabanada abriu a geladeira, pensou um pouco, lembrou como ela adora comprar chocolates na loja Cacau Show na Augusta em Sampa.
Mas, ela se recordou dos seus passeios á Goiânia, aos shoppings maravilhosos e á sua loja favorita de chocolates que também tinha em vários lugares no Cerrado. Lá no cantinho do rock alternativo, lá na terra do seu Pub preferido, o mais sofisticado, o mais bonito, o Bolshoi Pub...
Pegou uma Trufa Mezzo, abriu sem cuidados, abocanhou vorazmente, se fez suicídio ao tédio, sentiu levemente o chocolate derreter em seus lábios, degustou com o melhor paladar de sua língua e lambeu a ponta dos dedos como nenhum homem á viu fazer antes...
Ou como nenhum homem sonhou em sentir e ter?
Pode crer! Paz e amor e os dedos de chocolate melados por Trufas Cacau Show, não há nada melhor do que lamber...
(Atenção! Nenhuma atitude como esta de Chiara foi ensaiada. Ou a Autora conheceria o roqueiro mais gostoso de todos os tempos!)
Risos de Chiara para Peppers que loucamente lambia seu tornozelo a arranhava sua nudez pedindo um colo.
Ah, se Rael estivesse lá, pode crer, ele sentiria muita inveja do cachorrinho que ele mesmo deu para a namorada no último natal que passaram juntos...
Porém, sem entender tanto desespero de seu cãozinho, sem entender porque garotas abrem a geladeira para pensar?
Mistérios!
Sem problemas para o cachorrinho, ela lhe fez um cafuné ao abaixar para pegar o vinho na geladeira...
Ploft! O vaso de cristal de sua mãe se espatifou no chão. Jorge, seu mordomo avô, (ele era como um parente de verdade) tinha o esquecido em cima da bancada de mármore branco.
Insatisfeita, ela fechou a geladeira, colocou o vinho em cima da mesa da cozinha, pediu licença para Peppers, e saiu feito Eva na varanda que ficava em frente ao jardim de inverno e ao pomar...
Ela procurou um apanhador de lixo e uma vassoura. Voltou, limpou aquela bagunça e jogou tudo fora como se aquilo fossem cascas de bananas. Tudo que não tinha ali eram bananas...
Por um minuto, Chiara sentiu um vento forte entrar pela porta e esta ficou pesada para fechar. Ela se assustou, e Peppers latiu desesperadamente porque ele via e não podia falar nada, apenas latia...
Sangue! Uma dor profunda e pequenina como todas as dores que sentimos só uma vez na vida! Ou se você não é tão sensível, tudo bem...
Droga! Um caco de vidro cortou o dedo de Chiara. Ardeu, ao colocá-lo debaixo d’água corrente e ao lavá-lo com sabão. Corte pequenino, delicado e logo o sangue nem escorreu mais. E nada se sabe sobre Chiara ter colocado o dedo na boca novamente; se isso ajudou á parar de sangrar...
Mas, o pôs muito rapidamente porque o sabor sangue lhe embrulhava o estômago, e nesses discursos sutis de oralidade sobre boca, língua, paladar e sangue, ela acreditava que garotas fossem mais fracas...
Ah, ventos e ventos passavam pelo apanhador de sonhos lá em cima, lá nos quartos, lá na Mansão dos Garibaldis.
O cd já havia terminado, Carol agoniada pela demora da amiga e pelo silêncio naquela noite chuvosa, preferiu não sair outra vez da banheira quente. Pegou novamente a revista e ficou pensando nos modelos de Verão da Vogue. Mas, logo abriu os olhos e viu que estava mesmo sonolenta, pois, tinha em mãos uma Decibélica com o melhor do rock, com Cachorro Grande; e ela pensando no Verão da Vogue?
Se fossem as roupas, a moda e as cores que ‘entorpecem’ os olhos de homens que admiram mulheres que se vestem bem e com bom gosto, tudo bem. Do contrário, melhores são os Rockstars!
Ah! Arrepios! Frio! Ventos! Chuva! Nimbos! Histórias! Música! O amor e o acalento!
Tempestades! Em São Paulo eram apenas cem dias do mais rigoroso Inverno...
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