Thursday, November 12, 2009

TEXTO PUBLICADO PELA REVISTA UZZO. (OLINDA, BRASIL)


Gato Preto



Rua 13, sinuosa, casa 21, a aventura, a Cidade de Pedras. Um pingo colorido de chuva e uma lágrima que escorreu da puberdade das nuvens que se desenhavam no céu. Naquela sexta-feira de um inverno cheio de traços rigorosos que contornavam teus sentidos, até te levar ás almofadas vermelhas, o tapete colorido e á uma xícara de café. Logo ali, aonde o gramofone em sua redoma de vidro gigante nunca parava de tocar o vinil dos sonhos...
Holanda, Istambul, Brasil, México, Índia, Guatemala ou Estados Unidos. Não se importe com porta retrato que harmoniza o cantinho da tua sala de jantar, pois, em todos esses lugares mágicos as cortinas vermelhas escondiam um espetáculo por detrás de paredes de vidro. E isso, nem mesmo o John Lennon com toda a sua sensibilidade musical poderia explicar, se ali o Gato Preto miava para que o gramofone nunca parasse de tocar...
Nebulosas, céu em trevas, tempestade e muitos guarda-chuvas coloridos passeando de um lado para outro pelas ladeiras de pedras por onde pequeninos riachos escorriam por entre todos aqueles paralelepípedos. E para longe um desses guarda-chuvas o vento levou e aos pulinhos rápidos uma bela garota encharcada pela chuva, o recuperou...
E de repente, seus olhos brilharam como estrelas de um céu de primavera, ao verem entre as cortinas vermelhas uma latinha prateada que fazia a tua sede descansar por breves segundos dentro de um barril colorido cheio de gelo. Ali, no tapete colorido, envolto por almofadas vermelhas de veludo. E envolta estivesse frio, fresco, um dia de tempestade, a tua garganta arranhava como o vinil no gramofone a tocar algo sobre um submarino amarelo. Assim, aos poucos a latinha de cor prata se afundava lentamente por entre as inúmeras pedrinhas de gelo e pela sua embalagem escorria gotículas de água. Ah, ás mesmas que contornavam a glote da garota encharcada anunciando-lhe a sede.
Guarda chuva fechado, cachecol desenrolado, botas batidas ao chão para secar excessos d’água e um sorriso leve como se ela estivesse saído de um banho quente, se enfeitado com um vestido seco e de carro levado o guarda chuva pra passear. Isso, após abrir a geladeira naquela noite de tempestade e não ter encontrado nenhuma Coca-Cola Light para que com o seu Gato Preto, a garota pudesse ver nas estrelas do céu os sonhos á realizar...
No dia chuvoso em que o tempo parou, a sede de desejar o amor se aflorou, o bem estar acordou e todas as cores saíram para passear sem se preocupar com as pedras do caminho. Ou isso, não valeria apena buscar na vitrine mágica do Gato Preto, uma latinha prateada, muito gelada, com um líquido encantado que relaxa a alma para o encontro sinestésico com a emoção?
Coca-Cola, as latinhas, as garrafinhas, a leveza do sabor light, o design, o produto, a imagem, a sinuosidade de suas gotículas escorrendo e a vitrine que em dias de chuva ou de sol colore todas as ladeiras e anuncia com o miado de um gato, qual a melhor sensação de como é bom viver á todo instante o lado Coca-Cola da vida!


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