Tuesday, January 2, 2007

Pensamentos de Gelatina


Primavera de uma velha infância, naquela época uma doce criança escrevia seu diário com letrinhas trocadas, grafias esquisitas e idéias que antes, nunca foram vistas...
“Câmara, luz, ação... Filmando...”
Nasce uma grande amiga da natureza; é a criança sorridente que viverá livre de toda a inconstante impureza...
Seu nome é Julie, ela não é a perfeita Jane que ama o verde das matas e acelera os batimentos do coração do Tarzan.
Todavia, sua vida se completa, ao passar dos anos,quando a diferente criança sobressai à vida, não abandonando o medo, porém cada vez mais compreendendo o que pensava não haver qualquer tipo de fundamento...
Algum Tempo Depois...
A jovem menina conhecia o mar, andando na calmaria de uma tarde com pouco sol, beira-mar, se admirava...
Sempre influenciada pela família que almejava toda plenitude do seu ser, para suprir o vazio de um Pai...
Buscando, ao longe do horizonte a criança procurava por um navio Pirata onde não haveria ouro como segredo e sim, sabedoria para pisar no chão da vida...
Aos onze anos de idade...
Relembrava sua infância...
Primeira boa lembrança: certa vez, a menina tinha uns quatro anos, e, todo dia, andava de camelos no deserto junto à Aladin...
Sabendo ver o infinito, e com isso buscar respostas para suas inconstantes razões!De criança!
Primeira má recordação: a partida de seu amigo de infância, o “Gavião de Olhos Azuis”. Isso era uma dorzinha que seria bem lembrada, difícil de esquecer... Nessa doce época, a criancinha tinha nove anos...
Sempre brigava com o amigo...
Gavião de Olhos Azuis, um dia foi embora sem dizer “Adeus”...
Segunda boa lembrança: O natal se aproximava, toda família reunida aplaudia a chegada de prosperidade, e os doces-surpresas eram escondidos no alto de uma colina...
Julie escalava a colina e se deliciava na travessura inconstitucional de sua infância...
Segunda má lembrança: ela crescia e o ursinho Puff lhe dizia que a infância partia...
Porém, após alguns dias, ela já se sentia uma adolescente esclarecida...
Um dia, numa demasiada viagem que ultrapassava o portal dos sonhos e a soberana alquimia dos pensamentos, Julie saltava de nuvem em nuvem até escorregar por um arco-íris e cair bem ao meio de uma misteriosa floresta...
Lágrimas, decorrentes da ansiedade refletida, como nas límpidas águas de um rio azul, marcavam o instante com o medo que , ora era arcaico ,ora se mostrava como uma bola de cristal...
Trovões, raios, uma cinza tempestade encobria toda floresta...
Julie, já não sabia qual direção seguir...
As folhas das árvores se debatiam, os animais procuravam por abrigo...
Até mesmo Iara, a ilustríssima sereia do Rio Azul , temia à tempestade...
Enquanto isso, a garota chorava e seguia, por dentre a mata, sem rumo certo...
Quando, num mísero acaso; um raio, oculta todo e qualquer ruído, de um jeito sombrio, bem ao longe se esquiva, surge uma luz brilhante e então, Julie caminha por essa trilha que, pouco a pouco, se clareia...
E ela se pergunta a todo segundo:
-Alguém pode me explicar o que está acontecendo?
-Alguém?
-Que droga! Acho que estou sozinha, ninguém me ouve...
-E essa floresta?! Que lugar é esse?
-Será que alguém pode me explicar onde estou?
-Sem esperanças ou respostas ela prosseguia pela trilha que, pouco à pouco ficava mais branda e limpa...
Uma voz vinda de um lugar incerto sussurra:
-Julie, aqui é a casa do Tarzan... Eu te apresento a grande Amazônia e seus segredos...
A garota treme e, aflita, grita:
-Quem é você? Quem é Tarzan? O que querem comigo...? O que querem?
Por que me tiraram de Londres, minha terra-natal?
Diz seus meros motivos, por favor?!
A voz:
-Porque eu acho que...
-Você é a imagem da medieval natureza, mas que não reluz sombras do passado...
Você nasceu para mostrar, ao senhor do acaso, que quando Deus estiver em seu coração, você construirá o destino. Não fuja! Não tenha medo! Apenas siga seu coração e tudo estará bem feito...
Deitada sob a grama do jardim de sua casa, em Londres, ali estava Julie que acordava de um sonho muito estranho...
Julie olhava assustada para o céu, ela mal acreditava que tinha cochilado uma tarde inteira em seu jardim em cima de um livro de lingüística aplicada e os métodos cognitivos da linguagem.
Imagine ter um sonho tão real com os detalhes mais bem guardados no baú da imaginação?
Claro que é algo mágico, surreal e acontece com poucas pessoas e ainda mais quando para isso não se utilizou de métodos indutivos à imaginação como, por exemplo: folhas verdes com cheiro de flatulências ao serem adicionadas a algum tipo de pólvora e fogo.
Não há como dizer se foi motivada pelo sonho da tarde de primavera ou se realmente em meados dos seus dezenove anos, naquela tarde a vontade de escrever um diário era simples desejo imerso dos seus pensamentos.
Julie entrou, deixou a porta entreaberta e procurou vorazmente dentro de algumas gavetas algo que lhe fizesse a presença de um diário, nada achou, no entanto suas idéias não seriam jogadas ao moinho de vento de seus pensamentos, ela improvisou as últimas páginas do caderno de lingüística mesmo.
Ano feliz, dos pensamentos de gelatina; tarde fria cheia de sol morno, flores mortas, flores coloridas, e ali no canto da biblioteca de frente a uma janela que se deparava ao jardim, ela escrevia...
Por detrás da janela, havia um coqueiro, arbustos, borboletas. Além do portão de grades no fundo daquele jardim, havia pessoas com gestos corriqueiros, o amor lhe dando sustos e algumas amigas muito adiante na rua brincando de ‘adoleta’, claro, essa última foi o mesmo que resgatar memórias dentro de um moinho de ventos...
E o que poderia se imaginar dos pensamentos de gelatina?
Se deixe levar pelos ventos daquele moinho de ventos e entenda que, os pensamentos são como gelatinas, estas são como um espectro de cores, e a única sutil diferença é que pode misturar as cores aos sabores, ou provocar em alguém uma sensação de sabor através de uma determinada cor. Comprovou em algum lugar pelas melhores amigas, que este complexo de cor e sabor, é a mais inexata resposta sobre o amor.
Adjetive uma gelatina de avó, e logo você entenderá que toda aquela fragilidade, transparência dentro de uma determinada cor, é totalmente tremula, inexata, é algo assimétrico assim como as meninas do signo de Libra, amigas destas meninas que passam horas ao telefone durante chuvosas madrugadas discutindo idéias sobre Bridget Jones enquanto tentam se sentirem felizes por suas vidas serem mais complicadas do que os filmes de Hollywood.
Tremula gelatina seria a face de uma garota apaixonada e orgulhosa ao mesmo tempo, com olhos rabiscados por lápis, travesseiro molhado, por lágrimas, papeis picados por raiva e singularidade estampada no riso, no entanto, apenas são como os pensamentos dessas meninas bravas, ciumentas, indecisas, complicadas e recalcadas.
Entretanto tão agridoce o mundo seria se os homens inseguros, quietos, apaixonados, anjos complicados, tímidos, ausentes, impertinentes xeretas, curiosos e ‘gentlemans’ ao estilo de Mark Darcy, não tivessem pensamentos de gelatina.
Então quem sabe Julie pudesse entender o que muitas mulheres receiam por acontecer ou o que todas receiam no subúrbio de suas mentes apenas compreender?
Talvez exista uma idéia meio deturpada de que o amor não seja tão saboroso, feito uma gelatina de framboesa, talvez á medida que os anos passam todas as meninas se deparam com cartas sobre a mesa, e antes que se esqueçam algumas atitudes corriqueiras se tornam vícios do orgulho e da indecisão porque impuseram regras e leis para explicar o amor verdadeiro, mas este não segue nenhum tipo de clichê. Aliás, para soberano sentimento os pensamentos de gelatina apenas são minutos impertinentes da sua própria história, são em vão...
Ali parada, sentindo o fresco vento sua nuca soprar, Julie não questionava saber se ele lembraria seu nome, esta era uma certeza inata em sua imaginação, todavia, continuava a escrever e embora acordada, ela ainda descrevia seus pensamentos de gelatina, idéias trêmulas fundidas á frágeis sentimentos de toda uma ênfase que era como se ela devorasse milhares de gelatinas de avó, assim como milhares de pessoas famintas pelos aeroportos afora comem aquelas comidinhas de avião.
Pensamentos de gelatina são espelhos das atitudes mais insanas de homens e mulheres ao longo da vida desde criancinhas inocentes e indefesas como, por exemplo, no jardim da infância quando um menininho rouba um selinho de uma menininha e essa chora, passa a mão nos lábios e talvez até grite bem alto: ‘eca’ e logo corre até a professora para pedir colo. Tal gesto de afeto e adoração às mais encantadoras e gelatinosas criaturas, as mulheres, e elas sempre repudiam enquanto na mesma fração de minuto jogam seus sentimentos em moinhos de vento porque seus pensamentos trêmulos devem seguir a risca do orgulho aflorado e da indecisão, embora quando crianças todos não possuam ênfase.
Na adolescência com certeza eles vão querer saber as conversas que elas falam, no banheiro, alguns serão mais inteligentes e impertinentes xeretas, descobrindo senhas e lendo as conversas em salas de bate papo que elas levam com as melhores amigas, mas isso pode ser perigoso porque se a menina for uma nativa dos pensamentos de gelatinas ela terá uma tendência de pensar além e poderá observar que algo estranho acontece com o seu computador, afinal nada é perfeito, nem mesmo um monstrinho chamado computador.
Mais pensamentos de gelatinas, atitudes complicadas que levam a pensar com a favela da inteligência, pois jogar o tempo no moinho de ventos ao passar horas pensando, ela gosta ou não de mim, ele gosta ou não de mim, é a forma mais singular de esperar a vida passar como seu estado de repouso fosse dormir dentro de um caixão.
Julie, na maioria das vezes olhava para o copo de água ao lado do computador com aquele olhar de eu bebo ou não bebo, fazia mascaras de argila e ficava igual o monstro do lago ‘Ness’, se chateava porque alguém naquela sala de papo virtual não entrou, escapulia pelos dedos as chances de caminhar, com amigas pelo parque, então ficava na mesma enfatizada situação, e o pior era continuar literalmente feito uma gelatina não só em pensamentos, em forma e humor de gelatina, ênfase em ser uma tremula menina.
Cômico é observar Julie apaixonada, ela era tão singular, tão dona de si, mas seus pensamentos ao se fundirem com os sentimentos eram como os da maioria das meninas, pensamentos trêmulos, indecisos, cheios de medos, enfatizados por contos encantados e cavalos alados, então essas fantasias do coração, esse mundo cor de rosa que as mais recalcadas meninas não contavam era o chamariz para começar a entender o que são pensamentos de gelatina...
Meninos, meio mortos, meio vivos, alguns são mais falantes e ativos outros são lerdos, dispersos, quietos, tímidos, todos nunca foram destemidos, eles sempre serão apenas garotos na frente delas, meninas-mulheres, soberanas, mandonas, complicadas e perfeitinhas, mas sempre, há uma determinada menina para alguns pensamentos de gelatina completar.
Julie observava que seres humanos são tão diferentes quanto os tipos de vírus dentro da biologia, mas as meninas se separavam por suas estranhezas, pensamentos e certezas, grupos de amigas; os meninos se separavam pelo caráter, auto-estima e insegurança; amigos eram mais verdadeiros embora eles não fossem capazes de expor seus segredos. Ambos tinham seus pensamentos de gelatina e minutos escritos na própria historia, simplesmente em vão...
Sendo assim, se cada cor de gelatina é um sabor, é também um sentimento ou um momento em algum tipo de pensamento que logo se fundirá em uma medrosa atitude, porque tanto homens como mulheres gostam de ter certezas e na espera agridoce enfatizada pelo orgulho e indecisão, nunca sentirão o sabor real de uma gelatina de framboesa.
Julie no final daquela tarde fria de primavera, escreveu em seu diário, seu próprio clichê; ‘ sempre que competimos pela primeira vez, sinto vontade de trocar as certezas pela simples degustação de uma gelatina de framboesa!’
No outro dia ao amanhecer, Julie havia se tornado uma menina mais feliz...
Aloha!

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