Wednesday, November 19, 2008

O Diário de Bridget Jones ou Contos de Fadas?



“Domingo, 1º de Janeiro. 58kg (mas pós-Natal) 14 unidades alcoólicas, (na verdade somando dois dias, já que quatro horas da festa foram antes da meia-noite), 22 cigarros, 5.424 calorias.”
Bridget Jones, uma jovem inglesa, um pouco acima do peso, jornalista, independente e solteira, que tinha boas resoluções de ano novo e por isso resolveu escrever um diário. O relato emocional, psicótico e cômico de todas as suas peripécias e suas gafes em busca de um sonho que fazia parte de sua rotina diária, encontrar o “Homem Perfeito”. Aquele que ela esperava há muito tempo. E esquecer para sempre o que são paqueras diárias que se resumem em canalhas que são como fantoches em sua vida.
Não mais do que assim, o grande triunfo da vida de Bridget Jones começava a se traçar em Londres no rigoroso inverno de final de ano. Lá na casa dos Darcy, onde comemoravam as resoluções de ano novo com uma animada festa entre família e amigos. Eles foram os vizinhos de Bridget durante a infância, e assim se tornaram muito amigos de seus pais, quase membros da família. E não poderia ser diferente, sua Mãe com a incansável mania de querer lhe arrumar um namorado, um marido, lhe deixou conversando á sós com Mark Darcy. E talvez, ela tivesse acertado. Ele é um advogado renomado dos direitos humanos, quatro anos mais velho e que disfarçou a lembrança de que Bridget corria pelada no jardim de sua casa, durante a infância.
No entanto, durante a leitura do livro O Diário de Bridget Jones da autora Helen Fielding, se relatam várias nuances do comportamento de Bridget Jones. A personagem se apresenta com a capacidade de sempre dizer as coisas erradas nas horas mais impróprias e tem atitudes estranhas nas situações mais improváveis, principalmente com a sua “arte de falar em público”. Bridget é um tanto destemida e não policia as suas palavras. Sempre com uma resposta pronta, a personagem de Helen Fielding, discute através do seu próprio comportamento o que uma mulher pode evitar para se apresentar melhor em situações onde se exige maior descrição. Todavia, é fato que a autenticidade de Bridget Jones é uma característica encantadora aos vários tipos de homens.
Mundo contemporâneo das Mulheres. Talvez fosse esse o motivo pelo qual a escritora, Helen Fielding, mescla o seu trabalho literário no livro com o foco principal em três personagens clássicos, o vilão, o mocinho e a garota apaixonada. Ela faz um triângulo amoroso para construir a base sentimental de sua personagem Bridget Jones. De um lado o charmoso e destemido Daniel Cleaver, um vilão, galã, editor do jornal onde ela trabalha, ele chefe de Bridget, um canalha assumido pelo primeiro olhar com o seu jeito maniqueísta. Do outro lado, há um homem inteligente, muito bem sucedido, tímido, elegante, sua beleza se difere de Daniel Cleaver, Mas, Marck Darcy é o que se pode entender como “O Gentleman”, ou seja, o homem dos sonhos de qualquer mulher. Ele é polido, educado, cordial, bem relacionado, trabalhador, romântico e um pouco reservado, pois, se apresenta muito cauteloso com os seus sentimentos e os sentimentos alheios. Enquanto Bridget Jones, ainda é aquela mulher um tanto desastrada e que não consegue vestir máscaras para se comportar a frente de determinadas pessoas e ocasiões. Naturalmente, ela é o que ela é. Bridget é uma romântica irredutível!
A combinação de sensualidade e mistério, romance e fantasia. Descrita assim, Bridget Jones, não poderia ser dona de sua razão. E ao decorrer de suas confusões, ela experimenta um breve namoro com o maniqueísta Daniel Cleaver que a seduz vorazmente, de modo que ela flutua como uma nuvem pelos pensamentos mais felizes em que ela se casa. Mas, o mundo cor-de-rosa de Bridget é machado quando ela se depara com a traição de Daniel e se vê trocada por Lara, uma jornalista de Nova York. Sensível, Bridget, tenta ignorar todo o acontecido, e num jantar com casais amigos e um tanto quanto inconvenientes, ela se encontra por acaso com Mark Darcy que a ajuda se esquivar das perguntas impertinentes sobre a solteirice aos trinta e poucos anos. Ainda no jantar, Darcy, revela com toda cautela e pudor, numa conversa a sós com Bridget que ele a ama do jeito que ela é. Outrora, ele salva uma importante entrevista que Bridget perde ao abandonar o local da reportagem por poucos minutos para comprar cigarros. Mark Darcy defendeu o casal para não darem entrevistas aos outros repórteres e organizou uma coletiva em que Bridget era repórter principal. Misteriosamente, ela foi se apaixonando pelo “Homem Perfeito”.
Divertido e sarcástico à rotina de tantas mulheres contemporâneas. A história de Helen Fielding foi aprovada mundialmente por um bom público feminino e masculino, com a desenvoltura de como as mulheres são até perceberem que o verdadeiro amor não é aquele que mais lhe chama atenção e sim o que simplesmente as completam. Foi assim, que a escritora nascida em Yorskshire, e que atualmente vive em Londres onde trabalhou para BBC por muitos anos, logo viu o seu literário trabalho nas telas do cinema. E, estranho seria se Bridget Jones não tivesse conquistado por bem ou mal, um ponto de vista crítico de cada um que a conheceu.
Bridget Jones não é uma simples lenda urbana, ela é o que se pode aplaudir e chamar de a Princesa dos Contos de Fadas Modernos!

Tuesday, November 18, 2008

CAP.1 Bodega Fantástica

Capítulo 1
Vamos viajar pra Terra do Nunca?

Dia Perfeito, as estrelas se despediram de Chiara e a Senhorita Cadente já tinha providenciado o melhor desejo já realizado, daquela jovem escritora...
As Borboletas coloriram todo o jardim, as flores dançaram ao ritmo da guitarra do beija-flor, enquanto, o papagaio gritava com toda alegria e amor e seu cachorrinho abanava o rabicó como se dissesse; “boa viagem”...
Mochila nas costas, mala rosa de rodinhas arrastando pelo chão, passagem em mãos e um sorriso muito mais caloroso do qualquer verão, sim, aquele era mais um inverno feliz...
O mordomo, aliás, o Senhor que cuidava da maioria dos afazeres de sua casa, já que há tempos seus pais tinham se divorciado, e sua mãe vivia viajando pela Europa. Chiara Garibaldi nunca teve pais de verdade, sua vida em resumo foi um grande deboche se lhe perguntarem quem são os seus pais?
Pai, mãe e uma casinha feliz! Talvez, era assim a realidade de muitas crianças, algumas sem dinheiro, outras com presentes caros umas três vezes ao ano, e Chiara com presentes caros a cada vez que o Mordomo a levava para visitar a loja de brinquedos. Porque o pedido de aniversário nunca foi realizado, ela nunca pôde ter um colo do seu Pai e um beijo de boa noite de sua Mãe. E embora ela tenha tido bons avós, pouco podiam fazer para manter sua disciplina emocional.
Japão, Austrália, Hawai, Estambul, Índia, Chile, Indonésia, Sul do Brasil e Califórnia. Por alguns lugares do Mundo, Chiara Garibaldi tinha viajado, mas o lugar mais abençoado e mágico de todos os lugares já visitados... Estava muito perto, ali no coração do Brasil, no Cerrado, num calor de rachar durante o dia e num frio de doer durante a noite, e era só atravessar uma ponte. Doce ponte, que nos lembraria uma poetisa a Cora Coralina, doce ponte que nos lembraria tantos sentimentos de menina...
Cidade de Goyaz, popularmente conhecida e apelidada por Goiás Velho. Lá entre o verde do Cerrado que a cercava, entre a magia da energia que surpreendia á cada minuto, lá perto de belas cachoeiras e um Rio Vermelho, que não era dor, e nem era amor... Lá, não muito longe de São Paulo, existia um corredor não muito comprido, e cheio de espelhos, quadros artesanais e alguns rabiscos... Rabiscos? Que rabiscos? Os que eram desenhados pelas ondas sonoras do velho megafone... Ora, ora uma “radiola”! Lá, se ouvia de tudo um pouco, eram dias nostálgicos com os Beatles, lágrimas compartilhadas com a Janis Joplin, risos escondidos com Supergrass, dedos entrelaçados ao som do U2 e Oasis, olhares desviados nas ondas dos ruídos de um Blues e MPB, enquanto, bandinhas tocavam ás vezes lá no fundo do quintal, para mostrarem muitas vezes um maracatu ou qualquer outro som que fosse artesanal, lá dentro, o clima era ruge feito o fogo da paixão. Jovens se abraçavam atrás das cortinas em tardes de verão, e em noites de inverno brindavam chocolates quentes com gostinho de hortelã, como se o frio cessasse com apenas aqueles casacos de lã...
As mesinhas de vidro com ornamentos em cobre reluziam um ar de mistério no ambiente mágico, secreto, sincero e sutil para o primeiro pedido de carinho. E para dizer que de fantasias não era feito o caminho, lá os pedidos de carinho eram o mesmo que aconchego e colinho, daqui muitos e muitos anos... E ainda, para aqueles que em doentia mente não compreendem, desenhamos alianças trocadas, um frade, um padre, um casal abençoado e dois sorrisos que nunca foram comprados e nem corrompidos... Eram aceitos, eram feitos e fatos os pedidos de carinho!
Outrora, eram feitos drinques menos sinceros, apostas muito bem guardadas na sonoridade de uma canção e na angustia de um indefeso coração. Pois, a adega pertencia aos vinhos, o tinto brindava algum tipo de união e o branco que nunca fora brando, sempre derramava numa má ocasião... Lá, não tão longe de qualquer lugar, era uma fantasia, um mistério, de reis um duelo? Porque não? Lá, tinha um sabor de magia, era a fantástica forma de amar, viver e sonhar. Mas o lugar que escondia a mais perfeita adega, ao amor era sinceramente uma bodega.
Cidade de Goyaz, Bodega Fantástica, inverno de 2006 e o primeiro sonho perdido naquele lugar... Como se nuvens fossem do céu e estrelas cadentes fossem da Bodega Fantástica. Lá na Terra do Nunca, ela era o refugio do amor, e nunca foi um bordel com o seu cordel. E mesmo o fogo sendo encantado, qualquer um gostaria de dizer que aquilo era um lugar que jamais fora fantasiado! O esconderijo dos sonhos, e olha que nem tinham paredes que se moviam disfarçadas por algum quadro bem antigo. E tinha quadros bem antigos com figuras estranhas que ás vezes era confuso de se olhar. Lá era o cenário perfeito para alegrias e nem tinha um Mago para toda essa feitiçaria. Mas, num cantinho da cozinha você podia conhecer as mesmas xícaras e canecas sorridentes como as do filme a Bela e a Fera, e para quem arriscar mais de uma caipirinha brindar, porque não à fonte dos desejos um príncipe pedir e esperar?
Bodega Fantástica, lá você vê quantos votos de felicidade se pode ter, mas, não as regras a obedecer...
Lá, nunca existiram motivos para a Banda de Rock’n Roll, não querer ensaiar...
Não mais do que assim, ao som de um rock, Chiara Garibaldi, levou uma pena e um tinteiro, algumas folhas em branco e se entregou de coração inteiro...
Jovem e escritora, quem sabe no futuro uma publicitária, atriz, ambientalista ou cineasta ou quem sabe de uma revista famosa redatora?
Mídia sempre foi o seu foco inicial, mas, não como capa de revista e coisa e tal! E antes que diga que ela era muito sonhadora, ao lançarem dúvidas e desafios, ela encarava e os surpreenderiam no final.
Lá na Bodega, Chiara se refugiava no seu cantinho, uma mesinha no fundo da sala maior, perto da janela de onde poderia sentir o calor do sol, o frescor do vento e o sossego de todos que passeavam por lá e seu único momento...
Do jardim, os ruídos de guitarra vinham pelo se confundiam com seus pensamentos mais sublimes. Pensamentos que eram escritos e descritos por vários brindes.
Lá, a Dona Nutya sempre trocava uma palavrinha ou outra com Chiara e dava asas aos sonhos de papel.

---Olá Dona Nutya!
--- Que bom revê-la, como você está Chiara?
---Bem, estou escrevendo um livro. E posso usar o nome da Bodega Fantástica? Sabe Dona Nutya, também vou falar nas entrelinhas um pouco de mim.
--- Quanta honra minha querida. Claro que pode, e é sobre o quê o seu livro?
--- Um romance, um drama, uma comédia... Um pouco de tudo que acontece com as minhas amigas sabe? Então, não vou criar um personagem para cada uma delas, mas, vou condensar em cada personagem que eu fizer um toque mágico de cada amiga verdadeira que eu tiver. E antes que a Senhora pense que eu sonho demais... E que sou louca demais, sabe aquela banda que tocará aqui no Festival de Cinema no ano que vem? Vou colocar trechinhos das melhores canções deles, afinal de contas, sempre escuto e me inspiro. É quase uma terapia musical sabe Dona Nutya? E claro, vou conhecê-los, e eles devem ser muito legais...
---Boa idéia Chiara! Quem sabe eles não gostam do seu livro? Isso seria muito bom para você e para eles. Sabe Chiara, essa banda é muito bacana, e eu já ouvi muito falarem deles por aqui. Os cineastas e os jornalistas apreciam muito o som, eles até já foram ao Jô Soares. São rapazes que se esforçaram muito para conseguirem serem reconhecidos e isso é o caminho para qualquer artista, bom arteiro.
--- Sim, a Senhora tem razão Dona Nutya. E sabe do que mais? Ninguém nasceu com um carimbo no pulso, onde destacará se você será feliz ou triste, rico ou pobre, famoso ou anônimo, chorão ou risonho. A vida não é nada além do que a vida que se leva.
--- Chiara, você tem uma estrelinha brilhante para soprar aos céus...
--- A Senhora acredita mesmo em mim?
--- Ou eu não deixaria você colorir com risos e lindos escritos o nome da Bodega Fantástica. Nunca desista bela menina, você é fantástica. Não deixe que pessoas más se aproximem de você, não apague o seu sorriso e nem o brilho do mundo encantado que você é capaz de perceber...
--- Dona Nutya, os Contos de Fadas existem?
--- Sim, existem. Todos eles foram escritos Chiara!
--- E os Príncipes encantados existem?
--- Ah, claro que sim, menina! Eles são os bons rapazes que ninguém mais quis desenhar em histórias mágicas...
--- E a valsa dos sonhos?
--- A valsa dos Contos de Fadas?
--- Sim, Dona Nutya, é essa valsa...
--- Ah, você já parou para pensar que essa valsa é nosso Rock’n Roll?
--- Uai! Mas no tempo da Senhora não era diferente?
--- Chiara, o Rock’n Roll não tem idade!
--- Então, posso ainda dançar a valsa dos sonhos?
--- Sim, e talvez o seu vestido preto, meia arrastão e as botinhas pretas sejam os trajes de sua realeza, Chiara!
--- Yeah, Dona Nutya, eu vou mesmo mergulhar nesse universo louco de rock’n roll e choque de gerações...
--- Chiara, e nunca se esqueça que a realidade não existe sem dois corações!
--- Dona Nutya, a Bodega Fantástica será o palco encantado do Conto de Fadas revolucionário de gerações e será o maior baú de grandes emoções...
--- Chiara, você é uma menina abençoada. Muito obrigada!
--- Hum, eu vou aceitar mesmo um café.
--- Vou acompanhar você. Um brinde à Bodega Fantástica?
--- Um brinde à Fantástica descoberta de que o Rock’n Roll não tem idade!
--- E Chiara, o que você estava a escrever hoje?
--- Posso ler para a Senhora?
--- Com todo prazer, é claro que você pode...


Festival Internacional de Cinema Ambiental, quarta-feira 13 de Junho de 2007. O sol que passava pelas frestas da cortininha azul do “busão” atingiu as minhas duas pupilas. Calor! Ai, eu acho que isso foi a minha coluna estralando! Risos!
Muito prazer, eu nem me apresentei, bem lembrado, mas sabe o que é? Eu na minha brutal ansiedade e desorganização emocional passei a noite em claro arrumando a minha mala colorida, cheia de roupinhas com um estilo diferente para chamar atenção de alguém que levante o meu ego... (Mesmo que tudo isso ainda demore um ano inteiro para acontecer.) Você sabe como é, ontem foi o dia dos namorados e eu quase tive uma overdose de chocolates, depois de deixar o presentinho dele na portaria do luxuoso edifício fedorento! (O porteiro estava descarregando os entulhos, lixões!). Game Over! Isso mesmo, ele acabou com tudo nessa madrugada maluca. E você me pergunta se ele me telefonou, foi isso? Não, claro que ele não me telefonou, é por isso que coloquei à prova do fogo a minha pele e toda a minha desistência, àquele ser humano que tinha o apelido de Mortão! (Isso é um fato verídico, pode acreditar, pessoas!). Não sou eu, o tipo de Menina sem noção que faz coisas que insistem na teoria insana de quem diz; “a fila anda”. Lixo! O “orkut” está cheio dessas comunidades sujas que persuadem as pessoas à serem cada vez mais insensíveis e se distanciarem do amor. Principalmente do amor próprio, é por isso que o meu avô conta nos dedos quantas pessoas jovens ele conhece com este sentimento, e olha que ele já faleceu! Ufa! Hora de fechar a mala! Terrível! Tão pesada apenas para cinco dias. Eu acho que é mais ou menos isso que eu vou ficar por lá, se eu volto na segunda-feira de manhã. Mas, esqueça a matemática, ela não me acrescenta nada mesmo, até mesmo porque “a fila não anda”. Agora são exatamente 4:30 da madrugada e meu ônibus sai ás 6:45 e considerando a pessoa ansiosa que eu sou, bom, eu gostaria mesmo de dizer; quanto me atraso para me arrumar, pois sempre quero estar linda; e eu não sou convencida não, e, muito prazer como eu já ia me esquecendo... Meu nome é Chiara Garibaldi e o seu? É uma honra passar um tempo com vocês, nessa viagem hilária para descobrir o segredo do pote dos garotos borboletas que enfeita a Bodega Fantástica... E antes, que você me chame de louca, espere até chegar á Terra do Nunca, vulgo; Cidade de Goyaz! Ah, você quer passar o tempo aqui dentro desse ônibus verde meio cheio e estranho?
Espere, ouça essa canção. Sabe, é uma banda nova de uns caras que eu descobri de madrugada na MTv. Vou cantar, porque assim o tempo não passa devagar e eu descubro se há chatos para incomodar...
---Quem são os caras dessa banda, Chiara?
--- Cachorro Grande.
---Chiara, será que eles roem ossos?
---Não, penso que não. Escuta o som. Os caras serão os bons, eles também acreditam em Contos de Fadas.
---“ Lili tinha um jeito estranho, dormia com um drinque na mão.” _ Yeah, Carol e eles nem conhecem você ainda.
---Chiara sua louca. Eu não sou a Lili. Nem começa, porque escuta essa parte: “ Lili via assombração, filosofava no balcão.” É de você minha querida amiga, que eles estão falando. Lembra o Mortão? Lembra as suas lamentações no balcão do Pub? Então, o que você me diz?
---Astros do Rock’n Roll escrevem sobre histórias de amor.
--- Chiara, ou talvez os astros de Rock’n Roll cantem histórias de terror.
--- É, Carol você tem razão.
--- Chiara, acho que a gente já está chegando! _ Carol
--- Carol, eu espero que sim, porque esse barulhinho foi um estralo da minha coluna. Meu Deus eu estou toda amarrotada, um pouco triste e desanimada.
---Pessoa, não fica assim, você vai esquecer esse mané! Ora, ora ele é um ridículo que nem te ligou hoje para agradecer o presente, mas, você também foi o máximo deixando o relógio de vinil na portaria do prédio e depois seguindo sua viagem e melhor ainda por não ter subido para entregar! E se ele tiver jogado fora, não fique triste, pelo menos você terá feito a alegria de algum mendigo ao remexer o lixão, o qual vai poder não andar mais perdido e saber que horas são. Sem dizer que também poderá se lembrar do tempo em que ouvia blues no barzinho, em que um dia ele tocou violão!
---Carol! Pára com isso! Essa foi uma piadinha muito sem graça! Agora eu vi, quer me dizer que todo artista tem a pretensão a ser mendigo um dia?
---Chiara Garibaldi, é normal. Por se tratar de um país aonde a cultura se resume em sabe se lá o que, e o blues e violão deu lugar ao funk e ao bonde do tigrão! Hoje em dia o asilo de artistas que eu saiba tem apenas no Rio de Janeiro; e você já notou quanto está custando o tarifário aéreo e rodoviário? Coitados dos nossos amigos que não tiveram a nossa sorte com a arte, eles estão à mercê na beira da solidão... Ah, mas não mais se aquele “playboyzinho” ao jogar fora o vinil no lixão! _ Risos! _ Carol
---ARGH! É ridículo isso, mas ele nem telefonou, e nem vai ligar, e se ligar eu também não quero atender! Ah, eu vou voltar a tirar uma sonequinha! E Carol, você me acorda quando a gente chegar lá?
---Acordo! E antes, se eu houver algum cineasta Gatinho!
---Não Carol! Please! Estou com sono! Acorde-me só quando chegar lá...
---Sem neuroses, Chiara, sem neuroses! Não deixe passar a estrelinha do beijo.
Naquela manhã de quarta-feira muito ensolarada e com poucas nuvens ameaçando chuva no céu, elas chegaram á Terra do Nunca. Carol e Chiara pegaram, um táxi porque o “busão” não parou na rodoviária de baixo. E longe as garotas estavam agora, da casa número 21 na rua 13. Numerologia perfeita para um filme do Conde Drácula, não? Risos! Eu também dou risadas aqui pessoas! Imaginem então como poderia eu descrever esse lugar mágico? Bom, começamos primeiramente a entender que esta voz que está conversando com você neste determinado momento, é a consciência de Chiara, e não mesmo uma simples narradora de livros! Ora bolas, eu vou ficar muito brava se você pensar que eu sou apenas a penumbra dessa história divertida...
Chiara, sempre escuta umas bandas de rock. E numa delas cantava assim: “ vou deixar a vida me levar pra onde ela quiser...” _ É, acho que a vida trouxe você para a Terra do Nunca! Então, não fique parado com os seus braços cruzados fingindo que é careta e que não sabe de nada que acontece aqui... Olhe, olhe logo para o céu... E seria legal você abrir os braços, rodar, rodar, e dar um grito! Grite, logo! Porque não? Gritou? Então você já deve estar sentindo-se mais aliviado não é mesmo? Sim, você deixou ir embora com o vento toda aquela coisa ruim que você carrega do seu cotidiano comum, e como já dizia a Tia da Chiara, um dia aqui na Cidade de Goyaz vale por três dias em qualquer lugar do Planeta, vulgo Terra!
Então, agora sorria pessoa! Sorria, dê uma gargalhada interna e solte essa diva que reside no seu interior melancólico... Garotos de todas as espécies; liberem-se também... Vocês podem arrotar, e rir, porque não poderiam rir os homens não é mesmo? Enquanto isso, Meninas avante: riem, façam guerras de sorrisos pelas ruas afora e que vença a que tiver a alma mais feliz!
Ou o tempo passará muito devagar, e tão devagar que vocês serão incapazes de aproveitarem algumas fases. Alguém quer um exemplo?
---Chiara, você se lembra do seu primeiro beijo?
---Ah Carol, foi muito doentio! Foi com o Pablo. Ele era irmão de uma menina que foi minha amiguinha na escola. O conheci fazendo trabalho de artes na casa deles, você pode acreditar?
--- É eu lembro. Pablo era aquele bem gordinho que se parecia com um “potinho”? Ah, um que tinha os olhos bem claros e falava pra todo mundo que ele não precisaria de nada além do carro dele para namorar, pegar e fazer sexo com as meninas. Isso depois que ele ganhou um carrinho do pai não é?
--- Carol escuta essa música dos Caras que eu te falei...
---“Você tem que olhar a estrada, com uma cara cansada, como uma velha amiga, que você já não agüenta mais.”
---Abaixa esse som Chiara. Pô, Guria eu estou conversando com você, tentando fazer um resuminho emocional para te ajudar a achar o problema e você foge do assunto. Até parece que ainda gosta do Pablo? O som é bom, mas, não é hora agora.
---É hora sim Carol! A estrada tem uma cara cansada, eu não gosto mais do Pablo, eu pouco sei sobre meu passado que já não agüento mais e do Mortão eu só quero paz.
---Não Senhorita Garibaldi, o Conto de Fadas não é essa canção!
---Conto de Fadas é história literária, Carol. Nisso você tem toda a razão, Contos de Fadas nunca foram canções.
---Sem piadinhas Chiara, sem suas piadas. Sua Palhacinha!
---Ah sei! Sem piadinha Chiara, mas, você bem que pode encher meu saco é?
---Não, não estou enchendo o seu saco não. Estou ajudando uma louca a ter equilíbrio emocional.
---Eu, Chiara Garibaldi, desequilibrada emocionalmente?
---Sim!
---Carol, tenha a santa paciência e passa amanhã depois da chuva. Ou você não lembra minha querida amiga que para ter desequilíbrio, primeiramente é preciso de algo para se desequilibrar? Eu estou tão solteira, tão singular e se você duvidar, eu posso até voar...
---Ai Chiara! Voar? Conta outra, isso você sempre pôde sua maluquinha! E mais um motivo pelos quais seus relacionamentos nunca dão certo. Você voa! Voa alto, aliás, sempre voa pra muito, muito longe do chão. O chão de giz, onde você já deveria ter rabiscado histórias de sexo, nessa trilha sonora sua de Rock’n Roll pela vida, pela estrada afora, por toda essa história sem Lobo Mau.
---Hunf! Não é assim Carol! Sexo é opção e eu não preciso “poha”, ser uma feiosa, usar óculos de fundo de garrafa, saiotes, cirolas arrotas e chinelo com meias para ser simplesmente, virgem. Sinceramente, eu não entendo porque tanto preconceito com meninas virgens! E isso é tão bom, isso de ser virgem, que lá nos EUA, as meninas estão buscando cada vez mais serem menos papéis higiênicos dos homens. Ou você vai me dizer que na hora de ficar com uma Guria pra valer, eles vão querer a que eles passaram o tempo inteiro descobrindo os lugares oriundos em fantástica companhia? Não! Eles vão querer uma singular fantástica companhia, uma novidade, um mistério, eles ainda querem descobrir qual a bodega do amor e não passarem a vida inteira repetindo frases decoradas e brindes escassos com as garrafas de vinho de qualquer adega.
---Você tem razão. Mas você não precisa ser radical. Sabe o que eu acho?
---O quê?
--- Que devemos bisbilhotar que feira do livro é essa que está rolando, lá no “Cinemão”, no espaço do Empório.
---Eh Carol. Agora você teve uma boa idéia minha amiga. Quem sabe eu encontro além de leitura pop, alguns conhecidos por lá?
---Desculpa qualquer coisa Chiara, mas, eu só quis te ajudar.
---Relaxa.
---Chiarinha, mas, uma coisa é muito certa, você tem um tesouro guardado que quase nenhuma menina tem nessa vida. Poucas são fortes como você é. Quase todas são fracas demais. E muitas sinceramente, foram muito enganadas. No entanto minha amiga, nós somos todas femininas e merecemos respeito. E as Gurias Puras como você, com muito Pop Art no coração, podem fazer a diferença por todas nós que já passamos despercebidas...
---O que você quer dizer Carol?
---Chias, minha querida atenção! Não faça “merda” depois que você já chegou até aqui! Não fique triste por quem não te merece. Não perca seu astral por alguém que ainda bem, não foi com você desenhar com giz de cera nas paredes brancas de um quarto ensolarado em dia de chuva. Não escute o chamado da raposa mais esperta e sim os ruídos dos pássaros mais alegres. Em outras palavras, se você ainda é virgem, não vá fazer amor ou sexo pela primeira vez com qualquer idiota por uma simples curiosidade. Se precisar, eu empresto pra você o meu “amigo vibra sem dor”.
---Ah, Carol! Dia perfeito hoje... Perfeito, para irmos dar umas voltas, xeretar a feira do livro no Empório e o Cinema.
---Você é um orgulhinho sabia?
---Sabia!

Lá na Terra do Nunca, o Sol rachava os paralelepípedos mais antigos. E depois dessa “saidera” das meninas, o mundo nunca mais parou para um choro de dores passadas e corações caçados. Raposas não tinham vez, não farejavam os doces e nem se escondiam atrás da sombra do bom moço que visitava as meninas nos sonhos em que elas ligavam o abajur para uma leitura antes de dormirem.
Chiara Garibaldi era uma menina linda e comum. Ela se apresentava muito bem colorida e feliz sempre por onde passava. E as pessoas lhe davam muita atenção devido a sua simpatia. Algumas pessoas confundiam o brilho do gloss em seus lábios com pingos de cachaça doce. Beijos roubados eram confundidos com estratégias de sonhos. E assim Chiara era apenas uma confusa menina-mulher, o orgulhinho de muitas amigas e o dilema para várias intrigas. E pode crer, que seu sexo era puro e verdadeiro, sua pele era a mais fina flor que um belo pintor em algum lugar exilado, um dia desenhou. Chiara, pertencia ao time das meninas de peito e embora não fossem seios volumosos com borrachas internas e quentes, eram medianos e suaves. Assim, a balada do amor inabalável convidava o menino a dançar, sem em seus pés pisar. E por outro lado ela era todas as cores do Rock’n Roll, punk, clash, emo, pop, não existiam clichês... Chiara, apenas dançava no zumbido que o destino deixava ensurdecer...
Treze! Muitas treze vezes diferentes! Assim era a Carol Linder, a melhor amiga de Chiara Garibaldi. E você quer saber como era a Linda Caroline?
Menina esperta dos olhos amendoados, corpo acentuado, traseiro avantajado, silhueta de mulher e sorriso de boa amiga. Carol, não media esforços para viver, ela era matemática, ela era incrivelmente real e nunca teve medo do mal ou de animais que ruíssem como um sinal... Ela sempre seguiu em frente sendo trilhas claras ou de escuridão. Não fantasiou além das histórias de Contos de Fadas e seu único medo era o mundo encantado que Chiara acreditava existir no coração de um homem. Carol era uma lança de fogo do arco e flecha de sua melhor amiga, ela sempre fora tão destemida que nunca evitou provar suas fomes e suas comidas. Ela viajou pelo mundo e trouxe na bagagem a cultura dos lugares que encontrou mais amor. E um deles era tão canibal, que para Chiara sopa de letrinhas poderia lhe fazer mal. Outros para Carol eram tão mórbidos e infantis, que apenas trouxe para sua amiga escrever coisinhas bonitinhas e sutis. Caroline Linder é a melhor amiga de Chiara Garibaldi a menina que está presa no mosaico do tear dos sonhos. Sonhos de Menina, sonhos sem nicotina, sonhos sem gasolina, sem álcool, sonhos onde existem ruídos de um trem no fim da linha... Os sonhos que são de quem os esperam no frio, num banquinho simples de espera, por algo, por um amor escondido no trem de ferro.

---Carol, você viu aquele Cara olhando pra cá?
---Vi.
Carol folheava livros sobre como viajar com pouco dinheiro, para lugares frios e sem conhecer idiotas no meio do caminho. Na verdade, ela nem tinha visto cara nenhum.
---Carol, ele está olhando pra você!
---Ah está! Chiara até parece que um cineasta vai se interessar por mim! Talvez. Mas, hoje não minha querida. Já tem você aqui do meu lado toda colorida e eufórica, quase dizendo: “Oi, sou a Chiara Garibaldi. E eu sou virgem, por isso, você é um idiota e vai fazer tudo o que eu quiser. Até mesmo um filme sobre um assunto qualquer, assunto que eu quiser.” Mas, considero que você é quieta demais para explodir sua libido em palavras, então, deixe isso escorrer no suor da sua testa. Confuso. Hoje não está tão calor. Chiara, não há suor na sua testa!
--- Ah, Carol, você ás vezes me confunde.
--- Você se confunde!
--- Eu não!
--- Você sempre se confunde Chiara. Ser virgem é uma mesmice.
--- Carol, agora a pouco você tinha falado que...
--- Desculpa, desculpa... Não é uma mesmice. Mas, tente entender que para mim e para metade das meninas que já descobriram o sexo, você é confusa.
--- Eu?
--- Chiara, para mim tudo bem, você não é ameaça de nada, pois, você é minha melhor amiga. Mas, atenção! Pra todas as outras que não são suas amigas, você é a “carne fresca” do pedaço, compreende?
--- Não muito...
---Chiara, você é o centro das atenções! E depois, umas espertinhas vão querer lhe dizer; que homens não gostam de mulheres virgens. Mentira! Virgindade só é complicada, se o caro for virgem, porque assim ele pode correr o risco de errar o buraco, pois, do contrário, é um prazer enorme para eles.
---Ah, disso eu sempre soube.
---Eh, todo mundo sabe o que você sabe, não é por nada que é você é a guardiã do tesouro perdido de tantas outras mulheres. São frustradas, arrependidas, desoladas e recalcadas. Ou são alegres, felizes, bem resolvidas, ativas, espontâneas, e qualquer outra coisa legal que se descubra após ser respeitada, amada e reconhecida por um grande homem. Pena! Só encontrei os pequenos homens da sociedade até hoje...
---Caroline Linder. Você não é estorvo de pequenos homens. Você é uma grande revolucionária que...
---Se entrega e se estraga e chora por todos eles?
---Não! Carol, você é uma pessoa boa. Uma linda mulher e tudo bem que ás vezes, você exagera mesmo. Mas, isso não quer dizer que você não mereça ser amada, respeitada, bem cuidada e idolatrada no coração de um Grande Homem!
---Não, não quer dizer. Porém, as Meninas como você Chiara, estão a frente de todas nós. E por mais que a sociedade diga que tudo isso é uma bobagem, a pior hipocrisia é essa; deles dizerem que mulheres possuem direitos iguais, mas, ao escolher eles nunca reciclam a libido de idéias com que eles se acomodaram por algum tempo...
---Isso é canalhice!
---Chiara, o amor é um relacionamento sem cheiro e sem sabor. O amor deveria ser tão sublime quanto a uma nuvem ao tato e tão sonoro quanto um sussurro ao arrepio.
---Carol, voltando a falar do cineasta...
---Acho que ele tirou uma foto sua Chiara.

Trovões caíram naquele instante no fim da tarde de sol. Chiara não estava só, ela não teve medo dos fantasmas de sua voz e não poupou arranhões com o cara a sós...
---Você!
---Como vai bela Menina?
---Você, que foto é essa? Se você quer uma fotografia minha, pode pedir.
---Carol, ela é sempre assim?
---Você o conhece, Carol?
---Não.
---Eu prestei atenção na conversa de vocês. Eu estava na banca ao lado, folheando livros sobre o cinema moderno.
---Ah.
---Belo nome, Chiara!
---Obrigada.
---Você vem sempre aqui? Qual o seu nome? _Carol
Chiara continuou confusa, afoita e com uma pontinha de raiva no peito.
--- Podem me chamar de Caio. E aquele ali olhando umas guitarras é o João Paulo, mais conhecido como Paul.
--- Muito prazer. Mas, que foto era aquela?
---Bom era pra ser uma surpresa para hoje a noite Chiara. Pensei que a encontraria em algum lugar da cidade e então, que eu pudesse ter revelado a fotografia e dedicado algo do meu trabalho para você.
---Ah, a Chiara pensou que você era cineasta, não fotógrafo.
---Mas, eu sou cineasta sim e tem um filme meu competindo na amostra da ABD. No entanto, eu sou maluco com fotografias, amo fotografar.
---O meu pé? O que você viu no meu pé?
---Chiara você tem um lindo pé. Olhe, repare os contornos do teu pé!
---Não sei...
--- Então, como você entregará a foto para minha amiga Caio?
---Se ela me permitir, Carol, eu pretendo convida-la para um jantar lá na Bodega Fantástica.
---Lá não serve janta. _ Chiara
---Ah, não? Então o que servem lá?
---Crepes, cafés, drinques...
---Então, se a Chiara preferir jantar em outro lugar, e depois irmos à Bodega para apreciar crepes como sobremesas, porque não?
--- Muito obrigada Caio, mas, eu encontro você na ponte de Cora ás nove.
Chiara saiu e foi olhar umas guitarras...
---Ah, não se preocupe com ela Caio, ela é sempre assim, arisca com qualquer homem.
---Ela é virgem?
---Não lhe interessa! É bom mesmo, ela apenas se encontrar com você na ponte. Tchau!
Carol saiu ligeiramente de perto de Caio, sem ouvir o que ele tinha a dizer e disposta a não contar nada para Chiara, ou nem as fotos ela buscaria.
Antes da meia noite, Chiara se encontrou na ponte de Cora com o amigo muito chato, o Caio.
--- Aqui estão as suas fotos Chiara.
--- Muito obrigada, Caio.
--- Posso te pedir uma coisa?
--- Depende!
--- Simples coisa Chiara.
--- Depende, já falei.
--- Então feche os olhos, por favor?
--- Para quê?
--- Surpresa Chiara, surpresa agradável.
--- Tudo bem, já que você tanto insiste.
Caio se aproximou de Chiara para roubar um beijo, e ela o empurrou. Não beijou!
--- Caio, por favor, não insista.
--- Ah, bela menina, porque não?
--- Não, e, é melhor eu ir embora.
--- Menina dos lindos pés. Fico eu aqui sem um beijo teu?
--- Sim!
--- Princesa minha, não faça assim comigo!
--- Não sou Princesa, nunca fui sua!
--- Chiara, tu és bela demais, e eu não vou ficar aqui dizendo isso porque tu já sabes como és linda. Tu és muito convencida, mas, eu não lhes tiro a razão. No teu lugar eu também seria assim. Ah, um beijo apenas Chiara, um doce beijo?
--- Pô meu, por favor, não insista vai... Eu não quero um beijo doce, nem um beijo azedo vai...
--- Chiara, foi um prazer conhecer você, ter estudado com você durante esses três últimos dias, e se você não pôde perceber, eu não tirei os olhos de sua beleza nenhum minuto nas aulas de cinema.
--- Chiara beija ele logo! _ resmungou Carol
--- Não Carol! Ah, dê licença, por favor, Carol!
--- Chiara vou lhe esperar lá na Bodega Fantástica. Amiga, o beija ou você cometerá um grande erro...
--- Grande erro?
Carol foi para a Bodega Fantástica.
--- Chiara, você gosta da Bodega Fantástica?
--- Adoro. Você conhece?
--- Então, esqueça o beijo. Você aceita tomar um chá ou um café ou qualquer outro drinque aqui?
--- Sem beijos?
--- Como você quiser bela menina.
--- Aceito! Será divertido...
Lá na Bodega, o Mundo gira diferente...

--- Sente-se, fique à vontade.
--- O que vocês vão querer?
--- Uma caipirinha para mim. _ Chiara
--- Eu acompanho a Princesinha. _ Caio
Ouviu-se um risinho da jovem Senhora que os atendia...
--- E você, aceita algo?
--- Um chocolate quente, por favor?
--- E crepes, vocês aceitam?
--- Nutella com morangos, por favor. _ Carol
--- Yeah, vou querer um desse também.
--- Então são três crepes de nutella com morangos, por favor. _ Caio
--- Com licença, não vou demorar...
Naquela noite, as bandas não estavam tocando ou ensaiando algum som lá. Mas, tinha um som da Janis Joplin animando e relembrando o woodstock.
--- Aqui estão, os crepes, as caipirinhas e o chocolate quente. Tenham uma boa noite.
--- Carol e Caio, vamos brindar ao Festival?
--- Ah, ótima idéia!
--- Mesmo porque, se não fosse o Festival vocês não teriam se conhecido.
--- Carol, quieta!
--- Não se preocupe, ela está certa Chiara. Então porque não aceitas um convite para ver estrelas ao sair daqui?
--- A Carol pode ir conosco?
--- Sim, sem problemas...
---Não, não posso ir com vocês, sabe o que é? Eu marquei um compromisso com a Flora, aquela menina que estava no curso de cinema.
--- Agora?
--- Sim, e eu já estou atrasada, com licença...
--- Mas, Carol...
--- Carol, não precisa de dinheiro. Eu faço questão...
--- Muito obrigada, Caio. Ah, e cuide bem da Chiara. E Chiara, abaixe a guarda pro garoto.
--- Tchau Carol. Você tem as chaves?
--- Tenho, aliás, não é melhor você ter as chaves, não?
--- Não!
---Bom, é vocês quem sabem!
--- Boa noite, Carol!
--- Divirtam-se!
Carol foi com Flora ver umas bandinhas de rock no Empório onde também ficava o cinema. E Chiara, muito sem graça, apoiou a mão direita no queixo, o cotovelo sobre a mesa e sorriu levemente, encarando Caio...
Ele não pensava em outra coisa além de um enorme beijo. E Foi assim que eles ficaram durante toda a madrugada conversando lá na Bodega Fantástica.
Ela contou sobre sua infância, seus segredos e seus amigos. Descoloriu o mundo cor-de-rosa em que Caio imaginou que ela morasse. Enquanto ele contou, tudo sobre o amor ao cinema e o seu curso de medicina no Rio de Janeiro. Um pouco distante, e essa vocação de acadêmico de medicina e cineasta, não é? Mas, como Chiara não tinha preconceitos com os fatos, ela pensou que ele era apenas mais um no meio de muitos outros médicos não muito bem resolvidos e xeretas às artes, e mascarados como arteiros...
--- Então a Senhorita Garibaldi, estuda cinema em São Paulo?
--- Estudo. E você, Doutor Caio Heineker será um futuro médico?
--- Ainda, não me decidi. Estou na metade do curso. Posso largar tudo e ser o seu cineasta maluco, o que pensas?
--- Você não seria louco o suficiente para isso!
--- Seria, eu infinitamente, eu seria, por você, seria muito louco!
Caio segurou firme a mão esquerda de Chiara e beijou. Um beijo ardente e sutil, como uma nuvem de verão que desliza no céu de inverno...
--- Você é maluco, Caio!
--- Você é linda, Chiara. Você pode me deixar maluco sempre, e eu serei o maluco mais maluco, o maluco mais feliz do mundo ao seu lado, querida princesa!
--- Ah, mas não largue a medicina por mim.
--- Então, largarei por quê?
--- Não largue a medicina. Vejo, eu sinto tanto amor quando tu falas sobre corpos, ossos e mentes humanas.
--- Será?
--- Sim. Caio, Doutor Heineker. Você será um ótimo médico!
--- Amor, eu posso ser o seu médico!
--- Ah, pára! Essa foi muita sem graça!
--- Concordo!
Olhares foram confusos e risos pelo ar, difusos a soarem algo engraçado naquele momento tão nostálgico...
--- Chiara, você pode fazer um pedido á fonte?
--- Você acredita em fonte dos desejos?
--- Não muito, mas, hoje eu queria muito que realizasse os nossos desejos.
--- Ah, eu quero, se tu queres também...
--- Venha e me dê sua mão. Aqui está uma moeda, sua moeda de sorte. Pois, sou um ótimo rapaz!
--- Engraçado você. Mas, não podemos contar o desejo, é assim que funciona...
--- Deseje então, pode ser o que quiser. Jogue a moedinha!
--- Ploft! Caiu?
--- Confesso que passou um pouco longe, e caiu. O que você desejou?
--- Não posso contar! Vá, é a sua vez!
--- Ploft! Caiu?
--- Não! Hehehe
---Então, perdi meu desejo?
---Não!
---Não?
--- Yeah, vamos lá, você pode ter uma segunda chance, por que não?
---Tudo bem. Agora eu vou acertar. Torce por mim?
--- Uhm, veremos no que eu posso ajudar. Bom, eu sempre soube que eu era difícil. Então, tente novamente! Jogue a moeda logo, jogue!
--- Convencida você, linda Guria!
--- Ah, convencida eu? Isso é você quem diz.
--- Ploft! Caiu?
--- Yeah, o Caio caiu... Aliás, a moedinha do caiu na fonte.
--- Podemos ir Chiara?
--- Aonde?
--- Ver estrelas. Não foi esse o nosso combinado?
--- Aonde?
--- No chão de estrelas!
--- Chão de estrelas?
--- Surpresa.
--- Ah, te conheço muito pouco para confiar em suas surpresas.
--- Me dê um abraço?
--- Você quer um abraço?
--- Yeah, sabe Chiara, as pessoas se beijam muito, almejam sexo o tempo inteiro, mas, poucas conseguem gostar e sentir um verdadeiro abraço de verdade. Raras pessoas pedem um abraço, precisam de um conforto entre braços!
--- Seu abraço é tão carinhoso, quente e cheiroso. Ops! Eu falei demais!
--- Não se sinta envergonhada. Você foi apenas sincera, e isso é uma virtude. Bom, você parece esconder vários segredos e virtudes, não? Acredito muito que você seja uma Guria muito especial.
A noite de estrelas, não escondia a lanterna mágica com três desejos, mas, a fonte com dois segredos.
Chiara Garibaldi e Caio Heineker, percorreram todos os lugares legais, foram até o Empório que já havia fechado e lá na praça do coreto as barraquinhas estavam sendo desocupadas, já era tarde e a cidade esvaziava...
A Bodega Fantástica estava fechada. A temperatura marcou cinco graus aos arredores do Rio Vermelho. O frio era o melhor amigo. Os abraços dele, o melhor abrigo.
Mãos geladas, trêmulas e corações desconfiados um do outro. Será que aquilo era apenas um sonho de Inverno? Será que poderiam se encontrar depois do Festival? Ou será que momentos extramente felizes são as saudades do mal?
Respostas confusas. Mas, como aproveitar o minuto sempre fora mais importante, os risos e sorrisos se encarregavam de serem as legendas dos pulsos daqueles corações estonteantes.
E ali beira-rio, fumando um cigarro de mentolado eles estavam até o sol raiar...
O sono era um velho amigo, e a estrada de volta para casa, era longa demais para um deles se levantar...
Aconchegaram-se ombro a ombro, e cochilaram abraçados ouvindo o barulhinho do rio passar. E algum tempo depois, alguns raios de sol ofuscavam seus olhos devagar, para um novo dia que acabou de começar...
--- Bom dia! Amor!
--- Bom dia! Querido amor! _ Chiara
--- Dormimos ao relento, não?
--- Nem senti frio, foi tão forte teu acalento, Caio!
--- Obrigada. Há tempos eu não ouvia o coração de uma menina, que valesse a pena descansar simplesmente aconchegada sem nada mais...
--- Obrigada pelo nada mais! Isso me deixa tão feliz...
--- Chiara, eu entendo você. E mesmo que duvides de mim, ainda que cedo demais para dizer, eu apenas sinto que você é um enorme amor.
--- Por favor, Caio, deixe-me acreditar que tudo é de verdade e que dessa história a dor no coração nunca terá cor?
--- Cor? Como assim cor minha Princesa?
--- Cor! Que a dor do coração nunca tenha cor. Que seja preta e branca. Enquanto estivermos colorindo tudo que o nosso amor desenhar.
--- Chiara, Chiara, você é especial Guria minha! Só você simplesmente faz o meu mundo rodar...
--- Vamos dançar?
--- Sem música?
--- Sim, sinta o cheiro da natureza, o som das águas do rio e os pássaros a cantar...
--- Eis a nossa valsa?
--- Nem só de rock se vive uma vida querida menina.
--- Mas quem disse que esse som dos pássaros, das águas do rio e do ar. Não é rock’n roll?
--- Chiara, talvez você tenha razão. Mas vamos, rodar, rodar e rodar...
--- Seu maluco, eu te amo!
--- Minha Princesa, pra sempre minha. Longe ou perto, minha menina.
--- Vamos comer alguma coisa, estou com fome e você minha linda?
--- Uhm, um suco de cajuzinho e um pastel?
--- Podemos ir ao mercado, já deve estar aberto. Mas, que bela refeição para a Garota de um Médico, não?
--- Ih, você não ia largar a medicina e ser o meu cineasta maluco?
--- Ah, é eu ia?
--- Brincadeirinha! Doutor, Caio!
--- Tudo bem, ora, ora. Vamos lá ao mercado comer esse pastel e beber um ultra, mega gelado suco de cajuzinho. Mas não acostume com as comidas erradas, calóricas, pois, eu ainda insisto em cuidar de você, viu minha linda?
--- Uhm, você deixará, eu pensar? Combinado!
E correram ao mercadinho mais legal de todas as cidades. O mercadinho da Terra do Nunca tem o melhor pastel com massa de água e pinga, frito na hora e com delicioso recheio de carne ou queijo...
--- O que a Senhorita vai querer?
--- Uhm, um de queijo, por favor. E um suco de cajuzinho sem açúcar.
--- Que incoerência com o açúcar, não?
--- Ah, Caio!
--- E o Senhor?
--- Vou querer também um pastel de queijo e um suco de cajuzinho, mas, o meu é com muito açúcar, por favor.
--- Engraçadinho, e depois reclama de mim.
--- Amor, amor, Chiara. Hoje eu liberei tudo.
--- Ah foi? E você precisa liberar as coisas é?
--- Yeah, yeah, yeah... Preciso liberar sim, como por exemplo, eu vou liberar a senhorita para ir para casa e dormir, antes que seus primos pensem que eu a seqüestrei.
--- Dormir?
--- Você não está com sono?
--- Estou, mas, e depois você vem me ver?
--- Claro e vou passar o resto do dia, dos dias, dos tempos com você...
--- Será triste quando voltarmos para Sampa, pro Rio...
--- Um brinde?
--- Ao quê?
--- Chiara, brindemos á eu e a você. Longe ou perto, eu quero sempre te ter, te ver e estar com você, cuidar de você... Amor, eu quero colorir o seu mundo.
--- Brinde e beijinho também!
Brincaram de namorar lá no mercadinho encantado, onde jovens amanheciam sempre com um sorriso estampado, no Festival que nunca fora interpretado mal...
Afinal, como será daqui a alguns anos, toda essa natureza, se não fosse o Cinema Ambiental?
A natureza perderia parte de suas flores, não nasceriam os seus frutos, os pássaros esqueceriam para sempre dos seus cantos e o céu já não teria nenhum encanto. A natureza sem o meio ambiente estaria doente, ela não seria mais o Rock’n Roll.
No outro dia pela tarde, os primos de Chiara a acordaram aos berros junto a Carol.
--- Onde você estava?
--- Vendo estrelas na beira-rio, ora, oras...
--- Sei...
--- Verdade!
--- Chiarita Garibaldi, prima minha, você estava vendo estrelinhas?
--- Ah, meu não torram o meu saco, vai...
--- Tudo bem, mas apresente o Donzelo pra gente?
--- Ah não Leandro, Donzelo é foda vai...
--- Ah não o quê? Ah Marcelo, ele tem que ser um Donzelo ora, oras... Ou não estamos na Terra do Nunca. Bom, eu espero que ele não seja é o Peter Pan.
--- Peter Pan, essa foi boa!
--- Carol que horas você chegou? _ Chiara
--- Amiga essa pergunta não é pra você, não?
--- Boa, boa, boa ... Prima vai contando pra gente que horas você chegou?
--- Argh! Se eu cheguei de manhã. Foi e manhã ora bolas...
--- Uhm, tinha bolas nas horas olha só Marcelo. Eu, não dou conta dessas meninas não viu...
--- Não enche o saco Leandro!
--- Ah, foi só brincadeirinha, calma, calma!
--- Cadê o resto do pessoal da casa?
--- Galera foi toda pra rua...
--- O Leandro soltou as flatulências dele demais hoje de noite, por isso, a galera já saiu...
--- Ih, lá vem o Marcelo com a brincadeira sem graça!
--- Mas conta pra gente Chiara, onde você conheceu o Los Hermanos?
--- Los Hermanos?
--- Ah a gente espiou pela janela quando ele veio te trazer aqui de manhã, ele parece com o Los Hermanos.
--- Chiara, seus primos são muito criativos.
--- Onde você conheceu o Los Hermanos?
--- Faz tempo.
--- Colega de escola da Chiara._Retrucou, Carol.
--- Vocês já almoçaram?
--- Chiara, eu não almocei não, mas vocês já almoçaram?
--- Argh! Muito engraçado, Leandro. Não. Ninguém almoçou! E eu e a Carol estamos com fome.
--- Você ouviu essa, Marcelinho? Elas estão com fome. Eu disse, eu disse que eu não dava conta dessas primas suas...
--- Vocês não vão almoçar, não?
--- Ah, tem uma pizza que a gente pediu há uma hora.
--- Onde?
--- Ainda não chegou.
--- Ah, muito engraçado. Muito engraçado.
--- E dá pra nós duas também?
--- É a gente ia acordar vocês mesmo para ajudarem a comer a pizza.
--- Ah, Chiara a gente pediu pra vocês também, lógico.
--- Pizza de quê?
--- Chegou.
--- Nem sabia que eles entregavam pizza em casa aqui na Terra do Nunca.
--- Nem eu.
--- Ah, vamos comer Chiara? Estou com fome, muita fome.
--- Uhm, pizza de queijo e frango e batatinha palha... Boa pedida, primo!
--- Tem uma Coca-Cola na geladeira...
Após o almoço, ligaram o ventilador do quarto e foram para lá devorar uma barra de chocolate, enquanto, Chiara terminava o banho e se arrumava para esperar Caio, o Los Hermanos...
--- Carol, porque você está chorando? _ Leandro
--- Ah, um pouco triste apenas...
--- Come um chocolate que você melhora!
--- Não chora não Chiara, o Leandro tem razão se você comer um chocolate, você melhora.
--- Não, obrigada. Melhor não, além de tudo eu estou gorda.
--- Gorda? Não, gordo sou eu! _ Leandro
--- Ah, mas conte pra gente qual o motivo desse choro todo?
--- Vocês vão guardar segredo?
--- Vamos, pode contar pra gente. No máximo o Leandro vai rir de você.
--- Ah, meus pais são ótimos para mim, conversam tanto comigo, mas, eu não agüento mais essa vida sem dinheiro. Sabia meninos, eu vejo as minhas amigas, primas, pessoas que tem tudo, e eu apenas escutando que eu sou pobre? E o que me revolta não é o fato de ser pobre, estar pobre, o fato pobreza. O que me revolta é que eu nasci muito rica, mas, minha mãe se drogou, traiu meu pai, separaram e depois eles voltaram, e meu pai fugiu para não pagar uma indenização da empresa dele nessa mesma época, e quando voltou para o Brasil ele não teve como fugir disso. E ele coloca em mim uma culpa que não é minha. Meu pai diz que voltou porque minha mãe se drogou com alguns fumos, e não conseguia mais cuidar de mim. E eu tinha apenas seis anos. Lembro-me de algumas coisas antes da separação, como meu primeiro dia de aula no pré-alfabetização. Meu pai era muito bonito e a professorinha olhava tanto para ele. Nesse dia, não me sai da cabeça o beijo no rosto que meu pai deu na minha professorinha, e eu que fui a ultima a ir embora porque fiquei um tempo enorme esperando pelo meu pai, apenas, reparei que o papai ou mamãe de outras colegas, nenhum deu beijo no rosto dessa professorinha. Então quando saímos da escolinha, fomos ao shopping. Mamãe ligava pro telefone do meu pai e ele não atendia, eu sei que era a Mamãe, porque ele falou. Ou isso era uma desculpa para não atender porque já íamos logo para casa, era o que ele dizia e claro, considerando que eu por ser criança não entendia sobre noções de tempo. Então, meu pai me colocou nos ombros e brincou comigo. Acredito que ele sempre me amou. Bom, então nós fomos a tantas lojas e ele comprou tantas coisas que eu nem me lembro mais. Aliás, eu nunca esqueci o pijama vermelho que ele disse ser presente para a mamãe, mas, ela nunca teve um pijama vermelho. Após as compras, papai ainda me carregava nos ombros e com uma mão segurava muitas sacolas. Fomos comer sanduíche e tomar sorvete. E fui cada vez mais sentindo sono. Acredito que dormi no carro e meu pai me levou até o quarto, me deu banho, colocou meu pijama e me deixou dormir. E de repente eu ainda me lembro como se você visse um pesadelo, e eu acordei, e desci da minha caminha e fui até a sala ver os gritos da minha mãe. Ela tinha um cigarro aceso numa das mãos e com a outra ela jogava copos, vasos, e garrafas no chão. Meus pais não perceberam que eu fiquei ali no cantinho da porta por um tempo, assistindo o meu pior pesadelo. Por um minutinho meu pai olhou para trás e me viu, ele logo correu e me pegou nos braços, ele pegou a chave do carro e saiu. Ele deixou a minha mãe gritando e chorando sozinha em casa. Lembro que ele me levou para a casa de um amigo dele, na verdade era o sócio dele, e ele tinha um filho, um menininho lindo muito gordo e com olhos azuis enormes, e esse garotinho sentou-se ao meu lado, segurou a minha mão e ficou assistindo desenho animado comigo. Depois a mãe desse garotinho, ela já se apresentava mais velha do que a minha mãe, e era bem gordinha, mas, muito amiga, carinhosa e agradável. Ela me colocou no colo e cantou pra mim a música do filme do Rei Leão. O Garotinho segurou a minha mão tão forte, e nesse dia meu coraçãozinho pulsou bem forte. Talvez a única coisa concreta que eu tivesse na minha vida naquele momento fossem os arrepios que faziam pulsar o meu coração de criança. Ela dizia para mim que tudo era um sonho ruim, e de fato ela tinha uma razão futura sobre tudo. Falo assim, porque alguns anos depois, após essas confusões com a minha família, uns sete anos depois, meus pais voltaram a morar juntos. E para mostrarem para todo mundo que estavam bem, embora falidos. Mas vivendo de muitas aparências, pois, ainda existia um dinheiro a juros no banco, e eles me deram uma festa à Fantasia com tema infantil que foi linda de aniversário. O tema da festa era o fundo do mar, e eu estava fantasiada de Ariel, a pequena sereia. Ainda me lembro como se fosse hoje, do menino gordinho, o mesmo do dia do meu pior pesadelo, que segurou a minha mão, ele chegou á festa fantasiado de tubarão e me deu um beijo no rosto. E eu sentia um carinho especial por ele. Então a festinha estava ótima se não fosse um imprevisto na hora dos meus parabéns quando meu papai me suspendeu para soprar as velas, e eu senti uma coisa molhada entre as minhas perninhas. E tudo bem que o tema da minha festa de aniversário era o fundo do mar, no entanto, não era para eu estar toda molhada, sentindo dores horrorosas na barriga e vontade de chorar. Nesse aniversário eu apenas pedi para as velinhas mágicas do meu bolo de estrela-do-mar, eu pedi para durante muitos e muitos anos, eu não me sentisse molhada de nenhum jeito entre as pernas, para que nenhuma daquelas dores me surpreendesse e para que por tanta agonia eu não tivesse mais que chorar. Foi assim que de repente, eu corri para o banheiro logo após, os parabéns, sem cortar nenhum pedaço do bolo. A minha mãe sempre muito ocupada com os preparativos, nem percebeu minha aflição e continuou organizando pratinhos e cortando pedaços de bolo, enquanto, eu estava no banheiro chorando, aflita e sem saber o que fazer, pois, meu xixi tinha mudado de cor. Foi quando a mãe gordinha, mais amadurecida do que a minha e amiga, a mãe do garotinho de olhos azuis, ela perguntou se eu estava precisando de ajuda. Eu soluçando aos prantos respondi que sim, então ela abriu a portinha e me perguntou o que estava acontecendo, e eu disse que meu xixi tinha mudado de cor. Ela sorriu e disse para eu não chorar e que embora eu ainda fosse muito jovem, ainda que não mais tão criança de fato, isso era muito normal, o meu xixi mudar de cor. De repente, no meu aniversário de treze anos, eu tive a minha primeira menstruação. Eu quem nem conhecia muito sobre o corpo humano ainda. Ela conversou com a minha mãe, e por ter coisas mais importantes a fazer, a minha mãe deixou que ela conversasse comigo e me explicasse tudo sobre o meu primeiro xixi vermelho. Depois de trocar de roupa, colocar uma coisa ridícula, horrível, que muito me incomodava, colada a minha calcinha de babados lilás, ela sentou-se comigo no jardim e conversamos muito, sobre a minha puberdade. Nesse dia eu descobri que eu já não era uma criança, eu tinha dado o meu primeiro passo ainda que cedo, para a minha adolescência. E alguns anos depois, numa viagem que meus pais fizeram comigo e com a família desse amigo dele para praia, eu me afastei durante uma tarde pouco ensolarada e carregada com algumas nuvens que ameaçavam chuva, eu fui caminhando beira-mar... E como os meus pais pouco se lembravam onde eu estava para eles eu estava me divertindo e de fato, talvez eu estivesse me divertindo comigo mesma ao me lembrar do meu aniversário no fundo do mar, do menino de olhos azuis que hoje estava tão crescido quanto eu, mas, que por causa de um xixi vermelho eu não pude brincar com ele no resto da minha festinha, pois, passei a maior parte do tempo conversando com a mãe dele sobre tantos riscos vermelhos derivados do meu xixi vermelho, riscos que eu iria correr ao longo dos próximos anos... Foi á forma mais sutil que ela encontrou para me explicar de uma vez só, como era a adolescência, e até hoje eu penso que ela esqueceu que o filho dela tinha treze anos e eu também, ou seja, a maior parte do que ela me falava ficou flutuando como nuvens na minha imaginação durante muitos e muitos meses. O fato é que meus pais não se lembraram de mim nesse dia de praia, eles até saíram para um jantar temático no hotel. Meu pai já não era o mesmo, ele tinha aprendido a fumar com a minha mãe. Um dia eu tive um pai que me carregou no colo, ainda que para comprar um pijama vermelho que minha mãe nunca usou ou ao menos jogou no lixo. Um dia eu tive um pai que se importou em me tirar da briga dele com a minha mãe. Um dia eu tive um pai, ainda que por apenas um único dia, que se importou em comer sanduíche e tomar sorvete comigo após a escola. E nesse dia eu descobri que o meu melhor sonho era o meu pior pesadelo. Sendo assim, ninguém me culparia se acaso eu me perdesse pela praia e foi isso que eu teria feito, se ele, o menino de olhos azuis não tivesse me achado. João Paulo era o nome dele. O apelido dele era Paul, e apelido dado pela irmã dele antes de falecer num acidente, mergulhando com um namorado aos dezesseis anos, enquanto ele tinha apenas oito anos. Sim, na mesma época que meu melhor sonho se tornou meu pior pesadelo. Sinceramente? Ele tinha isso muito em comum comigo. E talvez, isso explicasse a enorme paciência e carinho que a mãe dele sempre tivera comigo. E óbvio que além do sentimento desleixado da minha mãe, sobre a responsabilidade de cuidar de mim, o restinho de bom senso que ela tinha, se confundia com um sentimento de pena. Pena por aquela senhora tão amável, a mulher do sócio do meu pai, ter perdido uma linda filha tão jovem, num acidente tão impensado, um mergulho? Foi assim que a minha mãe me trocou facilmente todas às vezes que essa senhora estava por perto, por um maço de cigarros de todas as variedades, cores, sabores e aromas. Por isso, o que havia de errado em eu estar perdida na praia? Sentei num alto coral, e fiquei observando Golfinhos no mar, brincarem, namorarem... Paul chegou com um sorriso tão lindo, tão cheio de vida e alto astral apesar de seu passado tão tenebroso quanto o meu, e eu apenas me perdi naqueles olhos azuis, tão azuis quanto às águas do mar e a dança de amor dos golfinhos que me alegravam... Ele se sentou ao meu lado, e outra vez segurou a minha mão. Ele perguntou se eu confiava nele e eu disse que sim, então, ele me pediu para fechar os olhos, eu fechei e ele me beijou. O relógio Rolex que ele ostentava no pulso caiu do alto dos corais no mar e ele apenas riu. Paul nunca se preocupou com dinheiro, porque apesar da empresa de nossos pais ter ido à falência, o pai dele era um grande fazendeiro do café. E embora eu estivesse beijando o filho do rei do café no sudeste deste meu país, tanto café não fora o suficiente para me fazer acordar. Acordar de um sonho ruim. Descemos dos corais e deitamos sobre a minha canga, nas areias brancas e frias naquela praia. E eu não sei por que eu sentia no fundo do peito que o Paul era um cara que daria certo com a minha melhor amiga, Chiara. E eu era apenas uma menina que sonhava com um mundo bom, uma família de verdade, enfim, saber o que era ter ou ser pai e mãe, e ter uma família de verdade. No entanto, fantasias me fizeram ser apenas mais uma alegre depressiva. Naquele dia passamos um tempo junto conversando deitados na areia, além de abraços e brincadeiras de pular em cima do outro. Detalhe que eu esqueci, de comentar, Paul estava com uma garrafa de tequila ouro e eu nunca tinha bebido tequila antes. E antes que meus pais se preocupassem comigo, eu estava bêbada demais para fazer do amor uma bolha de plástico que flutuasse talvez em qualquer lugar. Voltamos então ao hotel, peguei umas roupas no meu quarto, em que eu estava sozinha. Porque depois que meu pai aprendeu a fumar, um quarto triplo nas viagens era um grande incomodo, não pela minha rinite alérgica, mas, porque meus pais tentavam fazer com que eu acreditasse que eles não eram dependentes drogados, eu gostaria de dizer, fumantes. Bom, os pais de Paul eram muito preocupados com ele, e comigo também, quando eu estava por perto, não pela minha silhueta bem definida, meus seios arredondados, meus longos cabelos e meu sorriso estudantil, mas, porque eles sabiam que há tempos eu não tinha um pai, muito menos uma mãe... Assim, eles nos fizeram muitas recomendações, mas fizeram por fazer, pois, ainda que muito legais, e bonzinhos e amáveis, eles tinham no peito um sentimento de plena segurança em que o dinheiro deles poderia corrigir qualquer erro, ou quase qualquer erro, pois, nem com todo o dinheiro dos pés de café, eles há alguns anos atrás comprariam oxigênio por um minuto. Á tempo de mandar via sedex submarino para a filha deles e o namorado dela no fundo do mar. E o mais intrigante é que ao remexer as coisas da filha deles, ela, a mulher bondosa e amável, tinha encontrado um exame de ultra-som. A menina estava grávida de um mês e meio de gêmeos. Isso ainda é um mistério, pois, nunca ninguém soube explicar como o acidente aconteceu no fundo do mar. No mergulho romântico de dois namorados para verem peixinhos coloridos, para verem todas as cores do amor. Ninguém sabe explicar se o acidente foi mesmo um acidente ou um experimento para abortar idéias malucas de arrependimento. Sem querer, a mãe, a amável mulher, leu um cartãozinho de feliz aniversário de namoro em que o namorado de sua filha relatava como eles estavam felizes com a possibilidade dela estar grávida e com o casamento... Mas, do mesmo envelope caiu uma carta, meio que rabiscada e com aspecto de carta não enviada, uma carta ainda não terminada, em que em algumas poucas frases, ela a filha da amável mulher, ela, a jovem menina mimada, estava grávida mesmo. Mas, muito assustada com a idéia de casarem tão cedo e terem filhos, e que apesar de toda a mesada gorda que ela tinha, ela não se sentia mulher o suficiente para deixar de aproveitar a vida naquele momento e se tornar a esposa, dele e a mãe de duas crianças indefesas, tanto quanto ela. Antes de se perder com idéias malucas e compartilhadas sobre o casamento. A jovem menina, ainda assustada relatava como crianças pequenas davam trabalho e precisavam de muitos cuidados, pois, ela se lembrava muito bem de quando seu irmãozinho nasceu. Então na carta ela tinha escrito uma proposta radical, proposta essa que se acaso ele, o namorado dela, não aceitasse, não teria problemas, ela faria sozinha. Ela escreveu sobre o aborto que ela queria fazer, ela quis abortar seus dois bebês. E longe de hipocrisias, qualquer adolescente por mais que quisesse ter casado e ter filhos, já que tanto dinheiro era suficiente, qualquer menina no lugar dela ao se deparar com a realidade de uma gravidez, por mais fé que a pessoa tivesse, por mais amor que sentisse. É de se duvidar que em nenhum mísero segundo uma menina jovem como ela, que sempre saía e aproveitava a vida, viajava quando queria com amigos e amigas, e era a primeira a organizar festas e tinha uma vida social sempre cheia de reuniões, festas e eventos. Era sim de se imaginar que o aborto pudesse solucionar um erro grande, erro de se apaixonar loucamente ainda que muito cedo pelo primeiro namorado e perder a vida ao aceitar engravidar e casar para pularem etapas e se tornarem logo adultos. E o que ninguém poderia saber é se ela contou ao namorado sobre o súbito desejo de abortar, se ele concordaria em desistir do sonho de viajar no mundo de milhares de notas de dinheiro e com um bebê a tira colo, geneticamente bonitinho. Ou, se o acidente no fundo do mar, foi só um acidente, desses que podem acontecer em qualquer lugar do mundo, e com qualquer pessoa que esteja desbravando as maravilhas do fundo do mar... Então, depois das recomendações eu e Paul saímos. Fomos á uma linda Ilha onde tinha um Pub que na verdade era um aquário gigante. A banda de rock que tocava uma música mais ou menos assim: “ Rabisca o guardanapo com a bic azul e escreve um bilhetinho assim; toca Raul? Eu não toco Raul vocês me desculpem, eu acredito quando vocês dizem que ele é legal ... “ E o lugar, a música e a banda de rock eram muito diferentes e divertidos. E nesse dia ao sairmos de lá, eu conheci uma das dores mais sublimes que uma menina-mulher poderia sentir, eu senti o que era encontrar o meu primeiro amor. Amor este que deveria ser o último também, se acaso eu acreditasse em Contos de Fadas, mas, como a minha vida sempre me colocava no caminho dos Contos de Bruxas. Nesse dia Paul me deu o apelido de Bruxinha porque eu consegui misturar três perfumes dele e fazer um novo perfume muito mais cheiroso para aromatizar o nosso ambiente, para espalhar boas vibrações para nossa primeira noite de estrelas. E aos pouquinhos á noite foi se transformando numa chuva de prata, nós abrimos algumas garrafas de vinho tinto e o Paul colocou um anel dentro de um botão de rosas que ele deixou ao lado do meu roupão... Foi numa linda noite de verão que ao sair da banheira de hidromassagem, eu abri o botão de rosas, li o pedido de namoro em uma das pétalas. E eu mesma coloquei o meu anel no dedo, pois, Paul cantava os acordes de uma música da banda de rock preferida, enquanto, ele terminava de fazer bolhas de sabão com sua arminha de brinquedo genética. Caminhei tão brilhante quanto à lua nua, até a cama e me deitei debaixo do edredom. Paul logo saiu da banheira, caminhou escorrendo água pelo banheiro ao quarto, e pegou sua guitarra, sentou-se ao meu lado na cama molhando edredom e lençóis, ele desligou o ar condicionado e começou a solar alguns acordes para mim... Acordes de uma canção de uma banda que nós gostávamos muito, um rock que dizia mais ao menos assim; “ Há muito tempo eu fiquei esperando pra isso acontecer. De vez em quando eu ficava pensando no que eu ia fazer. Então eu estava ali parado, nem vi acontecer, passou na minha frente, deixa fudê. “ E foi no outro dia de manhã, após, a nossa noite estrelada que Paul me contou essa história de sua irmã mais velha, irmão tão jovem e bonita e que mal se lembra. No momento eu fiquei confusa, mas, seria muito egoísmo meu se eu entendesse essa história não como um desabafo, e sim como uma ironia. Naquela manhã brincamos iguais a Romeo e Julieta nos lençóis com as luzes do sol penetrando pelas frestas da janela. Descemos juntos para o café da manhã no hotel e a única coisa que nossos pais disseram foi bom dia com um grande sorriso de ambos os pais e mães. Paul colocou uma margarida no meu cabelo após nossa refeição matinal e fomos tomar sol... E o meu namoro com Paul durou dois anos. Até que ele viajou para estudar música em outra universidade, longe, muito longe de São Paulo. E eu optei por fazer um intercambio para o Japão, este foi um presente dele por ter que se separar de mim, ele acreditou que eu não me sentiria tão mal se no fim do namoro eu viajasse e me divertisse em outra cultura, e como no Japão as meninas preferem ir ao shopping fazerem compras do que praticarem o sexo. Então, esse foi o grande motivo de Paul me presentear. E lá no Japão eu passei um ano comprando todas as coisas lindas que eu encontrava, estudei mandarim, aprendi um pouco sobre cultura japonesa e fiz um curso de culinária. Todos os meses ele me mandava dinheiro além de pagar tudo o que eu gastava com o cartão de crédito que ele também tinha me dado. Era mais do que um presente, era um mimo de um grande amor, namorado e melhor amigo. Ah, a única parte chata da viagem foi quando precisei pedir que Chiara viajasse escondido para Holanda, para me acompanhar numa interrupção. Uma cirurgia muito utilizada para impedir que os espermatozóides prossigam na sua corrida pela vida... O que é mais conhecido como aborto aqui no Brasil, o que não é proibido lá na Holanda, além de ser um problema social. Livre é a mulher para saber se os seios devem crescer espontaneamente para serem como duas caixinhas de leite. E isso tudo não é nenhum tipo de apologia ao aborto. Isso tudo são fatos. Fiz e não me arrependi. Tinha apenas cinco semanas. O pai, aliás, o Paul? Ele nunca soube, nem vai saber... Na verdade eu senti medo dele se aborrecer comigo. A Chiara é totalmente contra o aborto, mas, como eu estava sozinha, internada porque eu tive complicações, pois, eu tinha injetado uma droga, um chá pelo umbigo para tentar abortar naturalmente, ela como ela é a minha única amiga melhor financeiramente, ela me ajudou. E claro, até hoje ela me lembra ás vezes e tenta me fazer sentir culpada pela morte do meu “bebê”. E se meus sonhos há tempos não fossem pesadelos, eu diria talvez que é assustador sonhar com seu bebê abortado. Mas, num ponto de vista meu que é muito punk e sujo, eu diria que foi tudo um simples rock’n roll, ou a pior maneira de se explicar o rock na rua própria vida. Ah, acredite eu não fui á única no mundo. E hoje eu sou uma pessoa melhor, eu não me arrependo, eu apenas não gosto de lembrar e também não faria nada disso outra vez, porque, seja como for todos nós temos o direito de viver, ou eu mesma nem estaria aqui desabafando... Não importa como são os nossos pais, como será a nossa vida, o que importa é que o mais lindo rock é aquele que cede espaço à uma vida, seja essa vida como for... E assim, como castigo em solos de guitarra, eu me afastei de Paul. Hoje ele toca numa banda americana e se cansou de me ligar. A verdade é que Paul nunca entendeu o que ele fez de errado para que eu ao menos lhe entregasse uma lembrança da viajem que ele me deu. E hoje, três anos depois, eu estou angustiada por ter reencontrado o Paul e ele ter feito de conta que nada aconteceu... Mas, se você for pensar, realmente nada aconteceu. Nem um rompimento aconteceu após essa viajem. Paul tem todo o direito do mundo de se sentir magoado comigo, pois, eu fiz de conta que se afastar dele seria o suficiente para me manter distante do passado e das explicações. É, e embora eu tenha tido uma boa intenção ao errar, eu não queria estragar a carreira dele. Errei. Como sempre dizia a Chiara, eu triunfei em erros. Detalhe, eu nunca tive uma mãe de verdade para me orientar e apesar disso nada justificar, eu sinto muito pelo que eu errei. É por esse motivo o meu choro, os meus soluços, eu não gosto do Paul. Eu deveria ter esquecido já, mas, ainda tenho uma verdade para contar a ele, mesmo, que ele nunca possa me perdoar. Verdade que muito confusa eu fiquei com tanta determinação em pagar pelo o que eu queria no mundo, senti até medo e receio, mas tudo isso não justifica abortar. Hoje, Paul é um grande Rockstar, ontem eu poderia ter sido hoje, a mais bela musa de uma banda de rock’n roll. Mas infeliz eu seria, pois, não sei por que a Chiara seria melhor do que eu para tal coisa e coisa e tal...
--- Ah, Carol, mas tudo isso passou, e o importante é que todos nós erramos muito. Eu não te julgo por nada não, foi uma opção sua. Bom, eu só acho que apesar de ser tão errado, agora não vai trazer o bebê de volta, você ficar por aí se martirizando e achando que o mundo desabou... E quando você reencontrar o Paul, você vá até ele e tente conversar, afinal, foi você quem se afastou. Ele ainda deve gostar de você para ter ficado tão sem reação como você diz. Isso não é nada além de um orgulho retraído. E se de tudo não der nada certo, pelo menos você poderá por sua cabeça no travesseiro e dormir sossegada por ter tentado.
--- Leandro você tem toda razão. Obrigada. Mas eu não gosto mais dele!
--- Que isso minha linda, de nada! Precisando estamos aqui. Ah, e o Marcelo dormiu com essa história toda. Mas pode ficar sossegada que ele nem vai se lembrar de nada ao acordar.
--- Tudo bem. Obrigada e é segredo nosso pode ser?
--- Não precisava nem pedir! Segredo nosso e esfria essa cabeça sua, porque, todos nós temos anjos e demônios dentro do nosso coração. Não há algum ser humano que seja perfeito, todos nós cometemos muitas falhas e o que devemos fazer é aprender com os erros.
--- Carol? _ Gritou Chiara lá no banheiro...
---Ah, vai lá ver o que acontece com a prima no banheiro, e relaxa Carol, é segredo nosso essa sua história.
--- Obrigada!
--- Carol, socorro, me ajuda...
--- O que foi Chiara?
--- Uma barata Carol, uma barata enorme e com asas. Ela é mais feia do que o monstro do lago.
--- Chiara eu não acredito que você está gritando de medo de uma barata.
--- Ah estou! Eu odeio essas baratas! Eu odeio essas baratas!
Carol com toda a sua paciência matou a barata, ajudou Chiara a escolher uma roupa para esperar o Los Hermanos, fez escovinha no cabelo da amiga, tomaram sorvete e ela foi dormir um pouco para descansar enquanto, Chiara esperava o Los Hermanos.
O Los Hermanos chegou devagar, entrou na ponta dos pés para não fazer barulho e roubou um beijo de Chiara.
Chiara e Los Hermanos passaram horas e horas conversando sobre amor, sexo, drogas e rock’n roll.

Monday, November 17, 2008

Era um Garoto que como eu ...

Era um garoto que como eu amava os Beattles eos Rolling Stones
Girava no seu Mundo sempre a cantar as coisas lindas da América
Meu lindo anjo, ele era tímido e mesmo assim
Estranho seria não perceber seu sorriso pra mim
Cantava Help and Ticket to ride, oh! Lady Jane and Yesterday
Cantava viva à liberdade, mas uma carta sem esperar
Da sua guitarra o separou, fora chamado na América.Stop! Com Rolling Stones, stop! com Beatles songs.Mandado foi ao Vietnã, lutar com vietcongs.Tatá-ratatá...
Era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones
Girava o mundo, mas, acabou fazendo a ‘Segunda guerra do Vietnã’
Cabelos longos não usa mais, não toca a sua guitarra e simUm instrumento que sempre dá a mesma nota ra-tá-tá-táTem loucos amigos, não vê sua Garota, só gente dormindo no laboratório no chãoStop! Com Rolling Stones, stop! com Beatles songsNo peito um coração ainda há, e suas medalhas de um sonho sem fim.
^^
YeAh, desculpas aos Engenheiros do Hawaii. Mas, estranho seria a minha letra dessa canção, não ter ficado melhor! hehehe
aloha

Saturday, November 15, 2008

Trecho do Cap.2 , Bodega Fantástica

Elas passaram horas e horas conversando, que nem locaram filmes... Elas foram tomar uma ducha, ligaram o som e dormiram ao som de uma canção da banda que a Chiara gostava de ouvir, Cachorro Grande. E era mais ou menos assim a canção...

“ Tenho pressa pra chegar, pressa de ir pra outro lugar, em que eu possa me sentir, dentro de uma bolha que flutua por aí... Pare de me perguntar, onde eu quero chegar, sinto que só quero ir em cima de um tapete que flutua por aí... Minha razão de existir é ter você sempre aqui, do meu lado e porque não, vem comigo num domingo voar no meu balão...”

E o balão era Vênus, o lugar é qualquer lugar que nós não escolhemos. Sendo assim, vamos vivendo e aprendemos a valorizar o minuto e ainda nos recordamos de uns pensamentos chineses que dizem assim; “ nós perdemos a pedra depois de atirada, a palavra depois de proferida, o tempo depois de passado e a ocasião depois de perdida”. Imagine, se você se doar para uma pessoa não-amiga?
Não mais do que assim, posso explicar que são grandes os amores e as idealizações que envolvem grandes riscos, e esses os mais complexos... Como por exemplo, ver todas as suas amigas brincando de amor, fazendo sexo sem pudor e você ali toda careta e recatada com sua cabeça meio que baixa...
No entanto, nunca deixe sua razão de lado, porque, você será a menina que encontrará um Príncipe lindo á cavalo alado. Para que o Mundo à sua volta se arrependa das bobagens que de você, por todo esse tempo tem falado. E mesmo que você beije sapos ou o brejo inteiro para chegar até aqui, o que importa é ter guardado o melhor de si para quem te faça feliz...
Seja lá quem for que seja seu, que seja esse o momento tão sublime com todas as cores do amor!
Ou você já imaginou que para a maioria dos homens isso tudo é insignificante e o que vale é os cinco minutinhos de prazer que eles sentem?
Então, antes de pensar que é algo cafona o que eu escrevo aqui, reflita. E olhe para o espelho e veja que você é apenas mais um ser humano do sexo feminino por mais fria e objetiva que suas atitudes possam ser...
E depois de pensar um pouco, não esnobe e não ria mais daquela amiga sua que passa horas e horas sonhando com o príncipe encantado. Você poderá sentir tanto medo quanto ela, ao se deparar com algum homem canalha algum dia por aí nessa sua estrada louca e sem fim nenhum.
Ou você tentará explicar ao mundo de um jeito inválido, o motivo pelo qual todos vão rir e muito de você, e que ficar com um menino hoje e outro amanhã e outro depois de amanhã e ter um agendado para cada dia da semana, é algo tão saudável que o Ministério das suas falsas Amigas adverte; faz bem a sua saúde e conduta moral. Isso, porque você é uma Mulher incapaz de perceber que o velho ditado ainda é usado: “no final queremos a menos rodada”. E antes que você rasgue a página desse livro, respire fundo, e conte junto comigo até dez e bem devagar, e depois vai soltando o ar levemente e pense na cor azul... Agora, levante os braços para o alto, amoleça seu corpo, sente-se no chão, e deite-se devagar de modo que você possa sentir o chão frio, e aos poucos ir descansando os seus pés, as suas pernas, o seu órgão sexual perturbado, o quadril dolorido, os seios inchados, os ombros, o pescoço e sua cabeça confusa... E continue respirando fundo, levemente e contando até dez, e ouça o som dos ruídos da natureza do Mundo ao seu redor, e ainda de olhos bem fechados imagine que você é uma galinha cheia de penas bem vistosas, e você vai caminhando na direção do sol, e você está desfilando bem devagar, mas, as suas penas impedem você de ver quem são as pessoas ao seu redor e ao surgir o vento suas penas vão voando para longe, vão voando para todos os lados, suas penas formam um tornado de todas as suas experiências sexuais e então, você continua caminhando e o vento é tão forte que a sua única visão é a do horizonte e isso te impede de olhar para os lados, e lá na frente quando você chegar num lugar tranqüilo, se sentirá sozinha e sozinha você sempre esteve. Porque quando você olha para trás e vê a penosa vida que levava, por um minuto se dará conta de um ditado do Chico Xavier; “Não há como se escrever um novo começo, mas, há como se escrever um novo fim.”

Wednesday, November 12, 2008

Outro trechinho, Bodega Fantástica

--- Eu tinha escutado você conversando com ele no quarto ao meu lado quando eu estava sonolenta e você pensou que eu estivesse dormindo. No entanto eu não queria acreditar nisso, eu pensei que tivesse volta, mas, faz um tempo que eu decidi que não. Essa história terminou!
--- Você tem certeza disso?
--- Toda a certeza do mundo. E se você quiser, pode namorar ir atrás dele.
--- Não eu não vou... Eu quero apenas esquecer todos os meninos que eu já gostei ou mesmo me interessei como foi o caso do Paul. De hoje adiante eu quero apenas curtir a minha vida afinal de contas não importa quem eu fui e o que eu faço e o que importa é quem eu sou agora e o que eu vou fazer, não é mesmo?
--- Então, vamos ao cinema pra comemorar?Vamos comer uma caixa de ovinhos de chocolates e beber litros de refrigerante?
--- Yeah, uma idéia de peso. Isso é tudo que precisamos pra um novo recomeço de uma vida brilhante e feliz!
Elas foram ao cinema assistir Sex In The City, comeram muitos chocolates, deram muitas gargalhadas e depois correram pro banheiro para desfazerem dos litros de refrigerante. Um programa de gordinhas, mas, antes serem umas gorduchas felizes por um dia do que magrelas com namorados chatos. E é mais ou menos assim o pensamento de Chiara e Carol.
Depois, elas deram voltas e voltas pelo shopping fazendo compras e mais compras. Elas concluíram que mais engraçado do que apenas rir do que é realmente engraçado, é se casar um dia com um cara muito rico, e ao serem traídas e não divorciar, porque ele sempre lhe dará o cartão de crédito ilimitado. Então, Miranda de Sex In The City tinha razão, risadas e gargalhadas são dadas quando realmente é engraçado.
Carol e Chiara voltaram para casa de Carol, e elas jogaram as compras no tapete do quarto e ligaram o som...
---“Dia Perfeito, pára na esquina e diz: good bye! Flutua como uma nuvem, she really have a groove. Fina Flor e disse você é um amor... E quando ele pensa em aprontar, ela vai e apronta antes.” _ cantavam...
Elas cantavam tanto as músicas de uma banda gaúcha de rock, uma banda que se ainda me lembro nome é, Cachorro Grande, isso mesmo! E eles eram muito legais como pessoas, uma vez eu tive oportunidade de conhecer, e isso era o grande sonho de Chiara Garibaldi. Principalmente o Rodolfo que era o “baby dog” assim apelidado pelas meninas, pois, é o mais novinho da banda, ele entrou por último e sinceramente é um charme de guri!
Chiara Garibaldi era uma menina rica. E ao mesmo tempo era como se ela tivesse tudo ou nada. Ela nunca tinha ganhado um beijo de boa noite, um bom dia em dia chuvoso, a companhia de sua mãe para ver o arco-íris no céu ou ao menos um pouco de atenção de seu pai para resolver um probleminha de matemática quando criança um dia antes do teste da escola. Ela era linda, era uma menina cor-de-rosa, era tão brilhante quanto a boneca Barbie, era cativante, mas, os melhores brinquedos não foram capazes de preencherem o vazio do seu Mundo. Simples assim, pois, ninguém pode comprar um sentimento chamado amor e uma essência que encontramos ao longo do tempo através dos segredos da Mãe Natureza, em meio à selva de pedras, a essência que vem rotulada com o nome, família. E sinceramente no Mundo não existem mais famílias de verdade. E não é isso que Deus pôde sonhar para o Planeta Terra. E não há como culpar Adão e Eva, já que o pecado está em cada coração que insistiu em perder o respeito, a confiança, o amor, a amizade e a admiração pelo belo daquele que um dia qualquer um de nós pôde dizer: eu te amo, ou, case-se comigo? E ás vezes essa mera construção de uma família ainda pode ser mais cruel, quando colocamos entre a ambição de um homem e uma mulher que deveriam ser adultos, um pequeno ser que chamamos de bebê.
Mundo! Será que o futuro será diferente?
Ou aqueles filmes norte-americanos em que a esposa no dia chuvoso, fez um delicioso para esperar o marido que provavelmente voltará cansado para casa e louco para tomar uma ducha, colocar suas pantufas e estar no conforto do lar com sua linda mulher e seus filhos... Será que isso é apenas um sonho impossível? Ou será que um dia as pessoas poderão viver o que Hollywood aspira nas telas do cinema? Bom, sinceramente essa resposta ninguém sabe, mas, ainda nos dias de hoje é possível encontrar a esperança de um sonho assim se tratarmos nosso coração com doses homeopáticas de belas canções... Pois, há muitas bandas pelo mundo afora e principalmente aqui no Brasil, que tentam passar além de belas melodias, simples mensagens de “socorro ao amor”, saudações ao pós-guerra dos sexos onde o homem e a mulher tentam disputar quem é melhor e se esquecem que juntos são o que há de melhor... Talvez, se a humanidade, ou pensemos mais leve sobre esse sonho, bom, talvez, se ao menos nós que somos de tantas tribos, que vivemos aqui no Brasil pudéssemos começar esse movimento buscando o verdadeiro “poder da flor” que deveria ter sido consagrado pelo Woodstock, quem sabe nós podemos mudar o Mundo? Quem irá dizer que nós não conseguiremos brindar o amor para sempre com um céu tropical e raios de sol em pleno carnaval? E assim, esparramando para os sete cantos do Mundo um sentimento sincero e profundo que se chama amor e ensinando sem catequizar, o que é e como é ter e ser uma família? Sim, o Planeta Terra precisa de ser mais unido, ele precisa ser um mosaico de coloridas famílias, de todas as raças, todas as cores, todos os amores, todas as tendências e essências, pois, seja como for a única coisa em nossa modernidade que uma família precisa ter é respeito ao sincero sentimento que é o amor. Esse não faz rir o tempo inteiro, mas, se faz chorar é apenas para reparar algum erro. Um amor incapaz de punir para debochar, um amor que é compreendido no dia-a-dia, um sentimento que não se divide e sempre se multiplica. E é disso que todos nós sentimos a falta e procuramos dentro do nosso vazio profundo, procuramos até o ultimo segundo em que vivemos nesse Mundo. E foi assim, que em belas canções de rock, Chiara descobriu todas as cores do amor, suas formas, suas faces, máscaras, segredos, mapas e mensagens muito bem escondidinhas nas entrelinhas de acordes de algumas guitarras das bandas mais famosas, e nas doces palavras com barulhos da bateria nas letras simples, ora complexas, letras simplesmente letras das bandas de rock à brasileira. E a sua preferida era Cachorro Grande, e a da Carol Pedra Letícia.

Wednesday, November 5, 2008

Trecho, Bodega Fantastica

Yeah, eu sou muito bem resolvida para acreditar em mapas, principalmente o astral. Pois se o destino estivesse descrito num mapa, eu não precisaria viver.
E todos os dias eu desperto dos sonhos para o brilho do Sol que os iluminam logo pela manhã, os sonhos que eu posso ter, mesmo que seja logo pela manhã impossível saber se foi apenas uma boa noite de sono ou se é um suspiro de anjo em minha vida... Vida que sempre me leva a se perder por dentre várias trilhas, só para chegar perto de um lago profundo, na boca de uma caverna onde há vários peixinhos nadando rumo ao infinito escuro...
Lá, eu não sinto medo, e mesmo que esteja sozinha, ainda assim sinto um enorme aconchego, um abraço que me envolve por inteiro, uma presença que ao olhar para os lados eu ainda não vejo...
E ao olhar para o céu me deslumbro com as cores de um belo arco-íris que passa sobre meus pensamentos e me deixa bem ao centro do universo, o qual se limita no céu sobre o lago, na mata ao meu redor e na boca da caverna, mas , o suficiente para que eu pudesse ter uma cabaninha quente e um chocolate frio, e assim, esperar todos os dias por algum bom amigo?
Não são os ursos que me farão companhia, não é possível conversar com os esquilos, eu falo mesmo é de um amor que veio pra ser desenhado no meu sonho mais bonito, na minha verdadeira vida que para as pessoas chatas eu prefiro viver bem escondido ...
Até o dia que eu puder olhar para os ventos e com um grito fazer funcionar um moinho de vento!
Nada vale para mim o que você pensa sobre mim, nada vale para o Mundo o que você pensou e não acreditou. Eu sou simples enquanto físico, estou acima do peso, e meu chocolate nunca será meu inimigo, isso porque eu sei ver na vida e no amor, um sonho ter um verdadeiro sentido...
Simples assim, é a realidade em que a vida passa em um minuto, e ainda existem pessoas preocupadas, em nos presentear com uma bússola. E embora, ninguém entenda a nossa dor, podemos inventar para a bússola uma nova função, pois, ela nunca serviu mesmo para orientar o coração.
E assim, se a vida é feita de razão ao norte e de emoção ao sul, um tanto simbólico para uma bússola, mas não para duas pessoas bem adultas?
Foi assim que usamos o leste e o oeste para abraçar você, e agradecer o gentil presente...
Enquanto pensávamos em que direção dentro de um copinho colorido, colocar e juntar as nossas escovas de dente!
Então, quem dirá que estou perdida? Se até companhia para a escova dental eu encontrei?
Talvez, a primeira idéia seja de desespero porque ninguém falou da presença cristã de uma Padre nessa historinha, mas, podemos ser práticos?
Desde os contos de fadas, que as Princesinhas fogem, experimentam e se entendem com os seus Principes encantados. E a única diferença é que naquele tempo a atmosfera era mais densa em verdes platinhas, árvores e eles tinham muita, mas, muita privacidade...
Mas, para a tranquilidade da Vovó a gente insiste que tem que vencer o Lobo Mau, levar os doces todos organizados dentro da cesta e cantar pelo caminho sorrindo.
E foi assim, que alguém lembrou de como era bom compartilhar não só sonhos, mas, segredos também... E surgiu o que as pessoas chamam de uma vida a dois secreta?
Sim, para muitos parece um absurdo, e para outros é apenas uma maneira sábia de não perder tempo com os loucos e seus surtos...
Loucos, que podem estar em qualquer lugar, basta você acordar e dar uma volta para tropeçar!
Isso, no instante que para você somos dois perdidos, que na verdade não precisam mesmo de algo além do vento para encontrarem a direção certa para seguirem viagem...
Pois, para eles o Mundo já tinha demonstrado qual é o sabor de uma fruta que Adão e Eva perderam a oportunidade de conhecer; o amor!
Explicou-se assim numa noite de tempestades, lá na cabaninha do alto da colina, como uma menina linda não teve medo do lago frio na boca da caverno do infinito escuro...
Aquele abraço ao longe era o vento da cavalgada de seu amado, que aos poucos vinha chegando...

Sunday, November 2, 2008

Namoro

Namoro
O Mundo pode rodar,
Mas sol irá iluminar
As estrelas vão brilhar
Se de amor eu puder viver
Um filme de estréia irá rodar
Sozinha ou com você
Pipocas vão estourar
Se você vier ou não me ver!
E até o Professor interpretará
A expressão de sombra na testa
Que é a alegria na saudade que lhe resta!
Restígios de um final feliz ...
E na próxima parada do Mundo,
Esqueça suas malas no meu quarto,
Não pare de olhar o porta-retrato
E descubra que não há lugar melhor
Do que estar sempre ao meu lado ...
E assim, um esquimó lá no topo do Mundo,
Fincou uma bandeira com um só coração,
E o Professor tinha toda a razão,
Não se namora em cinco minutos!
Ou sua sombra na testa,
É só a lágrima que lhe resta,
Por ter acreditado e parado,
No Mundo onde amar é errado ...