Sunday, October 14, 2007

Trecho do : 'O Diário de Julie'


CAPITULO 12
REDEMOINHOS



Redemoinhos brincavam de fazer barquinhos dos neurônios de Julie!
Uma dor de cabeça horrível, uma chuva sem fim que caía lá fora, um monte de coisas pra fazer da faculdade, um dia de semana comum, caiu a energia por alguns minutos, banho frio, bolas de sabão, toalha colorida, sonhos antigos se escorrendo pra uma outra dimensão, aminoácidos, shampoo, espuma, banho quente, esponja, sabonete escorregadio, pentelhos, complicado emprestar o banheiro, mas não há problema assim como diários antigos se perderam no tempo, foram carregados pelos redemoinhos, e por incrível que pareça se salvaram os minutinhos mais fraquinhos, menores, nobres, enfim, o minutinho ultrapassou todo o redemoinho...
---Julie, querida! Tem uma correspondência pra você!
---De quem?
---Carol!
---Que massa! Deixe-me ler!
---Julie, você vai almoçar em casa?
---Não, não vou!
---Tudo bem!
---Obrigada!
---Não há de que!
Julie, abriu o envelope, deitou no seu pufe e começou a ler ao som de uma banda chamada Forfun, a carta da Carol , e tinha uma parte que falava de um conto, muito legal sobre amigas...

‘Verão, surfistas, sol, praia, mar, litoral, azaração, conchinhas pela areia, smirnoff ice, neblina, serra, topo, maçãs, woodstock, bicicletas, milkshake, revistas, cartas, baús, Barbies, acampamentos, filmes, viajens, chocolates, pimentas, choro, travesseiro, estrelas, nuvens, céu, cometa, Fada do Dente, moinho de ventos, duendes, arco-íris, escrever na árvore, telefone, madrugada, neve, natal, lembranças, doces, nozes, vinho, lareira, flores, borboletas, brigas, tapetes, tropeços, mancadas, desilusões, gelatinas, festas, músicas, faculdade, tempestades, índios, línguas, sonhos, papel, vento, tupi or not tupi?Amizade, e quem falou que amigas não brigam? Que amigas não pagam sapo, aliás, o brejo inteiro e com direito a pererecas, sapinhos, sapões, moscas, cogumelos falantes, lago do monstro Ness, castelo fantasma, jacaré, moinho de ventos abandonado e espantalhos...

Amigas de verdade, não são feitas de purpurina, rosa choque, shopping e brincadeiras de Barbie apenas, não decoram os versinhos mais batidos do condado, só pra saberem que amigas de verdade não são aquelas que enxugam as lágrimas e sim as que deixam chorar... Além do mais, uma amizade não é um clichê papagaiado em em rótulos de 'yogurtes'!
Extra, extra, extra; amigas de verdade também não aparecem em capas de jornais dividindo namorados, maridos, filhos, bicho de estimação e escova de dentes, no entanto, dividem uma canção, caixa de bombom que ganhou do namorado, dia das crianças, dia internacional das vakinhas felizes ( acabei de inventar :), a leitura da revista capricho, cochichos, segredos e principalmente medos, algumas sofrem juntas...
Sendo assim, os anos passam, algumas portas se trancam, algumas janelas se abrem, e alguns pulos acontecem, e sabe porquê?
Sem dúvidas, por terem permanecido na inércia de se acomodarem com um confortável ambiente com pipocas, fotos, filmes e guaraná, no entanto, se esqueceram de atuar os sonhos feitos de papel e continuaram a sonhar, assim como o aquele filme antigo que nunca para de passar. Mas, na última sessão de uma madrugada qualquer, uma estrela lá fora brilhou mais forte, então, tentou abrir a porta que emperrou, e quando as mesmas vozes a ouvir, não mais aguentou, foi na mesinha ao lado da janela que em folhas de papel ao vento, seus sonhos publicou...
No outro dia, o Sol entrou pela janela devagar, os pulmões se encheram e as flores do jardim desabrocharam e tinham cor, no outro dia, que sonhos se desprendiam do verbo sonhar...
'Acredite, sonho que se sonha só é apenas sonho, e sonho que se sonha junto é realidade!'
Perigos, intrigas, baús com mapas perdidos, praia, piratas, família, ilhas, nuvens, tempestades, maremotos, terremotos, moinho de ventos e pensamentos, talvez sejam apenas parte do cenário na busca dos sonhos que não se perderam pra sempre no vento, mas se você parar, pode ficar longe, muito longe de você os alcançar... :)~°
E talvez, por ser uma busca tão confusa, que a família sempre tenha receios dos nossos sonhos e se enrole nos próprios pensamentos tanto quanto as linhas e os anzóis, as amigas sempre acreditem em super-heróis...
Eles, quando encontrados, falam tupi, e destroem todos os dragões dos moinhos de ventos ...

E a Carol, ainda contava na carta, milhares de novidades de sua vida nos EUA, ela estava namorando um carinha super gente boa, que a amava muito e tinham planos para se casarem no futuro!
Julie, relembrou tantas coisas, por um instante o seu coração ficou tão apertado de saudades, mas ela estava muito feliz por saber que a Carol estava bem e feliz também...
Ela, respondeu a cartinha de Carol, com tantos adesivos, carinho, saudades, noticias, segredos, enfim, longe ou perto, seriam para sempre grandes amigas de verdade...
Julie até brincou com a Carol, escrevendo que seria mesmo marmelada se ela pegasse o buquê no casamento! Imagina, há tempos tinham tantos sonhos e hoje, estavam tão menos distantes...
Ás vezes, nos assustamos,com a maneira que as coisas acontecem, que o tempo passa, com o tic tac do relógio, ás vezes, mal nos damos conta de que crescemos e temos mais responsabilidades, é, amigas também estão em nossas vidinhas como despertadores ambulantes para nos acordar pro tempo real!
Talvez, seja nessa distonia que a maturidade surge sem hora marcada, e depois dela, o amor, a paz, harmonia, o rock’n’roll, uma canção feita pra você, a poesia, o teatro, o mar, uma ilha deserta, o sol no verão e toda uma história da fusão de almas feitas pelo coração...
E a chuva, parava aos poucos lá fora, Julie, até se animou de trocar de roupa, ir ao correio e...
---Julie!
---O que é?
---Chegou outra carta!
---Outra?
---Sim!
---De quem?
---Mila!
---Traz aqui?
---Ok!
---Nossa, hoje o carteiro deve estar cansado né?
---Não! Eu que não tinha reparado que esta também é pra você! Tinham muitas correspondências hoje ...
---Sem problemas!
---Ok!Já vou porque tenho muito serviço!
---Obrigada Carmem!
---De nada!
É, Julie, aproveitou pra ler a outra carta e responder também , enquanto a chuva não terminava...




Trecho do: Livro Aberto. O Diário de Julie ;)

Menina Super Poderosa




Não tenha medo, me dê a mão?
Sei do seu medo, da sua dor,
Não te deixo aqui na escuridão,
Sei do seu passado, seu pavor,

Não tenha medo, vamos voar?
Imagino qual o perigo pra você,
Mas posso te aconchegar,
Lá nas nuvens, Abrigos de Sapês!

Por favor, não tenha medo,
Vamos, nas pedras, caminhar?
Será nosso maior segredo...

Por favor, não tenha medo,
Proteger você não é em vão,
Coração não é brinquedo...










^°livro: Sentimentos da Menina :)

Sunday, October 7, 2007

Meninas Poderosas não Choram!

Depois de olhar pela janela da sala de estar e ver todos os balões coloridos voando para longe na imensidão azul do céu, ela, deixou cair uma lágrima e fechou as cortinas...
Julie, meio cabisbaixa, ligou a tevê, se deparou com um documentário sobre o sexo dos leões na África e mudou de canal, onde tinha um noticiário sobre a briga de Britney Spears e o tal Kevin, e ela achava que apesar de tudo a Princesinha do Pop não precisasse passar por tudo isso, mas, como sua opinião não mudaria nada, ela, mudou de canal e começou a assistir um filme pela metade, o qual já tinha assistido antes, e se esquecera do nome, e apesar de tudo estava divertido, tinha bombeiros cantando uma canção do Aerosmith...
Friozinho e febre, boa combinação não?
Julie, ali, sozinha, na solidão de uma manhã de sexta-feira, deitada no sofá e assistindo um filminho meio antigo, cochilou e só acordou mais tarde com um pouco de calor e com a almofada molhada pelas gotinhas de febre que escorreram, até o final do filme!
Estranho, é como Julie acordou muito disposta, com a temperatura mais baixa, e se sentindo melhor... Ainda sozinha em casa, abriu a geladeira e fez uma travessura de menina-moça, tomou três colheres de sorvete de brigadeiro, sabendo que estava com dor de garganta!
De repente, escorreu uma coisa “melecada” do seu nariz, e então Julie guardou o sorvete no congelador. E com as bochechas avermelhadas, ela tossiu algumas vezes e depois abriu as cortinas e sentiu o vento bater a sua face, de olhos fechados e voando longe, e ao abrir os olhos se encantou com o menininho que soltava pipa...
Foi quando, Julie, sentiu uma pontada no coração! Não era nada físico, era apenas uma pontada da cicatrização da sua alma que estava machucada... E mais parecia que a pipa do menininho que voava pelo céu flutuava pelo machucado retirando todas as casquinhas...
Suspirou e deu um grito! Fechou a janela e saiu correndo para o banheiro, abriu a ducha fria e ficou lá por alguns minutos! Um banho dos pés á cabeça foi o suficiente para redesenhar todas as idéias de sua mente e ligar agitando a sua amiga que estava um pouco descontente.
Elas resolveram colocar algumas roupas na mochila e pegar a estrada rumo à cachoeira mais próxima! E durante a viagem, Lilá, ligou o som bem alto; numa canção que dizia: ”Vamos passear depois do tiroteio? Vamos colher as flores que nascerem no asfalto?” E elas seguiram viagem cantando o coro dos contentes...
E quando as meninas chegaram em Caxambu, foram visitar as fontes D.Pedro e Leopoldina, experimentaram a famosa água sulfurosa e cuspiram porque tinha um gosto muito ruim, então elas procuraram por uma cachoeira, e logo perceberam que nadar livremente na natureza seria numa cidadezinha próxima, lá em Baependi onde o pessoal mais apelidava de Vila dos Sonhos ou em São Lourenço onde diziam ser a divisa com Caxambu!
Julie e Lilá, olharam uma para a outra e deram aquela risadinha de sempre, com quem diz assim: “somos o que há de melhor, somos o que podemos ser...”! Elas seguiram viagem...
Lá em Baependi, resolveram ficar numa Pousadinha muito agradável, que muito lembrava a Praia do Forte na Bahia! Passaram a noite na pizzaria, ao som dos Engenheiros do Hawaii e o céu estava todo estrelado e a Lua Cheia, mas, lá na Vila dos Sonhos nem existia Lobo-Homem!
Não menos exageradas do que a última “gordinha” do show de piadas da tevê, elas pediram a pizza grande e um guaraná de dois litros. Sentaram debaixo de um coqueiro, numa mesinha a luz de velas, lá na varanda onde ventava frio e elas podiam desfilar suas botas, mini-saias e cachecóis.
Comeram muito, sentiram-se empanturradas e cantaram: “ que nessa terra de gigantes, a juventude é uma banda na propaganda de refrigerantes...”! Pagaram a conta, tomaram uma ducha e foram dormir no beliche perto da janela onde podiam contar as estrelas do céu...
No outro dia de manhã, o ventinho que percorria todo o quarto, entrava pelas frestas da janelinha do banheiro e o Sol ofuscava o sono através da janela que de noite fora o mosaico de estrelas nos vitrais.
Lilá e Julie espreguiçaram muito, agradecendo a Deus por um dia lindo de Sol, elas fizeram pedidos à Mãe Natureza e abriram a janela...
Julie ficou impressionada com o mesmo menininho que ontem viu soltando pipa, e tentou gritar, mas, o menininho olhou para cima, se assustou e soltou a pipa, então, ele saiu correndo...
Desceram, tomaram um café da manhã natural, passaram na vendinha e compraram umas guloseimas porque eram gordinhas, eram duas meninas com cintura fina, dez quilos à menos da altura e sozinhas! Foram para a cachoeira, fizeram um piquenique, deitaram sobre as esteiras na grama, estavam ouvindo um som do rádio a pilhas e cantando: ” era um garoto que como eu, amava os Beatles e os Rolling Stones...”
Lilá, lembrou de coisas engraçadas e Julie não deu nenhuma risadinha, ela estava pensativa, ela queria entender o que poderia significar o menininho e a pipa, porque seu coração estava tão inquieto... Ela resolveu se abrir com a Lilá!
Depois de passarem algumas horas conversando, elas abriram uma caixa de Amanditas e uma Coca-Cola bem gelada e se divertiram sem moderação... Fizeram um brinde ao que a canção propunha: “ Se faltar calor a gente esquenta! Se ficar pequeno a gente aumenta! E se não for possível a gente inventa! Vamos velejar um mar de lama? E se faltar o vento a gente inventa! Vamos remar contra a corrente e desafinar o coro dos contentes!”
Deram um grito, saíram correndo e pularam do alto da cachoeira numa queda gigante, foi um disparo de liberdade para anunciar um novo começo de felicidade...
Lá nas águas fundas e frias, nadaram contra a corrente até a borda do rio, riram muito de tudo isso e prometeram que nunca mais deixariam a alma machucar um coração que apenas queria pulsar por alegrias.
Lilá saiu porque estava com frio e Julie deitou nas pedras e ficou olhando pro céu colorido por um lindo arco-íris entre as nuvens e ela riu sozinha, riu muito, soltou gargalhadas ao vento e nem foi preciso experimentar o cogumelo que estava ao seu lado, afinal, seria uma péssima, idéia, pois, furúnculos nas nádegas era uma dor pertinente apenas na infância. Toda criança um dia tem!
Um ventinho frio soprou algumas nuvens que redesenharam o arco-íris, dando um efeito de aquarela ao céu ensolarado, e de repente o inevitável mais parecia sonho aos olhos de Julie... A pipa do menininho flutuava cor á cor do arco-íris...
Ela ficou atônita sem entender o que estava acontecendo, continuou deitada, pensou em comer cogumelos para voltar à realidade que mais parecia lhe ter sido roubada, mas, não foi preciso ter nenhuma atitude inversa ás de seu costume diário. A pipa, foi descendo devagar pelo céu e caiu sobre seu coração!
Julie pegou a pipa, se levantou das pedras e a pipa a puxou até uma árvore cheia de maçãs bem avermelhadas... Ela seduzida pelas frutas, ela experimentou qualquer uma, pois, a mais avermelhada era ela mesma, e depois de uma simples mordida, sentiu seus olhos tampados por duas mãos!
Ela tirou as mãos macias, olhou o colorido da pipa, olhou um coração sem iniciais desenhado na árvore e depois olhou para trás, o abraçou, e por um longo beijo de olhos fechados deixou a pipa voar sozinha de volta aos céus...
Lilá, veio correndo e aplaudindo o mais novo casal da Vila dos Sonhos! Ela deu uma pedrinha que tinha encontrado na beira do rio, como talismã da sorte e disse pra Julie: “Meninas Poderosas, não Choram!”

Wednesday, October 3, 2007

Frigideira's Bar




Depois ter passado as férias no Hawaii, a lição mais importante que aprendeu foi beber todos os dias um copo de suco de abacaxi com hortelã! Acredite, isso não é nada afrodisíaco do tipo, aos quarenta e cinco você ainda terá um fôlego de vinte e um ou mesmo um corpo de dezoito. Ênfase ao fato de que o fôlego dos plenos vinte e um anos, ainda é apenas como um sopro que uma criança dá ao ganhar o cata-vento comprado no sinaleiro...
Acelere, o sinal abriu para você e se algo saiu do seu controle é um bom sinal de que em breve você volte a respirar, afinal de contas como é mesmo que tudo volta ao lugar? Dilúvios! Isso mesmo, não tinha mesmo como estar errada esta hipótese, calma porque logo você voltará a contar até três e soltar o ar ‘purificado’ pelos seus pulmões.
Oh não! Tempestade e esse trânsito parado...
Julie colocou um cd de blues e tentou relaxar, mas, a grande metrópole não a deixava esquecer como o amor pode um dia lhe surpreender...
E talvez tudo isso parecesse mais um pesadelo daqueles que você quer acordar o mais rápido possível porque além de tudo você ainda está muito atrasada para o trabalho, no entanto, eram apenas propagandas em muros um pouco manchados pelos últimos dois meses, e diziam que para um feliz dia dos namorados, você só precisava de um grande amor e porque não presentear?
Tédio! Julie debruçou a cabeça no volante por alguns segundos e quando o sinal abriu, ela acelerou e pegou um atalho para fugir daquele labirinto e como se não resolvesse muito, depois de uma hora e meia ela conseguiu chegar em casa...
E ao entrar no elevador, se lembrou que esqueceu sua agenda na produtora. Foi assim, que ela resolveu largar tudo de lado por uma noite, e abriu a porta da frente do seu modesto apartamento na Avenida Paulista, colocou um pouco de licor numa taça, falou oi para seu poodle de estimação, abriu a sacada para sentir o vento esvoaçar as cortinas da sala de estar feito rodas de saia do seu vestido de quinze anos...
Lá na cozinha, Julie recolheu as correspondências deixadas debaixo da porta, e ficou atônita! Julie abriu o congelador e seu sorvete de brigadeiro preferido tinha acabado, abriu a geladeira e seu chocolate branco com cookies estava em migalhas, então, abriu o pote de nutella que estava em cima do balcão e escorando-se na parede foi descendo até o chão, ela lambia os dedos sujos de chocolate derretido, e euforicamente abria a carta colorida.
Gritos foram ouvidos pelos quarteirões afora e pulos pelos vizinhos do andar debaixo. Nunca havia tido uma explosão “orgásmica” de alegria e risos e gargalhadas e foi uma coisa tão esquisita, uma felicidade reprimida que veio de dentro pra fora e de fora pra dentro, que mal sabia como era colorir um arco-íris preto e branco com lápis de cor naquele momento... Ela simplesmente correu ao telefone e ligou para suas amigas e animou todas as meninas para irem a um barzinho do momento que se chamava Frigideira’s Bar.
Depois de passar uma hora e meia no banho, na sua enorme banheira de hidromassagem, e soltando bolhas de sabão que saiam todas pelo vitrô do seu moderninho banheiro, Ju olhou para o espelho e o encarou muito bem, como se a partir daquele instante ela se deparasse com um enorme desafio.
Maquiagens foram abertas, pincéis pela pia espalhados, pós foram misturados, sombras eram lindas aquarelas na composição de Barbie na face da menina-mulher que começava a se desabrochar...
E assim abrir a porta do guarda-roupa, e passar alguns minutos tirando e colocando peças e no final vestir o velho e inseparável vestidinho preto estilo menininha, calçar o altíssimo sapatinho de boneca e se enfeitar em frente ao espelho que ia do chão ao teto, sem perder nenhum detalhezinho, e jogar brilhos levemente pelo visual, colocar o colar de coração mais mágico e sair exibindo a bolsa mais chique de todas, enquanto exalava o perfume mais doce com toque de vinho e rosas...
Julie se encontrou com Poly e Nina na porta do Frigideira’s Bar e elas entraram, pediram um drink a mando da casa, enquanto Ju contava tudo sobre a carta colorido e o misterioso menino do Hawaii...
Algumas horas se passaram e o menino supostamente muito atrasado, não chegava, e elas começaram a ficarem aflitas, e roeram unhas, olharam para a cara uma da outra, pediram uma música para banda que cantava as canções do Lobão e bocejaram de sono...
Julie com os olhinhos cheios de lágrimas, mas, sem chorar para não borrar a maquiagem, suspirou e exclamou que a alegria “orgásmica” tinha desaparecido como moeda que se cai na areia da praia...
Poly pediu a Julie a carta, que era toda colorida, muito alegre, toda escrita em inglês, com versos de poesia em francês e uma frase mal escrita em português, mas valeu a intenção do “eu te amo linda latinha”, a qual era pra ser latina. Tudo bem, lingüisticamente é perdoável o erro!
No final da leitura, ela não encontrou nada que dissesse que o encontro marcado não fosse no Frigideira’s Bar ás vinte e três horas, a não ser a data?
Eis que Nina exclamou com uma enorme risada, pois, era inevitável não rir e logo ela questionou Julie e Poly, sobre como se deve ler uma data em inglês!
Frígidas de verdade por um minuto! Atônitas por mais um segundo! Poly e Ju ficaram definitivamente sem reação nenhuma enquanto Nina terminava de gargalhar com a carta colorida abanando o calor que fazia...
Então, a charada terminava ali com três amigas brindando um pouco de tequila e rum, olhando uma para outra e tentando com todas as forças possíveis não acreditar que tudo era um engano, uma lastimada falta de atenção e que o fora nunca existiu...
Julie e Poly fixaram os olhos na data da carta e decifraram em voz alta; oito do doze e não doze do oito; eis o que podemos chamar de mau agouro do mês de agosto!
E o que fazer agora? Nada além do que rir, sorrir e se assustar?
Como se não bastasse o dia de filme de terror e melodrama a estilo Hollywood, o destino ainda lhe reservou um momento para comédia...
No minutinho em que despencou dos céus um pé d’água, que há tempos não se via na metrópole dos sonhos, e até pareceu que ia limpando o céu cinza e redesenhando os arranha-céus num colorido luminoso de estrelas brilhantes.
Corta!Volte para dentro do Frigideira’s Bar, lá, o Lobão começava a cantar uma canção meio que antiga e muito divertida; “ corações psicodélicos “, enquanto uma Suricati olhava desesperadamente para as meninas. Seria o novo momento “fire” da temporada do Bar e por isso ele tinha virado GLS? Ou seria um ataque dos nervos porque três amigas incomodam com alegria muita gente?
Ah! Como era divertido rir da cara dos outros! Não menos interessante do que o último episódio do Simpsons nos cinemas! Hilário! Assim, todos adjetivariam o momento “trash” naquela final de noite...
“Garçom, traz uma porção de batatinhas e três caipirinhas?”
O pedido de Nina veio a calhar na hora certa, pois, ali estavam ás três amigas rindo e se divertindo muito de ver a Suricati balbuciando, resmungando, coçando a cabeça e os pés, ( pés é sinal de perda de dinheiro e a cabeça se não é piolho, todo mundo sabe o que é, não?), enquanto o tal Chico não parava de olhar e olhar para as super amigas e com certeza, ele era o cara mais arrependido do planeta por ter trocado a Nina pela Suricati!
Depois desta canção o Lobão passou o palco para uma bandinha nova da MTv encerrar a noite no Bar, e como não era lá essas coisas, as meninas preferiram mudar de ambiente e foram para o cantos dos sofás assistir tevê, onde não tinha ninguém além delas, e já era tarde e não era final de semana e o Lobão já tinha dado o ar de sua graça e a banda intitulada “The Jorges”, era como o óleo que já fritou batatas a noite inteira...
Poly, com um pouco de dor de cabeça e cansada de tanto rir da Suricati, tirou da bolsa uma caixa de bis, e enquanto isso Julie procurava o controle remoto, o qual estava ao lado de Nina, e ela disse a amiga; “cate”. Foi ali naquele final de noite no Frigideira’s Bar que ás três amigas, á bis e com o controle catado, não conseguiram mudar de canal e resolveram irem para casa tomar uma boa ducha fria e deitar debaixo do edredom.
No outro dia, elas almoçaram num restaurante do Market Place e enquanto esperavam o pedido, elas começaram a folhear uma daquelas revistas para turistas e lá estava escrito: ”Frigideira’s Bar, o lugar ideal para Meninas e Mulheres freqüentarem a noite paulistana com tranqüilidade e bom humor. O lugar perfeito para Meninas frígidas, assim ditas, aquelas que não gostam de serem rodadas após a balada!”
O prato de massas chegou e elas brindaram com um vinho tinto italiano; às boas gargalhadas!